sábado, 29 de setembro de 2012

Sutilezas do tempo


Fotografia: Melina Souza - A Series of Serendipity

“Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: As vezes apenas um segundo.”
(Lewis Carroll - Alice no País das Maravilhas)

Inspirei-me nesta frase para participar de um concurso de textos baseado na fotografia acima... Meu texto foi selecionado, sendo a continuação da citação acima. Aproveito para recomentar o blog:  A Series of Serendipity: um paraíso para quem gosta de fotografias.

Passei uns dias sem atualizar o Beijo no Padeiro por um motivo super justo. Viajando e organizando outra viagem.  Afinal, preciso fazer valer meu apelido de Mrs. Trip! Como sabem, não sou adepta de tecnologias 3G, de forma que quando viajo, aproveito intensamente o lugar onde estou e me desligo quase 100% do computador... Desta vez, como estou na casa dos meus pais, aproveitei que acordei cedo para olhar meus e-mails no computador deles, pois nem costumo levar o meu para onde vou!

Hoje casam duas grandes amigas e ontem estava fazendo a resenha dos últimos preparativos com uma das noivas e depois encontrei com amigos de infância que estão em Salvador por conta de uma dessas celebrações. Tão bom voltar para casa, reencontrar amigos de infância... PRICELESS!!

Desejo a todos um ótimo final de semana e que aproveitem cada minuto do tempo de vocês... Desliguem o computador, encontrei amigos, familiares... Visitem lugares divertidos onde moram, viajem (nem que seja de carro para o vilarejo mais próximo...). No final de semana passado, estava mais uma vez, aproveitando as lindas paisagens da Serra do Cipó, fazendo trilhas e tomando banho de cachoeira. Próximo final de semana, mais uma trip, aguardem novidades...

Beijo no Padeiro!! =)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Para Refletir / To Reflect

"Um grão integral pode germinar e gerar uma nova planta, que produzirá novos grãos; porém um grão não integral e moído não tem esta capacidade. Qual comemos?" Hensel, 1997

"A whole grain will sprout and form a new plant, which will produce new grains; however a peeled grain does not have this capacity. Which do we choose to eat?" Hensel, 1997

Imagem retirada do Google Imagens

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Mito da Vitamina B12

Escolhi a foto de uma comida que amo para ilustrar esse texto (Foto: Kundan Palma, prato: Camila Lisboa). Pouco conhecido no Brasil, esse prato contem tempeh na chapa com óleo de gergelim, shoyu e nirá! Delícia!! =)

Nunca comi carne vermelha; frango, só se for caipira (umas 2x ao ano); peixe e frutos do mar esporadicamente... Não posso dizer que sou vegetariana, mas sou quase!! Os vegetais e cereais são a base de minha dieta.

Uma das razões que não me torno vegetariana é que prefiro ter uma boa proteína animal de vez em quando a suplementar Vitamina B12, manipulada. Acredito muito na energia dos alimentos como nutriente principal, e por isso evito ao máximo produtos industrializados... Assim, abasteço meu corpo com nutrientes provenientes de dieta e não através de cápsulas e comprimidos...  

Por ter estudado em escola americana a maior parte de minha vida, muita gente duvidou da capacidade de passar no vestibular (passei em todos, inclusive na UFBA e na UNEB, super concorridos) e principalmente de saber português (não sou nenhuma 'expert', mas o blog é uma pequena prova de que desenvolvi bem o idioma, não é mesmo?). Da mesma forma, sempre me perguntaram se eu não tinha anemia por não comer carne e recentemente começou a moda da deficiência de B12. Sempre fui muito cuidadosa com exames de rotina e nunca tive nenhum tipo de carência: nem de cálcio, nem de ferro, nem de vitamina B12... NADA!!! Por outro lado, conheço muita gente que estudou em escola brasileira, teve problemas em passar no vestibular e comete pedradas no idioma português... Isso sem falar nos inúmeros carnívoros anêmicos que encontro por aí... Exemplifiquei tudo isso para mostrar que nossa sociedade é cheia de mitos. Eu não sou exemplo de nenhum tipo de milagre e sim de um estilo de vida saudável e equilibrado.

Hoje recebi um texto de uma amiga que achei a cara de muitas das minhas crenças. Apesar do meio acadêmico ser guiado apenas por aquilo que é cientificamente comprovado, meus estudos e prática pessoal  me fazem  questionar um pouco a ciência, até porque, ainda existem muitas perguntas sem respostas e contradições eternas... Na ciência: um dia o ovo é bom, no outro é vilão... Por aí vai... Fica difícil confiar tão cegamente nos artigos publicados. O tema é bem polêmico, mesmo assim resolvi compartilhar. Espero que gostem!

O mito da vitamina B12 e o vegetarianismo
Texto de Paula Savino (baseado nos ensinamentos do prof. Michio Kushi)


Muito se tem dito sobre a inexistência da vitamina B12 em alimentos de fonte unicamente vegetal, no entanto existe uma má compreensão sobre o assunto. Muitas pessoas entre médicos e nutricionistas acreditam que ela só é encontrada em alimentos de origem animal como carne de fígado, ovos e laticínios.

Primeiramente antes de entrarmos em controvérsias, vamos dar uma olhada no que é exatamente a vitamina B12 e como ela trabalha para manter nossos corpos saudáveis. A vitamina B12 ou cobalamina é um complexo solúvel em água, essencial para o crescimento e para a função neurológica. Imprescindível para a síntese do DNA e por esta razão para o desenvolvimento celular.

A insuficiência da vitamina B12 tem efeito imediato nas células vermelhas do sangue que estão entre as células de multiplicação mais rápida do organismo. Sem vitamina B12 suficiente as células não se desenvolvem adequadamente, elas se tornam aumentadas e gradualmente menos e menos células são produzidas deixando o corpo sem oxigênio, fraco e pálido.

Uma deficiência de vitamina B12 também pode causar danos neurológicos. Os efeitos começam com indiferença e sensação de formigamento nas mãos e pés, evoluindo para uma eventual perda de sensibilidade nos membros inferiores, que sobe pela coluna espinhal reduzindo a coordenação motora e finalmente afetando o cérebro. Inicialmente as pessoas podem apresentar mudanças no temperamento, cansaço e irritabilidade e isto pode deteriorar-se para perda de memória, psicose e finalmente morte.

A anemia perniciosa é o resultado da inabilidade de absorver a vitamina B12 e é aptamente denominada por causa da sua tendência de progredir calmamente até subitamente explodir em uma aguda falha neurológica, na qual o dano possa ser irreversível. Crianças que se apresentam com carência de B12 têm a tendência de se desenvolverem mais lentamente.

Uma das razões de que as insuficiências de B12 são raras é que as suas necessidades são as mais baixas de todas as vitaminas. O organismo a reserva tão bem que a maioria das pessoas carrega reservas de B12 por muitos anos. As dosagens de B12 recomendadas pela Food And Nutrition Board da National Academy of Science vai de 0.3 microgramas para crianças, de 3 microgramas para o adulto e 4 microgramas para as mulheres grávidas e em fase de lactação. Muitos pesquisadores acreditam que nós podemos utilizar menos quantidades de B12 e alguns nutricionistas dizem algo em torno de meio micrograma por dia. As deficiências são maiores em países do Ocidente e se apresentam comumente devido a uma inabilidade de absorver o nutriente mais do que uma falha na dieta.

Segundo Rudolph Ballentine (médico e diretor do Himalayan Internacional Institute, EUA), a vitamina B12 é frequentemente encontrada como uma bactéria ou bolor na casca de frutas e vegetais plantados organicamente. Nas culturas onde os alimentos são ainda organicamente plantados e não processados quimicamente e onde não existe o consumo de ovos, carne ou leite, a deficiência de vitamina B12 é rara. Alimentos plantados organicamente geralmente também contêm traços de bactérias do solo ou mesmo pequenos insetos que são difíceis de serem vistos ou removidos completamente. Estes fatores por si só podem ser suficientes para prover as pequenas doses de vitamina B12 que são necessárias. Quando os alimentos são plantados com o uso de pesticidas, os insetos e bactérias são eliminados totalmente e o processamento químico para torná-lo mais longo para o consumo poderá remover qualquer traço da vitamina B12.

Segundo Herman Aihara, fundador do GOMF (George Oshawa Macrobiotic Foudantion) de acordo com a ciência moderna a B12 é uma vitamina que contém cobalto, que permite que o corpo converta ferro em células vermelhas do sangue. De acordo com o ensinamento da macrobiótica, a B12 é uma enzima ou substância intermediária que promove reações químicas e a transmutação dos elementos.

Dr. K. Morishita alega que nós somos capazes de manufaturar a vitamina B12 da celulose pela bactéria existente no intestino grosso, como nós fazemos no caso da vitamina B1 e B6. De acordo com a compreensão macrobiótica o plasma sangüíneo é formado pelos intestinos e é depois transmutado em células brancas e vermelhas do sangue. O consumo excessivo de alimentos quimicalizados e o uso desmedido de medicamentos químicos como os antibióticos enfraquecem e destroem a flora intestinal (que contém micro-organismos benéficos) e interferem na formação da B12 pelo próprio organismo. Portanto intestinos saudáveis e mastigação completa são os agentes mais importantes para curar a anemia por falta de B12.

Ainda de acordo com o Dr. Morishita, as pessoas que estão mudando seus hábitos convencionais alimentares em direção a uma dieta de base mais vegetariana devem consumir regularmente durante a fase de transição, sopa de missô ou pasta de missô com tahine, missô refogado com cebolinhas verdes, mochi (bolinhos feitos a partir de arroz moti integral), peixe de carne branca e ocasionalmente ovos orgânicos se necessário. Em casos severos de anemia perniciosa devem ser incluídas quantidades moderadas de carne de fígado animal.

De fato algumas pessoas acreditam que é quase impossível se ter uma deficiência de B12 a menos que existam problemas de absorção haja vista que o organismo produz a B12 nos intestinos. Existem vários outros fatores que confundem o assunto da B12 e vegetarianismo, incluindo a existência da falsa B12 que os laboratórios confundem com a B12 real e diferentes testes para a medição de B12 nos alimentos. Na verdade os novos estudos de laboratório não têm oferecido uma palavra final sobre esta controversa vitamina.

Defensores do vegetarianismo têm mantido que a vitamina B12 pode ser encontrada em todos os alimentos fermentados, particularmente em alimentos derivados da soja como tempeh, missô, shoyu, nattô e também em fermentos biológicos, em fungos como o cogumelo shitake, em algas marinhas e micro-algas como a espirulina e a clorela.

Embora se saiba que a vitamina B12 não é produzida por nenhum alimento vegetal diretamente, proponentes de fontes vegetarianas da vitamina B12, afirmam que as bactérias que crescem nestes alimentos causam quantidades apreciáveis de vitamina B12.

O tempeh indonésio contém 1.5 a 6.3 microgramas de B12 por 100 gr de porção, o suficiente para satisfazer as necessidades da Academia Nacional de Ciências dos EUA No entanto, preocupações com relação a um maior saneamento no meio da produção, diluições no inoculador e outros procedimentos diferentes dos métodos tradicionais de fabricação, interferiram na qualidade final do produto, diminuindo consideravelmente o seu conteúdo de B12. Hoje em dia o tempeh é fabricado nos EUA e no Canadá em ambientes livres de bactérias e em equipamentos mais sofisticados e mais asseados, diferentemente  do tempeh tradicional fabricado na Indonésia  envolvido em folhas de bananeira e sem saneamento excessivo e contudo rico em vitamina B12.

Segundo o microbiologista de alimentos, Steinkraus “é o saneamento pobre que produz um tempeh rico em vitamina B12. Os casos de deficiências de B12 no 3º mundo são raros. Esta é uma das vantagens de um ambiente menos asséptico”.

De acordo com o Prof Michio Kushi, o problema da vitamina B12 e o vegetarianismo é muito simples: “Uma dieta equilibrada se consiste de uma ampla variedade de cereais integrais, vegetais frescos e cozidos, feijões e derivados da soja como tofu, tempeh, missô, shoyu,etc. algas marinhas, nozes e sementes, frutas da estação e uma variedade moderada de alimentos do mar  como peixe e frutos do mar .Uma dieta equilibrada que inclua uma variedade de tais alimentos poderá suplementar definitivamente todos os requerimentos nutricionais necessários. Infelizmente existem alguns adeptos do vegetarianismo que tentam seguir uma dieta excessivamente estrita. Se as pessoas limitarem severamente suas dietas, elas poderão experimentar insuficiências nutricionais incluindo uma deficiência de B12 . Isto não significa  que toda dieta vegetariana seja deficiente, mas que apenas os princípios e técnicas culinárias não estão sendo propriamente aplicados. Alimentos tradicionais fermentados, algas marinhas, peixe e frutos do mar são ricos em vitamina B12. No caso das algas marinhas é importante notar que o demolho pode esgotar quase que totalmente a B12. As algas devem apenas ser esponjadas ligeiramente de forma a remover qualquer areia ou sujeira antes de cozinhá-las. Se forem deixadas de molho, a água do demolho deverá ser utilizada no cozimento”. Para mulheres grávidas ou que estejam amamentando e que precisam de uma fonte abundante de vitamina B12, Michio Kushi recomenda que elas se alimentem de forma a satisfazer os seus desejos. “Se elas desejam ovos ou galinha, estes devem ser orgânicos. O consumo de proteína animal pode ser enfatizado e consumido 2 a 3x na semana em quantidades moderadas, 5 a 10 % do volume total da refeição. Nestes casos os peixes de carne branca e alguns frutos do mar são usualmente as melhores fontes de origem animal de B12. 

As crianças com carência de B12 também podem incluir uma quantidade regular de peixe na sua alimentação de base assim como moderadas quantidades de alimentos que contenham gordura insaturada. A maioria das crianças adora alga nori e elas podem consumir de 1/2 a 1 folha de nori a cada dia. Em casos severos de má nutrição, a criança deve alimentar-se mais abertamente, incluindo outros alimentos de origem animal (ovos, galinha e laticínios orgânicos) se for necessário.”

É muito importante que as pessoas que praticam o vegetarianismo evitem uma mentalidade rígida e inflexível. Nós todos devemos desenvolver mentes flexíveis e amplas propostas de vida. A variedade de alimentos que nós consumimos e a maneira com que os preparamos, contribuem em grande extensão para uma visão mais ampla da vida. As necessidades de micro nutrientes individuais podem não ser tão importantes se nós não formos capazes de compreender e agir de maneira dinâmica em ordem de equilibrar a nossa saúde.

A visão holística de nos alimentar nos dá os instrumentos necessários para que possamos estabilizar a nossa saúde e estimular as nossas vidas. Como pessoas livres não precisamos limitar as nossas perspectivas de vida e nem a nossa proposta com relação a uma dieta. Usando a nossa intuição e nos alimentando de uma maneira equilibrada estaremos nutrindo o nosso organismo adequadamente.

As deficiências nutricionais aparecem quando nos tornamos deficientes com relação à compreensão dos amplos princípios da vida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

As embarcações em uma relação amorosa


Estava conversando com um grande amigo que passa por uma fase que já passei e acabei usando uma metáfora interessante para ilustrar as coisas para ele (que ele está fazendo tudo errado e por isso está solteiro!!). Resolvi escrever/filosofar um pouco sobre isso.

Muitas pessoas adoram relações estilo lancha, jet ski. Não condeno, acho que é uma fase natural na vida de todo mundo. Tem seu lado positivo, mas geralmente são a curto prazo. São ótimas para quem está para baixo, quer fortes emoções, levantar a auto estima... Entretanto, são relações que ficam apenas na superfície da água. A característica dessas embarcações é o exemplo disso: pouco calado (profundidade abaixo d´água) e alta velocidade. Passeios de lancha são tão rápidos que mal dá para aproveitar. Quando se percebe, já chegou ao destino final. O Jet ski promove altas emoções, mas não chega a lugar nenhum, não permite nem conversar (pelo barulho). É só emoção, alta emoção! Não tem sequer uma cabine, um lugar para se recolher. Sua única funcionalidade é quando está em movimento. É como uma relação que só funciona enquanto lhe tira o fôlego, enquanto o coração palpita loucamente, uma grande paixão. Assim como ninguém passa a vida em cima de um jet ski, uma relação baseada nesses princípios  não se eterniza. A fase lancha é um pouco melhor, mas mesmo assim é efêmera demais. Permite um pouco de conversa, entretanto, aos gritos pelo barulho do motor.

Imagem retirada d Google Imagens

Difícil mesmo é encarar uma relação estilo veleiro. O primeiro passeio pode ser rápido (mesmo assim, será infinitamente mais lento que um passeio de lancha), mas com o tempo e o aumento da confiança, podem-se passar alguns dias no mar. Dormindo a acordando, administrando ventos, locais diferentes (mais ou menos apropriados) para ancorar. Desfrutando do dia, da noite, do calor, do frio... Para uma relação dessas é preciso amadurecer cada detalhe, escolher o veleiro mais apropriado, escolher a rota, administrar uma eventual tempestade, sabendo que o fim da viagem não acontece de uma hora para a outra. Quando está no meio do mar, pode levar dias e até meses até chegar em terra firme. É preciso de muita serenidade para manter o prumo e focar no destino final, respeitando o tempo e as vontades da natureza.

Imagem retirada do Google Imagens

Tem gente que foge de relações estilo veleiro a vida inteira. Inventam novos e novos passeios de lancha e de jet ski, mudam o modelo das embarcações, mas não saem disso... Embarcar numa viagem de veleiro requer planejamento, pois ela costuma ser mais longa. É preciso planejar o que comer, levar roupas, escolher a rota, analisar o vento. Ou seja, dá trabalho! Muita gente acha isso perda de tempo. Prefere viajar de avião, lancha, jet ski e foge da consumição, do planejamento e do trabalho.

O que jogam para o universo é aquilo que recebem. Tem gente que diz querer uma relação à vela e, no entanto só investe em relações tipo lancha ou jet ski... Assim fica difícil...!! Se você está solteiro e anda se questionando o porquê, pense nisso! 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Risoto sem manteiga


Não tirei foto, mas ficou bem parecido com o risoto acima. Foto retirada do Google Imagens.

Ontem cheguei 10 minutos atrasada na aula prática de Planejamento de Cardápios, cujo tema era: Cardápios Requintados. Daí, minhas colegas já tinham gentilmente selecionado o risoto quatro queijos para eu fazer, sabendo que sou fã de arroz, não muito fã de animais e menos ainda de sobremesas açucaradas.

Queijo não é nem de longe o meu forte na cozinha, mas preparar um prato com queijo me agride menos do que temperar uma carne ou um frango, por exemplo. A professora imprimiu as receitas e os ingredientes estavam todos em cima das bancadas do Espaço Gourmet.

Ao pegar a minha receita, adivinha qual era o PRIMEIRO ingrediente da lista? CALDO DE GALINHA!! Nem preciso esconder o meu espanto... Não posso querer que o mundo seja vegetariano/macrobiótico, mas esses caldos prontos jamais deveriam existir numa prescrição de um nutricionista (vegetariano ou não), simplesmente por serem lotados de aditivos químicos, especialmente glutamato monossódico. Numa aula na faculdade então, um pecado!

O próximo ingrediente que me recusei a usar, mas não posso condenar a faculdade, pois se trata de uma birra pessoal, foi MANTEIGA. Não é a coisa mais saudável do mundo, por ser rico em gordura saturada, mas também não é um ingrediente químico, altamente processado...

Quem me conhece sabe que desde criança nunca suportei nem olhar para uma manteigueira aberta em cima da mesa, sentir o cheiro e muito menos comê-la. Usar como ingrediente na cozinha então, nem pensar! Claro que tem um conteúdo psicológico por trás disso, afinal, existem pratos que contém manteiga e como sem nem saber. Mas, basta ficar sabendo que ela está presente que trava: não consigo comer de jeito nenhum!

Resolvi então olhar a receita impressa na caixa do arroz arbóreo, na esperança de uma nova ideia. Não adiantou: lá também tinha caldo de galinha e ainda creme de leite. Então, decidi assumir o risco de criar minha própria receita: sem o tal caldo de galinha, sem a manteiga e sem "know how" em cozinhar com queijos. Assim, avisei a professora que ia mudar um pouco a receita, sem dizer o que ia alterar, claro! Ainda bem que ela não se opôs! Só falei o que tinha feito depois que todo mundo tinha provado e aprovado o risoto!

Por essas e outras, que toda vez que me sugerem que eu faça um curso de gastronomia tradicional, digo que não tenho a menor condição. Não tenho nem vontade e nem interesse em aprender uma culinária cheia de bichos, aditivos químicos, queijos, creme de leite, manteiga, açúcar, leite condensado e outros clássicos da culinária gourmet tradicional. São ingredientes tão fortes que mascaram o sabor de qualquer comida. Acho quase impossível um prato com queijo dar errado por exemplo... Desafio mesmo é fazer uma comida saborosa sem usar nada disso!!

Falando nisso, adivinha o resultado da aula de ontem? O risoto ficou UMA DELÍCIA!!! Também, com tanto queijo, quem pode sentir falta de caldo de galinha ou manteiga? Não é uma receita que faria em casa, mas é uma opção menos química de risoto, então vou compartilhar para quem for adepto dos queijos e quiser testar!

Ingredientes:
4 xícaras de arroz arbóreo
2 xícaras de vinho branco
4 xícaras de água filtrada
150g de mussarela picadinha
150g de gorgonzola picadinho
150g de brie picadinho
100g de parmesão ralado
Pimenta do reino (à gosto)
1 ramo de salsa picada
1 cebola grande picada
4 dentes de alho esmagados
Azeite de oliva

Preparo:
Lava o arroz e deixe de molho no vinho, acrescentando o suficiente de água para cobri-lo. Deixe descansando para entranhar bem o gosto do vinho. Enquanto isso, pique a cebola, os queijos, a salsa, moa a pimenta do reino... Depois refogue a cebola no azeite de oliva até ficar bem douradinha. Quando estiver grudando na panela e o fundo estiver começando a ficar escuro, acrescente o alho, com mais um pouco de azeite de oliva e misture por uns 2 minutos, como o fogo médio. Mantém o fogo médio, acrescenta o arroz (sem o caldo, escorre e reserva) e mistura bem. Como o arroz está molhado, ele irá limpar todo o fundo da panela que estava marrom por causa da cebola... Acrescente azeite de oliva até o arroz ficar bem homogeneizado com a cebola e o alho e continue mexendo por uns 3 minutos. Depois vá acrescentando a água (com vinho) que o arroz ficou de molho aos poucos e mexendo sempre. O arroz absorve a água numa velocidade incrível, por isso é bom acrescentar aos poucos, para observar o processo. Vá acrescentando água até o arroz ficar ‘al dente’ e aí acrescenta todo o queijo picado (menos o parmesão ralado) e continua misturando para ele derreter e integrar ao arroz. Por fim acrescenta a pimenta do reino e a salsa e serve.

Obs.: Não utilizei sal na receita, pois os queijos já são bem salgados. Além disso, nem preciso comentar que o sal da faculdade é REFINADO, né???

Obs. 2: Achei que já tinha queijo demais e optei em deixar o parmesão só para polvilhar em cima do risoto pronto. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A obsessão pelo melhor (por Leila Ferreira)



Foto retirada do Google imagens


Recebi esse texto por e-mail e achei o conteúdo digno de ser publicado... Boa Leitura!
Sobre a autora: Leila Ferreira - Jornalista mineira com Mestrado em Letras e Doutora em Comunicação em Londres, e que optou por viver uma vida mais simples, em Belo Horizonte

"Estamos obcecados com 'o melhor'. Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com 'o melhor'. Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter. O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta
conquistar ou ter.

Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o 'melhor chef'? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o 'bom' que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens 'perfeitos'. As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo... o rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do 'melhor' a gente nem percebeu?"

Sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.(Shakespeare) 

O Câncer Planetário (parte 3)

Curando a Terra 
Texto de Michio Kushi


O inglês dele é um pouquinho difícil de entender, mas vale a pena o esforço... Sábias palavras sempre!

"Se deixarmos de lado a dieta moderna, cuja base são as carnes, o açúcar branco e os alimentos processados, e adotarmos a alimentação tradicional, que tem seu fulcro nos cereais integrais vegetais, nós estaremos promovendo não apenas a nossa própria saúde, mas também a saúde do planeta do planeta como um todo. 'Os vegetais destinados à engorda de um boi', observou o poeta Shelley, 'poderiam fornecer dez vezes mais nutrientes do que a carne do animal, assegurando ainda saúde aos homens, caso fossem consumidos por eles diretamente.'

O estilo moderno de se alimentar-fundado no hábito de comer carne e, portanto, na pecuária - tem efeito direto sobre a saúde da população mundial, sobre a fome planetária e sobre o meio ambiente. Tais efeitos só agora é que começam a ser mais bem compreendidos.

Hoje a causa subjacente da pobreza e da fome em grande parte do mundo não é senão a agropecuária moderna, que reserva a maior parte da terra arável para a criação de gado e para plantações que geram lucros quase que imediatos, tais como as de tomate, cana-de-açúcar, café e bananas. Nos países do terceiro mundo, 10 milhões de famílias cultivadoras de grãos e vegetais têm sido desarraigadas de suas terras ancestrais em virtude da proliferação de fazendas de gado, plantações de cana de açúcar e outros empreendimentos agropecuários modernos. À procura de alimento e trabalho, elas se aglomeram nas áreas metropolitanas, criando gigantescas favelas, engrossando a fileira de desempregados, tornado-se parte de uma espiral degenerativa de fome, doença, crime e destruição.

Cerca de 80% das colheitas de grãos do mundo são destinadas à criação de gado e não ao consumo humano. Há mais alimento do que o necessário para aplacar a fome no planeta. O problema é que a maior parte deles serve de alimento para o gado, com o objetivo de produzir carne e laticínios. Assim que a sociedade retornar a uma dieta mais vegetariana, a miséria e a fome mundiais automaticamente decrescerão.
Os efeitos do agronegócio sobre o meio ambiente são também profundos.

Em um relatório a respeito do impacto deste setor da economia sobre o meio ambiente, publicado décadas atrás, a American Association for the Advancement of Science concluiu que a adoção de uma dieta baseada em cereais integrais e vegetais, e não em carnes, aves e outros alimentos de origem animal, poderia “ter efeitos significativos sobre a terra e a água; sobre os recursos naturais e combustíveis, refletindo no custo de vida; sobre a taxa de emprego e sobre o balanço do comércio internacional”.

Fundamentado em números da indústria e governo, o relatório resumiu seu veredicto desta forma:

Efeitos sobre a Terra: Nos Estados Unidos, a produção de alimentos de origem animal consome 85% de toda safra agrícola e utiliza 95% de toda terra arável, sendo largamente responsável pelo uso abusivo de pastagens naturais e florestas e pela perda de produtividade do solo em virtude da erosão e do esgotamento mineral.

Efeitos sobre a Água: Nos Estados Unidos, a produção de alimentos de origem animal consome quase 80% de toda a água canalizada e é amplamente responsável pela poluição de 2/3 das bacias do país e pela geração de mais da metade da carga poluente que devasta rios e lagos.

Efeitos sobre a Vida Selvagem: A produção de alimentos de origem animal é responsável pela vasta destruição de vida selvagem em virtude da invasão de florestas e pastagens naturais, e também por causa do envenenamento e captura descontrolada de predadores.

Efeitos sobre a Energia: A produção, industrialização e preparo de alimentos de origem animal consome cerca de 14% do orçamento norte-americano destinado à energia, o que corresponde aproximadamente ao total do combustível necessário para o funcionamento de todos os automóveis, a quase todo o petróleo importado e a mais que o dobro da energia fornecida pelas usinas nucleares.

Efeito sobre as Matérias Primas: O beneficiamento e empacotamento dos produtos de origem animal utilizam grandes quantidades de matérias brutas, estrategicamente importantes e escassas, incluindo alumínio, cobre, ferro, aço, estanho, zinco, potássio, borracha, madeira e petróleo.

Efeitos sobre as Fontes Nutricionais: 90% de nossos grãos e legumes, e aproximadamente metade dos pescados, são destinados à criação de gado, enquanto 800 milhões de indivíduos estão passando fome.

Efeitos sobre o custo de vida: Carnes geralmente custam cinco ou seis vezes mais do que alimentos de origem vegetal que fornecem a mesma quantidade de proteína, O consumo delas aumenta o orçamento doméstico e os custos com cuidados médicos.

Efeitos sobre a Taxa de Desemprego: A produção e a industrialização de alimentos de origem animal têm levado à centralização e automatização deste setor da economia, condenando ao desemprego e à falência milhares de trabalhadores e pequenos fazendeiros, respectivamente.

Efeitos sobre o Comércio Internacional: O valor das importações de carne e outros produtos de origem animal e o valor da maquinaria, substancias químicas e petróleos destinados à produção desses mesmos alimentos somam aproximadamente uma quantia equivalente ao déficit comercial norte-americano.

Além disso, durante as últimas décadas a relação entre a produção de alimentos de origem animal e a crise ambiental tem-se tornado mais conhecida:

Destruição das Florestas tropicais: Cerca de 50% das florestas tropicais do mundo têm sido destruídas nas ultimas décadas. O fato que mais influencia na abertura de clareiras nas florestas é a utilização de suas terras pela pecuária. Cientistas denunciam que os hambúrgueres feitos a partir de carne importada das Américas do Sul e Central representam grave perda de grandes extensões de floresta tropical. As florestas tropicais contem cerca de 2/3 de toda a vida animal e vegetal do planeta. São milhares, potencialmente milhões de espécies que correm o risco de extinção.

Desertificação: O agronegócio tem provocado o esgotamento do solo, pois a criação de gado leva à degeneração da superfície do campo e, consequentemente, grandes extensões de terra tornam-se estéreis. Chuvas artificiais e outros métodos antinaturais de mudança atmosférica têm interferido nos padrões e ciclos originais, resultando na acelerada perda de terra arável e na expansão de regiões desérticas através da África, Ásia Central, parte da América Latina e outras regiões.

Aquecimento Global: A quantidade de dióxido de carbono e outros gases que produzem o efeito estufa têm aumentando ano a ano. Cientistas prevêem que, se este aumento continuar, o aquecimento global ocasionará o derretimento de geleiras, elevando o nível dos oceanos e inundando numerosas ilhas e regiões litorâneas onde vivem centenas de milhões de pessoas. Mudanças dos padrões atmosféricos e ciclos de colheitas já têm sido observados ao redor do mundo. Geralmente pensamos que a indústria moderna é a principal causa do aquecimento global. Entretanto, analisando mais detidamente, verificamos que o agronegocio contribui amplamente para o aumento do efeito estufa. A proliferação de clareiras nas florestas tropicais (que atuam como se fossem os pulmões do planeta, abastecendo-nos de oxigênio e absorvendo o gás carbônico) e a produção de gás metano e outros que geram o efeito estufa pelo gado, tudo isso concorre para o aquecimento global.

Nos seres humanos, o câncer é uma doença provocada pela intemperança. No planeta a crise ambiental é o resultado do consumo cronicamente excessivo dos recursos naturais. De fato, a magnitude da crise em curso tem levado vários estudiosos a concluírem que a própria Terra contraiu uma doença terminal. Metáforas comparando alguns dos problemas do planeta com o câncer, doenças circulatórias e AIDS estão se tornando cada vez mais freqüentes. A formação de depósitos tóxicos no solo é como se fosse o desenvolvimento de tumores nos órgãos vitais. A poluição dos rios pode ser equiparada à leucemia e aos linfomas. A redução da camada de ozônio compara-se a perda de imunidade natural do planeta. Nos seres humanos, o câncer se desenvolve com a carência de oxigênio para metabolizar apropriadamente os alimentos e produzir sangue de boa qualidade. Não podemos obter energia calórica sem que tenhamos oxigênio suficiente. Ultimamente os médicos vêm recomendando o consumo de grãos integrais e vegetais frescos ricos em vitamina A, C e E - os antioxidantes - porque estes ajudam a regular a disponibilidade de oxigênio no corpo. Numa escala planetária, a formação de dióxido de carbono e outras toxinas indicam que a terra como um todo está desenvolvendo uma condição cancerosa.

A alimentação baseada em produtos de origem animal é perigosa para o meio ambiente. Em 1991, pesquisas indicavam que cozinhar carne contribui para a poluição do ar, em virtude da liberação de hidrocarbonetos, esteróis e resíduos de pesticidas. Em Los Angeles, cidade bastante conhecida por causa da poluição atmosférica, a maior fonte de ar poluído era o churrasco, que excedia em poluição as lareiras, os veículos à gasolina ou diesel, os incêndios florestais, a metalurgia, o avião a jato e os cigarros.

É mais do que claro que o planeta precisa urgentemente curar-se. Por vários anos vimos alertando sobre o fato de que o mundo exterior reflete o mundo interior. Em nosso trabalho nunca deixamos de afirmar que a consciência ecológica começa na mesa. A saúde do indivíduo não pode ser separada da saúde do planeta e a ponte entre ambas não é outra senão alimentos saudáveis e naturais. Se estivermos sãos, a natureza não corre o risco de ser maltratada. Mas se estamos doentes, ela torna-se vitima de toda a sorte de vilipendiações. O contrario também é verdadeiro. A qualidade do mundo exterior determina a qualidade de nossa vida. Se o meio ambiente encontra-se livre de poluição, nós nos podemos manter saudáveis e felizes. Mas se ele se encontra poluído, nós facilmente nos tornamos enfermiços e tristes.

Décadas atrás, esta visão começou a repercutir no interior de um segmento do movimento ambientalista, pois a conexão entre a produção de alimentos de origem animal e a crise planetária tornou-se evidente. Importantes organizações ambientalistas têm lançado campanhas locais e internacionais para reduzir o número de cabeças de gado no planeta, diminuir o consumo de carne e estimular a adoção de uma dieta mais centrada no consumo de alimentos integrais de origem vegetal. Segundo estas organizações, este será o melhor caminho para assegurar tanto a saúde individual quanto planetária."

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Inversão de valores na nutrição

Nutricionista: Promotor de saúde ou de sabor?

De onde veio a ideia que para ser saboroso tem que ter açúcar? Olha que sobremesa com a cara deliciosa!
Imagem retirada do Google Imagens



Uma pergunta que respondo frequentemente é como está sendo a experiência de fazer faculdade de nutrição, se entro em conflito com os professores, etc. Graças a Deus gastei todas as minhas cotas de me desgastar com professores nos tempos da faculdade de arquitetura... Apesar de discordar com um monte de coisas, acho que sou até bem querida entre os professores e colegas. Comparando com a minha primeira faculdade, considero-me bem mansinha hoje em dia, entretanto, isso não me impede de ter uma visão crítica. Ainda bem que tenho o blog!!! Hoje decidi relatar algumas indignações...

Este semestre estou com algumas disciplinas que tenho que respirar fundo...!

Planejamento de cardápios. Nesta matéria aprendemos a planejar cardápios de todos os tipos. A primeira parte consistiu em planejar cardápios para refeitórios de grandes empresas. Uma das atividades foi de planejar um cardápio de 30 dias para uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), sem repetir nenhum prato. Nestes casos o prato principal precisa ser carne e perguntei se poderia fazer uma sugestão de cardápio vegetariano, incluindo somente peixe se fosse o caso. O meu argumento foi que está começando a existir uma crescente demanda vegetariana e que é importante saber planejar um cardápio balanceado e criativo com este enfoque. A resposta foi negativa e lá fui eu, pesquisar praticamente 30 formas diferentes de preparar carne bovina, seguidas de mais 30 formas diferentes de preparar porco, frango, vísceras e peixe. O cardápio precisava ter dois tipos de carnes ao dia: sendo uma bovina e a outra variável, de preferência frango. Fazer isso no papel foi até tranquilo, o problema seria executar na aula prática.

Primeiro dia de aula prática. A sala foi dividida em grupos e eu fiquei com a salada. Adivinha qual foi o único prato que terminou na hora da degustação? Minha salada! Infelizmente não tirei foto, mas foi caprichada e diferente de tudo que meus colegas já comeram. Um sucesso!! Neste dia teve carne bovina e peixe, sendo que o peixe, que deveria ser uma opção mais light do que a carne, foi feito de duas formas: frito e enrolado com presunto e queijo, lotado de molho branco. A impressão que me dá é que as pessoas não sabem fazer uma comida light... Por isso que muita gente que não tem opção de onde comer (quem trabalha em fábricas ou obras distantes) acaba engordando tanto com a comida do trabalho. São terríveis!!! Ah, esqueci de comentar sobre as sobremesas e sucos preparados na aula descrita: açúcar PURO! Mais do que a carne (não sou obrigada a fazer e nem a provar), tem me incomodado bastante que os professores não se preocupam nem um pouco em reduzir o açúcar dos cardápios e das  receitas, fazer substituições, etc...

Em outra matéria temos que desenvolver um produto com aproveitamento integral do alimento. De inicio surgiram várias sugestões cheias de açúcar... Graças a Deus consegui convencer a minha equipe de fazermos algo “sugar free”. Assim, mexemos em várias receitas até criar a nossa própria barrinha de cereais utilizando casca de frutas como: laranja, melancia, banana e mamão, com linhaça, gergelim e aveia e adoçada com mel. Depois de testar a receita de cinco formas diferentes chegamos à opção final. Conseguimos tirar o açúcar mascavo, reduzir o mel à metade e tirar o óleo, a manteiga e a margarina das receitas originais e chegamos a um produto muito saboroso e de ótima consistência!

Hoje passamos a tarde preparando as barrinhas no espaço gourmet da faculdade para fazer a degustação com os alunos do turno da noite. Enquanto estávamos no espaço gourmet, um grupo de formandas da nutrição preparava lanches para receber alunos de escolas para falar sobre o curso. Ao todo foram uns quatro grupos de jovens lá. Fiquei observando e os sucos que elas preparavam tinham mais açúcar do que fruta. Fiquei chocada! Tantas opções de sucos maravilhosos sem açúcar... Como é que pessoas que deveriam PROMOVER a saúde são tão relapsas neste aspecto? Preocupação ZERO!!! O importante é fazer o suco render e tome-lhe açúcar! Isso é mentalidade de nutricionista?

Na aula de planejamento de cardápios a história se repete. A professora fala que refresco não é bom, mas que infelizmente é o que cabe no orçamento das UANs e que inevitavelmente teremos que colocar. Não seria papel do nutricionista convencer os responsáveis pelas UANs de que é fundamental que haja um suco não adoçado da fruta? Se o nutricionista não assumir esse papel, quem irá assumir? Quando ele assina uma dieta contendo um refresco ele está sendo mais que conivente, ele está promovendo algo que todo mundo está careca de saber que é péssimo: lotado de corantes, aditivos químicos e açúcar.

O Programa de Atenção ao Trabalhador (PAT) preconiza que é obrigatória uma opção de fruta como sobremesa em UANs. A professora fala isso para a turma, mas acrescenta que dificilmente alguém consegue seguir esta norma, pois frutas são mais caras e demandam mais manipulação que a maioria das sobremesas adoçadas artificialmente. Fala que em termos de orçamento é muito mais fácil colocar uma paçoca ou um bombom de sobremesa... É conformismo demais um nutricionista elaborar um cardápio contendo uma sobremesa açucarada no lugar de uma fruta, por questões financeiras, quando tem TOTAL apoio da LEI. Não seria papel do nutricionista mostrar a lei para quem lhe contrata para fazer o cardápio e dizer que a sobremesa será fruta e PONTO FINAL? Se os orçamentos são tão apertados e impossíveis de cumprir com os ingredientes e alimentos adequados não será porque os nutricionistas estão se prostituindo e se submetendo a prescrever algo que sabem (ou pelo menos deveriam saber) que não é adequado para a promoção da saúde? Não cabe ao nutricionista convencer o seu contratante a fazer as coisas da forma correta, mesmo que isso signifique um acréscimo no orçamento?? O argumento é básico: melhora na saúde dos funcionários, que serão menos obesos, menos hipertensos e mais saudáveis em inúmeros aspectos.

Hoje na aula de tecnologia de alimentos fizemos geleias. Sabe qual era a preocupação da professora?? Fazer geleias saborosas! Nutricionista é profissional da área de saúde... Tem que se preocupar em fazer saúde com sabor. Quem se preocupa só com sabor são as pessoas da área gourmet. Aí decidi criar minha própria receita e tentar fazer uma geleia sem açúcar. Fiz uma de melancia que ficou super doce e gostosa, entretanto, a consistência não era igual a dessas geleias industrializadas, porém, serve perfeitamente para passar no pão, em torradas, etc... Sabe o que a professora me perguntou? “Por que essa obcessão em fazer algo sem açúcar?” Aí me pergunto: Será que ela não deveria ter buscado receitas de geleias sem açúcar para ensinar para a turma? O pior é que ninguém pensa nisso... Uma turma de futuros nutricionistas, usando quilos de açúcar na maior naturalidade. Pergunto-me, é isso que pretendem comer e prescrever? O mercado tem tantas opções de geleias 100% frutas hoje em dia, para mim não é menos que a obrigação de um nutricionista prescrever uma dessas... E se for ensinar seu paciente a fazer uma geleia em casa, que seja sem açúcar. Mas, se na faculdade os alunos só aprendem a fazer geleia, sucos e sobremesas com açúcar, como poderão prescrever algo diferente ou se quer ter algum tipo de preocupação deste gênero?

Não é a toa que alunas, prestes a se formar, ao apresentar o curso de nutrição (como exemplifiquei acima), servem sucos LOTADOS de açúcar para jovens em formação... É só olhar o que comem no intervalo da aula para ver que não absorveram nada do que deveriam ter aprendido. O que mais vejo são alunos de nutrição comendo doces, chocolates, frituras, refrigerantes, refrescos, salgadinhos e um monte de porcarias diariamente na faculdade.  Esse é o nível de profissional que está sendo formado nas universidades... Preocupante, não?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Câncer Planetário (Parte 2)

Para Além do Dualismo
Texto de Michio Kushi
 
Foto retirada do Google Imagens

"Encontramo-nos hoje num ponto crítico da história. Há um segmento da ciência e medicinas modernas que está indo em direção a biotecnologia - a manipulação artificial do meio ambiente, incluindo a criação de novas formas de vida em laboratório. Entre 1960 e 1990, o número de variedades de sementes que sofreram mutação induzida por irradiação cresceu vertiginosamente de 15 para 13 mil. Sessenta por cento do trigo duro da Itália, por exemplo, corresponde a uma variedade mutante cujas alterações foram provocadas por emissões de raios gama. Recentemente, os Estados Unidos aprovaram modificações genéticas em alimentos do consumo diário sem qualquer teste sobre os possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente e sem a obrigatoriedade de rotulagem. Os efeitos podem ser catastróficos. Esses alimentos carecem de um Ki (energia eletromagnética natural) vigoroso. Com o rompimento das fronteiras entre as espécies - que constituem o meio que a natureza emprega para preservar a distinção e a diversidade - genes de boi, carneiro, peixe e outros animais podem ser introduzidos em grãos, feijões, vegetais e frutas, criando-se vibração e energia extremamente caóticas. O impacto sobre o meio ambiente - o delicado ecossistema no qual tudo está interligado - não podem ser aferidos em laboratório. A perda da diversidade - a soma total das variedades genéticas da Terra - é inevitável, pois as características tradicionais são substituídas. As calamidades - por causa de predadores, enfermidades, ciclos climáticos e padrões atmosféricos alterados e mutações - também são inevitáveis.
 
Confirmando esta tendência artificializante, 36 países aprovaram o uso de radiação nos alimentos -tecnologia extremamente perigosa e destrutiva que expõe os alimentos à radiação nuclear altamente ionizada - visando a aumentar o prazo de validade de especiarias, grãos, frangos, carnes, frutas, vegetais e outros viveres postos à venda. Dentre os riscos potenciais à saúde que essa tecnologia pode gerar estão a redução do valor nutricional dos alimentos, a presença neles de elementos radio líticos nunca antes encontrados, o surgimento de fungos carcinogênicos, o aparecimento de tumores, problemas renais e anormalidades genéticas comprovadas em testes laboratoriais, tais como produção de bactérias nocivas e a criação de microorganismos resistentes a radiações.
 
Podemos decidir ir mais adiante por este caminho da mecanização e artificialização da espécie humana ou começar a retornar em direção a caminhos mais naturais de viver e curar a nós mesmos. O momento em que vivemos é o momento da decisão! A degeneração progressiva do solo, o aumento do câncer e das doenças do coração, o enfraquecimento acelerado do sistema imunológico e o estouro de uma guerra nuclear não são acontecimentos inevitáveis. A fim de deter ou evitar tais catástrofes, devemos desenvolver uma nova orientação para a vida. Precisamos especialmente, começar a nos preocupar com as causas básicas de qualquer problema e programar soluções também básicas, em vez de insistirmos na tendência atual de tratar cada questão separadamente e apenas em termos de sintoma. Questões como guerra e paz, saúde e doença, nos afeta a todos de alguma forma e em todos os domínios da vida moderna. A responsabilidade de encontrar e aplicar soluções não deveria ser apenas daqueles que fazem parte do governo, das forças armadas ou da comunidade médica e científica. A saúde e a segurança autênticas só emergirão por meio de esforços cooperativos envolvendo pessoas de todos os níveis da sociedade.
 
A moderna civilização, por marchar contra ao invés de com a natureza, tem se privado da capacidade de evoluir harmonicamente com o meio ambiente. O câncer, as imunodeficiências, a guerra nuclear, a destruição da natureza nada mais são do que manifestações extremas dessa marcha ensandecida. Ao invés de considerarmos as causas do colapso da vida moderna em termos abrangentes - ecológica, social e biologicamente - nós até agora só temos percorrido a estrada oposta, focalizando nossa atenção em fatores isolados, como, por exemplo, certas células dentro do corpo, criminosos dentro da sociedade e organizações terroristas dentro dos estados/nações. Os remédios que são empregados em nossos hospitais, casas legislativas e fóruns globais envolvem invariavelmente a cessação dos antagonismos e a repressão às forças transgressoras, revelando o quanto a condição global que fizeram com que a doença se desenvolvesse é ignorada.
 
Este modo moderno de pensar e viver que nos levou ao beco sem saída em que nos encontramos, pode ser descrito como dualista. O pensamento dualista separa o bom do mau, o amigo do inimigo, a saúde da doença, considerando um como desejável e o outro como indesejável. Tal método parcial de pensamento sobeja efetivamente a toda sociedade moderna, interferindo na educação e na religião, na política e na economia, na ciência e na indústria, nas comunicações e nas artes. Enquanto nosso ponto de vista básico continuar sendo unilateral, impossível será curar profundamente qualquer doença ou pôr fim à degeneração da família, à atividade criminosa, às rebeliões sociais e aos conflitos internacionais.
 
De uma perspectiva abrangente - tal como aquela que considera o planeta como um todo integrado - podemos constatar que os inimigos realmente não existem. Todos os fatores, embora antagonistas para nossos objetivos limitados (sejam eles nacionais ou individuais) são na verdade complementares. Todo fenômeno contém a semente de seu oposto. Todos são mutuamente influenciados e transformam-se uns nos outros. Com o objetivo de contrabalançar os extremos - reduzindo os excessos e preenchendo os espaços vazios - a natureza produz a maior diversidade e harmonia possível, como nos revela a espiral da vida.
 
A doença não é senão uma adaptação natural, o resultado da sabedoria instintiva do corpo querendo tentando manter-nos em equilíbrio. E a doença degenerativa, por sua vez, é somente o estágio final numa seqüência de eventos pelos quais os indivíduos das sociedades modernas tendem a passar por não saberem apreciar os benefícios naturais dos sintomas mórbidos. Na realidade a doença está nos defendendo e protegendo, desde que ela própria, a doença, nada mais é do que a eliminação ou a concentração em determinadas regiões do corpo de fatores indesejáveis. Ela é um admirável mecanismo de defesa e adaptação que nos permite viver um, dois, cinco ou dez anos a mais, ainda que não mudemos nosso modo artificial de viver e se alimentar.
 
Por outro lado, se partimos para uma reflexão profunda, se tomarmos para nós a responsabilidade de nossas próprias doenças, se, em suma, mudarmos nossa orientação, a enfermidade cooperará conosco e desaparecerá, caso ainda não tenha chegado a um estado irreversível.
 
Como a moderna medicina está começando a descobrir, o câncer e outras doenças degenerativas podem muito bem ser prevenidas e, em muitos casos, até mesmo controladas, sem que se lance mão de tratamentos violentos. Para tanto basta adotar uma dieta baseada em cereais e vegetais integrais, acompanhados de outros alimentos tradicionais complementares, e administrar simples, mas eficientes tratamentos caseiros. Milhares de pessoas com câncer e doenças cardíacas, inclusive várias em estado considerado terminal pela medicina moderna, recuperaram a saúde e a vitalidade ao adotarem métodos tradicionais e holísticos de cura. E centena de milhares de outras têm prevenido o surgimento de doenças degenerativas mudando o seu estilo de comer e viver. Simultaneamente à mudança de hábitos alimentares, muitos indivíduos enfermos têm tomado a iniciativa de administrar tradicionais remédios caseiros para reduzir sintomas e descarregar materiais tóxicos por meio da pele e da urina. Essas aplicações, além de seguras, simples e auto administráveis, estimulam a atividade circulatória e potencializam o eletromagnetismo do corpo, fazendo com que a energia flua facilmente para a região afetada.
 
A abordagem tradicional do tratamento das doenças é dócil e pacífica. Não é violenta. Todos os fatores são considerados complementares e a ênfase recai sobre a restauração do equilíbrio. Por milhares de anos a humanidade julgou a vida não como uma batalha em que inimigos teriam que ser violentamente subjugados ou destruídos, mas sim um jogo que suscita aventuras e descobertas ilimitadas e no qual os opostos são graciosamente harmonizados. Da adoção deste ponto de vista, paz e saúde seguem como conseqüências naturais. "
 


domingo, 16 de setembro de 2012

ATENÇÃO: Iodoterapia



Imagem retirada do Google Imagens

Acabei de receber um telefonema que me levou à necessidade de escrever um post esclarecedor. Um dos tratamentos contra problemas na tireoide, principalmente nos casos de câncer, quando são as glândulas tireodianas são removidas, é iodoterapia. Trata-se de um tratamento feito com um tipo de iodo reativo, com o objetivo de retirar qualquer resíduo do câncer, após a cirurgia.

Quando alguém precisa fazer tal procedimento é necessário que fique SEM INGERIR NENHUM TIPO DE SAL ou comidas que contenham iodo como algas, peixes, frutos do mar e produtos industrializados.

Acabaram de me telefonar querendo mais informações sobre o Sal de Gueránde, onde comprar etc., após terem descoberto meu blog pela web. Ao me falarem que a pessoa tinha sido proibida de ingerir iodo, na mesma hora imaginei do que se tratava e constatei. Ainda bem que “saquei” qual era o caso logo, pois, esta pessoa poderia acabar comprando o Sal de Gueránde achando que não continha iodo, quando na verdade CONTÉM, porem em doses naturais, sem adições químicas e artificiais.

A pessoa acabou de retirar a tireoide e como de costume foi escassamente orientada pelo seu médico. Tentei ajudar dando conselhos, mas confesso que fiquei apavorada. Esta pessoa precisa de um acompanhamento nutricional bastante específico e está completamente desorientada. Para completar o fato de ter retirado um tumor maligno, a pessoa ainda é diabética. Como seu médico não incluiu uma nutricionista na equipe que lhe acompanha? Retorno à preocupação sobre a interdisciplinaridade que comentei no texto Nutrição X Medicina.

Vou ressaltar novamente: TODO SAL TEM IODO NATURALMENTE.

Em casos como o descrito acima, o mais importante é que se abra mão de todo tipo de produto industrializado e passe a ingerir alimentos feitos em casa, sem sal. Recomendo a ingestão de grãos e cereais integrais, como o arroz, a cevadinha, o trigo sarraceno, a aveia, os feijões, verduras e frutas.  Para realçar o sabor dos alimentos pode-se uitlizar: alho, cebola, cheiro verde, folha de louro, cominho, noz moscada, gengibre, açafrão, canela e outros. Nada de temperos prontos, pois estes podem conter sal na composição. O mais garantido é que os preparos sejam totalmente artesanais, para garantir que não haja ingestão de iodo. Acho prudente evitar o açúcar também, por ser um produto extremamente químico e tóxico.

Perguntaram-me também  sobre o sal manipulado em farmácia sem iodo. Além de ser um produto caro, não acho uma boa ideia: uma pessoa que acabou de passar por um procedimento cirúrgico, irá passar por um tratamento extremamente delicado e está com o corpo debilitado, deve ter uma dieta o menos química possível. Acho mais interessante lançar mão de alimentos e temperos frescos e naturais, focando numa dieta o mais orgânica possível.

É isso aí, fica a dica para quem estiver com algum problema do gênero ou conhecer alguém que esteja!

O Câncer Planetário (Parte 01)

Uma Visão Abrangente da Atual Crise Civilizatória
Texto de Michio Kushi


Imagem retirada do site do Kushi Institute

"Precisamos todos compreender que o câncer não diz respeito apenas aos que sofrem da doença, aos seus familiares ou aos profissionais de saúde. Na verdade, o câncer é o resultado dramático dos falsos valores - e em ultima estância, das tendências autodestrutivas - sobre os quais erguemos a moderna civilização. Num sentido bastante real, manifestemos ou não os sintomas, somos todos cancerosos; e continuaremos a sê-lo, a menos que um novo estilo de vida e pensar - mais simples, harmônico e pacifico - venha suceder o atual.

O câncer, nunca é demais insistir, não é uma mal que atinge particularmente certas células ou certos órgãos. Ele é sim, um mecanismo de autoproteção acionado por determinados organismos que, como um todo integrado, se encontram muito doentes. Se o câncer for artificialmente removido sem que se mudem os hábitos que provocaram a doença, o equilíbrio alcançado a duras penas é abruptamente interrompido e a totalidade do organismo pode entrar em colapso.

'A medicina pode ser considerada uma ciência política e a ciência política uma medicina em alta escala'. Assim pensava, há mais de um século, o famoso patologista alemão Rudolf Virchow. Hoje a medicina é dominada pelo conceito de soberania celular, ou seja, pela noção de que aquilo que acontece na célula ou em seu núcleo não tem relação alguma com a totalidade do organismo ou com o ambiente que o cerca. Durante anos a ciência moderna nos tem convencido de que a doença é o resultado ou de uma invasão externa ou de uma aberração num gene isolado, hormônio ou outro componente celular sobre os quais não temos controle voluntário ou responsabilidade moral. Os cientistas nos asseguram de que se um fator específico causador da epidemia ou crescimento anormal de células for identificado, uma solução bioquímica será então encontrada para impedir os seus efeitos nocivos.

Esse conceito de soberania celular está tão fortemente incrustado no espírito da medicina moderna que influencia não só o conteúdo, mas também a forma dos artigos científicos. Metáforas militares são hoje rotineiramente usadas para descrever processos fisiológicos e prescrever tratamentos. Em 'Cercando o Câncer', artigo publicado no The New York Times, podemos ler:
'Os cientistas querem entender como o inimigo, isto é, a célula cancerosa, disfarçada de célula normal, passando pelas sentinelas do sistema imunológico sem ser detectada...'.
'Anticorpos que circulam pela corrente sanguínea estão em constante patrulhamento...'.
'O corpo é alertado e envia células exterminadoras especiais para, com sua artilharia química, dar cabo da ameaça...'.
'Espera-se que esses anticorpos atuem como bombas inteligentes em miniatura, liberando sua carga letal no tecido doente e somente nele.'

Cada vez mais a medicina moderna torna-se medicina nuclear. Hoje em dia há 24 milhões de diagnósticos por imagens por ano. Além disso, 18 mil aparelhos de radioterapia são usados para tratar 5 milhões de pessoas anualmente. Em nossa sociedade industrial, 25% de todos os pacientes são submetidos a procedimentos da medicina nuclear para tratamento ou diagnóstico.

Essa abordagem exclusivamente mecânica da ciência tende a depreciar os valores e os modos de vida tradicionais. Terapeuticamente falando, nós optamos por tratar as doenças utilizando drogas e máquinas. Sem entender a raiz dos problemas, removemos partes do organismo, estimulamos mecanicamente nossos órgãos e gradualmente artificializamos nossos corpos. Nós compreendemos apenas o comportamento mecânico: se administramos quimioterapia ou radioterapia, o paciente responde desta ou daquela forma. Quais são, porém, os efeitos profundos de tais tratamentos ou como eles podem afetar a energia da pessoa como um todo integrado, isso nós não sabemos.

Quase nunca nos ocorre que temos provocado doença, sofrimento e dor em nós próprios, por causa de um longo período de desequilíbrio em nosso modo de pensar, comer e viver. Na guerra contra o câncer, doenças do coração e outros distúrbios, os tratamentos envolvem uma variedade de procedimentos cada vez mais violentos para proteger as células saudáveis e derrotar as células doentes. Esses métodos são similares, no que diz respeito ao objetivo e execução, a aqueles programados em larga escala por lideranças militares e políticas para proteger cidadãos de um ataque em nome da soberania nacional.

Nossos desequilíbrios sociais tomam um rumo de desenvolvimento similar aos nossos desequilíbrios individuais. O padrão de degeneração progressiva, de simples conflitos mais sérios, pode ser constatado na disputa entre famílias, comunidades, estados e nações. Esses conflitos geralmente começam com discussões e ameaças e terminam com explosões de violência e comportamentos agressivos. O processo é quase sempre o mesmo, da confrontação e polarização para a guerra e destruição.

Mas nenhum desequilíbrio é responsabilidade de um somente. Agimos, todavia como se assim o fosse, preferindo a intolerância à cooperação. Em vez de buscarmos uma solução pacífica que reconcilie os envolvidos e leve em conta o seu bem estar e necessidades, além, é claro, das necessidades do meio ambiente e das gerações futuras, nós nos refugiamos em nossos objetivos mesquinhos, limitados e imediatos.
O terrorismo, a revolta e os motins só ocorrem porque a sociedade confia demasiadamente na força militar e negligencia os fatores básicos que geram desequilíbrios. O fracasso em tentar suprimir revoluções recorrendo à violência tem sido constatado no sudeste da Ásia, no Afeganistão, na América Central, no Oriente Médio, em Los Angeles e outras cidades da América e nas demais áreas de recentes conflitos.

Em termos planetários, essa visão maniqueísta tem levado à doutrina da soberania nacional. Para deter o avanço das armas nucleares, devemos transcender a condição de cidadãos de um único país e passar a encarar a nós próprios com cidadãos do mundo. Porque se vêem como entidades separadas, os estados nações se acham no direito de construir e usar armas nucleares com o fim de proteger seus territórios. Se todos os estados se unissem e formassem uma federação mundial, limitando assim sua soberania, não haveria mais interesses nacionais a defender. Até recentemente, a ONU carecia de autoridade para intervir nas questões da guerra fria, a ONU tem começado a desempenhar um papel mais ativo no oriente Médio, no sudeste da Ásia e em outras áreas de conflito. A menos que a decisão de suas lideranças seja correta, outros sistemas de opressão podem surgir. Por conseguinte, é importante que os direitos humanos básicos, assim como a diversidade política, econômica, social e cultural, sejam respeitados.

Quantas vezes temos encarado os problemas sociais, do crime à guerra, das drogas ao colapso da família, como um câncer que se espalha pela comunidade? Como o câncer individual, nossos principais problemas sociais são caracterizados pelo crescimento descontrolado - consumo e desenvolvimento excessivo - e nossos tratamentos são violentos e autodestrutivos. Em todas as dimensões da vida, ao uso da força mostra-se contra producente. Os meios violentos com que produzimos nossos alimentos, tratamos nossos próprios corpos e lidamos com os conflitos, devem ser substituídos por métodos pacíficos e harmoniosos."