terça-feira, 24 de setembro de 2013

Filosofando sobre o sentido do lar e da saudade

Imagem publicada por alguém no Instagram 
Traduzindo: 
"Você nunca estará totalmente em casa novamente, pois parte do seu coração estará sempre em outro lugar. Esse é o preço que você paga pela riqueza e amar e conhecer pessoas em mais de um lugar."

Outro dia publiquei essa imagem no Instagram e hoje vou filosofar um pouco sobre a sua mensagem...

Este final de semana estive em BH, após nove meses sem ir lá. Quanta nostalgia!! Quando morava lá, me sentia assom quando vinha à Salvador, mas a sensação é um pouco diferente.

A nossa terra natal, quando é a mesma onde moram os nossos familiares, será sempre uma certeza de um porto seguro. Quando morei na Espanha e depois em Belo Horizonte, sabia que não importava para onde fosse no mundo, sempre teria um pouso certo em Salvador. É esta certeza que me faz querer desbravar o mundo, pois sei que há muito o que conhecer por aí e que não vale a pena se apegar a um lugar, pois os laços eternos são feitos com pessoas e não com lugares e estas estarão conectadas com a gente independente de qualquer posição geográfica. Basta haver um sentimento real.

Quando parti de Valencia a sensação de rompimento foi enorme. Tanto é que já faz cinco anos e até hoje não tive a oportunidade de voltar. Além disso, quando retornar, provavelmente encontrarei apenas três dos meus amigos que viveram lá na mesma época que eu. Então, sei que aquele lugar, com aquela rotina e aquelas pessoas ficou no passado, na minha caixinha de memórias... Mesmo assim, morro de vontade de retornar: caminhar pelas ruas, percorrer meus trajetos cotidianos, passear no Túria, na Cidade das Artes, na Calle José Capuz, na Univerisade Politécnica, no Carmen, na Pollo e Peyloron, no El Saler, Herbolário Navarro, nos supermercados e lojinhas do bairro que morava... 

Apesar de tudo isso, sei que lugares lindos e encantadores, existem em todas as partes e é inevitável criarmos um certo apego a memórias de ambientes onde tivemos muitos momentos agradáveis ou rotinas. Entretanto, a saudade preponderante, vai muito além de espaços físicos: é a falta que sentimos das pessoas que determina uma verdadeira saudade. Por isso, adoro a ideia de mudanças, pois sei que é possível estabelecer uma rotina feliz onde quer que se viva e que mudanças proporcionam uma riqueza inestimável: conhecer pessoas das mais diversas e permitir que cada uma delas se torne uma flor, que depois de cativada, se torna única, como no livro do Pequeno Príncipe.  

Tudo isso se confirmou este final de semana em Belo Horizonte. Foi uma delicia percorrer por lugares que fizeram parte do meu cotidiano, em um passado recente. Claro que o tempo não deu pra fazer tudo que queria, mas já deu pra acalentar o coração. Lá, a dor da partida foi um pouco menor, por ser no Brasil e por saber que é simples e barato ir lá a qualquer momento. A melhor parte é perceber que nove meses se passaram e os laços que criei continuam intactos. A familiaridade com os espaços físicos e principalmente as pessoas me faz ter certeza que a cidade terá sempre ares de "casa", ou seja, um lugar acolhedor.

Existem outros lugares que já passei temporadas maiores (apesar de não ter morado) e cada um deixou sua marca em minha história. Existem lugares que por si só são incríveis, mas definitivamente, o que dá um toque especial a qualquer território são as pessoas que nele vivem ou que estiveram com a gente por lá... Hoje vou prestar uma homenagem a tantos amigos queridos que já viajaram comigo ou me acolherem em seus lares pelo mundo. Cada lugar que estivemos juntos terá sempre uma lembrança especial graças a vocês!! Que venham os próximos encontros, viagens, lugares e descobertas!!


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Programação para Beijar o Padeiro (em Salvador)

Hoje, um tanto indignada com os resultados dos intermináveis julgamentos do Supremo Tribunal Federal, tive que buscar um motivo para não desanimar de vez com este país de corrupção e impunidade... Não quero falar em política e justiça, por isso escolhi um tema leve, que amo: ARTE!

Será que me identifiquei com esta frase?? Super "beijo no padeiro"!

Ontem fui à abertura da exposição da fotógrafa Silvana Sepúlveda, denominada Espiando o Vale do Capão, na Galeria Monsarda, no Palacete das Artes, no bairro da Graça, em Salvador, BA. A exposição ocorrerá até o dia 20 de outubro e conta com 40 fotografias coloridas e a da exibição de um filme de 15 minutos, com diversas imagens do Vale. 

A fotógrafa Silvana Sepúlveda na abertura de sua exposição em 17.09.2013

A artista atualmente passa 15 dias por mês na região e pretende fixar residência por lá. Ela explica que a ideia da exposição surgiu pelo sucesso das fotos, admiradas por amigos e conhecidos que as viam nas redes sociais. A fotógrafa, que há mais de dez anos, tem se dedicado a fotografar o Vale com suas montanhas, flores, bichos, gente e atividades culturais, explica um pouco a sua relação com este lugar encantado:

"Há 10 anos conheci o Vale do Capão. O encanto foi tal que, embora minha permanência tenha sido de somente 4 dias, quando voltei para Salvador já tinha decidido ter casa lá e já pensava no Vale como o lugar onde gostaria de viver. Nesses 10 anos frequentando o Capão e vendo suas maravilhas passei a andar com uma câmera para registrar o que via - paisagens, flores, bichos e uma enorme diversidades de pessoas que constitui a gente do Capão - gente de todos os cantos do país e do mundo vivendo uma vida escolhida, cada um a seu modo, gerando um caldeirão cultural muito próprio do local.Comecei a fotografar ao mesmo tempo em que passei a frequentar o Vale do Capão, cuja paisagem me fascinou e, praticamente, me obrigou a capturá-la e trabalhar suas imagens no computador.

Claro que a qualidade das fotos originais na exposição é bem melhor!


Eu sou suspeita para falar, pois sou completamente apaixonada pela Chapada Diamantina e em especial pelo Vale do Capão. Entendi totalmente as palavras de Silvana, pois, tive a mesma sensação, quando passei por lá, pela primeira vez, por apenas quatro dias. Vontade de não voltar mais! Na ocasião, estive em uma pousada, que hoje já não existe e os proprietários contaram que foram para lá quando a UFBA entrou em greve (eram universitários) e acabaram nunca mais voltando... Tenho certeza que existem muitos outros casos de paixão à primeira vista com o Capão.

Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer este lugar mágico, ou já conhece e quer matar as saudades, não pode perder esta exposição. Além do mais, está acontecendo no Palacete das Artes, concomitantemente mais duas exposições: uma de Mario Cravo e outra comemorativa dos 70 anos de Gilberto Gil. A primeira muito criativa, principalmente no uso de materiais recicláveis: uma marca registrada da obra de Mário Cravo. A segunda, super completa e interativa, para encher qualquer baiano de orgulho! Não perca esta excelente oportunidade para celebrar as artes dos filhos da terra que, com muita sensibilidade, expressam seus talentos através de esculturas, fotografias e músicas. 

Foto da exposição de Gil. Por que será que justo esta chamou a minha atenção? Risos!

Foto da exposição de Gil. Tive a honra de presenciar este show ano passado com este super efeito especial em 3D. Parecia que Luiz Gonzaga estava vivo, tocando com ele no palco. Incrível!!

Recomendo uma visita ao local com bastante tempo, para apreciar todas as exposições calmamente e finalizar com um agradável happy hour no Solar Café: um dos melhores points para encontros e bate papos casuais em Salvador. Garantia de programação que faz qualquer um ficar com vontade de beijar o padeiro!



Saiba mais: Localizado no município de Palmeiras, a 445 km de Salvador, o Vale do Capão resguarda paisagens deslumbrantes. O cenário é basicamente composto por grandes cachoeiras, áreas de Mata Atlântica, montanhas de até 1.500 metros, dentre outras preciosidades naturais. Não é à toa que o lugar detém famosíssimos paraísos ecológicos, como o Silêncio dos Gerais, a correnteza do Rio Preto, o imponente Morrão e o abismo onde caem as águas da Cachoeira da Fumaça – a mais alta do Brasil. O lugarejo já teve o garimpo como sua principal atividade, assim como o restante da Chapada. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

11 Dicas para quem está pensando em realizar grandes mudanças na vida


Terminei a último post falando da "coragem" de mudar de profissão. Vou começar este post salientando alguns detalhes sobre a realização de grandes mudanças na vida.

1) Coragem para mim é estar diante de duas realidades: a possibilidade de passar o resto de vida trabalhando com algo que é completamente apaixonado ou a possibilidade de passar o resto da vida trabalhando com algo que pode até ter adquirido um certo talento ou know-how, mas que lhe estressa mais do que lhe dá prazer e optar pela segunda opção.

2) A mudança profissional não é algo que acontece do dia para a noite. Quando alguém decide mudar, normalmente esta decisão é fruto de um longo amadurecimento. Para quem está de fora, pode parecer um ato corajoso, aventureiro e repentino, entretanto, por ter tido esta experiencia, tenho observado que em todos os exemplos próximos, com pessoas que viveram algo semelhante, a mudança foi gradual, após grandes reflexões e uma longa caminhada.

3) Com a vida moderna, muita gente passa mais tempo no ambiente de trabalho ou se dedicando a ele de alguma maneira do que desfrutando do núcleo familiar, das férias e dos amigos, por exemplo. Logo, conseguir ter realização pessoal no ambiente profissional vai muito além de um bom salário no fim do mês. Ele pode até financiar umas boas férias, mas trabalhar onze meses sem prazer em prol de um mês de curtição, não me parece uma matemática muito equilibrada. Acredito piamente que bons resultados financeiros são consequências naturais de esforço e dedicação e quando se tem paixão, estes dois itens são atingidos sem grandes esforços e sem necessidade de constantes fugas da realidade no cotidiano.

4) Não adianta simplesmente estar insatisfeito com aquilo que está fazendo e achar que isso é suficiente para promover alguma mudança. É preciso ter em mente que tarefas massantes e rotinas cansativas estão presentes em todas as profissões (mesmo naquelas que somos apaixonados). O problema está em sua rotina ou na atividade que executa?

5) A resposta da pergunta anterior fica fácil quando se detecta uma paixão evidente. Normalmente nossos maiores talentos e paixões se expressam no cotidiano ou buscando interesses remotos da infância. (Eu recentemente, por exemplo, lembrei, que quando era criança, descobri que existia uma tabela de composição dos alimentos no fundo do livro The Book of Macrobiotics de Michio Kushi e passava horas analisando aquela tabela, comparando alimentos e querendo entendê-los. Não é um interesse comum entre crianças e só fui me recordar deste fato, como algo que já apontava uma inclinação para um potencial de atuar na área de nutrição, há menos de um mês).  

6) Resumindo: DOM é aquilo que você é capaz de fazer com tanta facilidade que nem percebe que seja um diferencial ou uma qualidade específica, pois é algo natural e espontâneo para você. Pode ser aquilo que você sempre teve inclinação ou facilidade e por isso pareça banal e impossível de que alguém precise aprender. Por exemplo, uma pessoa que nasceu na roça e aprendeu desde pequena sobre ervas medicinais com os pais, pode nunca imaginar que existem pessoas, nascidas em centros urbanos que tenham muita vontade de aprender algo que muitas vezes não se encontra em livros, ou seja, alguém pode ser uma enciclopédia viva sem nem saber ler e morrer sem saber disso, pois acredita que como ela, todas as pessoas "nascem" sabendo determinadas coisas... 

7) Quando detectadas, muitas vezes estas virtudes são menosprezadas, pois as pessoas não acreditam que possam viver de determinado dom ou então acham que é algo que não despertará interesse ou não será útil para mais ninguém. Imagine se os grandes criadores de utensílios fantásticos tivessem pensado desta maneira? Não teríamos objetos simples como abridores de garrafas, escovas de dentes, embalagens de plástico zipadas e muito mais!

8) Será que os Beatles teriam sido o sucesso que foram se o sonho deles fosse ser jogadores profissionais de bridge? Ou será que Pelé teria feito tantos gols se deitasse na cama à noite se sentindo frustrado por estar praticando um esporte, quando no fundo seu sonho era ser chefe de cozinha? É quase cômico pensar em pessoas que dedicaram suas vidas à determinadas atividades, obtendo êxito extraordinário, e achar que não eram impulsionados por uma grande paixão mesclada com talento. 

9) Sim, a estória de que 99% é transpiração e 1% é inspiração é verdade e muita gente pode se desenvolver e se destacar em determinada atividade, mesmo que não carregue um dom nato para aquilo. Acho ótimo, desde que esta pessoa se sinta desafiada e motivada e não esteja sufocando determinada paixão, em detrimento da crença de que é impossível aliar paixão ao trabalho. Mais cedo ou mais tarde, a paixão sufocada poderá explodir, como uma garrafa de champanhe que é violentamente sacudida. Esta explosão poderá muitas vezes acontecer na forma de alguma reação física: as famosas doenças psicossomáticas...

10) Não adianta pensar que se, por exemplo, você é advogado, se dedica ao direito 10 horas por dia, há 10 anos, mas é apaixonado por teatro, que algum dia, um diretor de cinema, baterá na porta do seu escritório e lhe falará: "Soube que é um ótimo ator, quer participar do meu próximo filme?". Não é assim que as coisas costumam acontecer na vida. Está lá na bíblia: "Faça a tua parte que lhe ajudarei". Se alguém planta batatas, só poderá colher batatas... Logo, se desejar colher tomates, precisará buscar as sementes...

11) Quero finalizar com uma frase que adoro: "Quando o discípulo está pronto, o mestre se apresenta". Você não precisa realizar mudanças radicais, mas precisa cultivar o terreno e ir se sentindo cada vez mais seguro dentro daquilo que pretende fazer. A vida lhe apresentará diversos mestres, em etapas diferentes, como um prêmio de merecimento pelo esforço. Você poderá nem perceber certas pessoas que cruzam seu caminho como mestres ou guias... Entretanto, após um percurso considerável, mantendo a persistência e a disciplina, poderá olhar para trás e perceber uma evolução gradativa em sua jornada... Pode ter certeza que muito ainda está por vir e não adianta querer fazer projeções, o futuro é o fruto daquilo que plantamos diariamente. Basta ter fé e prosseguir seguindo a sua paixão e intuição.

BOA SORTE!!!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Paixão por saúde bucal e ortodontia

Em 2005, um casal de amigos dentistas, que estava iniciando o trabalho com clareamento de dentes me contratou para fazer um projeto arquitetônico para eles. Na época, precisavam de alguém para ser a "garota propaganda" da clínica deles e perguntaram se poderia realizar também esta função. Apesar de não ter nenhum experiência no ramo, acabei topando em dar esta força a eles e confesso que foi muito legal toda a produção, maquiador, cabeleireiro, estúdio de fotografia... Depois das fotos eles me presentearam com um pacote de clareamento dental (não deu tempo de ser antes). No dia em que fui fazer, eles pegaram uma paleta de dentinhos falsos para ver a cor dos meus dentes originais e comparar depois de terminado o clareamento - naquele dia descobri que eles já eram mais brancos do que o mais branco de todos... Mesmo assim decidi fazer o clareamento (adoro uma cadeira de dentista). Colocaram aquela proteção verde em minha gengiva e não precisou de mais de cinco minutos para eu pedir para parar. Que dor!!!! Então, respondendo a uma pergunta frequente, meus dentes são naturalmente brancos e isso não é mérito de dentista, acho que é um misto de genética com pouco ou nenhum consumo de café, chocolate, coca-cola e alimentos ricos em corantes artificiais, cigarro, etc...

Ontem, o marido de um amiga, estava se queixando de uma dor na mandíbula e eu olhei e disse: "Isso deve ser o siso que está empurrando algum nervo e dando esta dor." Ele dizia: "Mas não sinto dor dentro da boca, é na junta entre os dois maxilares." Eu respondia que era porque quando atinge o nervo a dor se propaga... 

Como já estava tarde, ele só pode ir ao dentista hoje e quando fui procurar saber o que era, fiquei sabendo que era justamente o siso...

Isso me fez lembrar a minha infância e a árdua tarefa que foi para mim, escolher a minha profissão na adolescência. Uma coisa é certa, área de saúde sempre esteve lá...

Comecei a usar aparelho ortodôntico aos seis anos de idade e contrariando o que acontece com a maioria das crianças, sempre amei ir ao dentista. Sou fã de carteirinha do artista que arrumou os meus dentes e recomendo ele de olhos fechados e boca bem aberta, kkkk!! Quem precisar de uma indicação em Salvador, o nome dele é Dr. Antônio Cunha e o telefone da clínica onde ele atende é 71-3336-0003 (sim, seu o número de cor, risos!).

Muitos devem estar pensando que é cedo para começar a usar aparelho e é justamente por isso que sou fã dele. Fez um trabalho de ortodontia preventiva em mim e em minha irmã nas décadas de 80/90, quando pouco se falava nisso. Corrigiu a minha mordida cruzada e abriu a minha arcada gradativamente, de forma que quando terminei de trocar os meus dentes, eles já estavam praticamente nos lugares exatos (coisa que não teria acontecido naturalmente, pois tinha uma arcada pequena em relação ao tamanho dos dentes).

Se não tivesse feito isso, provavelmente teria tido que extrair os pré-molares, como a maioria das pessoas precisa fazer, quando começa a usar aparelho depois de já ter trocado todos os dentes de leite por definitivos. 

Então, usei aparelho móvel dos seis aos doze anos de idade e era disciplinada como poucos adultos são. Só tirava para comer e em seguida escovava os dentes e recolocava imediatamente. Aos doze anos coloquei aparelho fixo e tirei um ano e meio depois (vejo gente usando aparelho fixo por anooooos!!). Resultado, iniciei minha adolescência com os dentes impecáveis e passei toda a fase de festas de 15 anos e despertar da vaidade com esse "problema" resolvido em minha vida. Distribuía sorrisos enquanto minhas amigas escondiam seus aparelhos nas fotos!

Com a mesma disciplina da infância, usei a contenção móvel religiosamente por quatro anos depois que tirei o aparelho fixo e tenho uma contenção fixa até hoje em minha arcada inferior. Mais de quinze anos se passaram e meus dentes nunca saíram do lugar...! Vi tantaaaas pessoas usarem aparelho na adolescência e depois terem que usar de novo que fico ainda mais grata por ter sido acompanhada por um profissional excelente! Cada história de arrepiar de trabalhos mal feitos e resultados desastrosos (até perda de dentes) que já escutei...

Lembro deste meu ortodontista com o maior carinho e admiração: tão paciente, competente e jeitoso que passei anos de minha vida dizendo que queria ser ortodentista. Ele era meu maior exemplo de profissional. Passava tardes inteiras em seu consultório assistindo-o trabalhar e enchia-o de perguntas... Lembro que uma vez fiz um trabalho enorme para uma feira de ciências, que foi considerado o segundo melhor do colégio, sobre a importância de usar aparelhos. 

Enfim, era fanática pelo tema... Até que uma dentista, recém formada na época (eu tinha uns quinze anos), me falou: "Você sabe que antes de ter um consultório novinho e bocas limpinhas para colocar aparelho, vai ter que passar pelo menos DEZ anos tratando de muita boca suja, dente podre e atender em lugares com condições precárias, não é mesmo?" Me desencantei, pois, não me vi naquele cenário. Sempre adorei limpeza, organização, arte e pessoas, por isso ortodontia parecia a profissão perfeita. Além disso, dez anos, no ouvido de alguém que tem apenas quinze, soa como uma ETERNIDADE!

Perdi o chão!! Estava a um ano da inscrição do vestibular e não tinha a menor ideia do que fazer. Próximo post eu explico como aconteceu a escolha por arquitetura e porque nutrição só veio depois...! 

Ah! Já escrevi sobre a escolha de profissões em outra ocasião, sou sempre questionada por este tema, por ter tido a "coragem" de mudar depois de estar bem estabelecida (considerando a minha pouca idade) em outra carreira.  Se esse for um tema de seu interesse, leia aqui algumas dicas úteis, que a vida me ensinou, sobre a escolha de profissões.

sábado, 14 de setembro de 2013

Banho: mais que limpeza, um ritual energético


As vezes me pego pensando nos grandes navegadores e colonizadores que, como consta nos livros de história, passavam meses sem tomar um banho... Ou então penso naqueles que, ainda nos dias de hoje, vivem com tamanha escassez de água, que tomar banho é um luxo. Pessoalmente, nunca passei por experiências que me privassem da possibilidade de tomar banho (nem que fosse de cuia) e acho que me sentiria extremamente agoniada pois sou viciada em lavar meu corpo com água.

Que sorte muitos de nós temos de termos água como um recurso abundante... Poder tomar dois ou três banhos ao dia é um luxo!

Cresci em uma terra cujo verão dura praticamente o ano inteiro e possui grande umidade no ar, onde facilmente ficamos com a sensação de suor e nestas horas, nada como um bom banho... Mesmo assim, tem muita gente aqui que não liga muito para banhos... Entretanto, a população soteropolitana em geral costuma ser "pobre porém limpinha". 

Passei alguns períodos de minha vida vivendo em lugares frios, onde a maioria das pessoas costuma tomar no máximo um banho por dia e simplesmente não mudo o meu hábito. Para mim não tem nada a ver com o clima e sim com a renovação energética do corpo. É engraçado, pois em certas ocasiões estive em lugares com banheiros coletivos, com um a três chuveiros para um corredor inteiro de quartos e a primeira coisa que pensei foi que haveria fila para o banho. Que nada! 

Talvez tenha um fator cultural envolvido nisso. Nos tempos do Kushi Institute, quem eu sempre encontrava no banheiro uma a duas vezes por dia eram as japonesas... Acho que para a maioria das pessoas, entretanto, a necessidade do banho está mais relacionada ao clima. Cheguei a esta conclusão ao perceber a pequena concorrência do chuveiro na Escola Musso (inverno de SP) e convivendo com mineiros... 

Para mim, independente de frio ou calor, o banho é sagrado. Mesmo que a ultima coisa que eu faça antes de dormir seja me duchar e depois durma em um quarto com ar condicionado (coisa que realmente só gosto se estiver em um lugar cujo calor seja INSUPORTÁVEL, o que definitivamente não é o caso de Salvador), quando acordo, meu dia só parece começar de fato, depois de tomar um bom banho, de preferência, lavando os cabelos.

Na hora de dormir a mesma coisa. Posso ter passado o dia inteiro sem pingar uma gota de suor, sentada em um ambiente com ar condicionado (ou de clima frio)... Nada se compara à sensação de terminar o dia com um banho morno e deitar na cama com o corpo refrescado.

Tenho a sensação que durante à noite meu corpo faz um super detox e por isso preciso de um bom banho, para despertar, começar um novo dia, cheio de energias renovadas e frescas... Já durante à noite, o banho é para descarregar as energias e tensões acumuladas ao longo do dia, como se fosse uma forma de encerrar uma etapa, descartando o excesso de cargas pelo ralo e tornando-me mais leve para um sono profundo e reparador...

Tenho um sono de colocar inveja em muita gente e talvez este seja um dos meus segredos. Deitar na cama após um banho quentinho é o que há! Será que muita gente concorda comigo?


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Nascimento de Leonardo

Os primos ganharam posts aqui no blog e não poderia ser diferente com ele... A tia coruja (que preparava os posts) agora virou mãe e eu resolvi assumir o papel da tia coruja para dar as boas vindas a Leonardo!


Talvez esta tenha sido uma das chegadas mais esperadas que já vivenciei. Acompanhei a sua gestação desde o início, quando foi o meu estudo de caso na faculdade, para a disciplina de Nutrição Materno Infantil. 

Gostei tanto da experiência que prossegui o acompanhamento até o nascimento, abordando muito mais do que a nutrição materna durante a gestação. O meu interesse pela gestação saudável e pelo parto ativo é algo que sempre comento por aqui. Nos últimos nove meses tive a oportunidade de acompanhar uma gestante semanalmente e saber cada detalhe de tudo.

Gostaria de agradecer à  mãe de Leonardo, por ter me proporcionado tanto aprendizado! Além disso, de parabenizá-la por ter sido uma gestante tão dedicada, que buscou se informar tanto e fazer o melhor para o desenvolvimento saudável de seu bebê. Nadou, fez ioga, praticou exercícios de respiração diários em casa, mudou a dieta, cuidou do sono, evitou o estresse... Um exemplo!!

Foram seis meses de aulas preparatórias semanais pra provar que santo de casa faz milagre sim. Tenho em casa uma joia rara e uma oportunidade de ouro de aprender diariamente coisas que muitas pessoas vão longe para aprender... Com experiência de mais de 17 anos de curso preparatório para o parto natural, tendo acompanhado mais de 300 gestantes (foi doula antes de existir esta nomenclatura), feito dois partos naturais domiciliares em uma época em que pouco se escutava sobre a humanização do parto, tive o privilégio de ser educada por uma mãe e em um ambiente ideal para me apaixonar pelo tema da humanização do parto. Desde o início do ano ela tem me preparado para estar apta a fazer o mesmo que já fez por tantas mães...! Provando também que em casa de ferreiro o espeto pode ser de ferro! =)

Tenho certeza que a conscientização materna e os cuidados durante a gestação fazem toda a diferença para o surgimento de uma geração muito amada e cheia de bons valores, diferenciais na sociedade cada vez mais mecanizada e menos humana em que vivemos. Vejo surgir cada vez mais profissionais voltados à trabalhos que buscam reviver condutas mais humanas de vida e sinto que a tendência é só aumentar... No setor materno infantil, especificamente, vejo surgir: casas de parto, hospitais com leitos voltados ao parto ativo, médicos que esperam pacientemente longos trabalhos de parto, professores de yoga e pilates para gestantes, doulas, enfermeiras obstétricas, acompanhamento pré-natal multidisciplinar... É uma grande mudança de paradigmas na sociedade e felizmente "a moda" está pegando!!

Que venha o futuro: com menos cesarianas, menos ocitocinas sintéticas, menos episotomias, mais alimentos integrais e orgânicos, menos sedentarismo, menor consumo de carne, maior consciência ecológica, menos guerra e mais amor...! Como diria John Lennon: "You may say I´m a dreamer, but I´m not the only one" - "Você pode dizer que sou uma sonhadora, mas sei que não sou a única..."



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Saindo da caixinha

Amei este vídeo. Para variar procurei a versão legendada no youtube e não encontrei... Assim, continuo encorajando os meus leitores a aprimorarem o aprendizado de um segundo idioma, no caso o inglês. 

Outro dia meu queixo caiu quando um amigo, suuuuuuper culto, devorador de livros, que está fazendo doutorado aos 27 anos de idade, me falou que nunca tinha ouvido falar no TED. Sou simplesmente fã do canal, capaz de passar horas assistindo e reassistindo vídeos... INSPIRADORES!

Jacob Barnett no TEDxTeen

Este em especial, mexe mais uma vez com paradigmas. Não sou nenhuma genia da física, mas a história desse garoto me faz lembrar um pouco a minha própria história, quando na infância, por diversas vezes fui considerada incapaz de acompanhar a turma, simplesmente por não interagir com os colegas, não atender a comandos, ficar em meu mundo, sozinha, no canto da sala, abrindo e fechando a torneira e mexendo com argila. Deus sabe o que se passava por minha cabeça naquela época, mas agradeço o fato de ter estudado em uma escola pequena, onde os professores puderam me acompanhar de perto e principalmente por ser uma escola que tinha mais do que papel e giz de cera, afinal, o que me interessava na pré-escola era água, argila e muita traquinagem...

Nos tempos de hoje e se não tivesse os pais que tenho, certamente seria um caso clássico de indicação para Ritalina. Que sorte eu tive! Aqui estou eu, não entrei na faculdade aos 10 anos, como o garoto do vídeo, mas me desenvolvi de forma normal, socialmente, academicamente e fisicamente, sem deixar que os tabus da sociedade me afetassem... Era para ter quebrados os meus ossos por falta de cálcio na dieta (leite e derivados nunca fizeram parte do meu cardápio); perdido de ano na escola algumas vezes (passei em todos os vestibulares que fiz, inclusive na Federal, super bem colocada, aos 17 anos); ter morrido de desnutrição (fui uma criança bem magra e muitas pessoas atribuíam isso ao fato de nunca ter comido carne); não saber falar português por ter estudado em escola americana (não sou nenhum professor Pasquale, cometo erros aqui e ali, mas estou anos luz na frente de um sujeito que foi presidente do país por oito anos); ser péssima em matemática, pois adoram advogar contra o nível da matemática ensinada na escola americana (minha primeira formação é na área de exatas); ter poucos amigos, por ter estudado em uma escola pequena e restrita (quem me conhece sabe que fazer e manter amigos definitivamente passa longe de ser um problema); ter engravidado precocemente (nunca tomei pílula anticoncepcional)...

Enfim, poderia fazer uma lista interminável de motivos que me fazem não crer em rótulos, estigmas e tantas coisas que a sociedade estereotipada que vivemos, tenta enfiar na cabeça das pessoas. Acho que um dos motivos que me faz beijar o padeiro diariamente é a dádiva de pensar criticamente e descobrir inúmeras formas criativas de encontrar a alegria de viver nas mínimas coisas da vida! 

Infelizmente grande parte das instituições de ensino não está preparada para lidar com pessoas "fora da caixinha". Nesses momentos, mais do que nunca, a sensibilidade e proximidade dos pais, para analisar e buscar entender as peculiaridades dos seus filhos, é essencial. Lamentavelmente também, nem todo pai consegue estar próximo do seu filho a este ponto... Não quero nem pensar na quantidade de gênios que já foram "amputados" por pais ausentes ou escolas despreparadas para lidar com personalidades incomuns...

No livro que recomendei semana passada, o significado do termo gênio é revisado, por isso o utilizo aqui com tanta coloquialidade, afinal, o que denomina um gênio vai muito além do QI de um indivíduo. Quer entender melhor sobre o assunto? Vou responder da forma como sempre respondem às minhas indagações em casa: "Descubra sozinho/a no livro." Risos! Imagine o que é receber esta resposta para a maioria das perguntas desde criança? Meu nível de leitura está muito aquém do que desejo, mas certamente devo grande parte do que já descobri por conta própria na vida a uma educação que despertou em mim, desde pequena, muita curiosidade e a independência...

Vivemos em uma sociedade de perguntas e respostas prontas, onde tudo pode ser buscado instantaneamente no Google e poucos cultivam o hábito de pesquisar diferentes referências em bibliotecas. A preguiça de pensar impera e poucos ousam criar suas próprias verdades. Na educação, não existe certo ou errado. Existe coragem, quebra de tabus e incentivo às experimentações, tentativas e erros: criatividade. Desejo que exemplos como o do vídeo acima ajudem a quebrar paradigmas que fazem com que borboletas retrocedam a lagartas. 

Imagem retirada do Google Imagens

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Renascimento do Parto

Imagem do filme, retirada do Google

Hoje vou recomendar um documentário IMPERDÍVEL que está em cartaz nos cinemas. Já tinha falado sobre o tema aqui e inclusive postei o trailer em junho. Estava na expectativa do lançamento...



Hoje fui assistir e AMEI TRÊS VEZES!! Meus parabéns aos produtores, ficou MUITO BOM!!

Imagem retirada do Google Imagens

Super educativo, esclarecedor, atual, motivador. Para todas as gerações e gêneros: mães, pais, adolescentes, avós...

Tudo bem, a parte que mostram as cesarianas, mais parece um filme de terror, mas é bem por aí... Chega dessa ideia maluca de que parto natural é sofrimento, dor, primitivo... Os paradigmas na saúde (neste e em outros aspectos) necessitam de mudanças drásticas. As pessoas precisam se conscientizar de que a cesariana se trata de uma cirurgia altamente invasiva, que deve ser feita apenas em casos extremos e não de maneira aleatória e irresponsável como vem acontecendo, sobretudo aqui no Brasil, onde o índice de cesarianas supera o número de 50%, chegando até quase 90% nos hospitais particulares... Em países desenvolvidos esse número cai para cerca de 15%.

Sou defensora mor dos temas: Parto Ativo, Humanização do Parto, Parto Domiciliar, Parto Natural, Parto Vaginal, Parto Normal... São tantos nomes!!

Imagem retirada do Google Imagens

Sou apaixonada pela vida como ela é: natural, espontânea... Por isso, mesmo em meio à tantas tecnologias e vida urbana, busco sempre aproximar meu estilo de vida a algo minimamente artificial... Infelizmente, nem todo mundo hoje consegue viver sem carro, longe dos centros, sem celular, sem casas com jardins... Mas é possível manter ao menos alguns padrões semelhantes àqueles originários da espécie humana: evitando o sedentarismo, o estresse, os alimentos altamente processados e industrializados, os fármacos e intervenções cirúrgicas, em muitos casos, desnecessários.

Imagem retirada do Google Imagens

Por isso me encantei tanto com as Ilhas Galápagos, observando a vida animal de espécies livres, não domesticadas em seus habitats naturais... Lá, vi de perto a vigília de mães com seus filhotes recém nascidos. É terminantemente proibido tocar nas espécies, tamanha a importância de não alterar seus odores naturais, pois estes são fundamentais para o reconhecimento entre os animais. Vivemos em uma sociedade onde os odores são vendidos em frascos, de preferência franceses! 

Como aceitar uma mãe (humana) que é separada de seu filho após o parto? Como entender uma conduta hospitalar que oferece leite industrializado a uma criança, cuja mãe está em plena condições de amamentar, somente para que a criança possa engordar rapidamente e atingir logo o peso necessário para receber alta? Como entender uma sociedade que passa a aceitar esses e outros procedimentos como sendo naturais?

Imagem retirada do Google Imagens

No TAG Parto Humanizado, tenho mais três textos sobre este tema... Se é de seu interesse, recomendo a leitura: Gestação Saudável, Em defesa do parto humanizadoTai-Kyo: Educação Embrionária, 

Alguns mitos não respaldados cientificamente que levam inúmeras mulheres a fazerem "desnecesárias"