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Muitos não sabem, mas São João na Bahia é uma festa que se equipara ao Carnaval. Ocorre, entretanto, um processo inverso, os interiores ficam lotados e a capital às moscas. Durante o mês de junho, escuta-se o estouro de fogos de artifício o tempo todo, inclusive em Salvador. A música oficial é o forró e a gastronomia caprichada, com todo tipo de comidas derivadas do milho, amendoim, bolos e licores. É um mês onde as vendas aumentam no que diz respeito a produtos relacionados ao São João, tanto em termos alimentícios quando em vestuário, uma vez que os interiores possuem clima um pouco mais frio e é a oportunidade de se utilizar casacos, cachecóis e botas. Os outros setores da economia, por sua vez, ficam um pouco parados e é preciso esperar passar o período de festas para que as pessoas voltem a pensar em contratar arquitetos, fazer reformas ou comprar imóveis.
Eu, um pouco diferente de 95% dos baianos, nunca fui muito fã da festa de São João. A comida é sensacional, mas como vivo brigando com a balança, melhor fugir dela mesmo e forró nunca foi o meu forte. Nos meus anos de adolescência fazia muita questão de viajar para interiores pela festa, animação, multidões, mas hoje em dia, prefiro outros festejos (até porque festa é o que não falta nesta terra) e aproveito o feriado para descansar.
Enquanto a cidade em peso se dirigia para os interiores, eu peguei o sentido inverso, a rota do verão, das praias e fui com uma amiga e sua família para Itacimirim. Itacimirim é uma das mais lindas praias da linha verde na Bahia e está situada “ao lado” da badalada Praia do Forte. Guardo inúmeras recordações de Itacimirim, tanto da minha infância quando costumava passar o veraneio inteiro lá, como outras idas durante a adolescência.
Quem nunca esteve por aqui, deve estar se perguntando que loucura de uma pessoa, ir à praia em pleno inverno... Isso é Bahia, uma terra onde se pode viajar 100 km para usar casacos e cachecóis ou em outra direção os mesmos 100 km para usar biquíni, durante o mesmo período. Assim foi meu feriado de São João, na beira da praia, de biquíni de dia e short à noite.
A Skol, certa feita, fez uma publicidade onde dizia: “Ah! O Verão!” Eu digo: “Ah! A Bahia!”. Terra onde não é preciso esperar o verão para aproveitar uma praia e se bronzear. Ontem, na noite de São João, constatei que estava usando a mesma roupa que recordo ter usado há um ano no dia de verão MAIS QUENTE que peguei na Espanha, mais de 40°. Roupa de inverno aqui é roupa de verão Europeu, roupa que lá se guarda o ano inteiro no armário para usar poucos meses ao ano. Aqui não, é um guarda-roupa para todo o ano. E quando quero abusar do charme das roupas de inverno, viajo, tomo vinho, como fondue, aproveito o lado gostoso do frio e deixo o lado depressivo para quem precisa viver com ele... Pois quando volto para a terrinha querida, meu calor humano está me esperando, de braços abertos: sempre!