segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ligando Pontos



Recebi uma mensagem com o discurso de Steve Jobs para uma turma de formandos e achei altamente inspiradora. É muito comum olhar o sucesso dos outros e invejar sem questionar o caminho percorrido até ele. Neste relato Steve Jobs contou como seguiu sua paixão de forma obstinada e chegou até onde todos nós sabemos. Tropeçou no meio do caminho e mesmo assim continuou seguindo seu coração.

Ontem assisti a um filme também inspirador. Há muito tempo que volta e meia alguém me pergunta se já vi Julie & Julia e esse filme ficou em minha lista de espera por um bom tempo, até que ontem resolvi locar. De fato, qualquer semelhança é mera coincidência, a história consta de uma garota apaixonada por cozinha, que mantém um blog e ainda tem um santo marido que tem uma paciência de Jó com todos os seus devaneios e inquietações.

No fim, duas atividades aparentemente desconexas, culinária e escrever, se ligam em uma combinação de sucesso na vida de ambas protagonistas. O principal é que nada disso foi planejado e sim realizado com afinco a partir do seguimento de uma motivação maior, chamada PAIXÃO! O melhor de tudo é que o filme é baseado em fatos reais o que torna tudo mais palpável e emocionante.

Fazendo a projeção para a minha própria vida, tenho lido cada vez mais sobre como a vida se encarrega de fazer sentido quando seguimos nossa intuição. Até escrevi um texto sobre isso recentemente aqui no blog. O mais interessante é que durante a trajetória não conseguimos ligar os pontos, porém, estes aparentemente desconexos, mas adiante se mostram totalmente interligados e o que antes parecia um emaranhado de idéias e atitudes, acaba revelando um caminho cristalino.

É muito inquietante viver, sabendo que a única certeza que temos é a morte. Isso faz com que queiramos desfrutar de cada dia como se fosse o último. Aí entra a idéia de beijar o padeiro, da busca de viver feliz e intensamente, pois realmente não vale a pena perder tempo com brigas, desavenças, aborrecimentos... Muito menos ainda, dedicar nossa vida a um trabalho, atividade que normalmente ocupa mais da metade do tempo em que estamos acordados, que não nos traga algum tipo de realização pessoal. Quando trabalhamos, estamos contribuindo para o mundo, para os outros, mas acima de tudo, estamos fazendo isso para nós mesmos, acho que nesse caso o altruísmo é resultado do egoísmo.

A escolha de profissões e carreiras é algo aparentemente simples para uns, mas extremamente complexo para muitos. Admiramos grandes pessoas, idéias, invenções e analisando a trajetória dessas singularidades vejo como idéias ingênuas e loucas levam ao brilhantismo. O mais interessante é a tendência que temos de boicotar nossa própria imaginação e valorizar as idéias alheias, desacreditando em nós mesmos. A diferença das pessoas de sucesso são que elas acreditaram em seus sonhos e escutaram a voz do amor dentro delas (aquela que incentiva) mais do que a voz do medo (aquela que coloca para baixo). É muito difícil e a superação só ocorre quando regada com muita paixão.

Somente a paixão faz com que a gente queira dedicar nossas horas livres, finais de semana, madrugadas, estar com os amigos ou família, etc. a determinada atividade. Admiração é bem diferente, as vezes admiramos alguém e sonhamos em ser como elas. Em muitos casos, essa admiração serve de modelo e é positiva, em outros casos nos forçamos a seguir os passos já traçados por outrem e esquecemos que temos pernas próprias. Saber distinguir qual é o caso e dar ouvido ao coração pode ser complexo quando estamos cercados de pessoas cheias de expectativas acerca de nosso sucesso. Realização, entretanto, é algo de cunho absolutamente pessoal, não pode ser transferido, nem vivido por outrem, então a busca pela realização deve ser uma trajetória egocêntrica.

Às vezes a confusão entre vontade própria e viver de acordo com as expectativas ao nosso entorno é tamanha quando vivemos em uma sociedade cheia de padrões que fica complicado saber qual o nosso chamado. Para tal, tenho como sugestão olhar para si, perceber aquilo que é capaz de realizar com o mínimo esforço, sim, aquela coisa que parece tão banal para você, pode ser um grande diferencial em relação à outras pessoas. Em muitos casos, não será apenas um talento e sim vários que poderão se unir em uma única tarefa. Uma boa forma é pensar em nossa infância, nos tempos em que nossos atos eram mais genuínos, como agíamos? Para doar atitudes carregadas de amor ao mundo precisamos ser honestos com nós mesmos. Só assim seremos genuinamente felizes!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mexicano sem Guacamole



Mais uma pérola do "bom" atendimento baiano. Saí com amigos de infância e na volta para casa estavam com fome e resolvemos parar em um restaurante mexicano. Como havia poucas mesas ocupadas, assim que entramos perguntei ao garçom se o estabelecimento estava aberto. O mesmo conversou com um colega e retornou dizendo que apenas para a cozinha mexicana, o que já soou uma resposta estranha, já que esta era a especialidade do local.

Não estava com fome e meus amigos pediram uns tacos. Depois de uns 10 minutos, resolveram pedir uns nachos de entrada e pediram que chegasse antes dos tacos. De fato, não demoraram a chegar, entretanto acompanhados de dois molhos iguais (o branco) e um do vermelho (este era molho tabasco derramado em um potinho cerâmico).

A minha primeira pergunta foi: "Cadê o guacamole?" Resposta imediata: "Não está saindo, a casa está em falta de abacate."

Estou maluca ou um restaurante mexicano TEM QUE TER abacate 365 dias ao ano? Um lugar desses tem que conhecer no mínimo 10 fornecedores diferentes para garantir seus abacates. O mais curioso é que estive em dois mercadinhos de bairro hoje (próximos ao bar) e vi abacate nos dois, o que me leva a pensar que a falta de abacates foi total descaso com o bom serviço.

Para completar, quando os nachos capengas já estavam terminando o garçom retornou para dizer os tacos que foram pedidos não estavam saindo. A uma altura dessas, tudo que queríamos era ir embora, mesmo os que permaneciam com fome.

Quando chegou a conta ainda tiveram a cara de pau de arredondar para mais porque não tinham troco. Pedimos para arrendondar para menos e trazer o troco correto e foi uma novela mexicana por causa de um real. Tudo bem, não fazíamos questão desse tal real, mas ao mesmo tempo consideramos um absurdo abrir mão na circunstância de termos sido tão mal atendidos.

No fim da noite, voltamos para casa cansados, com sono e os que estavam com fome abriram mais ainda o apetite com os Nachos. Boas risadas, só aqui mesmo, um restaurante mexicano em falta de abacates!! Ainda bem que não entrei naquele lugar com fome.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Coincidências Existem?


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Kundan Palma

Coincidências Existem? Minha experiência pessoal me faz acreditar que não. Tem um ditado que fala: “Quando o discípulo está pronto o mestre se apresenta”, acredito piamente nisto.


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Kundan Palma

Quando entramos em harmonia com o universo, passamos a trabalhar em equipe (nós e o universo) e tudo começa a fluir, é impressionante! Mas como entrar em harmonia com o universo? Bem, não existe receita de bolo para isso, cada pessoa encontra a melhor forma.

Estar em harmonia com o universo é viver com uma sensação de paz, de pertencimento no mundo, sentir que vivemos em uma estrada de mão dupla, dando e recebendo o tempo todo.


Arredores do Kripalu - Foto por: Camila Lisboa

Estar em boa saúde de forma geral é uma das principais formas de se sentir em harmonia com o universo, pois assim sabemos que estamos colaborando para o perfeito funcionamento de nossa natureza interior, essa máquina genial que é o corpo humano. Logo, quando estamos em dia com nossa saúde, mantendo bons hábitos alimentares, dormindo regularmente, praticando exercícios, a nossa energia corporal flui e não precisamos despender energia sentindo dores, indo a médicos e tomando medicamentos.


Jardim do Kripalu - Foto por: Camila Lisboa

O lado espiritual também é fundamental e na verdade uma coisa gera outra. Quando focamos em nossa saúde e bem estar, passamos a valorizar os mínimos prazeres da vida como o nascer do sol ou uma brisa fresca e nos sentimos ligados com o mundo externo e a força infinita do universo o tempo todo.


Kushi Institute - Foto por: Camila Lisboa

Tudo isso aguça a intuição, pois tornamo-nos mais sensíveis. Com isso passamos a escutar o sopro do destino que nos guia para caminhos inexplicavelmente certos.

Eu pessoalmente sempre tive o hábito de não reclamar quando algo que planejo sai errado ou deixa de ocorrer, porque lá na frente, acaba se tornando uma situação mais favorável. Quando temos fé no destino e seguimos a voz do amor que guia nosso coração os caminhos se abrem.


Arredores do Kripalu - Foto por: Camila Lisboa

Tenho um pequeno exemplo (tenho muitos outros na verdade) que ocorreu recentemente comigo. Este ano fiz uma viagem aos Estados Unidos para um curso avançado de Macrobiótica no Kushi Institute que fica nas Berkshire Mountains em Massachussets. Com a vida atribulada de arquiteta, levou três anos desde quando descobri o curso até eu resolver ir, pois sempre estava ocupada demais para me desligar tanto tempo do Brasil para fazer algo tão distante de minha profissão. O curso ocorre três vezes ao ano e namorei a ideia cerca de nove vezes nos últimos três anos... Toda vez que pensava em ir, parecia um sonho tão distante e ao mesmo tempo a vontade era enorme. Quando resolvi ir, precisei planejar praticamente com seis meses de antecedência e me deu tanto trabalho me desvincular de minha rotina aqui, que achava que teria que fazer logo o curso completo. Este consta de quatro módulos de um mês que poderiam ser feitos de uma só vez ou parceladamente. O tempo todo tive certeza de que queria fazer uma imersão total (quatro meses direto), mas quando foi chegando mais próximo da viagem comecei a ter um dilema interminável sobre quanto tempo deveria ficar, mas no fundo saberia que a resposta viria para mim de alguma forma.


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Camila Lisboa

Havia tirado minha passagem aérea usando milhas, só que como os vôos estavam todos lotados, a única data de retorno disponível era 27 de outubro, sendo que o primeiro módulo terminava em 10 de outubro. Resolvi escolher esta data para garantir meu retorno para o Brasil (só poderia tirar a passagem com milhas se comprasse os dois trechos de uma só vez) na intenção de verificar uma mudança de data caso resolvesse ficar mais. Achei tempo demais ficar 17 dias de férias, matando tempo, nos EUA e comecei a visitar sites em busca do que fazer lá por tanto tempo.


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Camila Lisboa

Foi aí que descobri que o maior centro de Ioga dos EUA está também localizado nas Berkshire Mountains. Entrei no site do Kripalu e foi paixão à primeira vista! Fuçando mais um pouco descobri um curso totalmente inusitado para um centro de Ioga (o tema não tinha nada a ver com Ioga) que parecia ter sido feito para mim neste momento de minha vida. Para completar, ele começava no dia seguinte que terminava o primeiro módulo no Kushi Institute.


Sala de Leitura do Kripalu - Foto por: Camila Lisboa

Mesmo com todas essas pistas, continuei negando a minha intuição... Vi que o curso custava caro (já estava fazendo um grande investimento no outro curso) e vi também que eles tinham um programa de bolsas oferecidas a algumas pessoas. Não tendo nada a perder, escrevi um e-mail explicando meu interesse pelo curso, dizendo que vinha do Brasil, que estaria bem próxima de lá, mas que realmente ficava pesado para mim pagar o curso, pois já tinha tido muitos gastos com a viagem como um todo.


Kushi Institute - Foto por: Camila Lisboa

Pouco antes de minha partida, ainda vivendo o dilema de fazer apenas um módulo ou quatro, recebi uma resposta de que havia conseguido uma bolsa de 80% no valor total do curso, incluindo hospedagem e alimentação. Mal conseguia acreditar!


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Kundan Palma

Mais uma vez a vida provou que minha fé na força do universo é tudo que preciso para trilhar meus caminhos... Nem preciso comentar que a viagem foi um divisor de águas em minha vida, cada lugar com uma importância e significado diferentes que sei que repercutirão para sempre!


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Kundan Palma

Agora lhe pergunto: Coincidência? Claro que não! As coisas surgiram para mim neste caso (e em outros também) porque busquei, tive fé, coragem de mudar, de sair em busca do desconhecido e percorrer os meus sonhos!


Arredores do Kushi Institute - Foto por: Kundan Palma

Acontece comigo o tempo todo e pode acontecer com você também! Siga o seu coração sempre, ele te ama muito mais do que aquela voz pessimista que sussurra em seus ouvidos que suas idéias são fracassadas e que está ficando maluco... Lembre-se, entretanto que sentada no sofá nada vai cair de bandeja em seu colo, as portas só se abrem quando destrancamos os cadeados giramos as maçanetas.

BOA SORTE na jornada!!


Arredores do Kripalu - Foto por: Camila Lisboa

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Inversão de Valores em Arquitetura


Eu não quero um quarto assim, mas se você quiser e se te fizer feliz é isso que importa!

Como arquiteta e pessoa altamente crítica há várias questões que permeiam minha mente acerca de minha contribuição para o mundo através da profissão.
Tenho que assumir que me sinto aprisionada por esse título e à medida que o tempo passa esta sensação só faz piorar.

Um arquiteto é um tradutor de sonhos e vendedor de estilo e estética em três dimensões. Com isso, há certa exigência mercadológica por sua própria expressão estética que se expressa da forma mais cotidiana em sua aparência. Quem confia no bom gosto de um arquiteto que anda mal trapilho? Suas roupas acabam se tornando seu cartão de visita – prisão número um: estar agradando esteticamente em termos de moda, mantendo sempre uma boa impressão ou aparência.

Estudamos para sermos “experts” em bom gosto e estilo e somos contratados para traduzir isso. Ocorre que a sociedade adora ditar modas e as pessoas que querem se sentir integradas nos moldes estéticos dela abrem mão de seus gostos pessoas para seguirem padrões. O arqueteto de certa forma fomenta isso!

Preciso confessar que acho TRISTE um cliente que não sabe o que gosta. Em termos de gosto só existem duas opções, ou você olha uma coisa e gosta ou olha a mesma coisa e não gosta. Quando se fala em arquitetura, o gosto do cliente está relacionado com se os amigos vão gostar, se o arquiteto aprova, se é uma tendência atual...

Sonho com um mundo de livre expressão, onde as pessoas assumam seus gostos, vivam felizes com eles sem medo da crítica alheia. Logo, se seu gosto é por uma casa rosa choque com janelas de bolinhas verdes, se quer misturar vários tipos de madeira, pedras, metais, cores e formas e se isso lhe fará feliz, que importa o que dirão os outros? O que dá a um profissional o direito de julgar se é bonito, feio, brega ou chique, só porque estudou anos numa faculdade?

Infelizmente as pessoas perderam a essência de seus gostos pessoais e estão aprisionadas aos estilos vendidos em revistas e mostras de arquitetura. Atuar no mercado de trabalho como arquiteto é tristemente fomentar esse mundo e se sentir engessado!

A minha vontade é de dizer para todos os clientes fazerem suas próprias casas, escritórios e construções da forma que lhes fará felizes. Sinceramente, não precisam de minha opinião para isso. No fundo, sabem tudo que gostam e precisam e quando buscam um arquiteto é para adequar seus gostos às convenções da sociedade e se sentirem mais integrados.

Por fim, acabam confundindo seus gostos pessoais com o que é cansativamente ditado pela moda da estética e passam a vincular sua felicidade à aquisição disso ou daquilo. Assim, complicam suas vidas, atribuem bem estar à estética e grifes e perdem mais tempo tentando agradar e viver de acordo com padrões comuns do que sendo genuinamente felizes com o que possuem ou podem possuir.

Claro que o arquiteto tem o trabalho de pensar no funcionamento dos espaços, mas estes estão tão relacionados com a estética que os valores de funcionalidade se perderam em função da vaidade.

Um pouco de revolta? Talvez... No fundo a perda de valores essenciais da vida me entristece e conviver com isso diariamente tem me deprimido. Se a liberdade é um sonho a prisão pela estética é um pesadelo.

domingo, 14 de novembro de 2010

O Mito do Leite



Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o leite da vaca não é o alimento perfeito para o homem, aquele que “abastece a maioria das necessidades diárias”. Ao contrário disso, existem muitas evidencias que um alto consumo de leite e seus derivados pode ser até perigoso.

É inegável que o ser humano vem consumindo leite há milhares de anos, porém o que chamamos de leite nos dias de hoje tem muito pouco em comum com o leite fresco e orgânico ingerido por nossos ancestrais. A contaminação vem desde a alimentação artificial das vacas, através de rações e hormônios que acarretam em uma super produção de leite.

Sendo assim, o leite utilizado historicamente é praticamente inexistente hoje, de forma que não há como comparar seus efeitos. Oxidação, pasteurização, adição de conservantes químicos e açúcar, até mesmo reciclagem são alguns dos processos que destroem os lactobacilos e as vitaminas presentes no leite in natura, assim como outros nutrientes.

O leite foi designado para ser tomado direto da mama. É o alimento perfeito da natureza para bebês a ser oferecido pela mãe amada. Para bebês humanos, assim como outras espécies, não há nenhuma necessidade de se ingerir leite após o nascimento dos dentes. A natureza é tão sábia que os bebês nascem sem dentes e assim não machucam suas mães durante o período de amamentação. Massageiam a gengiva e transitam gradativamente do alimento líquido para pastoso e depois ao sólido.

O ser humano é o único ser que mama de outro animal e ainda por cima depois de adulto!

Não podemos ser radicais e é claro que ocasionalmente não há problema ingerir pequenas porções de leite, iogurte, queijo ou outros laticínios, principalmente quando de procedência orgânica. Afinal de contas, todos esses alimentos são deliciosos e podem ser tranqüilizantes também.

Em se tratando de bebês, todavia, não há exceções: bebês humanos jamais deveriam ingerir leite de vaca.  Não é a toa que nutricionistas recomendam que seja misturado com 50% de água caso se deseje utilizá-lo como alimentação para um recém-nascido. O consumo de leite de vaca não é uma prática tradicional, o primeiro registro data de 1793. O tamanho do corpo humano cresceu absurdamente nos últimos séculos e a maior causa é o consumo de laticínios e carnes.

Preste atenção:

Um bezerro recém nascido pesa cerca de 60kgs. Ele pesará cerca de 110kgs após um mês, tempo suficiente para o mesmo estar andando firmemente. Esse crescimento rápido requer um desenvolvimento enorme e crescimento ósseo para acompanhar as necessidades decorrentes do peso e da atividade do animal. Por este motivo o leite da vaca contém muito mais cálcio do que o leite humano.

Por outro lado, o leite humano contém fósforo. Este elemento é fundamental para o desenvolvimento cerebral. O bebê humano desenvolve primeiro o cérebro, enquanto o animal desenvolve primeiro sua estrutura óssea. Por esta razão, claramente os tipos de leites para animal e para o humano devem ser diferentes. Alimentar uma criança humana com leite de vaca sem pensar nestas simples ordens da natureza é uma visão deveras simplista.

O leite da vaca contém mais proteínas do que o leite humano. Entretanto, esta proteína encontra-se no estado de caseína, que é uma macromolécula, insolúvel à água e de difícil digestão. Possui tamanha rigidez que na indústria é utilizada como matéria prima para a fabricação de cabos de guarda-chuvas, facas, botões e também adesivos plásticos. Cerca de 50% da caseína ingerida pelo leite é descartada pelo corpo o que reduz à metade a real quantidade de proteína no mesmo. Isso significa que quando as pessoas ingerem laticínios em virtude de seu “alto” teor protéico, estão na verdade se iludindo, já que a absorção pelo corpo é reduzia à metade.

A proteína presente no leite humano é basicamente a lactoalbumina que é solúvel e facilmente digerida. A proteína do leite humano é 100% absorvida pelo bebê, demonstrando assim mais outro grande diferencial no que tange o seu consumo.

No que diz respeito à gordura, ambos os leites possuem a mesma quantidade com a diferença de que o leite da vaca é predominantemente constituído de ácidos graxos saturados enquanto o leite humano contém um tipo de gordura emulsificada estável e homogênea. Um bebê que toma leite materno humano terá mais flexibilidade corporal, assim como maior poder de adaptação ao meio.

O leite humano contém mais lactose do que o leite da vaca. Este é um tipo de açúcar de fácil digestão que auxilia na utilização proteica e absorção do cálcio. O leite da vaca contém, além da lactose, a galactose e a glicose, em altos teores, mostrando uma composição bem diferente do leite humano, resultando em um metabolismo bastante distinto. Vale ressaltar ainda que a lactose possui fácil digestão somente na infância, uma vez que ao crescer, o humano perde grande parte das enzimas responsáveis pela sua digestão: as lactases. Ao chegar na fase adulta, praticamente 80% da população é intolerante à lactose, fato que tem levado a indústria a produzir leites com baixo teor e/ou isentos de lactose. 

Cada forma de leite possui uma reação de pH diferente, pois cada mãe tem uma alimentação e constituição diferentes, o que afeta a sua digestão e a qualidade do sangue. Ainda assim, o leite humano é classificado como sendo alcalino ao passo que o leite de vaca é considerado ácido.

Recentemente, em experimentações laboratoriais para avaliar o teor de ácido lático em leites vendidos no mercado, descobri que este chega a ser três vezes maior do que aquele recomendado pela ANVISA. A legislação estipula uma faixa de 0,14 a 0,18g de ácido lático para uma porção de 100ml de leite. Na amostra que analisei, encontrei 0,38g de ácido lático em 100ml de leite. Isso demonstra não somente que a fiscalização de produtos industrializados deixa muito a desejar, como também que ao ingerir leite, ingere-se também um alto teor de ácido. Sabe-se hoje que diversas condições patológicas e inflamações estão estreitamente relacionadas ao índice de acidez na alimentação. 

O leite humano materno transfere imunidade à diversas doenças aumentando a resistência do bebê a agentes infecciosos e ao mesmo tempo implanta muitas bactérias intestinais benéficas que auxiliam na constituição de uma microbiota saudável. Artigos científicos comprovam que lactentes com o mesmo teor de fibras na dieta (após a introdução de alimentos), tem o índice de constipação muito superior nos casos em que não ocorreu o aleitamento materno. Este dado mostra a importância da amamentação na formação e funcionamento do sistema digestório humano.

No Brasil o consumo de leite é de cerca de 130litros/ano per capta. Isto significa uma média de 360ml por dia que representa, em se tratando de leite integral praticamente 56% das necessidades diárias de cálcio (760mg para uma dieta de 1500cal). Juntamente com o cálcio são ingeridos um excesso de outros componentes através do leite, sendo o cálcio facilmente substituível, assim como a proteína, através de outros alimentos. Esses e outros dados podem ser observados na tabela abaixo.



Para visualizar melhor a tabela, clique nela para aparecer uma versão ampliada, pois não consegui postá-la de forma mais visível no blog. Contra fatos (e números são fatos) não há argumentos. Por isso quando me perguntam como sou saudável sem leite e sem carne respondo que há diversas formas de susbtituí-los. Provavelmente não tão rentáveis para os interesses econômicos que regem à agropecuária, respaldada pela televisão, etc. Acima de tudo, a abstenção desses "alimentos" demonstram uma atitude ecológica de preservação ambiental, além de melhoria da qualidade de vida e saúde.

Obs.: A imagem da mulher adulta mamando (bezerra humana) além de bizarra, sequer demonstra a realidade do consumo do leite, nada natural e sim processado quimicamente das piores formas possíveis. Só tenho uma palavra a dizer: ECA!!!

http://www.youtube.com/watch?v=DTo5TulJLU8&feature=youtube_gdata_player

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

... voltando a escrever



Sumi durante tanto tempo e de repente retorno com duas receitas e nenhum texto. Estive em um período esponja esses últimos meses, tanta informação que precisei um tempo para processar. Aos poucos estou adequando à teoria internacional a minha realidade brasileira e formatando meu HD.

Postei essas duas receitas, pois elas refletem as expressões mais recentes de meu dia-a-dia. A cozinha é meu laboratório, onde faço experimentações alquímicas e comprovo a minha transformação através do alimento.

No início do blog escrevi um texto sobre expressão gráfica de arquitetura e linguagem escrita que venho praticando através do blog. Agora tenho praticado a expressão culinária e tenho que confessar que tem um efeito terapêutico em mim. Nada como manusear um alimento com todo o respeito que ele merece, consciente de sua preciosidade, buscando o equilíbrio através de sabor, saúde e beleza. Depois disso, apreciar esta arte fugaz através de uma mastigação meditativa, tendo consciência de que cada garfada de agora representa um pouco do que serei amanhã.

De agora em diante vou mesclar tudo isso, experiências na cozinha, comunicação neste novo mundo que me cerca mais do que nunca agora e a transformação dos últimos meses em textos meus que traduzem a minha experiência pessoal com a Macrobiótica.

Não sei se já falei desse termo aqui antes, mas significa a arte da grande vida. Viver grande para mim é viver intensamente. Não existe fórmula de bolo para isso, eu realmente me completo através da crença de ser aquilo que como e cuidar de minha alimentação é a mais forte expressão do meu amor próprio. Tem gente que vive isso através do esporte ou algum hobby... O importante é viver uma GRANDE VIDA!!

Viver de uma forma a pensar que se a vida acabasse hoje, estaria plena e satisfeita. Viver os sonhos: trazê-los pro presente ao invés de cultivá-los como algo inalcançável no futuro. Por isso, recomendo a busca de sonhos cotidianos que se somam numa grande vida. Em minha experiência pessoal, quando temos boa saúde e estamos em harmonia com a natureza, conectamos com nossa intuição e potencial e tudo parece mais claro e simples, todo sonho tem ar de realidade.

Então, desejo que cada um encontre seu método e que ao fim todos beijemos o padeiro querido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Agulhão ao Molho de Melancia



Ingredientes:

• 4 postas pequenas de peixe
• 1 xícara de cebolinha cortada na largura de um dedo
• 100ml de sumo de melancia
• 1 colher de sobremesa de caldo de gengibre ralado e espremido
• 1 colher de sobremesa de molho Tamari ou Shoyu (ambos derivados da soja)
• 1 colher de chá de araruta em pó (engrossador natural, pode ser substituído por kuzu e em última instância por goma)

Preparo:

Em uma frigideira colocar o peixe para cozinhar em 50ml do sumo da melancia. Deixe a frigideira tampada. Enquanto isso misture o restante do sumo à araruta e ao caldo de gengibre. Quando o peixe der sinal de que está cozido, abaixe o fogo e acrescente o resto do caldo e movimentando cuidadosamente as postas e o molho até todo o mesmo obter uma consistência mais cremosa. Observe a consistência, se ficar grosso demais, acrescente um pouco de água filtrada. Por fim, adicione a cebolinha e o molho shoyu ou tamari, misture ao caldo e deixe cozinhar de 3 a 5 minutos sem ferver.

Arrume em um pirex ou prato bonito e sirva. Bom apetite!

Obs.: Se o seu fogão não diminuir muito a chama do fogo, é aconselhável colocar uma chapa embaixo da frigideira, principalmente na etapa final, pois tanto to tamari quanto o shoyu perdem suas propriedades com a fervura.

Lasanha Vegetal



Receita para um pirex de aprox. 23x18cm / h=7cm

Ingredientes:

• 5 fatias de pão de forma integral
• Azeite de oliva
• Sal Marinho
• 1 pedaço de abóbora de aprox. 15x15cm
• 1 prato cheio de brócolis
• 5 folhas de acelga
• 1 barra de tofu
• 1 xícara de chá de folhas de salsa picadinha
• 1 xícara de chá de cebolinha picadinha
• 2 dentes de alho

Preparo:

Cobrir o fundo do pirex com fatias de pão (um nível apenas). “Untar” o pão com azeite de oliva e levar ao forno.

Cortar a abóbora em pedaços médios (3x3cm) e colocar para ferver com um pouco de água na parte inferior de um cuscuzeiro. Na parte superior, colocar os brócolis já lavados e separadinhos. Quando a água da abóbora estiver no fim, adicionar uma pitada de sal marinho. (O sal não deve ser cozido por muito tempo, pois perde suas propriedades.) Cozinhar até a água da abóbora praticamente acabar e ela estiver no ponto de ser amassada e virar um purê. A esta altura o brócolis já deverá ter murchado e estar com um tom de verde mais escuro. A vantagem de fazer assim é que qualquer liquido que escorra do brócolis será absorvido pela abóbora e também preparar dois alimentos utilizando uma boca do fogo apenas.

Separar a parte mole da acelga da parte mais dura. Colocar para ferver em uma frigideira com um pouco de água até ficar em uma consistência mais mole, porém dura o suficiente para servir de “camada” em uma lasanha vegetal. A parte das folhas ficará menos tempo na água fervente (cerca de 1 ou 2 minutos) ao passo que a parte dura poderá ficar de 3 a 5 minutos. Depois de pronto, retirar da água e colocar em um prato.

Esmagar a salsa, o alho e a cebolinha em um suribachi (pote cerâmico com um pilão de madeira que serve para moer temperos, preparar molhos, etc.) Quando estiver em uma consistência cremosa (não podendo mais distinguir o que é cebolinha, o que é salsa e o que é alho) acrescentar aos poucos o tofu previamente esmagado com um garfo. Adicionar um pouco de água, até a consistência ficar de um creme grosso. Acrescentar uma pitada de sal.

Cobrir o pão levemente torrado com o purê de abóbora (espessura de aprox. 1 dedo). Espalhar os brócolis em cima do purê, fazendo uma camada verde. Cobrir os brócolis com as partes mais rígidas da acelga e acima as partes mais maleáveis. A última camada será o creme grosso de tofu. Depois de pronto deverá chegar ao nível final do pirex. O prato está pronto, pode servir.

Curiosidades: A vantagem de usar um suribachi ao invés de bater no liquidificador primeiro é a consistência obtida e a possibilidade de acompanhar o processo de forma mais gradativa. Porém o principal benefício é que assim depositamos nossa energia nossa comida, algo mais equilibrado e estável do que a energia elétrica transmitida por um equipamento elétrico à comida.

Esta receita possui o cereal integral do pão, verduras, folhas e temperos com cores diferentes e vitaminas variadas, proteína no tofu, gordura moderada e de qualidade no azeite de oliva e minerais no sal marinho. Aprecie a leveza de um prato fresco, nutritivo e saboroso.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Os Sete Níveis do Discernimento Humano




Os sete níveis do discernimento explicam a evolução do pensamento humano de acordo com seu próprio desenvolvimento pessoal, social e espiritual.

Quando nascemos, somos guiados pelo Discernimento Mecânico que é pura espontaneidade. Por exemplo, um bebê recém-nascido vive em total sinergia com a mãe, onde sua noção de mundo basicamente se resume a dormir, acordar, mamar e dormir novamente.

Ao crescer ele começa a desenvolver o primeiro sentido do paladar, sendo apresentado aos primeiros alimentos além do leite materno. Uns ele vai comer, outros vai cuspir e assim nasce o Julgamento Sensorial – gostar ou não gostar.

Ao crescer mais um pouco, a criança já demonstra afeto humano. Pode-se perceber claramente isso através da empatia por certas pessoas, quando vai ao colo de alguém e brinca ou simplesmente quando chora e demonstra repulsa uma pessoa sem qualquer razão específica. Essas são as primeiras demonstrações de Discernimento Sentimental – amor e ódio.

Mais adiante, esta criança começa a falar, logo vai para a escola e começa a desenvolver cada vez mais o seu Discernimento Intelectual, baseado no racional ou irracional.

O próximo passo é a assimilação do Discernimento Social, onde a pessoa começa a interagir em grupos, seguir modelos e padrões estabelecidos pela sociedade e sua personalidade individual se confunde com o que Jung chama de Inconsciente Coletivo. Nesta fase racional, o homem baseia sua vida em experiências e provas: só crê no que vê.

Passando desta fase, o ser humano começa a ter um Discernimento Ideológico que é quando ele transcende as barreiras do coletivo e passa a seguir idéias próprias com um discernimento absolutamente pessoal do que é certo ou errado. É agora que entra a compreensão do Yin e Yang, da lógica do universo. A partir dela, já não são necessárias as experiências físicas para a compreensão geral das coisas.

Acima do Discernimento Ideológico está o Discernimento Supremo que é regido pela intuição. O ser humano então passa a ter uma visão livre de tudo o que lhe traz uma clareza em absolutamente qualquer aspecto da vida.

A Macrobiótica está centrada nos Discernimentos Ideológico e Supremo, que são o desenvolvimento contínuo das cinco primeiras fases. Nesta esfera a vontade que predomina é de trazer todo mundo para perto, para compartilhar desse mundo espiritualmente mais elevado. As pessoas que focam suas vidas nas cinco primeiras fases, ao contrário disso, querem diminuir a consciência das pessoas tornando-as o mais sentimental e sensorial possível.

Um forte exemplo disso são os alimentos que se popularizaram pelo mundo, onde o apelo é o sabor e as pessoas que os consomem são capturadas pelo Discernimento Sensorial. Não obstante, as pessoas estão cada vez mais gordas e doentes, sabem que não deveriam comer chocolates, refrigerantes, gorduras saturadas, drogas, mas sucumbem ao paladar. Ao invés de colocarem o intelecto em função dos sentimentos, deixam que eles falem mais alto e se tornam cada vez mais como animais primitivos e irracionais. As indústrias, por sua vez, fomentam cada vez mais, pois baseiam nos lucros que obtém à custa da má saúde alheia, e conseqüentemente deles próprios: vítimas da própria usura.

Mais uma vez, a filosofia Macrobiótica reflete o livre arbítrio pela opção do alimento, pois ele aprisiona o crescimento da espécie, fazendo os seres humanos retroagirem às fases características de crianças ao invés de evoluírem como adultos, chegando à mentes elevadas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Política: refrescando a memória



Recebi esse texto e muita coisa me lembrou o que postou recentemente sobre a comparação do governo Lula com o livro de George Orwell - Revolução dos Bichos. Além disso, muito conteúdo interessante para refrescar a memória do ingrato brasileiro.


SEM MEDO DO PASSADO - Fernando Henrique Cardoso

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita. Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo. Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente.

Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado. Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país. Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores. É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

sábado, 18 de setembro de 2010

Relembrando os Sete Postulados



Em novembro do ano passado, postei um texto onde expliquei um pouco em que se baseia o princípio da Ordem do Universo e alguns conceitos básicos que norteiam a filosofia macrobiótica. Para mim sempre foram conceitos bastante simples, somente ontem, pude perceber que para quem não cresceu com isso não são tão simples assim. Por isso resolvi explicá-los brevemente deixando o resto por conta da imaginação de vocês, afinal, os exemplos são sempre infinitos.

http://beijonopadeiro.blogspot.com/2009/11/yin-e-yang-alguns-conceitos-basicos.html

1) Tudo é uma diferenciação de uma única infinidade
Nada no universo é igual, mas tudo integra o universo. Logo, cada coisa é uma diferenciação do infinito.

2) Tudo muda.
Nada é constante, o tempo passa, nunca para, e cada instante promove algo novo. Os ciclos existem, mas sempre se manifestam de formas diferentes. Por exemplo: todos os dias temos Dia e Noite, mas nenhum dia é igual ao outro, assim como nenhuma noite.

3) Todos os antagonismos são complementares.
Essa é a idéia do Yin e Yang. Sal desidrata, pede água que hidrata. A escuridão clama por clareza e o excesso de luz pede escuridão (benditos óculos de sol!)...

4) Nada é idêntico.
Nem gêmeos identicos, nem um lado e outro de nosso corpo, nem um clone...

5) Tudo que tem uma frente tem um dorso
Tudo na vida trás consequencias... Doces podem ser maravilhosos, mas engordam, dão cáries, diabetes. Alcool pode trazer euforia, mas depois vem a ressaca, a depressão e muitas vezes a dependência. Sem falar no sentido literal e físico da frase.

6) Quanto maior a frente, maior o dorso
A recompensa do alterofilista que tem o físico de machão é a impotência, a bailarina profissional (grande expressão de feminilidade) fica com seios pequenos e deixa de menstruar muitas vezes, o drogado viciado sai da euforia das drogas para o abismo da dependência química...

7) Tudo que tem um início tem um fim.
Existe vida sem morte? Verão sem inverno? As coisas são cíclicas e nada é para sempre.

Esses sete principios permitem grandes filosofias sobre qualquer aspecto da vida, sugeri apenas alguns e é um ótimo exercício para quebrar a cuca e ver se em algum momento algum deles deixa de ser verdade. Até hoje ainda não consegui descobrir uma exceção. É bom pensar na Ordem do Universo dessas idéias básicas, muitas coisas são facilmente apreendidas a partir da total compreensão destes conceitos.

Alimentação e Livre Arbítrio



Passei minha vida tendo que responder a uma pergunta que na verdade tem uma resposta nada simples... Por isso, vou aproveitar as circunstâncias de estar mergulhada em um mundo macrobiótico para discorrer um pouco sobre essa Filosofia de Vida.

Primeiro mito: Macrobiótica não é uma dieta é uma filosofia, a dieta apenas integra uma parcela da filosofia... Por quê?

Vamos lá... Acreditamos em um premissa básica de que somos o que comemos, logo, podemos nos transformar, segundo a nossa filosofia através do alimento.

O ser humano é a espécie animal mais evoluída do planeta. Qual a maior diferença entre sua alimentação e dos animais? O ser humano é o único que COZINHA seu alimento.
Com isso, pode se diferenciar a partir das transformações químicas obtidas através do fogo.

Aí entra a questão de um estilo de alimentação que está cada vez mais na moda, chamada nos Estados Unidos de Raw Food Diet, ou seja, dieta do alimento cru. Qual o benefício disso além de involuir e se igualar a todas as espécies animais irracionais?

Voltando à macrobiótica... Parte da filosofia diz respeito a sermos (tudo no planeta) repletos de energia. Esta energia vem da força da terra e do céu e podem sem sentidas pelo calor do sol ou simplesmente pisando descalços na terra. Essas energias penetram o corpo do ser humano e em um exato ponto há uma interrupção da corrente energética.

Qual seria este ponto? A energia vinda do céu penetra o corpo pela cabeça e tem seu percurso interrompido na úvula. A energia da terra, sobe pelos pés e é interrompida na língua. Logo, na boca é criado o livre arbítrio do homem.

A partir desse livre arbítrio nos tornamos quem desejamos ser, consciente ou inconscientemente, afinal, é pela boca que penetra o alimento, combustível do corpo. Este pode ser de altíssima qualidade ou “gasolina adulterada”. Sendo assim, a decisão de como funcionará a máquina humana ocorre nos preciosos momentos de livre arbítrio que temos o privilégio de ter ao menos três vezes ao dia.

Brasil = Granja dos Bichos?



Comecei a escrever isso no avião, ainda no trecho Salvador – São Paulo e esses dias foram tão corridos que acabei nunca passando a limpo...

Estou partindo do Brasil em um período pré-eleitoral e confesso ter muito medo do retorno e pesar de não estar presente pela primeira vez no raro momento de exercício de minha cidadania brasileira em termos democráticos. Infelizmente esses últimos 8 anos têm afastado cada vez mais a idéia de democracia na nação.

Acabei de reler: A Revolução dos Bichos de George Orwell e é impossível não perceber semelhanças claras entre seu enredo e a política instaurada no Brasil desde a entrada do PT.

Ter um presidente semi analfabeto substituindo o tão preparado sociólogo FHC é o mesmo que expulsar os humanos da “Granja do Solar”. O PT transformou a nação na “Granja dos Bichos”, onde os membros do partido, representados pelos porcos no romante, a partir de um falso discurso de igualdade de classes estabelece cada vez mais uma distinção clara entre quem faz parte de sua corja e quem não faz.

Sozinhos, entretanto, não vão longe, necessitam da proteção dos cães para a manutenção da segurança e assim, em nosso governo do mesmo modo formaram-se as alianças entre banqueiros e o partido. Com isso, porcos e cães, garantem seus privilégios, trabalham pouco e garantem muita comida, engordando sempre e de barrigas cheias.

Os outros bichos da granja, nós, cidadãos mortais, trabalhamos loucamente, pagando impostos abusivos para garantir as mordomias dos parlamentares e seus comparsas.
A imprensa por sua vez, representada por “Garganta”, porco porta-voz de Napoleão, presidente da república dos bichos cumpre seu papel à risca, distorcendo os fatos, enganando os trouxas brasileiros que acreditam estar sendo beneficiados por maravilhas falsamente atribuídas ao PT.

Ao longo do livro, os mandamentos da granja são distorcidos à partir de pequenas alterações e acréscimos de palavras. O mesmo ocorre em nosso país quando o PT se apodera de projetos provenientes do governo passado, alterando as nomenclaturas e colhendo os frutos do que foi semeado por um pseudo-inimigo do Brasil: FHC (outra loucura incutida na cabeça do Brasileiro).

O maior amigo do PT, assim como no romance, é o tempo. Esse faz com que os animais pouco a pouco se esqueçam de como funcionava a granja antes da revolução, acreditando piamente no que lhes é passado através da imprensa. Da mesma forma o Brasileiro se esquece dos tempos de inflação em que era preciso torrar o salário no dia seguinte recebido no mercado, pois a espera de um dia significava uma perda monetária considerável. Esqueceu-se também da dificuldade de comunicação advinda da precariedade de se ter uma empresa telefônica estatizada e como isso prejudicava e acarretava em prejuízos e perdas de grandes oportunidades, dificultando principalmente a produtividade do pequeno trabalhador.

Essas e outras lembranças do passado foram apagadas da curta memória do brasileiro, que sem raciocinar, repete um discurso petista que demoniza as privatizações, apodera-se de programas criados (piorando-os, pois o Bolsa Família hoje nada mais é do que uma praga que faz crescer a população de baixa renda, garantindo cada vez mais votos para seu pseudo-criador). Obs.: Nos EUA existe o mesmo programa, a diferença é que se a mãe tiver mais filhos, tem seu auxílio REDUZIDO!!

O povo brasileiro age como as ovelhas do livro que repetem o tempo todo a frase: “Duas pernas ruim, quatro pernas bom” sem raciocinar o sentido de nada, como uma reza impregnada em suas cabeças. Continuam repetindo a nova frase: “Quatro pernas bom, duas pernas melhor” depois que os porcos aprendem a andar em duas pernas.

O governo que se promove como sendo do povo, estabelece cada vez mais alianças mercantilistas com empresas que antes discursavam como inimigas, assim como as alianças criadas entre a Granja dos Bichos e as Granjas Humanas vizinhas... Ao fim retornam o nome para Granja do Solar, celebrando em uma farta mesa com humanos, uma refeição repleta de roupas, pratos, taças, talheres e vinhos, a ponto dos animais, vendo de fora a cena, não conseguirem mais distinguir quem é porco quem é humano.

Qualquer semelhança com o governo atual não é mera coincidência. A tristeza é que esse livro foi publicado em 1945 baseado na realidade da finada União Soviética e nós estamos retrocedendo repetindo uma história que deveria estar ultrapassada...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ego Show




Ontem saí para relembrar porque não saía há tanto tempo… Escutei alguns anúncios no radio de que haveria um tributo a Raul Seixas em um bar na Barra, chamado Groove, no qual já tinha ido há um ano e gostado muito do ambiente.

Trata-se de um bar que há dois anos segue firme no propósito de não se corromper ao axé music baiano, promovendo shows de rock de todas as espécies. O ambiente é super bacana, bem decorado, fugindo do clichê underground e mal arrumado que normalmente permeiam espaços destinados ao rock em Salvador.

Combinei com um amigo, companheiro do rock, e chegamos às 22:00 para a festa marcada para às 21:00 - encontramos o bar fechado e ninguém na porta. Percebemos que havíamos chegado cedo demais e fomos a outro bar próximo “fazer uma horinha”.

Lá pras 23:00 retornamos e encontramos o lugar com certo movimento. Entramos e esperamos até praticamente 1:00 da madrugada para o início do tão esperado espetáculo. A esta altura o bar já estava lotado e as pessoas visivelmente ansiosas pelo show, apesar do excelente DJ.

Sobe ao palco, Marcelo Nova (e seu filho: Drake), escolhido para o evento por ter sido amigo de Raul. O mesmo iniciou o show falando brevemente sobre uma composição que fez com Raulzito, seguida de uma musica desconhecida a qual imaginei que fosse alguma raridade de bastidores. O show se seguiu com Marcelo Nova tomado por um acesso de ego que o levou a passar toda a noite falando de si e tocando suas próprias composições.

Em dado momento, a platéia já estava enfurecida e não parava de gritar: “Toca Raul”. Ele por sua vez, respondeu que já estava cansado de tocar Raul e que não tinha nenhuma intenção em agradar a platéia. Foi vaiado por uns, aplaudido por outros e tocou um trecho do “Rock das Aranhas” só pra não dizer que não tocou absolutamente nada.

Após escutar um monte de abobrinha da vida pessoal de Marcelo Nova, das quais não tinha o menor interesse de saber e alguns barulhos que ele intitula de músicas, fui livrada da tortura auditiva. O show deve ter durado apenas uma hora, tempo suficiente para não saber se ria ou chorava da situação tragicômica.

Um tanto indignada, eu e meu amigo fomos buscar o gerente do estabelecimento para frisar que estávamos nos sentindo lesados, por termos perdido uma noite na intenção de escutar um som e termos sido obrigados a escutar outro. Para a nossa surpresa, fomos informados que o gerente não estava presente e não tínhamos a quem fazer nossa reclamação.

Resignados, dirigimo-nos à fila do caixa para pagar, liberar o cartão e irmos embora. Obviamente uma missão não tão simples assim, dado ao fato de haver apenas dois caixas para atender a centenas de pessoas, resultado: a fila do INSS perdia.

Lá pras tantas, apareceu o garçom para nos informar que o gerente havia retornado à casa. Assim, fomos conversar com ele, que nos disse que o Groove não tinha nenhuma responsabilidade sobre o ocorrido e que estávamos reclamando com a pessoa errada. Falou que se tínhamos alguma queixa, deveríamos falar diretamente com Marcelo Nova através de algum Facebook ou Orkut da vida.

Cheguei à casa indignada pela noite perdida, pelo desrespeito com meus ouvidos (aquilo não é som que se preze, melhor que o DJ tivesse feito uma seleção de Raul), pelo desdém com o trato dos clientes do bar e pela fila de uma hora para conseguir ter o direito de ir embora.

Enfim, valeu para lembrar porque deixei de freqüentar festas e shows e sair correndo próxima vez que ouvir falar em Marcelo Nova.

Anúncio Publicitário do evento (será que estou ficando louca?):
http://www.obaoba.com.br/salvador/agenda/marcelo-nova-voz-violao

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Livro de Chumbo



No período em que vivi na Europa, não perdia uma única oportunidade de despachar bagagem para o Brasil, de forma que sempre que aparecia alguém que estava retornando a Salvador com espaço na bagagem, enviava alguma coisa, pois sabia que ao longo de um ano acumularia tantos objetos, roupas, livros e papéis que se não fizesse isso, no fim teria que deixar algo para trás.

Sendo assim, enviei uns 10 kgs de roupas que já não usava por um amigo, depois mais uns 10kgs por outro amigo, uma trouchinha por minha irmã e duas malas inteiras de 32kgs por pessoas que só haviam levado uma e tinham direito de retornar com duas. Minha mãe já estava habituada com as encomendas que tinha que buscar em endereços diversos pela cidade.

Certa feita fui a Dublin comemorar o aniversário de uma grande amiga que estava vivendo por lá e seguiria da Irlanda direto para Liverpool antes de retornar à Valencia. Essas viagens como todas as outras de avião (low cost) tinham um limite de 10kgs de bagagem, o que era bem pouco considerando que eram roupas grossas de inverno. Na ocasião do roteiro supracitado, seria uma semana com o maior aproveitamento possível de bagagem.

Em Dublin, cometi a extravagância de acrescentar à minha resumida mochila uma “Pint” (tulipa de cerveja de 700ml) da Guinness, uma camisa da Guinness, dois CDs duplos e ainda um livro chamado: Exploring the Book of Kells. Na hora de arrumar a bagagem resolvi aproveitar que minha amiga estava indo ao Brasil de férias (com espaço na mala) e pedi que ela trouxesse o livro para aliviar a minha bagagem, já que ainda ia para Liverpool e não sabia o que encontraria de compras pela frente.

Bem, esse bendito livro rende estórias até hoje... Quando minha mãe soube que o livro estava na casa dos pais de minha amiga no bairro do Itaigara, pediu que minha tia fizesse o favor de buscá-lo, já que era bem próximo ao seu trabalho e minha mãe sempre se perde muito na região. Minha tia por sua vez, sem carro, aguardou um dia que estivesse de carona, para poder buscar o livro, imaginando que fosse algo pesado para ser transportado a pé.

Depois de toda essa logística, ao buscar o livro, se deparou com um livrinho de 2cm de espessura, capa mole e dimensões de 0,10x0,20cm aproximadamente. Logo pensou que havia algum engano, entrou em contato com a minha mãe, que entrou em contato comigo até descobrir que de fato era essa mesma a encomenda que tinha enviado para aliviar o peso na bagagem.

Recebi o livro com um bilhete impagável ironizando o grande alívio obtido no peso da bagagem através do envio do mesmo e essa estória é motivo de piada na família até hoje. Recentemente conversando com minha amiga ela confessou que também se questionou porque tinha enviado esse livro por ela pela irrelevância do seu volume, mas na época parecia tão importante para mim que ela me fizesse esse favor que ela preferiu não entrar no mérito, até porque de fato não lhe causava nenhum transtorno.

Primeiro: o que ninguém entende é que cada milímetro é precioso na bagagem de um mochileiro e quando enviei o livro na verdade estava me precavendo reservando um espaço para prováveis souvenires no próximo destino: Liverpool. De fato, esse espaço reservado se tornou mega necessário. Segundo: optei em mandar o livro, pois era algo que não quebrava (teria sido muito inconveniente mandar o copo, por exemplo) e também porque fiquei com medo de estragá-lo ou amassá-lo dentro da mochila abarrotada. Mesmo assim, as explicações chegaram tarde demais e creio que a piada perdurará eternamente na família que adora ter uma desculpa pra fazer gracinhas uns com os outros.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-feira 13



Hoje é sexta-feira 13 e por isso vou dedicar meu post a esta superstição.

Falando em numerologia: o número treze é considerado um sinal de infortúnio, irregular e segue o doze que na seqüência numérica representa justamente o contrário, atrelado a símbolos fortes como os meses do ano, os signos do zodíaco e os apóstolos de Jesus. O número treze carrega uma tradição de má sorte desde 1700a.C., quando a cláusula nº13 foi excluída das 282 clausuras que contem o Código de Hamurabi. Como este, são incontáveis os relatos de triscaidecafobia.

A sexta-feira, por sua vez, é considerada o dia da semana do azar por ter sido neste dia que ocorreu fatos como a morte de cristo, o grande dilúvio bíblico e certamente encontraremos muitos outros se formos nos debruçar em fatos históricos. Assim, uniram-se os dois e foi formado o dia simbólico das trevas.

O pavor de dias como o de hoje é tão enraizado que existem dois termos que o denominam especificamente: parascavedectriafobia ou frigatriscaidecafobia.
Eu prefiro pensar nisso como superstição. Sempre que quisermos comprovar algo negativamente procuraremos fatos que reforcem esta teoria e vice-versa.

Sexta-feira: Dia do azar? Não depois que o calendário laboral foi criado...
Zezé de Camargo e Luciano no Hino à Sexta-feira: http://www.youtube.com/watch?v=xAIRJutfuls

Espiritualidade



Há quem diga que a religião aprisiona e concordo com isso em partes. Todavia, existe um abismo entre seguir uma religião e ser ateu. Estudando um pouco o outro lado da moeda (já que minha realidade sempre foi de “crente”) e conversando com pessoas que optam por esta linha de pensamento, percebo que elas defendem o ateísmo porque de certa forma se sentiam ameaçadas ao seguir uma religião.

Sou absolutamente contra radicalismos e não vejo nenhum propósito em delegar a um padre o poder de perdoar alguém através de uma confissão ou de dizer que alguém será feliz no matrimônio porque foi abençoado uma cerimônia religiosa, através de um representante divino. Estes sentimentos são de foro íntimo, mas há quem precise de um “empurrãozinho” de terceiros para chegar à paz interior, aí vale um amigo, um padre, um psicólogo... Quem sou eu para julgar o melhor caminho?

Em minha experiência de vida, entrar em contato com Deus é uma atitude extremamente pessoal, por isso não faz muito sentido participar de qualquer seita para isso. Todavia, respeito profundamente aquelas pessoas que têm mais poder de conexão com Deus nestas circunstâncias e locais.

É possível se tornar fanático por qualquer coisa, desde um time de futebol, a um partido político e sem dúvidas uma religião. Para mim qualquer atitude levada ao extremo gera conseqüências negativas e acho que faz todo sentido combater o excesso, entretanto é impossível negar a boa energia de uma mente religiosa.

Esta semana estive em uma cerimônia religiosa de um matrimônio diferente das convencionais (além de ter sido pela manhã, não houve festa, sequer brinde no final) que exemplifica minha idéia. Independente de o padre ser católico ou de ter sido realizada em uma igreja, todas aquelas pessoas estavam reunidas somente no propósito do bem, na intenção de emanar bons pensamentos de felicidade e união para um casal.

O mesmo se repete em missas de morte, onde as pessoas se reúnem para celebrar a vida de alguém especial que se foi, relembrar com saudade e alegria sua passagem pela terra. Nessas ocasiões, muitas vezes não conhecemos a pessoa que está sentada ao nosso lado, mas todo ambiente é repleto de paz e energia positiva.

Aí me pergunto: quantos são os lugares que conseguem reunir tantas pessoas com focos tão puramente bons? No shopping? No transito? No supermercado? Em festas? Em palestras? Sendo assim, como negar a positividade destes eventos proporcionados por rituais religiosos? Como maldizer a religião seguida de forma amena, sem radicalismos?

Seja lá qual for a escolha, acredito que a religião preenche o coração do ser humano com pensamentos de bondade, , otimismo, gratidão e resultam em momentos de foco de pensamentos muito mais benéficos do que as horas em que se perdem pensando na vida alheia, com inveja, ganância, consumismo ou quaisquer outros aspectos banais e/ou maléficos da vida.