segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Férias do Computador

Aaaai como é bom passar uns tempos offline!! Já tem um tempo que não escrevo aqui e acho que vou ficar sumida por mais alguns dias, provável que só reapareça em 2010...

Fato é que estou tentando tirar férias e isso inclui o computador principalmente. A cabeça continua agitada e cheia de idéias, mas esse verão anda mais sedutor. Prefiro meditar vendo o sol se pôr correndo na orla, ou nadando no mar, piscina... De quebra ainda recebi uma visitinha mais que especial pra aproveitar intensamente.

A quem acompanha isso aqui, gostaria de desejar um bom fim de ano, que se possível desconectem, encontrem aquelas pessoas queridas que na correria do ano não deu tempo e ainda têm aquelas que moram fora e retornam só nessa época do ano, adoro esse clima de confraternizações!! Enfim, matem saudades, aproveitem o verão, etc.

Beijos com carinho!!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

My Least Favorite Things

No início desse blog escrevi um texto sobre minhas coisas favoritas na vida. Como amante nata da vida, tenho que admitir que não foi nada difícil para mim fazer uma lista de coisas que me deixam com um sorriso de orelha à orelha.


Mas, como um ser humano normal há certas coisas que conseguem tirar meu bom humor e querer jogar o pão na cara do padeiro (coitado, não tem nada a ver com isso), mas é assim mesmo, tem dias que sobra para quem não tem nada a ver com nada. A tal da TPM que o diga...

Há pequenas coisas que detesto e que não causam repercussão nenhuma como: morder um pedaço de cebola na comida, ou pedir um suco da fruta SEM açúcar e ao dar aquele delicioso primeiro gole perceber que a pessoa que lhe atendeu sofre de surdez ou burrice profunda. O mesmo ocorre quando peço um sanduiche SEM MANTEIGA e quando chega (parece que o apetite aumenta nessa hora) vejo aquele banho de gordura... Argh!

Aí tem coisas que perturbam um pouco mais como quando roubam nossa vaga naquele estacionamento concorridíssimo. Ou então quando TEMOS que fazer algo que não gostamos de fazer, mas que simplesmente precisa ser feito porque a vida não é feita apenas de prazeres: Fila de banco ou órgão público, providenciar chip novo para celular roubado, trabalhos altamente braçais e sacais, reclamar algo que está errado pelo fato de se sentir lesado ou porque sabemos que devemos lutar pelos nossos direitos... Tem também aqueles dias que criamos uma expectativa enorme para algo que está planejado ocorrer e de repente tudo dá errado, por instantes temos a sensação que tiraram nosso chão.

Claro que para tudo se dá um jeito. Quando temos que mudar o rumo de última hora, às vezes encontramos um plano B que pode se mostrar surpreendente. 'Pras' coisas chatas, podemos melhorar um pouquinho com uma música ao fundo ou uma leitura interessante. Pro suco: pede outro, fazer o que, né?

Nessa vida só não tem jeito para a morte, o resto: tudo passa, tudo muda... Aquilo que um dia parecia um problemão no dia seguinte aparenta como uma besteira. O difícil é conseguir ter essa visão no momento do caos. Para isso, fé na vida!!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

The Sound of Silence

Estava aqui pensando no nascimento deste blog e seu nome e vendo como algo que surgiu com uma proposta tão leve tem ganhado conteúdos com temas que geram discussão, polêmicas, etc. Acho que tudo isso faz com que a gente reflita, questione e só assim o ser humano cresce, muda pontos de vista e assume uma postura crítica e sensata perante a vida, afinal, ele se torna responsável pelo caminho que escolhe trilhar ao invés de seguir o caminho que a massa percorre sem se quer olhar para os lados.


Esta realidade de estarmos cercados por uma maioria imersa na ignorância é de fato triste e graças a Deus me considero uma minoria privilegiada. Não que ache que saiba mais ou menos do que ninguém, mas me sinto feliz por sentir que ao menos questiono o caminho que percorro na vida, sabendo que como um ser humano sou passível de erros, porém tendo em mente que o mais importante desta busca é tentar ser alguém melhor a cada dia para assim ficar satisfeita quanto à minha trajetória de vida e papel na sociedade.

É uma delícia quando encontramos pessoas que compartilham de idéias parecidas com as nossas, principalmente quando elas divergem da maioria. Mas quando isso não ocorre acho que não adianta ficar discutindo tanto... Sou muito jovem e de fato nunca fui revolucionária. Cresci em meio a uma juventude acomodada e questiono o quanto isso refletiu na minha personalidade.

Acho que quando não gastamos nossa energia tentando mudar o mundo, conseguimos focar a nossa pouca energia individual promovendo pequenas mudanças em nosso entorno e isso é muito gratificante, pois o resultado é palpável, servindo como estímulo para que a batalha, mesmo que em doses homeopáticas seja repleta de vitórias consecutivas.
 
Há muito tempo escutei um ditado que concordo plenamente: É preferível ser cabeça de sardinha que rabo de baleia. Até que ponto pessoas que buscam grandes feitos não estão apenas guiadas por uma forte necessidade de reconhecimento e movidas por uma inflação de ego? Acho que grandes feitos resultam da soma de pequenas ações e essas geralmente partem de pessoas que agem pela real vontade de mudança e não em busca de destaque.
 
Não pretendo aqui rotular ninguém, até porque sou contra estereótipos, mas vejo o problema do EGO do ser humano como algo muito prejudicial à sociedade. É ele que leva o homem a se crer como dono de verdades absolutas, com posturas inflexíveis, colocando muitas vezes grandes sabedorias em xeque.
 
Recentemente li um dito oriental antigo que falou algo muito verdadeiro:

- Uma pessoa que não sabe nada tende a mostrar que sabe tudo.

- Aquele que sabe um pouco quer mostrar que é excelente.

- Aquele que sabe tudo, se torna um ser humano comum.

 
Por isso desconfio muito de grandes discursos e valorizo muito o saber do silêncio.

The sound of Silence: Simon and Garfunkel: http://www.youtube.com/watch?v=h-S90Uch2as&feature=related





terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Consumismo Desenfreado

A resposta do autor do texto "Só sei que nada sei" acabou gerando outro texto, segue abaixo.

A falta de equilíbrio do capitalismo vai muito além de ações pontuais de indivíduos, que a meu ver são vítimas de um sistema que vai muito além de seus conhecimentos. O problema do capitalismo esta entranhado no cerne de sua própria concepção, onde para que funcione é necessária uma sociedade “hiperconsumista”. O texto abaixo é bastante elucidativo nesse sentido.

“Nas Origens liberais do ódio pelo liberalismo: o ponto cego da direita

Tentemos primeiramente captar o raciocínio antiliberal em sua pureza de argumentação. Ele parte da constatação de que o mundo das empresas, aquele em que se fabricam e se vendem permanentemente novos e incontáveis objetos, pressupõem que os indivíduos a quem eles de destinam tornem-se prioritariamente consumidores. Isto, por assim dizer, é uma tautologia. Como particularmente as análises de Gilles Lipovetsky, desde o final dos anos 1960, nós indivíduos entramos em uma “sociedade de hiperconsumo” onde potencialmente tudo tende a se tornar mercadoria. Nós não só consumimos produtos industriais, telefones, ou automóveis em maior numero do que nunca, mas a cultura, a política e até a religião, sob muitos aspectos, integraram-se pouco a pouco à esfera do consumismo, e sob formas diversas, o sagrado, o espetáculo, a escola, a ética, o debate público, a questão de sociedade... Ao mesmo tempo em que se desenvolve a atitude dos consumidores esclarecidos, que tentam fazer, tanto quanto possível, escolhas racionais em um mercado cada vez mais universal, o ser humano se vê fragilizado pelo progressivo desaparecimento das esferas da cultura e da inteligência que, ainda há pouco situadas fora do mercado, permitiam-lhe estruturar a existência em torno de referencias espirituais relativamente estáveis.

Para dizer mais brutalmente as coisas: o modelo do consumismo puro é o da addiction, ou vício. Como o drogado que deve continuamente aumentar as doses e encurtar os períodos entre as aplicações, o consumidor ideal seria aquele que compra sempre mais e cada vez mais freqüentemente. Mas há um ponto crucial: para se ter vontade de consumir, é preciso estar em estado de insatisfação, situar-se dentro de uma lógica do desejo que prioritariamente se caracteriza pela carência. E para que o individuo mergulhe nesse estado, é preciso, tanto quanto possível, “livrá-lo” dos valores espirituais e morais – daquilo que Freud chamava “sublimação” – que lhe permitem ter um mundo interior rico e estável o bastante para bastar-se a si mesmo e, data a própria riqueza e estabilidade, não sofrer de permanente necessidade de compra. Se a minha bisavó ainda fosse viva, acharia, sem duvida alguma, os shoppings centers, repletos e transbordantes de produtos tão atraentes quanto inúteis, uma verdadeira monstruosidade, um tempo erguido à besteira e a obscenidade do dinheiro. Pois ela vivia num mundo de valores em que nada disso tinha lugar, em que não era necessário consumir o tempo todo para ser feliz e dar um sentido à vida. Não era “fazendo compras” que o individuo via como se realizar, mas sim no cumprimento de certos deveres com relação a si mesmo e aos outros, que tinham muito maior importância do que essa lógica do desejo originado no vicio. Se nossos filhos tivessem a mesma mentalidade da minha bisavó, não sentiriam a incessante premência de comprar novos objetos: certamente já não teriam possuído, em media nos meios burgueses, cinco celulares e dois computadores antes de completarem 15 anos de idade...

Para essa razão é necessário, vital para as empresas, instaurar, a todo custo nas cabeças uma forma de zapear, sem a qual não há razão para que os indivíduos comecem a consumir como convém para que o mundo “gire”. Esse resultado, que as campanhas publicitárias explicitamente assumem como objetivo, engendra o que certos críticos do “mundo capitalista” já nos anos 1960 denominavam “dessublimação repressiva”: entenda-se, por trás do jargão, a idéia de que a desestruturação dos valores, engendrada pelos comerciais, entrega o indivíduo – a começar pelas crianças, que nesse sentido formam a clientela ideal – a uma lógica de relativa servidão, que é a do consumo rápido. A “dessublimação repressiva” aparece então como acompanhante indispensável do hiperconsumo, sua condição necessária, e para se opor a isso, para constituir um contrapeso, por vezes faz falta também desenvolver, à sombra do mercado, valores que por contraste parecem não mercantis, ou seja, de certa maneira, “antiliberais”.

É onde se localiza uma origem significativa da repulsa que tão amplamente agita uma sociedade como a francesa, já de outras formas programada, dada sua tradição republicana, a recusar a ideia de que tudo pode ser reduzido ao mercado. E isso, acho eu, um homem de direita e consciente do que faz deveria ser o primeiro a compreender. Pois esse fenômeno pouco discutível torna o capitalismo contraditório em um ponto, não mais econômico como pensou Marx, mas fundamentalmente moral e cultural.”


Texto retirado do livro “Família, amo vocês” de Luc Ferry



segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sal Marinho X Sal Refinado


O Sal Marinho, não refinado é fonte de saúde e de vida desde as origens dos seres humanos. Hoje, o sal e o shoyu se converteram em venenos cotidianos: o sal de mesa comum (cloreto de sódio), shoyu (adicionado com glutamato monossódico).

Hoje vou analizá-los a partir de diferentes pontos de vista: químico, energético, cultural e produtivo. Ao fim,  veremos que todos confluem em um bendito interesse econômico, que ironicamente não mostra nenhum interesse pela saúde.

Uma pessoa saudável não é rentável para a atual economia.

O sal marinho é a conseqüência da simples evaporação da água do mar, que deixa um resíduo sólido, composto por 84 elementos estáveis, onde sem dúvida o cloro e o sódio são os principais elementos quantitativos, representando quase 90% de sua composição. Os 10% restantes, entretanto, são de importância extraordinária.


Se partirmos da base de que a vida no planeta surgiu no leito marinho, é óbvio que haja uma semelhança intrínseca, qualitativa e funcional com aquela “sopa mãe”. Todas as formas de vida do planeta (plantas, animais, humanos) levam incorporadas dita solução em seus fluidos internos (seiva, liquidos intracelulares, plasma sanguíneo). Disto eram conscientes nossos ancestrais graças às suas intuitivas visões holísticas; porém, nosso modernismo reducionista industrial é incapaz de considerar tal perspectiva. Conjuntamente com o sal iniciou-se a preocupação com a “sujeira” e por isso, ele passou a ser lavado e purificado para ser presenteado como um produto limpo e higiênico. O mesmo ocorreu com o arroz, a farinha, o azeite, etc.


Encontramos nesta retrospectiva a origem dos processos de industrialização. O curioso, todavia, é que o que animou a industria a desenvolver complexos e custosos procedimentos de purificação do sal não foram os fins alimentícios, e sim o grande valor industrial do componente básico do sal: Cloreto de Sódio. Este é um reativo perfeito e econômico utilizado para a produção de plásticos, óleos minerais, indústria bélica e espacial e por fim a indústria alimentícia, que o utiliza em uma bateria de aditivos, conservantes e como inibidor de processos de decomposição. 

Segundo Sherri Rogers, em seu livro: "A saúde se encontra na cozinha”, o sal de mesa utilizado nos últimos 50 anos é um subproduto da manufatura de armas. Ele afirma também que grandes empresas como a Morton e a Thriokol, fabricantes de combustíveis para foguetes, refinam o sal para extrair certos minerais importantes para fins bélicos e espaciais. Para este fim, o sal precisa passar por temperaturas de 670ºC, o que destrói a estrutura cristalina e duas propriedades. Assim, 93% do sal que se refina é destinado a fins industriais não alimentícios; 4% é destinado à indústria alimentar como conservantes; e apenas 3% como sal de mesa: como um dejeto do processo industrial.


Nem tudo termina no desmanche de seus 82 elementos constitutivos restantes. Logo, sofre a ativação de outros compostos refinados, iodo e flúor: ambos constituem minerais tóxicos e reativos nas formas antinaturais, como são adicionados industrialmente. Isso é feito por lei para "resolver" problemas tireoidianos e e proteger a saúde mental, porém, ninguém leva em consideração que o corpo não pode metabolizar a suplementação de iodeto e fluoreto. Tampouco é levado em consideração que estes compostos são os principais responsáveis pela formação de nitratos no estômago: os nitratos são as substâncias cancerígenas mais agressivas e responsáveis por tumores seletivos em muitos órgãos, além de um sem fim de disfunções. 

A este trágico panorama, se soma a ativação de outros conservantes, também legalmente autorizados e inclusive sem obrigação de serem declarados nos rótulos das embalagens, como iodeto de potássio e dextrose, um tipo de açúcar que serve para evitar a oxidação do iodo (ou seja, isso significa que o sal refinado contém açúcar!). Depois é adicionado bicarbonato de sódio para que o sal não fique com tom púrpuro, dado à reação do iodeto de potássio com a dextrose. Por fim, para garantir que o sal fique bem “soltinho”, é adicionado hidrato de alumínio. A relação entre o alumínio e Alzheimer é bastante conhecida devido ao papel deste metal leve nas disfunções neuroniais.

Não pára por aí: outros aditivos encontrados no sal de mesa são: carbonato de cálcico, nada mais é do que um farelo de ossos animais; o alumínio de silício sódico; o ferrocianuro de sódio; o citrato verde de amoníaco férrico; e o carbonato de magnésio.


Através do sal refinado, entram diariamente no organismo uma enorme quantidade de sódio. Em doses adequadas, este mineral mantém o equilíbrio ácido-alcalino e o equilíbrio hídrico e eletrolítico do organismo. O problema é que atualmente a fonte de sódio é o sal refinado e a presença camuflada de mais de 44 aditivos baseados no sódio, entre fermentos, gelatinas e potencializadores de sabor, ou educolorantes em alimentos industrializados. Entre eles está o E-621 (glutamato monossódico) que falarei mais adiante.


O sal marinho refinado, mesmo que em pequenas doses, cria inúmeros prejuízos psicofísicos, incluindo: retenção de líquidos; obesidade; celulites; cristalização e escleroses; problemas cardiovasculares; ácido úrico; dores osteoarticulares; desmineralização dos ossos; hipertrofia das glândulas suprarenais; infertilidade; perda de cabelo e outros.


A partir do diagnóstico oriental é possível encontrar alguns indicadores físicos para detectar a presença excessiva de sódio no corpo, como: pele escurecida; rigidez muscular; mandíbulas apertadas; dentes inferiores sobressalentes; retração das gengivas; manchas no branco dos olhos; urina forte; fezes escuras e confeitadas.


Não posso finalizar este texto sem falar no E-621 (glutamato monossódico), aditivo perigoso, utilizado especialmente na indústria ou em restaurantes, há pouco mais de meio século.


Pesquisadores japoneses o relacionam com a perda da visão em longo prazo e problemas nervosos. Porém, o sintoma mais alarmante é o aumento desenfreado do apetite, e consequentemente seu vínculo com a obesidade e desordens no apetite.


A glutamina é um aminoácido indispensável para o organismo, que intervém em diferentes funções neuroendócrinas, uma delas é a de regular as sensações de apetite e ansiedade. Chega ao organismo de forma natural nos alimentos que contém proteína e não tem nada a ver com o glutamato de sódio ou E-621 (também conhecido como Ajinomoto).


O glutamato monossódico tem sido muito utilizado como aditivo potencializador do sabor em produtos industrializados e restaurantes, principalmente nos orientais, que fazem vasto uso do molho shoyu (molho de soja). Não pára por aí: o E-621 está presente nas batatas fritas dos restaurantes de comida rápida; na comida oriental; nas guloseimas das crianças e outros outros, gerando vício e ansiedade voraz por voltar a comer estes alimentos. É ele que dá o tal “gostinho de quero mais” nas comidas e temperos. Esta é a razão pela qual os estabelecimentos de vendas de comidas, com este componente, se proliferam cada vez mais.


O molho shoyu, alimento tradicional do oriente, é obtido pela fermentação da soja junto com água e sal marinho, gerando um produto de grandes qualidades terapêuticas e medicinais, contendo ácido acético, que é um inibidor da contaminação e ajuda a superar a fadiga física. De forma contrária, o molho de soja não natural, é feito com sacarose, glutamato monossódico, farinha de soja não orgânica e transgênica, apresentando um elevado teor de ácido oxálico, fórnico e lebulínio. Estes ácidos fazem evaporar os minerais no sangue e nos órgãos internos, originando acidez, dilatação do estômago e do fígado, além de agravar processos inflamatórios.


Um consumo moderado de sal marinho não refinado, de shoyu orgânico, natural e não pasteurizado, gera saúde e vitalidade. Aprenda a reconhecer as suas diferenças e substitua em casa o tóxico pelo saudável. Se costuma fazer refeições rotineiramente fora de casa, lembre-se que uma comida saudável não significa a idéia bucólica de se comer somente alimentos de origem vegetal: a qualidade da água, do sal e do óleo são determinantes para garantir vitalidade nas refeições.

“Só sei que nada sei”


"Primeiramente, perdoem minha petulância em roubar a celebre frase de Sócrates para titular minhas humildes observações.

O advento da difusão das informações e conseqüente domínio cada vez maior sobre os recursos naturais disponíveis em nosso planeta nos trouxeram uma série de benefícios que com conhecimento podem ser utilizados para nosso bem ou não.

Entretanto, a meu ver, atualmente vivemos numa sociedade capitalista, desigual e oportunista gerenciada não mais pelos chefes de estados e sim pelo poder financeiro das grandes corporações que obviamente visam somente maximizar seus lucros para se perpetuarem. É sabido que tal modelo de gestão muitas vezes passa por cima do que já é conhecido como maléfico para a humanidade em detrimento de benefícios próprios: são os casos das indústrias de cigarro, aspartame, açúcar, leite, eucalipto, etc.

Fato é que o advento dos meios de informação, unido ao crescente poder das corporações, nos deixam extremamente fragilizados e incapacitados quanto à nossa capacidade de discernimento para o que é bom ou ruim. A todo tempo somos bombardeados pela mídia com informações tendenciosas e muitas vezes mentirosas para adquirirmos produtos. Atreladas a esta conjuntura desconstrutivista nossas escolas carecem cada vez mais de bom senso quanto ao verdadeiro ensino. Somos educados com informações para realizarmos exames de vestibulares ao invés de capacitados para buscarmos, criticarmos e analisarmos a veracidade das informações.

No caso dos mais humildes, estes carecem sobremaneira de ajuda em relação à forma em que as indústrias de poder sobrepõem suas necessidades para eles. Paradoxalmente os mais afortunados, ou aqueles ditos “minorias” padecem do mesmo mal, muitas vezes ainda pior, pois por se considerarem cultos, denotam forte arrogância quando questionados acerca de seus conhecimentos.

Recentemente li os livros: “O livro negro do açúcar” e “A vaca sagrada da América”, onde ambos os autores criticam e apontam a industrialização como responsável pela proliferação de doenças patológicas causadas pela inserção e aumento na alimentação da humanidade de dois produtos maléficos e completamente desnecessários às necessidades nutricionais do nosso corpo.

Curiosamente, ao tentar inserir novos hábitos alimentares à minha dieta, sofri fortes críticas principalmente dos ditos mais “aculturados”, quase sempre com observações bastantes “pertinentes” do tipo: “Coisa de viadinho”, “Minha avó comeu e continua viva”, “Sou da teoria de que tudo sem exagero é saudável”, “Você está ficando chato”, dentre outras asneiras que tive que escutar.

Felizmente, ao contrário deles, mantenho-me com os pés no chão quanto à insignificância de meu saber e continuo minha busca incessante e solitária por conhecimento.

Nos últimos tempos fui apresentado e tenho me inserido em uma nova visão de mundo baseada na busca pelo equilíbrio, seja na alimentação, no conhecimento ou nas atividades humanas. Juntamente a ela, me veio uma pergunta capciosa, que justifica o “desbalanço” que vivemos atualmente e que me incomoda todas a noites.

Por anda o equilíbrio das sociedades modernas?"

Jorge Batista, 28/11/2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Saúde X Artificialismo


Qual o conceito de saúde nas sociedades modernas?

O fomento ao consumismo mudou e moldou completamente a vida principalmente nos centros urbanos, mas qual o efeito disso em nossa saúde?

Bem, todos: desde o nascimento. Muitos médicos obstetras conseguiram moldar a mentalidade das mulheres que sequer tentam ter partos naturais, marcam cesarianas como se fosse um procedimento cirúrgico qualquer. A vida tomou um cunho artificial desde o parto. Raros são os casos de partos naturais hoje em dia, desde aí se inicia uma lavagem cerebral que reflete no fluxo natural da vida.

Não tiro o crédito dos avanços da medicina, mas condeno a sua utilização desenfreada.

Antigamente nascíamos em casa, em um ambiente salutar em um parto natural. Hoje as crianças vêm ao mundo em um ambiente hospitalar naturalmente insalubre e ainda provenientes de uma cirurgia. Quem lucra com isso? Certamente o menor lucro é o da saúde e maior do obstetra (cirurgião), a enfermeira, o anestesista, o hospital e a indústria farmacêutica... Tudo isso com uma pseudo desculpa de maior segurança, o qual classifico como exagero, onde os experts da área de saúde aproveitam de suas autoridades e influencias sobre leigos pacientes.

No período de lactação são introduzidos leites artificiais à alimentação das crianças, absurdamente caros. Incrível como as crianças hoje já nascem frescas com intolerância a isso ou aquilo. Queria saber antes de todos esses suplementos existirem como elas sobreviviam e ainda com muito mais saúde.

Ao iniciar a alimentação sólida, as frutas e verduras frescas são substituídas por papas industrializadas. Os cereais naturais por misturas de grãos industrializadas cheios de açúcar como os Cremogemas e Nestons da vida. A criança ainda não tem dentes, mas já está começando a ter cáries.

Assim por diante, é um Nescauzinho, um Danoninho, Leite Ninho... A propósito o ser humano é o único ser que continua mamando depois de grande e ainda leite de vaca. Com que propósito? Ficar do tamanho de um bezerro? Os fabricantes de todas essas “comidas” listadas acima fazem um marketing tremendo que leva todo mundo a crer que são verdadeiros alimentos, cheios de nutrientes, vitaminas, etc.

As crianças estão cada vez mais alérgicas e enfermas, desde pequenas começam a tomar medicamentos, como um corticóide “básico”, um Sorine, um xarope açucarado, analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e assim por diante.

Nosso corpo paga o preço e as indústrias farmacêuticas e alimentícias enchem os bolsos. A lavagem cerebral é tamanha que as pessoas realmente acreditam serem saudáveis consumindo certas coisas sem se quer questionar como algo industrializado pode ser melhor do que algo integral ou natural. Às vezes  até questionam, mas a lei do menor esforço fala mais alto, afinal dá muito menos trabalho comprar produtos industrializados que podem ser estocados do que ir à feira diariamente escolher frutas e verduras frescas.

O pior é que esse mundo artificial está tão difundido que escapar dele está cada vez mais difícil. A farinha branca é refinada, o açúcar é refinado, o arroz branco perde todos os seus nutrientes para ficar branquinho, soltinho e bonitinho, o feijão é preparado banhado em gorduras e condimentos artificiais, os biscoitos são todos açucarados (mesmo os salgados) e cheios de produtos químicos, os refrescos cheios de corantes, conservantes e açúcar, sem falar nos refrigerantes, achocolatados e iogurtes. O bombardeio vem de todos os lados.

Fugir disso significa ter trabalho, estudar, ler todos os rótulos das comidas, buscar lugares alternativos para comprar alimentos integrais, naturais, livres de produtos químicos, hormônios e agrotóxicos. Tudo isso parece quase incompatível com o ritmo de vida que se tem hoje, por isso as pessoas têm optado em ter sempre uma boa farmácia perto de casa. Opção existe, o que falta é vontade e disposição! 

domingo, 22 de novembro de 2009

Yin e Yang: Alguns conceitos básicos


No último texto fiz uma analogia entre alimentação e arquitetura e utilizei termos de yin yang na naturalidade em que as tenho em meu cotidiano. Para mim, são definições tão intrínsecas do meu dia-a-dia que às vezes esqueço que é um conceito novo e abstrato para muita gente.

Por isso vou colocar em poucas palavras um pouco do conceito do tao, dos opostos complementares e da ordem do universo.

Sete postulados da ordem do universo:

1. Todas as coisas são aparatos diferenciados de uma infinidade.
2. Tudo muda.
3. Todas as coisas antagônicas são complementares.
4. Nada é idêntico a nada – tudo é único.
5. Tudo que tem frente tem dorso.
6. Quanto maior a frente, maior o dorso.
7. Tudo que tem começo tem fim.


Doze teoremas do principio unificador:

1. Uma infinidade se diferencia em yin e yang, que são pólos que operam quando o infinito chega centrifugamente no ponto geométrico da bifurcação.
2. Yin e yang resultam da força centrífuga contínua.
3. Yin é centrífugo. Yang é centrípeto. Yin e yang juntos produzem energia e todos os fenômenos.
4. Yin atrai yang. Yang atrai yin.
5. Yin repele yin. Yang repele yang.
6. A força da atração e repulsão são proporcionais à diferença dos componentes entre yin e yang. Yin e yang juntos em proporções diferentes produzem energia e todos os fenômenos.
7. Todos os fenômenos são efêmeros, mudam constantemente a constituição de suas parcelas yin e yang.
8. Nada é somente yin ou somente yang. Tudo envolve polaridades.
9. Nada é neutro. Sempre yin ou yang está em excesso em cada ocorrência.
10. Grande yin atrai pequeno yin. Grande yang atrai pequeno yang.
11. Nos extremos, yin produz yang e yang produz yin.
12. Todas as formas físicas e objetos são yang no centro e yin no entorno.

 Algumas dicotomias:

                                     Yin                        Yang

Tendência:                 Expansão                Contração
Posição:                     Externo                  Interno
Estrutura:                    Espaço                  Tempo
Direção:                     Ascendente            Descendente
Cor:                           Púrpura                 Vermelha
Temperatura:              Frio                       Quente
Peso:                         Leve                       Pesado
Elemento:                   Água                      Fogo
Partícula atômica:       Elétron                   Próton
Luz:                           Sombrio                 Claro
Vibração:                  Onda curta             Onda longa
Trabalho:                   Psicológico             Físico
Atitude:                     Gentil, negativa       Ativo, positivo
Biologia:                    Vegetal                   Animal
Sexo:                         Feminino                Masculino
Elementos:                K, O, P, Ca, N       H, As, Cl, Na, C
Local de origem:       Clima Tropical         Clima Frio




Alimentação e Arquitetura

Penso na vida como uma unidade, um todo onde tudo se conecta. Desta forma, busco viver em harmonia com a natureza, através da alimentação, estilo de vida, temperamento, buscando conhecer meu corpo, o clima onde vivo, a minha mente, etc.

Em meio a essa busca por uma unidade harmônica e sabendo que tudo no universo está interligado, como não pensar na relação entre duas coisas tão fortes em minha vida: Alimentação e Arquitetura?


O período pré-histórico, marcado pelos primórdios da caça e consequentemente consumo da carne, assim como descoberta do fogo e cozimento das comidas é também conhecido como período da pedra lascada. Seria somente semelhança a alimentação yang com a utilização de um material tão sólido e yang como a pedra?

Agora vamos às civilizações indígenas brasileiras, onde muito se alimentava de comidas cruas, frutas e o consumo da carne sempre pouco e artesanal (não esse consumo desenfreado que vemos hoje dia, fruto de uma caça covarde e sim através de uma caça seguindo a capacidade humana). Enfim, o resultado disso é uma população predominantemente yin, algo que pode ser visto claramente através dos seus tipos físicos e ausência de pelos no corpo. Agora pensemos na tipologia arquitetônica desta população, ocas e construções leves, utilizando muita palha e barro. Em suma, uma construção que reflete uma personalidade yin.


Vamos ao hemisfério norte agora, onde há invernos rigorosos e a alimentação é predominantemente aquecida e cozida. A arquitetura nesses locais tem o mesmo papel da alimentação: aquecer. Por isso é predominante o uso da madeira, oferecendo aconchego, “yanguizando” uma atmosfera yin.


Agora vamos falar das civilizações modernas, essencialmente urbanas com consumo desenfreado de carne e uma população de tipologia yang. Bem, nesses casos as construções são as mais sólidas e robustas possíveis, com utilização do concreto, alvenaria, etc...


Não podemos esquecer as civilizações que julgo deformadas, frutos da geração fast food. Com esta não poderia ser diferente. Onde a alimentação é rápida a construção não poderia ser lenta, há um predomínio de materiais que proporcionem velocidade, que não necessitem de tempo de cura e secagem, que possam ser encaixados como o vidro, chapas e estruturas metálicas. Além disso, o predomínio da alimentação industrializada afasta o homem cada vez mais da harmonia com a natureza e a sua arquitetura passa a ser reflexo desse universo artificial. O homem moderno que se alimenta de comidas industrializadas e substitui água por coca-cola se torna yin da pior forma possível nascendo daí uma arquitetura leve e moderna, com prédios esguios e materiais frios.


Não venho aqui questionar a estética de nenhuma das tipologias arquitetônicas citadas, o meu propósito é mostrar como o universo se harmoniza e mantém um diálogo com seu criador que hoje é o homem através da sua arquitetura e este reflete aquilo que ele é: sua comida.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Viver e Morrer

Abaixo transcrito um texto muito interessante da abordagem de Jung sobre viver e morrer.

A alma e a Morte
Vol. VIII – Carl Gustav Jung



"Tenho observado que aqueles que mais temem a vida quando jovens, são justamente os que mais têm medo da morte quando envelhecem.



A morte é uma meta. A vida é um processo energético, como qualquer outro, mas em princípio, todo processo energético é irreversível e , por isso, é orientado para um objetivo. E este objetivo é o estado de repouso... Todo processo energético se assemelha a um corredor que procura alcançar sua meta com o máximo de esforço e o maior dispêndio possível de forças... A vida desce agora montanha abaixo, com a mesma intensidade e a mesma irresistibilidade com que a subia antes da meia idade, porque a meta não está no cume, mas no vale, onde a subida começou. A curva da vida é como a parábola de um projétil que retorna ao estado de repouso, depois de ter sido perturbado no seu estado de repouso inicial.



A vida é o solo em que se nutre a alma. Quem não consegue acompanhar a vida, permanece enrijecido e parado em pleno ar. É por isso que muitas pessoas se petrificam na idade madura, olham para trás e se agarram ao passado, com um medo secreto da morte no coração... Do meio da vida em diante, só aquele que se dispõe a morrer conserva a vitalidade, porque na hora secreta do meio dia da vida inverte-se a parábola e nasce a morte... A recusa em aceitar a plenitude da vida equivale a não aceitar o seu fim. Tanto uma coisa como a outra significam não querer viver. E não querer viver é sinônimo de não querer morrer. A ascensão e o declínio formam uma só curva.



Sempre que possível, nossa consciência recusa-se a aceitar esta verdade inegável. Ordinariamente nos apegamos ao nosso passado e ficamos presos à ilusão de nossa juventude... A incapacidade de envelhecer é tão absurda quanto a incapacidade de abandonar os sapatos de criança que traz nos pés... Um jovem que não luta nem triunfa perdeu o melhor de sua juventude, e um velho que não sabe escutar os segredos dos riachos que descem os cumes das montanhas para os vales não tem sentido, é uma múmia espiritual e não passa de uma relíquia petrificada no passado.



Se o nascimento do homem é prenhe de significado, por que é que a sua morte também não o é? O que se alcança com a morte?



O significado da existência se consuma com o seu término.



O inconsciente se interessa em saber como se morre; se a atitude do ego está em conformidade ou não com o processo de morrer."

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Miscelânia de idéias copiadas e compiladas

"Laugh when you can, apologize when you should, and let go of what you can't change."

"Kiss slowly, play hard, forgive quickly, take c h a n c e s, have NO regrets, and enjoy every second of it."

"There comes a time in your life when you realize who matters, who never did, and who always will, so don't worry about people from your past...there's a reason they didn't make it to your future!!!"

"Things change, people change, and it doesn't mean you forget the past or try to cover it up. It simply means that you move on and treasure the memories."

"Letting go doesn't mean giving up it means accepting that some things weren't meant to be."

"Nothing lasts forever so live it up, drink it down, laugh it off, avoid the bullshit, take chances and never have regrets, because at one point what you did was what you wanted!"

"Our lives are not determined by what happens to us but by how we react to what happens, not by what life brings to us, but by the attitude we bring to life."

"A positive attitude causes a chain reaction of positive thoughts, events, and outcomes."

"Many people will walk in and out of your life, but only true friends will leave footprints on your heart."

"To handle yourself, use your head; to handle others, use your heart."

"Anger is only one letter short of danger."

"Great minds discuss ideias; average minds discuss events; small minds discuss people."

"He who loses money, loses much. He who loses a friend, loses much more. He who loses faith, loses all."

"Beautiful young people are accidents of nature, but beautiful old people are works of art."

"Learn from the mistakes of others. You can’t live long enough to make them all yourself... "

"Yesterday is history, tomorrow is mystery. Today is a gift, thats why they call it the present."


"Today is the first day of the rest of your life!"

"Dream as if you'll live forever, live as if you'll die today."


"Amar a si próprio é o começo de um romance para a vida toda.''

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Arte: O Silencio da Alma

Escrever sobre o não pensar é pensar
A repetição deste tema mostra um esforço enorme para não se pensar
A verdadeira poesia é sentida
Ela expressa sensações e sentimentos

Poesia é arte escrita
A arte é uma dádiva das pessoas sensíveis
Não tem como objetivo explicar ou convencer
Apenas expressar e libertar o artista

Arte e mercantilismo formam um paradoxo
O artista que se preocupa com o valor de sua obra
Não está se preocupando em se expressar e sim em vender
Neste ponto a arte deixa de ser arte, pois perde a sua maior riqueza: a espontaneidade

A arte tem que ser um hobby
Para manter a sua leveza e singularidade
A arte venal nasce sob a pressão de se tornar valiosa
E no processo perde seu valor sentimental genuíno

A criação artística requer paz de espírito
Que só ocorre decorrente do mínimo de conforto
Mas como?
Como se ter paz de espírito sem a garantia do pão nosso de cada dia?

Viver de arte é quase utópico
Pois, quando ela vira meio de vida
Perde a sua essência e o prazer

Conseguir conciliar uma rotina estressante
Com horas de inspiração fluidas
Necessárias para se produzir arte
É quase impossível

Nasce daí uma arte ruidosa
Válvula de escape do stress cotidiano
Será isso arte ou terapia?


Arte ruidosa de Jackson Pollock
Nascida de um descuido
Descuido de quem pensa
Na hora em que não se deve pensar, apenas criar.
Não questiono a beleza da arte
E sim a relação do artista com a sua arte.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Eu sei mas não devia

Conheci esse texto há mais de 10 anos e me marcou. Hoje ao relê-lo vejo o quão atemporal e verdadeiro é. Abaixo transcrito.


Eu sei mas não devia, Marina Colasanti, 1996

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Onde vamos parar?


Hoje vou transcrever e traduzir a letra de uma música, trilha sonora de um filme baseado em uma história real. Li o livro e assisti ao filme e a história cutuca a gente, nossos valores, ambições, necessidades, relações...


Recomendo: Into the Wild ou Na Natueza Selvagem. Trata-se da história de um jovem de 23 de anos, vindo de família rica americana que após terminar a faculdade resolve abandonar tudo e viver pelo mundo, sobrevivendo com o mínimo necessário, embarcando em uma aventura onde retorna à condição humana mais básica.


Society – Eddie Veder


Oh it's a mystery to me.
We have a greed, with which we have agreed...
and you think you have to want more than you need...
until you have it all, you won't be free.


Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely, without me.

When you want more than you have, you think you need...
and when you think more then you want, your thoughts begin to bleed.
I think I need to find a bigger place...
cause when you have more than you think, you need more space.


Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely, without me.
Society, crazy indeed...
I hope you're not lonely, without me.


There's those thinkin' more or less, less is more,
but if less is more, how you keepin' score?
It means for every point you make, your level drops.
Kinda like you're startin' from the top...
and you can't do that.


Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely, without me.
Society, crazy indeed...
I hope you're not lonely, without me
Society, have mercy on me.
I hope you're not angry, if I disagree.
Society, crazy indeed.
I hope you're not lonely...
without me.



Sociedade - Eddie Veder


Oh é um mistério para mim
Nós temos uma ganância na qual temos concordado
E você pensa que você tem que querer mais do que o que precisa...
Até ter tudo, não estará livre.

Sociedade, você é uma cria louca
Eu espero que não se sinta só sem mim.

Quando você quer mais do que o que pode ter, você acha que precisa...
E quando você pensa mais do que deseja, seus pensamentos começam a sangrar
Eu acho que tenho que arrumar um lugar maior...
Porque quando você tem mais do que o que pensa, você precisa de mais espaço.

Sociedade, você é uma cria louca
Eu espero que não esteja solitário sem mim
Sociedade, de fato louca
Eu espero que não esteja solitária sem mim


Há aqueles que pensam mais ou menos, menos é mais
Mas se menos for mais, como pode saber os resultados?
Significa que para cara ponto que você marca, seu nível é rebaixado
Como se iniciasse pelo topo...
E você não pode fazer isso.

Sociedade, você é uma cria louca
Eu espero que não esteja solitária sem mim
Sociedade de fato louca..
Eu espero que não esteja solitária sem mim
Sociedade tenha piedade de mim
Eu espero que não fique zangado se eu descordar
Sociedade de fato louca.
Eu espero que não esteja solitária sem mim.





Comfortably Numb



Às vezes me questiono quantos de nós vivemos uma realidade de letargia confortável. Eu pessoalmente me sinto assim muitas vezes, esta sensação me incomoda.



O cotidiano nos obriga a passar batido por certas realidades e seguimos nosso caminho sem tempo de olhar para trás ou para os lados. Vivemos no automático quando estamos insatisfeitos com algo em nosso cotidiano e nada fazemos para mudar, apenas buscamos modos compensatórios para não pensar no que nos desagrada.


É fato que é impossível viver em estado de satisfação plena, mas o que questiono é qual a porcentagem do tempo que estamos vivendo e qual a parcela que estamos deixando a vida passar por nós.


A vida entrou em um processo automático que me questiono onde foram parar os princípios. A alimentação já deixou de ser algo sagrado há muito tempo. Come-se para matar a fome. Os efeitos de maus hábitos alimentares são gritantes através de sintomas e doenças que são rapidamente abafados por medicamentos. Não há tempo para comer, nem para adoecer.


Quando praticamos uma atividade física muitas vezes é por necessidade, mas não necessariamente pelo prazer que ela pode nos dar. Muitos não gostam de malhar em academias, mas é a opção mais prática para se encaixar no dia-a-dia. Os que conseguem encaixar esta atividade no cotidiano ainda contemplam uma minoria “de sorte”, mesmo que seja uma etapa enfadonha do seu dia. Quem aprecia um determinado esporte na maioria das vezes não têm tempo para dedicar-se a ele e o mesmo ocorre com idiomas e variados hobbies.


O hábito da leitura é delicioso, mas a rotina chega a ser tão cansativa que só sobra sono nas horas livres. Ainda existe aquela exigência exterior de estar antenado com a realidade o que nos obriga a nas horas vagas assistir ao jornal na TV, ler uma revista de atualidades e nos encher de informações que como costumo dizer: enchem ainda mais o nosso HD que já anda exausto com tanta informação e cotidiano.


Vivemos dopados quando passamos pela cidade e já estamos tão acostumados com a presença das favelas que a pobreza muitas vezes passa despercebida. O sentimento de estarmos de mãos atadas ante a realidade do nosso país é desesperador, principalmente quando aliado a tanto descontentamento e decepção na política.


Vivemos confortavelmente dopados, pois já nos acostumamos a tanta miséria, corrupção e injustiças e mesmo assim conseguimos nos fechar em nossos mundos ignorando tudo isso na busca pela felicidade.


Por outro lado, se mergulharmos de cabeça na miséria alheia acabaremos deprimidos e ainda assim de mãos atadas. Será a felicidade um reflexo de ignorância e egoísmo? Será o estado de letargia a melhor solução para sobreviver ao cotidiano caótico e acelerado?

Comfortably Numb - Pink Floyd: http://www.youtube.com/watch?v=tkJNyQfAprY

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Delícias Solitárias

Imagem tirada do Google Imagens

Aos carentes de plantão, vim falar hoje sobre a auto-suficiência. Muitos de meus amigos brincam comigo, me chamam de doidinha e autista pela minha capacidade de estar só.

Sempre defendo e recomendo às pessoas que experimentem a delícia de estar sozinho. É completamente diferente da solidão, pois é uma opção e não imposição.

Com a vida social atribulada que tenho, muitas vezes sou obrigada a estar cercada de tanta gente que mal consigo escolher para onde vou ou com quem estou. Talvez por conta disso valorize tanto as horas que posso estar sozinha e sinto um enorme prazer em pequenas coisas, como passar uma hora nadando em uma meditação profunda entre água, sol e azulejos.

Durante a adolescência, ocorria sempre de ganhar ingressos para festas de última hora e às vezes uma única unidade. Super festeira, isso nunca foi um empecilho e lá ia eu... Acho que foi minha iniciação à auto-suficiência. Quando descobri as maravilhas de se ir sozinho a um lugar, ser dona de meus horários e de atos, ficou difícil querer voltar a sair acompanhada para alguns lugares.

Em festas e shows não há nada melhor. Em Salvador existe uma certeza absoluta de que sempre encontraremos alguém conhecido nos lugares. Logo, impossível se sentir solitário. A atitude de ir sozinho a um lugar lhe dá a liberdade de ir no horário que melhor convier e chegando no local perambular sozinho, escolher o melhor lugar para sentar, no caso de encontrar muitas pessoas conhecidas ficar transitando de grupo em grupo, ficando o tempo que considerar pertinente cercada de determinadas pessoas. No caso de não conhecer ninguém pode se juntar a um grupo ou alguém interessante para um papo ou simplesmente ficar observando o comportamento das pessoas socialmente.

De todas as formas é uma experiência muito interessante, agradável e prática. Na hora de ir embora, não precisa esperar ninguém, nem entrar em acordos de horários, nada: quem dita as regras é você mesma.

Se você é uma dessas pessoas que precisa de companhia para ir à esquina, se liberte. Experimente a vida independente, vai ver o quanto ganha no tempo e na realização de suas vontades fazendo as coisas sozinha. Aí vale tudo, desde comprar uma roupa ou um presente no shopping, ir ao cinema, à praia, ao museu, sentar para tomar um café, sair para correr e até mesmo viajar.

No momento que descobrir a delícia de se curtir, dará mais valor aos momentos em que estiver acompanhada, pois serão frutos de opção e não de dependência e sempre que quiser fazer algo que seja de interesse pessoal e intransferível saberá que contará com a melhor das companhias: você!