segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Inversão de Valores em Arquitetura


Eu não quero um quarto assim, mas se você quiser e se te fizer feliz é isso que importa!

Como arquiteta e pessoa altamente crítica há várias questões que permeiam minha mente acerca de minha contribuição para o mundo através da profissão.
Tenho que assumir que me sinto aprisionada por esse título e à medida que o tempo passa esta sensação só faz piorar.

Um arquiteto é um tradutor de sonhos e vendedor de estilo e estética em três dimensões. Com isso, há certa exigência mercadológica por sua própria expressão estética que se expressa da forma mais cotidiana em sua aparência. Quem confia no bom gosto de um arquiteto que anda mal trapilho? Suas roupas acabam se tornando seu cartão de visita – prisão número um: estar agradando esteticamente em termos de moda, mantendo sempre uma boa impressão ou aparência.

Estudamos para sermos “experts” em bom gosto e estilo e somos contratados para traduzir isso. Ocorre que a sociedade adora ditar modas e as pessoas que querem se sentir integradas nos moldes estéticos dela abrem mão de seus gostos pessoas para seguirem padrões. O arqueteto de certa forma fomenta isso!

Preciso confessar que acho TRISTE um cliente que não sabe o que gosta. Em termos de gosto só existem duas opções, ou você olha uma coisa e gosta ou olha a mesma coisa e não gosta. Quando se fala em arquitetura, o gosto do cliente está relacionado com se os amigos vão gostar, se o arquiteto aprova, se é uma tendência atual...

Sonho com um mundo de livre expressão, onde as pessoas assumam seus gostos, vivam felizes com eles sem medo da crítica alheia. Logo, se seu gosto é por uma casa rosa choque com janelas de bolinhas verdes, se quer misturar vários tipos de madeira, pedras, metais, cores e formas e se isso lhe fará feliz, que importa o que dirão os outros? O que dá a um profissional o direito de julgar se é bonito, feio, brega ou chique, só porque estudou anos numa faculdade?

Infelizmente as pessoas perderam a essência de seus gostos pessoais e estão aprisionadas aos estilos vendidos em revistas e mostras de arquitetura. Atuar no mercado de trabalho como arquiteto é tristemente fomentar esse mundo e se sentir engessado!

A minha vontade é de dizer para todos os clientes fazerem suas próprias casas, escritórios e construções da forma que lhes fará felizes. Sinceramente, não precisam de minha opinião para isso. No fundo, sabem tudo que gostam e precisam e quando buscam um arquiteto é para adequar seus gostos às convenções da sociedade e se sentirem mais integrados.

Por fim, acabam confundindo seus gostos pessoais com o que é cansativamente ditado pela moda da estética e passam a vincular sua felicidade à aquisição disso ou daquilo. Assim, complicam suas vidas, atribuem bem estar à estética e grifes e perdem mais tempo tentando agradar e viver de acordo com padrões comuns do que sendo genuinamente felizes com o que possuem ou podem possuir.

Claro que o arquiteto tem o trabalho de pensar no funcionamento dos espaços, mas estes estão tão relacionados com a estética que os valores de funcionalidade se perderam em função da vaidade.

Um pouco de revolta? Talvez... No fundo a perda de valores essenciais da vida me entristece e conviver com isso diariamente tem me deprimido. Se a liberdade é um sonho a prisão pela estética é um pesadelo.

domingo, 14 de novembro de 2010

O Mito do Leite



Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o leite da vaca não é o alimento perfeito para o homem, aquele que “abastece a maioria das necessidades diárias”. Ao contrário disso, existem muitas evidencias que um alto consumo de leite e seus derivados pode ser até perigoso.

É inegável que o ser humano vem consumindo leite há milhares de anos, porém o que chamamos de leite nos dias de hoje tem muito pouco em comum com o leite fresco e orgânico ingerido por nossos ancestrais. A contaminação vem desde a alimentação artificial das vacas, através de rações e hormônios que acarretam em uma super produção de leite.

Sendo assim, o leite utilizado historicamente é praticamente inexistente hoje, de forma que não há como comparar seus efeitos. Oxidação, pasteurização, adição de conservantes químicos e açúcar, até mesmo reciclagem são alguns dos processos que destroem os lactobacilos e as vitaminas presentes no leite in natura, assim como outros nutrientes.

O leite foi designado para ser tomado direto da mama. É o alimento perfeito da natureza para bebês a ser oferecido pela mãe amada. Para bebês humanos, assim como outras espécies, não há nenhuma necessidade de se ingerir leite após o nascimento dos dentes. A natureza é tão sábia que os bebês nascem sem dentes e assim não machucam suas mães durante o período de amamentação. Massageiam a gengiva e transitam gradativamente do alimento líquido para pastoso e depois ao sólido.

O ser humano é o único ser que mama de outro animal e ainda por cima depois de adulto!

Não podemos ser radicais e é claro que ocasionalmente não há problema ingerir pequenas porções de leite, iogurte, queijo ou outros laticínios, principalmente quando de procedência orgânica. Afinal de contas, todos esses alimentos são deliciosos e podem ser tranqüilizantes também.

Em se tratando de bebês, todavia, não há exceções: bebês humanos jamais deveriam ingerir leite de vaca.  Não é a toa que nutricionistas recomendam que seja misturado com 50% de água caso se deseje utilizá-lo como alimentação para um recém-nascido. O consumo de leite de vaca não é uma prática tradicional, o primeiro registro data de 1793. O tamanho do corpo humano cresceu absurdamente nos últimos séculos e a maior causa é o consumo de laticínios e carnes.

Preste atenção:

Um bezerro recém nascido pesa cerca de 60kgs. Ele pesará cerca de 110kgs após um mês, tempo suficiente para o mesmo estar andando firmemente. Esse crescimento rápido requer um desenvolvimento enorme e crescimento ósseo para acompanhar as necessidades decorrentes do peso e da atividade do animal. Por este motivo o leite da vaca contém muito mais cálcio do que o leite humano.

Por outro lado, o leite humano contém fósforo. Este elemento é fundamental para o desenvolvimento cerebral. O bebê humano desenvolve primeiro o cérebro, enquanto o animal desenvolve primeiro sua estrutura óssea. Por esta razão, claramente os tipos de leites para animal e para o humano devem ser diferentes. Alimentar uma criança humana com leite de vaca sem pensar nestas simples ordens da natureza é uma visão deveras simplista.

O leite da vaca contém mais proteínas do que o leite humano. Entretanto, esta proteína encontra-se no estado de caseína, que é uma macromolécula, insolúvel à água e de difícil digestão. Possui tamanha rigidez que na indústria é utilizada como matéria prima para a fabricação de cabos de guarda-chuvas, facas, botões e também adesivos plásticos. Cerca de 50% da caseína ingerida pelo leite é descartada pelo corpo o que reduz à metade a real quantidade de proteína no mesmo. Isso significa que quando as pessoas ingerem laticínios em virtude de seu “alto” teor protéico, estão na verdade se iludindo, já que a absorção pelo corpo é reduzia à metade.

A proteína presente no leite humano é basicamente a lactoalbumina que é solúvel e facilmente digerida. A proteína do leite humano é 100% absorvida pelo bebê, demonstrando assim mais outro grande diferencial no que tange o seu consumo.

No que diz respeito à gordura, ambos os leites possuem a mesma quantidade com a diferença de que o leite da vaca é predominantemente constituído de ácidos graxos saturados enquanto o leite humano contém um tipo de gordura emulsificada estável e homogênea. Um bebê que toma leite materno humano terá mais flexibilidade corporal, assim como maior poder de adaptação ao meio.

O leite humano contém mais lactose do que o leite da vaca. Este é um tipo de açúcar de fácil digestão que auxilia na utilização proteica e absorção do cálcio. O leite da vaca contém, além da lactose, a galactose e a glicose, em altos teores, mostrando uma composição bem diferente do leite humano, resultando em um metabolismo bastante distinto. Vale ressaltar ainda que a lactose possui fácil digestão somente na infância, uma vez que ao crescer, o humano perde grande parte das enzimas responsáveis pela sua digestão: as lactases. Ao chegar na fase adulta, praticamente 80% da população é intolerante à lactose, fato que tem levado a indústria a produzir leites com baixo teor e/ou isentos de lactose. 

Cada forma de leite possui uma reação de pH diferente, pois cada mãe tem uma alimentação e constituição diferentes, o que afeta a sua digestão e a qualidade do sangue. Ainda assim, o leite humano é classificado como sendo alcalino ao passo que o leite de vaca é considerado ácido.

Recentemente, em experimentações laboratoriais para avaliar o teor de ácido lático em leites vendidos no mercado, descobri que este chega a ser três vezes maior do que aquele recomendado pela ANVISA. A legislação estipula uma faixa de 0,14 a 0,18g de ácido lático para uma porção de 100ml de leite. Na amostra que analisei, encontrei 0,38g de ácido lático em 100ml de leite. Isso demonstra não somente que a fiscalização de produtos industrializados deixa muito a desejar, como também que ao ingerir leite, ingere-se também um alto teor de ácido. Sabe-se hoje que diversas condições patológicas e inflamações estão estreitamente relacionadas ao índice de acidez na alimentação. 

O leite humano materno transfere imunidade à diversas doenças aumentando a resistência do bebê a agentes infecciosos e ao mesmo tempo implanta muitas bactérias intestinais benéficas que auxiliam na constituição de uma microbiota saudável. Artigos científicos comprovam que lactentes com o mesmo teor de fibras na dieta (após a introdução de alimentos), tem o índice de constipação muito superior nos casos em que não ocorreu o aleitamento materno. Este dado mostra a importância da amamentação na formação e funcionamento do sistema digestório humano.

No Brasil o consumo de leite é de cerca de 130litros/ano per capta. Isto significa uma média de 360ml por dia que representa, em se tratando de leite integral praticamente 56% das necessidades diárias de cálcio (760mg para uma dieta de 1500cal). Juntamente com o cálcio são ingeridos um excesso de outros componentes através do leite, sendo o cálcio facilmente substituível, assim como a proteína, através de outros alimentos. Esses e outros dados podem ser observados na tabela abaixo.



Para visualizar melhor a tabela, clique nela para aparecer uma versão ampliada, pois não consegui postá-la de forma mais visível no blog. Contra fatos (e números são fatos) não há argumentos. Por isso quando me perguntam como sou saudável sem leite e sem carne respondo que há diversas formas de susbtituí-los. Provavelmente não tão rentáveis para os interesses econômicos que regem à agropecuária, respaldada pela televisão, etc. Acima de tudo, a abstenção desses "alimentos" demonstram uma atitude ecológica de preservação ambiental, além de melhoria da qualidade de vida e saúde.

Obs.: A imagem da mulher adulta mamando (bezerra humana) além de bizarra, sequer demonstra a realidade do consumo do leite, nada natural e sim processado quimicamente das piores formas possíveis. Só tenho uma palavra a dizer: ECA!!!

http://www.youtube.com/watch?v=DTo5TulJLU8&feature=youtube_gdata_player

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

... voltando a escrever



Sumi durante tanto tempo e de repente retorno com duas receitas e nenhum texto. Estive em um período esponja esses últimos meses, tanta informação que precisei um tempo para processar. Aos poucos estou adequando à teoria internacional a minha realidade brasileira e formatando meu HD.

Postei essas duas receitas, pois elas refletem as expressões mais recentes de meu dia-a-dia. A cozinha é meu laboratório, onde faço experimentações alquímicas e comprovo a minha transformação através do alimento.

No início do blog escrevi um texto sobre expressão gráfica de arquitetura e linguagem escrita que venho praticando através do blog. Agora tenho praticado a expressão culinária e tenho que confessar que tem um efeito terapêutico em mim. Nada como manusear um alimento com todo o respeito que ele merece, consciente de sua preciosidade, buscando o equilíbrio através de sabor, saúde e beleza. Depois disso, apreciar esta arte fugaz através de uma mastigação meditativa, tendo consciência de que cada garfada de agora representa um pouco do que serei amanhã.

De agora em diante vou mesclar tudo isso, experiências na cozinha, comunicação neste novo mundo que me cerca mais do que nunca agora e a transformação dos últimos meses em textos meus que traduzem a minha experiência pessoal com a Macrobiótica.

Não sei se já falei desse termo aqui antes, mas significa a arte da grande vida. Viver grande para mim é viver intensamente. Não existe fórmula de bolo para isso, eu realmente me completo através da crença de ser aquilo que como e cuidar de minha alimentação é a mais forte expressão do meu amor próprio. Tem gente que vive isso através do esporte ou algum hobby... O importante é viver uma GRANDE VIDA!!

Viver de uma forma a pensar que se a vida acabasse hoje, estaria plena e satisfeita. Viver os sonhos: trazê-los pro presente ao invés de cultivá-los como algo inalcançável no futuro. Por isso, recomendo a busca de sonhos cotidianos que se somam numa grande vida. Em minha experiência pessoal, quando temos boa saúde e estamos em harmonia com a natureza, conectamos com nossa intuição e potencial e tudo parece mais claro e simples, todo sonho tem ar de realidade.

Então, desejo que cada um encontre seu método e que ao fim todos beijemos o padeiro querido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Agulhão ao Molho de Melancia



Ingredientes:

• 4 postas pequenas de peixe
• 1 xícara de cebolinha cortada na largura de um dedo
• 100ml de sumo de melancia
• 1 colher de sobremesa de caldo de gengibre ralado e espremido
• 1 colher de sobremesa de molho Tamari ou Shoyu (ambos derivados da soja)
• 1 colher de chá de araruta em pó (engrossador natural, pode ser substituído por kuzu e em última instância por goma)

Preparo:

Em uma frigideira colocar o peixe para cozinhar em 50ml do sumo da melancia. Deixe a frigideira tampada. Enquanto isso misture o restante do sumo à araruta e ao caldo de gengibre. Quando o peixe der sinal de que está cozido, abaixe o fogo e acrescente o resto do caldo e movimentando cuidadosamente as postas e o molho até todo o mesmo obter uma consistência mais cremosa. Observe a consistência, se ficar grosso demais, acrescente um pouco de água filtrada. Por fim, adicione a cebolinha e o molho shoyu ou tamari, misture ao caldo e deixe cozinhar de 3 a 5 minutos sem ferver.

Arrume em um pirex ou prato bonito e sirva. Bom apetite!

Obs.: Se o seu fogão não diminuir muito a chama do fogo, é aconselhável colocar uma chapa embaixo da frigideira, principalmente na etapa final, pois tanto to tamari quanto o shoyu perdem suas propriedades com a fervura.

Lasanha Vegetal



Receita para um pirex de aprox. 23x18cm / h=7cm

Ingredientes:

• 5 fatias de pão de forma integral
• Azeite de oliva
• Sal Marinho
• 1 pedaço de abóbora de aprox. 15x15cm
• 1 prato cheio de brócolis
• 5 folhas de acelga
• 1 barra de tofu
• 1 xícara de chá de folhas de salsa picadinha
• 1 xícara de chá de cebolinha picadinha
• 2 dentes de alho

Preparo:

Cobrir o fundo do pirex com fatias de pão (um nível apenas). “Untar” o pão com azeite de oliva e levar ao forno.

Cortar a abóbora em pedaços médios (3x3cm) e colocar para ferver com um pouco de água na parte inferior de um cuscuzeiro. Na parte superior, colocar os brócolis já lavados e separadinhos. Quando a água da abóbora estiver no fim, adicionar uma pitada de sal marinho. (O sal não deve ser cozido por muito tempo, pois perde suas propriedades.) Cozinhar até a água da abóbora praticamente acabar e ela estiver no ponto de ser amassada e virar um purê. A esta altura o brócolis já deverá ter murchado e estar com um tom de verde mais escuro. A vantagem de fazer assim é que qualquer liquido que escorra do brócolis será absorvido pela abóbora e também preparar dois alimentos utilizando uma boca do fogo apenas.

Separar a parte mole da acelga da parte mais dura. Colocar para ferver em uma frigideira com um pouco de água até ficar em uma consistência mais mole, porém dura o suficiente para servir de “camada” em uma lasanha vegetal. A parte das folhas ficará menos tempo na água fervente (cerca de 1 ou 2 minutos) ao passo que a parte dura poderá ficar de 3 a 5 minutos. Depois de pronto, retirar da água e colocar em um prato.

Esmagar a salsa, o alho e a cebolinha em um suribachi (pote cerâmico com um pilão de madeira que serve para moer temperos, preparar molhos, etc.) Quando estiver em uma consistência cremosa (não podendo mais distinguir o que é cebolinha, o que é salsa e o que é alho) acrescentar aos poucos o tofu previamente esmagado com um garfo. Adicionar um pouco de água, até a consistência ficar de um creme grosso. Acrescentar uma pitada de sal.

Cobrir o pão levemente torrado com o purê de abóbora (espessura de aprox. 1 dedo). Espalhar os brócolis em cima do purê, fazendo uma camada verde. Cobrir os brócolis com as partes mais rígidas da acelga e acima as partes mais maleáveis. A última camada será o creme grosso de tofu. Depois de pronto deverá chegar ao nível final do pirex. O prato está pronto, pode servir.

Curiosidades: A vantagem de usar um suribachi ao invés de bater no liquidificador primeiro é a consistência obtida e a possibilidade de acompanhar o processo de forma mais gradativa. Porém o principal benefício é que assim depositamos nossa energia nossa comida, algo mais equilibrado e estável do que a energia elétrica transmitida por um equipamento elétrico à comida.

Esta receita possui o cereal integral do pão, verduras, folhas e temperos com cores diferentes e vitaminas variadas, proteína no tofu, gordura moderada e de qualidade no azeite de oliva e minerais no sal marinho. Aprecie a leveza de um prato fresco, nutritivo e saboroso.