segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Férias do Computador

Aaaai como é bom passar uns tempos offline!! Já tem um tempo que não escrevo aqui e acho que vou ficar sumida por mais alguns dias, provável que só reapareça em 2010...

Fato é que estou tentando tirar férias e isso inclui o computador principalmente. A cabeça continua agitada e cheia de idéias, mas esse verão anda mais sedutor. Prefiro meditar vendo o sol se pôr correndo na orla, ou nadando no mar, piscina... De quebra ainda recebi uma visitinha mais que especial pra aproveitar intensamente.

A quem acompanha isso aqui, gostaria de desejar um bom fim de ano, que se possível desconectem, encontrem aquelas pessoas queridas que na correria do ano não deu tempo e ainda têm aquelas que moram fora e retornam só nessa época do ano, adoro esse clima de confraternizações!! Enfim, matem saudades, aproveitem o verão, etc.

Beijos com carinho!!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

My Least Favorite Things

No início desse blog escrevi um texto sobre minhas coisas favoritas na vida. Como amante nata da vida, tenho que admitir que não foi nada difícil para mim fazer uma lista de coisas que me deixam com um sorriso de orelha à orelha.


Mas, como um ser humano normal há certas coisas que conseguem tirar meu bom humor e querer jogar o pão na cara do padeiro (coitado, não tem nada a ver com isso), mas é assim mesmo, tem dias que sobra para quem não tem nada a ver com nada. A tal da TPM que o diga...

Há pequenas coisas que detesto e que não causam repercussão nenhuma como: morder um pedaço de cebola na comida, ou pedir um suco da fruta SEM açúcar e ao dar aquele delicioso primeiro gole perceber que a pessoa que lhe atendeu sofre de surdez ou burrice profunda. O mesmo ocorre quando peço um sanduiche SEM MANTEIGA e quando chega (parece que o apetite aumenta nessa hora) vejo aquele banho de gordura... Argh!

Aí tem coisas que perturbam um pouco mais como quando roubam nossa vaga naquele estacionamento concorridíssimo. Ou então quando TEMOS que fazer algo que não gostamos de fazer, mas que simplesmente precisa ser feito porque a vida não é feita apenas de prazeres: Fila de banco ou órgão público, providenciar chip novo para celular roubado, trabalhos altamente braçais e sacais, reclamar algo que está errado pelo fato de se sentir lesado ou porque sabemos que devemos lutar pelos nossos direitos... Tem também aqueles dias que criamos uma expectativa enorme para algo que está planejado ocorrer e de repente tudo dá errado, por instantes temos a sensação que tiraram nosso chão.

Claro que para tudo se dá um jeito. Quando temos que mudar o rumo de última hora, às vezes encontramos um plano B que pode se mostrar surpreendente. 'Pras' coisas chatas, podemos melhorar um pouquinho com uma música ao fundo ou uma leitura interessante. Pro suco: pede outro, fazer o que, né?

Nessa vida só não tem jeito para a morte, o resto: tudo passa, tudo muda... Aquilo que um dia parecia um problemão no dia seguinte aparenta como uma besteira. O difícil é conseguir ter essa visão no momento do caos. Para isso, fé na vida!!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

The Sound of Silence

Estava aqui pensando no nascimento deste blog e seu nome e vendo como algo que surgiu com uma proposta tão leve tem ganhado conteúdos com temas que geram discussão, polêmicas, etc. Acho que tudo isso faz com que a gente reflita, questione e só assim o ser humano cresce, muda pontos de vista e assume uma postura crítica e sensata perante a vida, afinal, ele se torna responsável pelo caminho que escolhe trilhar ao invés de seguir o caminho que a massa percorre sem se quer olhar para os lados.


Esta realidade de estarmos cercados por uma maioria imersa na ignorância é de fato triste e graças a Deus me considero uma minoria privilegiada. Não que ache que saiba mais ou menos do que ninguém, mas me sinto feliz por sentir que ao menos questiono o caminho que percorro na vida, sabendo que como um ser humano sou passível de erros, porém tendo em mente que o mais importante desta busca é tentar ser alguém melhor a cada dia para assim ficar satisfeita quanto à minha trajetória de vida e papel na sociedade.

É uma delícia quando encontramos pessoas que compartilham de idéias parecidas com as nossas, principalmente quando elas divergem da maioria. Mas quando isso não ocorre acho que não adianta ficar discutindo tanto... Sou muito jovem e de fato nunca fui revolucionária. Cresci em meio a uma juventude acomodada e questiono o quanto isso refletiu na minha personalidade.

Acho que quando não gastamos nossa energia tentando mudar o mundo, conseguimos focar a nossa pouca energia individual promovendo pequenas mudanças em nosso entorno e isso é muito gratificante, pois o resultado é palpável, servindo como estímulo para que a batalha, mesmo que em doses homeopáticas seja repleta de vitórias consecutivas.
 
Há muito tempo escutei um ditado que concordo plenamente: É preferível ser cabeça de sardinha que rabo de baleia. Até que ponto pessoas que buscam grandes feitos não estão apenas guiadas por uma forte necessidade de reconhecimento e movidas por uma inflação de ego? Acho que grandes feitos resultam da soma de pequenas ações e essas geralmente partem de pessoas que agem pela real vontade de mudança e não em busca de destaque.
 
Não pretendo aqui rotular ninguém, até porque sou contra estereótipos, mas vejo o problema do EGO do ser humano como algo muito prejudicial à sociedade. É ele que leva o homem a se crer como dono de verdades absolutas, com posturas inflexíveis, colocando muitas vezes grandes sabedorias em xeque.
 
Recentemente li um dito oriental antigo que falou algo muito verdadeiro:

- Uma pessoa que não sabe nada tende a mostrar que sabe tudo.

- Aquele que sabe um pouco quer mostrar que é excelente.

- Aquele que sabe tudo, se torna um ser humano comum.

 
Por isso desconfio muito de grandes discursos e valorizo muito o saber do silêncio.

The sound of Silence: Simon and Garfunkel: http://www.youtube.com/watch?v=h-S90Uch2as&feature=related





terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Consumismo Desenfreado

A resposta do autor do texto "Só sei que nada sei" acabou gerando outro texto, segue abaixo.

A falta de equilíbrio do capitalismo vai muito além de ações pontuais de indivíduos, que a meu ver são vítimas de um sistema que vai muito além de seus conhecimentos. O problema do capitalismo esta entranhado no cerne de sua própria concepção, onde para que funcione é necessária uma sociedade “hiperconsumista”. O texto abaixo é bastante elucidativo nesse sentido.

“Nas Origens liberais do ódio pelo liberalismo: o ponto cego da direita

Tentemos primeiramente captar o raciocínio antiliberal em sua pureza de argumentação. Ele parte da constatação de que o mundo das empresas, aquele em que se fabricam e se vendem permanentemente novos e incontáveis objetos, pressupõem que os indivíduos a quem eles de destinam tornem-se prioritariamente consumidores. Isto, por assim dizer, é uma tautologia. Como particularmente as análises de Gilles Lipovetsky, desde o final dos anos 1960, nós indivíduos entramos em uma “sociedade de hiperconsumo” onde potencialmente tudo tende a se tornar mercadoria. Nós não só consumimos produtos industriais, telefones, ou automóveis em maior numero do que nunca, mas a cultura, a política e até a religião, sob muitos aspectos, integraram-se pouco a pouco à esfera do consumismo, e sob formas diversas, o sagrado, o espetáculo, a escola, a ética, o debate público, a questão de sociedade... Ao mesmo tempo em que se desenvolve a atitude dos consumidores esclarecidos, que tentam fazer, tanto quanto possível, escolhas racionais em um mercado cada vez mais universal, o ser humano se vê fragilizado pelo progressivo desaparecimento das esferas da cultura e da inteligência que, ainda há pouco situadas fora do mercado, permitiam-lhe estruturar a existência em torno de referencias espirituais relativamente estáveis.

Para dizer mais brutalmente as coisas: o modelo do consumismo puro é o da addiction, ou vício. Como o drogado que deve continuamente aumentar as doses e encurtar os períodos entre as aplicações, o consumidor ideal seria aquele que compra sempre mais e cada vez mais freqüentemente. Mas há um ponto crucial: para se ter vontade de consumir, é preciso estar em estado de insatisfação, situar-se dentro de uma lógica do desejo que prioritariamente se caracteriza pela carência. E para que o individuo mergulhe nesse estado, é preciso, tanto quanto possível, “livrá-lo” dos valores espirituais e morais – daquilo que Freud chamava “sublimação” – que lhe permitem ter um mundo interior rico e estável o bastante para bastar-se a si mesmo e, data a própria riqueza e estabilidade, não sofrer de permanente necessidade de compra. Se a minha bisavó ainda fosse viva, acharia, sem duvida alguma, os shoppings centers, repletos e transbordantes de produtos tão atraentes quanto inúteis, uma verdadeira monstruosidade, um tempo erguido à besteira e a obscenidade do dinheiro. Pois ela vivia num mundo de valores em que nada disso tinha lugar, em que não era necessário consumir o tempo todo para ser feliz e dar um sentido à vida. Não era “fazendo compras” que o individuo via como se realizar, mas sim no cumprimento de certos deveres com relação a si mesmo e aos outros, que tinham muito maior importância do que essa lógica do desejo originado no vicio. Se nossos filhos tivessem a mesma mentalidade da minha bisavó, não sentiriam a incessante premência de comprar novos objetos: certamente já não teriam possuído, em media nos meios burgueses, cinco celulares e dois computadores antes de completarem 15 anos de idade...

Para essa razão é necessário, vital para as empresas, instaurar, a todo custo nas cabeças uma forma de zapear, sem a qual não há razão para que os indivíduos comecem a consumir como convém para que o mundo “gire”. Esse resultado, que as campanhas publicitárias explicitamente assumem como objetivo, engendra o que certos críticos do “mundo capitalista” já nos anos 1960 denominavam “dessublimação repressiva”: entenda-se, por trás do jargão, a idéia de que a desestruturação dos valores, engendrada pelos comerciais, entrega o indivíduo – a começar pelas crianças, que nesse sentido formam a clientela ideal – a uma lógica de relativa servidão, que é a do consumo rápido. A “dessublimação repressiva” aparece então como acompanhante indispensável do hiperconsumo, sua condição necessária, e para se opor a isso, para constituir um contrapeso, por vezes faz falta também desenvolver, à sombra do mercado, valores que por contraste parecem não mercantis, ou seja, de certa maneira, “antiliberais”.

É onde se localiza uma origem significativa da repulsa que tão amplamente agita uma sociedade como a francesa, já de outras formas programada, dada sua tradição republicana, a recusar a ideia de que tudo pode ser reduzido ao mercado. E isso, acho eu, um homem de direita e consciente do que faz deveria ser o primeiro a compreender. Pois esse fenômeno pouco discutível torna o capitalismo contraditório em um ponto, não mais econômico como pensou Marx, mas fundamentalmente moral e cultural.”


Texto retirado do livro “Família, amo vocês” de Luc Ferry