quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Retorno do País das Maravilhas


Quem não gostaria de viver a personagem de Alice que embarca em uma louca aventura pelo país das maravilhas? Tenho parado para refletir se esse espírito de Beijo no Padeiro não é um mergulho profundo em um mundo maravilhoso e inexistente.

Há um lado meu que vê todas as mazelas do mundo, tristezas e injustiças. Este lado sabe da existência de uma política corrupta, já viveu decepções e perdas e tem consciência de que o mundo está longe de ser cor-de-rosa. Minha outra metade nega tudo isso se apegando a todas as virtudes do mundo.

Sem dúvidas beijar o padeiro é um mecanismo de defesa e tenho me questionado da real necessidade de tirar a minha Alice do país das maravilhas. É uma decisão sofrida e a questão mais importante é se é de fato necessária.

No processo de individuação no qual me encontro esta questão é a mais recorrente em meu lado consciente e também no inconsciente. A criação deste blog é um exemplo disso, seu nome e contexto surgiram de forma espontânea fruto do meu inconsciente e sua perpetuação tem me trazido grandes inquietações. Trata-se de uma mudança que alterará certamente aspectos de minha personalidade e o maior desafio é desligar-me desse país maravilhoso e continuar beijando o padeiro. Seria isso possível ou mergulhar na realidade é sinônimo de sofrimento?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Felicidade

O tema da Felicidade é recorrente em todo o mundo. Quantos livros encontramos sobre formulas da felicidade nas livrarias? Eu pessoalmente não acredito em fórmula para a felicidade. Cada um tem seu jeito de ser feliz, que normalmente pode ser adaptável a várias realidades...



Esta tarde trabalhei na varanda de minha casa, sentindo uma brisa do vento e escutando o canto dos passarinhos... Isso para mim é felicidade.



Felicidade também é morar em uma cidade com pouca variação de temperatura, ter basicamente o mesmo guarda-roupa o ano inteiro e poder freqüentar a praia e o clube no inverno como se fosse verão.



Felicidade é ter amigos para ir ao shopping, teatro, cinema, museu, buteco, restaurante chique ou espelunca, pedalar, jogar cartas, discutir um tema, um livro ou filme. É simplesmente se divertir por estar bem acompanhado onde quer que seja.



Felicidade aqui no Brasil é não ter que fazer faxina nem lavar roupa, encontrar tudo limpinho e pensar que está dando uma oportunidade de trabalho para alguém que precisa. Felicidade na Europa é fazer faxina escutando uma musica animada e pensar que em compensação pode andar pela rua de madrugada sem medo de ser assaltada.



Felicidade no Brasil é poder andar em um carro com ar condicionado e chegar não-suada e segura nos lugares e em compensação ter que pagar gasolina, seguro, IPVA, manobristas e estacionamentos. Felicidade na Europa é ir a pé ou de transporte público para os lugares porque carro é barato mas não tem onde estacionar...



Felicidade no Brasil é estar impecável com unhas, depilação e sobrancelhas feitas. Felicidade na Europa é fazer de “fazer as unhas” uma programação divertida entre amigas, entremeadas de papos e cervejinha sem deixar borrar nada!! Felicidade na Europa é não fazer nada disso e nem se preocupar, lá ninguém ta nem aí pra nada mesmo...



Felicidade no Brasil é sair e se sentir em casa, escutar seu idioma por todas as partes e sempre encontrar um conhecido ou amigo de conhecido onde quer que se vá... Felicidade na Europa é o anonimato gostoso de ser gringa, sair sem dever nada para ninguém, raramente encontrando alguém conhecido...



É tão fácil ser feliz. Para muitos algumas coisas que enumerei são tão básicas que nem conseguem ver como motivos para se sentirem felizes. São pessoas que relacionam dinheiro à felicidade e crêem que precisam de coisas tão surreais para serem felizes que não conseguem se satisfazer com o básico do conforto. Precisam trocar de carro todo ano, comprar roupas novas a cada estação, freqüentar os lugares da moda, fazer viagens caras e viver num ciclo capitalista vicioso. Estas pessoas são aquelas que se queixam por tão pouco, que encontram problema em tudo enchendo os consultórios dos terapeutas com depressão.



Se dinheiro comprasse felicidade a Suíça não seria campeã em suicídios e o povo brasileiro não andaria sorrindo a toa por ver um gol de seu time na televisão, por poder ir à praia ao domingo, por fazer um sambinha na laje e jogar uma peladinha em um campo abandonado. Felicidade é a decisão de querer aproveitar o melhor que a vida pode oferecer dentro de sua própria realidade. Sejamos todos felizes!

http://www.youtube.com/watch?v=_mQHr8bAojU

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O papel da família nas sociedades modernas

O que sua família representa para você? Seus pais e irmãos são seus melhores amigos, ou prefere recorrer a outras pessoas?

Família é uma coisa interessante, somos colocados no mundo para conviver com pessoas que não escolhemos e ao mesmo tempo são essas mesmas pessoas que amamos antes mesmo de existir. O amor incondicional dentro de uma família é algo natural e ao mesmo tempo louco pela forma espontânea como ocorre.

Existem também relações conturbadas em família que uma visão espírita explicaria como algo cármico, como missões não resolvidas de vidas passadas entre pessoas que retornam em outras vidas no mesmo núcleo familiar para passar por provações. Não gosto muito de discutir este tema de vidas passadas, pois, acredito que se tivéssemos que lembrar o que ocorreu (se é que ocorreu) em outras vidas ou saber o que acontecerá quando morrermos, saberíamos. No entanto, não sabemos e por isso acho que já temos acesso há muitas coisas concretas na vida para ficar elucubrando sobre o abstrato.

Penso que relações conflitantes, sejam em família, com amigos ou no trabalho, servem como oportunidades para o crescimento pessoal de cada um. Em um lar é uma ótima chance de estabelecer limites e acentuar o respeito ao próximo.

Nas sociedades modernas, entretanto, as famílias convivem cada vez menos. O feminismo tirou a mulher de casa, agora ela trabalha o dia inteiro. O papel do pai sempre foi o de provedor e a idéia do homem fora de casa já faz parte do inconsciente coletivo no contexto familiar. As comidas estão cada vez mais práticas e as refeições (quando ocorrem) também. O papel da dona de casa foi tão massacrado como uma tarefa acéfala, que está deixando de existir nos lares o principal elo entre os seus membros, a pessoa que promove refeições com cuidado e critério, cuidando do cardápio, da organização dos espaços, estando sempre a par da educação dos filhos nos mínimos detalhes...

A geração “fast food” se transformou na geração “fast life”, pois hoje não só a comida precisa ser rápida e sim todo o cotidiano. Hoje não há tempo de selecionar frutas para um suco, toma-se refrigerante, não há tempo de orientar filhos a praticarem esportes (e os apartamentos estão tão pequenos que não há sequer espaço para uma criança correr e brincar), não há tempo de se tomar a lição de casa, de saber quem são os coleguinhas da escola, se quer de dialogar. As famílias estão vivendo no automático, muitas vezes com os pais provendo infinitas necessidades materiais em detrimento (como forma de compensação muitas vezes) da atenção aos filhos que está cada vez mais escassa.

Quando pensamos na estrutura física dos lares das classes mais abastadas, vemos que hoje a tendência é que cada filho tenha sua suíte, já não se dividem quartos, quiçá banheiros como antigamente. Os dormitórios estão cada vez mais equipados com computadores, televisores, DVDs, vídeo games, aparelhos de som, frigobares... Ninguém precisa negociar o canal assistido na TV ou o uso do computador e do DVD, se quer sair do quarto. Tudo isso me leva a crer que as famílias mais simples, que não podem ter tanta segregação de espaços e equipamentos são as que terão as maiores chances de serem harmoniosas, felizes e coesas.

Vejo que os avanços tecnológicos aliados à pessoas com melhores poderes aquisitivos, estão criando uma nova geração cada vez mais individualista, egocêntrica e intolerante, com pessoas que desde a infância são acostumadas a não dividir sequer espaços, quiçá objetos. Como poderão viver em sociedade, trabalhar em equipe ou formar uma família no futuro? Os divórcios têm sido cada vez mais frequentes, na geração dos meus pais ainda vejo uma maioria de pais casados (porque sou caçula), mas tenho observado que na geração de pessoas a partir de 10 anos a menos que eu o normal tem sido filhos com pais separados.

Toda esta “evolução” da humanidade está levando à modernização ao extremo das famílias, onde, pelo andar da carruagem, raras serão as famílias no futuro e comuns serão as produções independentes... Haja psicólogo no mundo para cuidar de tanta gente sem referência!
Família: http://www.youtube.com/watch?v=NME3l2MvpnM

Razão X Emoção

A discussão entre Fé X Religião do último texto que foi postado previamente no Blog da Liga da Virtude gerou uma pequena polêmica que levou o tema para outro tema: Razão x Emoção.


Acho que já deu para perceber pelo tom de meus textos que sou uma pessoa essencialmente guiada pela emoção. Obviamente que todo mundo precisa ter um lado racional, ele é o nosso alicerce, o que mantém nossas raízes fincadas no solo.

Mas o que seriam das arvores se apenas tivessem raízes? A beleza delas está justamente no exterior, no tronco, folhas e frutos... É isso que ocorre com a nossa emoção é o que nos torna belos, o que nos faz expandir, sonhar e sorrir.

Estas duas realidades provocam uma guerra interna de dois mundos opostos, como se um anjinho e um diabinho vivessem em um duelo eterno. O diabinho que ir para festa, curtir a vida, avisa que ela é passageira e que não há tempo a perder. O anjinho tem referencias de pessoas bem sucedidas, trabalhadoras, focadas... Fazer uma conciliação de idéias destes dois personagens é muitas vezes uma tarefa árdua.

Volto à idéia do equilíbrio. A diversão eterna não tem o menor sentido, o ser humano precisa criar referências na vida, seja através de uma pesquisa, da publicação de um livro, da educação de um filho ou da execução de um projeto. É o misto de emoção (sonho de realizar) com razão (força de vontade para não desistir nas etapas difíceis) que faz com que se concretizem as idéias. Um fator muito importante no processo é sempre permear as tarefas chatas cotidianas com outras prazerosas, assim uma completa a outra.

Por fim, acho que elas são complementares, agir de forma é 100% racional é sempre muito sofrido, pois para isso é preciso abrir mão dos maiores desejos humanos que vem do lado emocional. Por outro ângulo, quando nos deixamos guiar 100% pela emoção as vezes cometemos excessos que podem vir a ser muito perigosos e trazer conseqüências danosas. Portanto, eu fico em cima do muro nesta questão.

Fé x Religião


A leitura do texto sobre Fé x Razão no blog Liga da Virtude me fez querer discutir outra coisa: Fé x Religião. Em minha percepção são idéias distintas. As pessoas podem não seguir uma determinada religião, mas podem captar os ensinamentos que lhes pareçam mais interessantes em diversas religiões e estabelecer suas próprias doutrinas de viver baseadas no bem.

Infelizmente a religião não seguiu o seu propósito de união, vinda do verbo “religare” do latim. Os seres humanos deturparam a essência da religião quando perceberam nela uma ferramenta de força e poder, utilizando-a de formas negativas. Assim, foram criadas diversas religiões e o que deveria “re-ligar” as pessoas, fez surgir blocos de doutrinas e pensamentos segregados.

Não vou discorrer sobre religião, pois este não é o foco deste texto. O que venho defender aqui é a Fé. Esta é uma das palavras mais fortes e presentes na vida de quem busca a felicidade. Fé pode ser em qualquer coisa... Fé que você vai conseguir correr 42km, fé que vai concluir um trabalho com sucesso, fé que um membro da família vai se curar... A fé não é mais do que acreditar, com bastante força, de que algo que se deseje muito irá de fato ocorrer com sucesso.

Algumas pessoas atribuem a conquista de seus desejos de fé a Deus. Para mim Deus é uma ilustração da força de vontade humana... Quando se diz que a fé move montanhas, nada mais é do que a força do homem focada em algo com muito vigor e desejo.

Adoro ler sobre grandes aventuras humanas e vejo a fé presente nas conquistas de homens que se depararam em situações onde só existiam eles, a natureza (com toda sua força e adversidades), a vontade de sobreviver e superar obstáculos e ninguém para contar. Nesta hora estas pessoas são regidas pela FÉ DA SOBREVIVÊNCIA. Por causa dela, podem ficar dias sem comer e mesmo assim ter forças para superar obstáculos que a ciência não explica.

Poderia dar INÚMEROS exemplos de fé aqui, de experiências pessoais, com amigos e relatos e livros que li. Vou comentar apenas um que, para mim, é uma das estórias mais impressionantes de força humana e fé. Esta é a história de Shackleton. Foi a fé na vida que fez com que ele e sua tripulação completa sobrevivessem, apesar da escassez de comida, abrigos, referências e frio encontrados na Antártida no início do século passado. Recomendo esta leitura, é um exemplo de fé, determinação, coragem e liderança, além do enredo emocionante: A Incrível Viagem de Schackleton.

A fé na cura também é algo impressionante. É lindo ver pessoas reunidas em prol de ajudar a salvar a vida de alguém, seja através de doações, preces, conversas ou sorrisos. Esta energia dividida entre pessoas que amam alguém e desejam o seu bem é um ensinamento genuíno de amor e união através da fé. A fé une pessoas, independente de cor, raça, idade, classe social e religião – esta união vem da idéia comum, pensamentos positivos e ações em prol de ajudar o próximo. É uma pena que muitas pessoas só recorram à fé em momentos de desespero. É justamente nestes momentos, entretanto, que fica clara a idéia de que somos todos iguais e a união de forças é a melhor forma de vencer barreiras, principalmente na luta pela sobrevivência.

O que defendo não é a religião em si e sim a RELIGIOSIDADE, aquela voltada para o bem, que ama o próximo como a si mesmo.Conheço pessoas que vão à missa todos os domingos e, no entanto, adoram uma fofoca e não têm uma postura religiosa na vida. Conheço outras ATÉIAS que negam a existência de Deus e têm uma conduta exemplar de humanidade. Não existe um código que determine se ser religioso ou não faz as pessoas melhores ou piores. Acho que a bondade e o amor estão no coração de cada um. Cabe a cada pessoa expressar isso como sentir que é melhor. A religião pode servir apenas como ferramenta para uns... Cada um tem seu meio, não julgo nenhum.

Gilberto Gil: Andar com Fé





quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Desmistificando Exu

Quando se ouve falar em candomblé a figura de Exu para os leigos geralmente está ligada à idéia de algo demoníaco como uma entidade que deva ser execrada da humanidade. Hoje resolvi dar uma de advogada do “cara” por uma simples questão de empatia com o sujeito...

É dito que diferente dos demais orixás, Exu não tem uma data no calendário, que todos os dias são dele, mas sinceramente tenho sérias desconfianças de que seja ariano (talvez daí venha a minha identificação). Na minha cabeça é um destes questionamentos como se Deus é Brasileiro. Sua força é inegável, notada pelo simples fato ser representante dos 365 dias do ano.

Como não se identificar com Exu? É o orixá que está mais próximo da realidade humana e por tal motivo considerado o Orixá das Causas Materiais. Assim como ocorre no signo de Áries, seu elemento é fogo e suas características todas remetem a uma personalidade forte e intensa.

Então, se você antes o repudiava sem sequer conhecê-lo, sinto lhe dizer, mas Exu está ao seu lado o tempo todo e é melhor querê-lo por perto e como amigo, pois a vida sem ele seria muito vazia.

Exu está na personalidade de quem é crítico e original, em pessoas que não ligam muito para opiniões alheias... Ele é um bom vivant, adepto da lei do menor esforço, melhor amigo das horas de lazer, em suma: o melhor companheiro das baladas. Exu é Yang, é calor humano, quentura, verão, multidão, carnaval, estádio de futebol. Ele está presente no grito de GOL, no namoro, no desejo, na paixão, na gula, na gargalhada, no abraço apertado e nos prazeres mais intensos e instintivos da vida.

Como todo Yang tem seu Yin, com esta figura não podia ser diferente. Rei dos excessos: encontramos Exu também nos vícios, nas substâncias tóxicas, na bagunça, na raiva, na vingança, no ciúme e na preguiça. De fato, estas características não são nada positivas, mas discordo de quem quer resumir Exu a elas. Como força dos extremos, ele está presente no bem e no mal e cabe a cada um de nós saber extrair o melhor dele, afinal até mesmo o poder do livre arbítrio é guiado por Exu: símbolo da ligação entre o que há de mais obscuro e mais claro no ser humano.


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Santa Verena

Hoje é dia de Santa Verena por isso resolvi dedicar este texto à minha avó paterna, falecida ha 10 anos, deixando recordações que se perpetuarão para sempre em minha memória.

Anna Verena é um exemplo de alguém que beijava o padeiro constantemente e sem dúvidas uma das grandes referências femininas que tive na vida. Sempre tive uma forte identificação com ela e carrego com orgulho alguns de seus traços, seja na mania por sapatos, por adorar adereços exagerados, por não resistir a uma “muvuca”, pela facilidade em trocar o dia pela noite, pela vida social agitada, por detestar manteiga e ter aprendido a gostar de mamão na raça, por não gostar de me amolar ou simplesmente por ser uma loira morena no verão.

Nos quinze anos em que convivi com ela, nunca vi alterar a voz ou se queixar de alguma coisa. Tudo para ela era formidável - acho que me lembrarei dela pelo resto dos meus dias quando falar esta palavra. Com seu jeito doce e carinhoso de ser, viveu sua vida sem amolações (rainha dos panos quentes), distribuindo simpatia por onde passava. Querida, era o que simplesmente era. Desconheço uma pessoa que não a adorasse, mulher ingenuamente amável com todo mundo que cruzava seu caminho.

Acho que o mundo de minha avó devia ser cor-de-rosa, pois, para ela ninguém tinha defeitos. Um exemplo de mulher forte, que passou por sérias dificuldades na vida, sempre fazendo o jogo do contente de Polyana (mais uma lição que aprendi com ela) e com uma fé inabalável.

Lembro-me de que sempre que ia visitá-la encontrava-a descalça, vestida com uma túnica que ia até os pés, totalmente suja de tinta advinda de seus artesanatos. Quando de repente entrava em seu quarto para se arrumar para algum evento e reaparecia exuberante, cheia de cores, jóias, colares, pulseiras, com um brilho que gordura nenhuma jamais foi capaz de ofuscar. Verena era isso, simplicidade e sofisticação com simpatia constante.

É esta lembrança que guardo dela, de uma mulher alegre, bem humorada, cheia de vida, disposta, delicada, de extremo bom gosto, agradável, deslumbrante e humana. A saudade que sinto dela vem me acompanhando ao longo destes anos. Minha avó se foi cedo demais, antes mesmo de conhecer algum namorado meu ou de eu ter idade suficiente para ser sua companheira em eventos sociais (e vice-versa). A cada noite virada na faculdade, imaginava o quanto ela curtiria me ajudar nas maquetes e como algo que sempre detestei fazer teria sido divertido ao seu lado.

Prefiro não questionar as razões da vida, pois, mesmo tendo partido prematuramente viveu tempo suficiente para deixar um legado de alegria e exemplos de fé, bondade, humildade e amor a serem lembrados eternamente. Por tudo isso, sua memória estará sempre viva por onde passou e entre aqueles que a amavam.