sábado, 30 de junho de 2012

Participação Brasileira no Never Seconds


Em 23 de maio fiz um post comentando sobre a iniciativa da blogueira escocesa que decidiu fotografar seus pratos na escola... http://www.beijonopadeiro.com/2012/05/never-seconds-blog-surpreendente.html Na ocasião a repercussão já estava enorme. Agora conseguiu mobilizar o mundo e arrecadar cerca de R$320 mil reais para ajudar comunidades onde a pobreza impede que as crianças vão à escola e irá financiar a construção de uma cozinha numa escola na África. É apenas o começo de um lindo projeto!!!

O site conta com participação de crianças de todas as partes do mundo que enviam fotos de suas refeições escolares e compartilham peculiaridades de seus diferentes costumes alimentares. O pai de Marta está entusiasmado com a ideia de ter a participação brasileira no blog, desde que os posts sejam enviados para ele em inglês para o e-mail: neverseconds@gmail.com. 

Estou completamente fora do meio acadêmico infantil, mas trabalho com a área de alimentação e saúde adoraria participar do projeto. Coloco-me então inteiramente à disposição para fazer esse link, traduzindo e enviando os textos para o site. Logo, se alguém tiver contato com pessoas do meio acadêmico que tenham interesse em colaborar, pode contar comigo como tradutora e interlocutora! Meu e-mail é camila.lisboa@gmail.com. 

Tive algumas experiencias palestrando em colégios públicos em Salvador e pude acompanhar de perto o estado crítico das merendas escolares nesse país. Vou entrar em contato com a pessoa que me vinculou a esse projeto em Salvador e gostaria de pedir a ajuda de quem tiver interesse em colaborar. As crianças de nosso país estão precisando de um estímulo desses!!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Entrevista: Adriana Lacerda (Teté)



Mudar hábitos alimentares não é nada fácil. Pensando nisso, resolvi compartilhar depoimentos de outras pessoas aqui no blog, pois acredito que exemplos servem como ótimos estímulos.

A entrevistada de hoje é a blogueira Adriana Lacerda, do site: www.escapismogenuino.com.br. Mais conhecida como Teté, esta taurina é uma viajante insaciável, apaixonada por uma boa gastronomia. Com apenas 29 anos, tem 43 países no seu currículo e já fez 12 mudanças. Não é de espantar que um pecado frequente em sua vida seja o da gula e que os cuidados com a balança sejam constantes.

Não precisa viajar muito para saber que manter um estilo de vida saudável e controlar o peso, saindo frequentemente da rotina e tendo muitos estímulos a conhecer sabores novos é uma tarefa bem complicada. Se você já se viu nessa situação, saiba que não está sozinha: aprenda um pouco mais com as dicas de quem é escolada no assunto. Boa Leitura!

Qual é o seu maior pecado gastronômico?
Muitas coisas, mas normalmente esses “pecados” acontecem comendo fora em restaurantes ou experimentando novos pratos durante viagens.

Qual a comida mais exótica que já provou? Onde foi?
Sushi de cavalo, sushi de baleia, baiacu (venenoso), todos no Japão.

Qual o seu prato/comida saudável predileto/a?
Quinoa

Pratica atividades físicas? Qual?
Corridas e caminhadas

Tem gente que quando viaja desregula a função intestinal. Com a frequência com que viaja isso seria um desconforto e tanto para você. Já teve algum problema desse gênero? Tem alguma dica?
Já tive, várias vezes. Minha dica é comer mamão e linhaça dourada.

Alimentação em viagens é sempre passageira e fácil de adaptar, por mais exótica que seja. E em suas mudanças? Teve alguma adaptação difícil?
Tive, na Espanha conseguia comprar comida orgânica e natural a preços acessíveis, quando me mudei, tive dificuldade de achar esses ingredientes e quando achava era a preços proibitivos.
Aqui no Brasil encontro, mas a preços bem altos.

Dificuldade de encontrar ingredientes legais, por exemplo?
Alguns ingredientes asiáticos como algas.
DICA (Para quem também tem dificuldade em comprar algas e produtos asiáticos): Tenho comprado muito pela internet em sites como o da Asia Shop, resolveu muitos dos meus problemas com grande comodidade!

Saudade absurda de alguma comida (nível: desejo de grávida)?
Não, me adapto a o que tenho, ao que encontro onde vivo. Posso sentir saudade de alguma comida que tinha fácil acesso em outro país, mas nunca é um desejo assim tão forte. Sempre encontro coisas gostosas aonde estou.

Qual e como foi a sua pior experiência gastronômica em viagens?
No Japão comendo nato – feijão fermentado, ou seja, quase podre. É horrível.

Roda o mundo e chega sempre à conclusão que nada como o tempero da casa da mamãe (que por sinal, soube que manda muito bem na cozinha)?
Rodo o mundo e chego a conclusão que nada como uma “comida de panela”, comida caseira, feita com carinho, com a preocupação com a saúde. Mas minha mãe cozinha muito bem sim!

Alguma culinária predileta ou é muito difícil escolher? Baiana, japonesa, italiana, francesa, espanhola...?
Adoro todas, tudo tem seu momento. Adoro a tailandesa e a indiana, mas curry todo dia não dá. A francesa tem muita manteiga, também não é saudável para comer sempre. Na minha opinião, a melhor culinária das Américas é a Peruana, da Ásia é a tailandesa e da Europa, a espanhola. Mas pra comer no dia a dia, gosto de uma boa salada, verduras e grãos, tudo bem saudável.

E na cozinha? Alguma especialidade? Topa dividir uma receita bacana?
Cozinho de tudo um pouco. O risoto de abóbora e peixe com curry e banana são bem elogiados. Não sou muito de seguir receitas, é quase tudo no improviso, mas quando encontro uma receita, muitas vezes adapto com ingredientes mais saudáveis, como arroz integral e sem manteiga.
Risoto de abóbora:
Douro cebola e alho com muito pouco azeite.
Cozinho a abóbora em pedaços com água e especiarias: curry, páprica, cardamomo, canela, cominho, gengibre fresco sal e pimenta.
Jogo o arroz integral.
Vou regando com água temperada.
Depois coloco parmesão ralado na hora em cima.

Você passou um período de sua vida seguindo uma dieta vegetariana, algum motivo específico?
Pela saúde. Li bastante sobre os efeitos nocivos de comer carne.

Acredita que a paixão por viagens e gastronomia tenha interferido no retorno aos hábitos onívoros?
Muito. Viajando bastante, comendo na casa das pessoas, é difícil seguir. Muitas culturas (inclusive a nossa) não servem opções vegetarianas.

Como foi o seu retorno ao mundo das carnes? Sentiu alguma diferença?
Hoje em dia como pouca carne no meu dia a dia. Como peixe com regularidade. Carne vermelha só em alguns restaurantes mais gourmet ou se estiver em alguma experiência gastronômica em um país, como comer cordeiro no Egito – é uma experiência. Acho que a diferença você percebe não só tirando a carne, mas também farináceos e o álcool. O interessante é o que faz parte da regra e da exceção. Quando carne e álcool não fazem parte do dia a dia, só nos finais de semana, já ameniza.

Se tivesse que escolher entre ter um personal chef em casa ou uma massagista à disposição, qual seria sua opção? Por quê?
Personal chef, porque priorizo o equilíbrio dos alimentos. Posso substituir a massagem com uma caminhada, uma leitura.

Qual sua relação com bebidas alcoolicas? E as preferências?
Adoro cerveja e vinho. Principalmente cervejas artesanais e especiais, as quais tenho lido e aprendido bastante. Adoro vinho com uma comida especial. Mas não fazem parte da rotina durante a semana, são para programas nos finais de semana. Seria difícil abrir mão totalmente dessas bebidas, pois sou apreciadora de ambas.

Qual o peso que elas têm em sua vida social?
Tem um peso grande, pois minha vida social (nos finais de semana) normalmente é sair para comer, ou fazer jantares com amigos na casa de alguém. Ou seja, quase todo final de semana estou bebendo cerveja ou vinho. Sonho em fazer um período de desintoxicação. 


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Matéria x Energia



O conceito de matéria é milagroso se formos pensar na estrutura química de um átomo, afinal de contas, a matéria nada mais é do que a reunião de moléculas, que por sua vez, são formadas de átomos. Estes átomos são basicamente constituídos por espaços vazios, então o que é compreendido como matéria, nada mais é do que um grande espaço vazio.

Para deixar o exemplo um pouco mais preciso, encontrei uma ótima comparação: “Se o núcleo de um átomo fosse do tamanho de um limão com um raio de 3 cm, os elétrons mais afastados estariam cerca de 3 km de distância.” O núcleo constitui a parte mais maciça de um átomo, o resto, como pode ser observado, é composto por grandes espaços vazios. Os elétrons por sua vez, movimentam-se ao redor do núcleo apresentando um potencial de instabilidade que permite que “saiam e entrem” de suas órbitas, compartilhando energia com seus “vizinhos”.

Percebe-se então que a matéria não passa de grandes espaços vazios, repletos de elétrons, que nada mais são do que partículas energéticas em constante movimento. Esse conceito é o mesmo para formar tudo que conhecemos como palpável e até não palpável como o ar. Pensando desta forma é fácil entender que a vida não passa de um aglomerado energético e a sua manutenção depende da forma como lidamos com esta energia.

Pode-se notar todo tipo de energia na terra. Desde as mais pacíficas como a água de um lago até as mais fortes como as águas que caem de uma cachoeira ou que são transformadas em eletricidade em barragens de hidrelétricas. Como ignorar a força energética que permeia o universo quando ela é a propulsora da vida e do desenvolvimento na terra?

Incrivelmente muita gente, acende uma luz em casa todos os dias e ignora completamente o fato de que a energia que move o mundo é a mesma que gera a vida. O corpo humano é constituído basicamente de energia, que se alimenta de tudo que faz com que seus átomos combinem-se na forma de moléculas, movimentem-se e interajam-se.

Tudo que comemos, pensamos, bebemos e fazemos fará nossas moléculas propagarem energia na forma de ondas eletromagnéticas. Alimentar o corpo, a mente e o espírito é definir a forma como desejamos movimentar essas partículas. Esses movimentos se manifestam na forma de vida.

O que é um câncer? A formação e multiplicação desordenada de células que chegam a perder características dos tecidos que as constituem, tornando-se “espécies” absolutamente caóticas e indefinidas. A formação desse tipo de célula nada mais é do que o reflexo do movimento energético de determinado corpo afetado por pensamentos, comportamentos, estresse e combustíveis sem harmonia, que se chocam de forma desordenada pelo corpo, fazendo-o perder a sua homeostase.

Infelizmente não temos como controlar o ar que respiramos e esse é o combustível MOR do corpo, afinal respiramos infinitamente mais do que comemos ou bebemos. Mesmo assim, é possível tentar buscar uma melhor qualidade de ar estando próximos da natureza, respirando mais ar fresco ao invés de monóxido de carbono ou ar condicionado, por exemplo.

A mente, por sua fez, se alimenta de pensamentos, que pode ser também controlado. É opção de cada indivíduo escolher uma predominância de boas ideias e estado de espírito, como gosto de ilustrar com o título do blog, beijando o padeiro. Claro que o ser humano não é monofásico e não vive só de coisas boas, entretanto, pode tentar controlar o impacto e prevalência que permitirá com que a energia negativa se manifeste em sua vida.

A alimentação e ingestão de líquidos, entretanto é de total escolha do homem. Claro que nos dias de hoje, poucos são os privilegiados que podem se dar ao luxo de viver daquilo que plantam e colhem, interagindo com todo o ciclo da vida. Mesmo assim, pode-se escolher a procedência do que se come, a forma de manusear um alimento e também de mesclá-lo, formando combinações alquímicas que podem funcionar como bálsamos ou como bombas!

E então, você quer explodir o seu corpo ou tratá-lo com amor e carinho?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Bifum


Bifum (macarrão de arroz) com molho de camarão e brócolis; salada prensada de repolho e cenoura; talo de agrião refogado

Bifum (rice pasta) with shrimp and broccoli sauce; pressed carrot and purple cabbage; sauteed watercress stems

terça-feira, 26 de junho de 2012

Seu destino em suas mãos


O pai da macrobiótica no ocidente, George Ohsawa, falava em três caminhos para uma boa saúde, sendo eles: físico, mental-emocional e espiritual. Segundo ele, a saúde vem primariamente do lado espiritual antes de qualidades físicas e mentais. A saúde espiritual e infinita apreciação da vida levam à saúde mental e física. Sendo assim, pode-se aprender a melhorar e fazer crescer o estado de saúde ao longo da vida. Essa ideia vai de encontro à filosofia da vida moderna, onde se acredita que a saúde é algo inevitavelmente perdida com o passar dos anos. Sendo assim, adoecer não é uma fatalidade a qual temos que nos preparar e esperar.
Para mim não é difícil acreditar e visualizar estas ideias. Tive o privilégio de ter bisavós que chegaram perto dos 100 anos e até uma que ultrapassou esta idade, morrendo serenamente de velhice e não de doenças. Vivemos em uma sociedade tão enferma, que exemplos assim, tem se tornado cada vez mais raros, cedendo lugar a mortes por infartos e cânceres e velhices débeis à base de fármacos.
Apesar de soar como uma mudança de paradigmas em tempos modernos é importante ter em mente que a saúde é mais natural do que a doença. Em muitos casos, passam-se anos desperdiçando a saúde e perdendo contato com diversas formas de vida. É comum que se perca a saúde gradativamente e que esse declínio gradual não seja percebido até que ele se torne forte o suficiente para abalar uma rotina. Enquanto isso se tapa buracos com a ajuda da indústria farmacêutica. Por outro lado, pode-se ter um progresso incrível quando se decide melhorar a qualidade da saúde. Afinal de contas, querer é poder.  
O livre arbítrio é o poder mais soberano da raça humana. Dentre os sete postulados do universo, da filosofia macrobiótica, existem dois que acho fundamentais. “Tudo que tem frente, tem dorso. Quanto maior a frente, maior o dorso.” Essas frases explicam curas miraculosas de pessoas à beira da morte que resolvem mudar seus hábitos e obtém progressos incríveis. Alguns mantêm os bons hábitos adquiridos e seguem uma linha ascendente de melhora da saúde. Outros, entretanto, acham-se “curados” e resolvem voltar a abusar da saúde. Nestes casos o ditado é certeiro e o rebote costuma ser intenso, quando não fatal.
E você? O que tem feito do seu livre arbítrio? Está atento à sua curva da saúde? Tem trabalhado em sua melhora ou piora gradual? Já pensou no poder que tem nas mãos em definir o seu próprio destino?


Para mais sobre os postulados do universo, clique nos links abaixo:
http://www.beijonopadeiro.com/2009/11/yin-e-yang-alguns-conceitos-basicos.html
http://www.beijonopadeiro.com/2010/09/relembrando-os-sete-principios.html

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Juntos / Together



Divertido / Fun



Arroz integral com banana da terra e gersal; feijão carioquinha com nabo, cenoura e pepino; barata barôa e raiz de lotus

Brown rice with plantain and gomasio; pinto beans with daikon, carrot and cucumber; arracacha and lotus root

Croutons


Acelga prensada com broto de alfafa levemente ao vapor, croutons de pão integral e molho de maça, limão e kuzu

Pressed Chinese cabbage with quick steamed alfafa sprouts; croutons; lemon + apple + kuzu sauce

Cores e Formas / Colors and Shapes


Abóbora cozida com alecrim, com broto ao vapor e caldo de alecrim; lotus cozida com orégano fresco; kabu no sal; cenoura crua; nirá refogado com tofu e shoyu

Squash cooked with rosemary; alfafa sprouts; lotus cooked with fresh oregano; turnips on salt; raw carrtos; sauteed chives with tofu and shoyu

sábado, 23 de junho de 2012

Saúde Planetária x Saúde Individual (parte 3)



Ontem li um capítulo do livro Anticâncer, e não resisti em compartilha-lo aqui no blog. Nele, o autor, repete em outras palavras, as mesmas ideias que andei escrevendo essa semana por aqui. Além disso, cita as resoluções do relatório das Nações Unidas de 2006. Li isso no mesmo dia do encerramento do Rio+20. Nem tive acesso ainda ao relatório elaborado no evento, mas imagino que deva abordar temas semelhantes, dentre outros... Sincronicidade? Dei uma pausa nesse livro e retomei essa semana, justamente quando essas ideias começaram a permear minha cabeça com mais força, resultando nos posts: http://www.beijonopadeiro.com/2012/06/saude-planetaria-x-saude-individual.htmlhttp://www.beijonopadeiro.com/2012/06/saude-planetaria-x-saude-individual_19.html


Tudo que chega à terra chega aos filhos da terra’
Se todos adotarmos essa maneira orgânica e equilibrada de se alimentar, ajudaremos não só nosso corpo a se desintoxicar, mas também o planeta a recuperar seu equilíbrio. O relatório de 2006 das Nações Unidas sobre alimentação e agricultura concluiu que a criação de animais para consumo humano é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. A contribuição da pecuária para o efeito estufa é mais elevada do que a do setor de transportes. A pecuária é responsável por 65% das emissões de hemióxido de nitrogênio, um gás que contribui para o aquecimento global 296 vezes mais do que o CO2. O metano emitido pela digestão das vacas (que toleram mal o milho e a soja que recebem para comer) age 23 vezes mais do que o CO2 sobre o aquecimento, e 37% do metano mundial vem dos ruminantes. Um terço das terras aráveis são destinadas ao milho e à soja para a alimentação do gado. Essas extensões são insuficientes para atender à demanda, o que provoca o desmatamento das florestas – e uma nova perda em capacidade de absorção do dióxido de carbono. O relatório da ONU concluiu também que a pecuária está ‘entre as atividades mais prejudiciais para os recursos hídricos’, por causa do despejo maciço de fertilizantes, pesticidas e excrementos dos animais dentro dos cursos de água.

Um indiano consome em média 5 quilos de carne por ano e, com idade igual, vive com melhor saúde do que um ocidental. São necessários 123 quilos por ano para satisfazer um americano – 25 vezes mais. 1,2 Nossos modos de produção e de consumo de produtos animais destroem o planeta. Tudo parece indicar que eles contribuem também para nos destruir ao mesmo tempo.



No final de cada dia, eu escrevo algumas palavras em um diário íntimo para resumir o que me deu mais prazer. Em geral, trata-se de coisas muito simples. E frequentemente me surpreendo ao notar o prazer que senti por só ter comido legumes, ervilhas e frutas (e um pouco de pão multigrãos). Noto como me senti mais alerta e mais leve o dia inteiro, e sorrio à ideia de que fui menos pesado para o planeta que me carrega e me alimenta.

Depois de vinte anos dedicados a cuidar de doentes que sofrem de câncer, Michael Lerner se cansou de receber pessoas com idade entre 30 e 40 anos que nunca deveriam fazer parte de seu programa. O programa existe ainda hoje, mas Michael passou a voltar a maior parte de suas atividades para a proteção do meio ambiente, a fim de prevenir as doenças na raiz. Ele resume a situação com uma simplicidade luminosa: ‘Não se pode viver com boa saúde em um planeta doente.’

Em 1854, o chefe Seattle da tribo Puget Sound Suquamish entregou solenemente seu território e seu povo à soberania dos Estados Unidos. O discurso que ele pronunciou nessa ocasião serviu um século mais tarde de inspiração ao movimento ecológico, que reinterpretou suas palavras particularmente incisivas. O chefe se dirigia, de um modo mais urgente que nunca, aos descendentes dos colonos brancos que nós somos:

‘Ensinem aos seus filhos o que nós ensinamos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontece com a terra acontece com os filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo sobre si mesmos. A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terá. Nós sabemos disso. Todas as coisas se ligam como o sangue que une a mesma família. Todas as coisas estão interligadas.’

1.       Dupont, G., L´élevage Contribue Beaucoup au Réchauffement Climatique, Le monde, 5 de dezembro, 2006, seção 9.
2.       Bittman, M., Rethinking the Meat-Guzzler, New York Times, January 27, 2008.

Fonte: SHREIBER, David S. Anticancer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais. 2 ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 118-119.



sexta-feira, 22 de junho de 2012

Refeição Completa

No último post, descrevi um pouco de como é feito o balanço de uma refeição equilibrada. Resolvi postar uma imagem de um prato como exemplo, seguido de algumas explicações, para que fique um pouco mais claro.


Variações nesta refeição: 
Preparo X Ingredientes

Cozido: Cereais (2/3 de Arroz + 1/3 de trigo)

Vapor: Vegetal redondo (Flor de Brócolis)
Refogado: Folha (agrião)
Prensa: Raízes (Nabo e Cenoura)
Fritura: Tofu
Cru: Raiz = Nabo ralado e Folha = Nirá (em cima do tofu)
Fermentado: Missô (molho)
Torrado: Castanhas do pará (molho)
Desidratado: Alga Kombu (arroz)

Temperos:
Alho e gergelim refogados (agrião)
Pimenta Calabresa (molho)
Óleo de Gergelim (agrião)
Sal Marinho (salada prensada)
Shoyu (Tofu e agrião)
Gersal (arroz)

Variations on this meal:
Preparation X Ingredients
Cooked: Cereals (Brown rice with 1/3 wheat)
Steamed: Round Vegetable ( Brocoli Flower)
Sauteed: Greens (watercress stems)
Pressed: Roots (Daikon and Carrot)
Deep Fried: Tofu
Raw: Root and Greens - Grated Daikon and Chives (on top of tofu)
Fermented: Missô (sauce)
Roasted: Brazil Nuts (sauce)
Dehidrated: Kombu seaweed (rice)

Seasoning:
Garlic and sesame seeds (watercress stems)
Pepper (sauce)
Sesame Oil (watercress stems)
Sea Salt (pressed salad)
Shoyu (tofu and watercress stems)
Gomasio (rice)

Arroz integral com 1/3 de trigo e gersal; tofu frito com nabo ralado, nirá e shoyu; brócolis no vapor; nabo e cenoura prensados; talo de agrião refogado no óleo de gergelim com sementes de gergelim e alho; molho de castanhas do pará, pimenta calabresa, tofu e missô

Brown rice with 1/3 wheat and gomasio; deep fried tofu with grated daikon and chives; steamed brocoli flowers; pressed carrot and daikon; sauteed watercress stems on roasted sesame oil with sesame seeds and garlic; brazil nuts+miso+tofu+pepper sauce

Nishime, Kimpira e outros preparos...


Para quem não conhece: Essas são raízes de bardana. Raiz de lotus eu postei no link: http://www.beijonopadeiro.com/2012/04/raiz-de-lotus.html

Recebi algumas perguntas por e-mail e decidi responder em forma de post aqui no blog, pois acredito que outros leitores possam ter dúvidas semelhantes.

E-mail recebido:
 “Sou fã de seu blog e fiquei muito estimulada com as fotos coloridas dos pratos que você tem colocado. Dúvidas: Porque a salada se chama prensada? O que são verduras nishime? Que significa  kimpira? Você cozinha como as verduras e legumes? Usa panela de pressão? São perguntas básicas de quem não sabe NADA a cozinhar.” 

Resposta:
Se você já andou se fazendo perguntas semelhantes a estas ao ver as fotos dos pratos que posto aqui, não se preocupe, pois são dúvidas frequentes mesmo. Salada prensada, nishime e kimpira são técnicas culinárias tradicionais orientais. Como a macrobiótica vem destas origens, são frequentemente utilizadas na culinária de quem pratica esta filosofia de vida.

Sobre a salada prensada eu postei um tutorial do seu preparo num vídeo e falei um pouco sobre ela em um post, basta clicar nos respectivos links: http://www.beijonopadeiro.com/2012/05/salada-prensada.html http://www.beijonopadeiro.com/2012/06/mais-dicas-para-salada-prensada.html

Nishime é uma forma de preparar verduras, cortadas em pedaços grandes. O diferencial é a arrumação das verduras na panela e o fato de serem cozidas com um mínimo de água e com uma chama bem baixa no fogão. A forma de temperar pode variar: às vezes coloco só umas gotinhas de molho shoyu no fim, outras vezes acrescento gengibre e até canela... Já preparei as mesmas verduras, simultaneamente, em panelas diferentes, alterando só a arrumação dos vegetais na panela: numa coloquei-as em camadas e na outra arrumei-as como na foto. Impressionante como muda sensivelmente o sabor!


Kimpira é um método de corte e preparo principalmente de raízes: bardana, cenoura, nabo, raiz-de-lótus... Pode ser feito com cebola e chuchu também. Esses ingredientes podem ser usados individualmente ou agrupados (não costumo usar mais do que três). Gosto muito de acrescentar shitake ou alga hijiki à certas combinações e também de dar um toque final com gergelim tostado. O kimpira pode ser preparado só com água ou com um pouco de óleo. Eu pessoalmente adoro fazer com óleo de gergelim, temperando com gotas de molho shoyu ao final. Mais uma vez o que diferencia aqui é o corte dos vegetais, a forma de arrumá-los na panela, a chama do fogo e o tempo de preparo...


A panela de pressão eu uso principalmente pra fazer arroz. Não costumo usar a panela de pressão para preparar dois (ou mais) alimentos na mesma refeição, pois é uma das formas mais yang de cozinhar alimentos. Se a refeição contiver a combinação clássica de arroz e feijão, por exemplo, prefiro deixar o feijão de molho de véspera, descartar água e cozinhá-lo na panela mesmo, para não abrir mão do arroz integral na panela de pressão (sou fã!). http://www.beijonopadeiro.com/2011/09/tem-genteque-vibra-quando-ganha-roupas.html
Numa refeição gosto de variar os preparos, para ter dos mais yin (cru, salada prensada ou vegetais levemente fervidos) até os mais yang (forno ou panela de pressão). A escolha da forma de preparar os alimentos vai depender também da forma como estou me sentindo. Se estiver muito energética, procuro fazer uma comida mais leve para acalmar... Por outro lado, em casos de doença, fraqueza ou melancolia, um preparo mais yang poderá aumentar o aporte energético da refeição.
As verduras também variam de mais yin para mais yang. Raízes, que nascem para baixo da terra mesmo, são ricas em energia da terra e consequentemente mais yang ao serem comparadas com vegetais que crescem para fora da terra. Os folhosos, nesta comparação serão ainda mais yin, sendo bem leves e ricos em energia do céu.
Quando preparo refeições busco fazer um equilíbrio entre o clima (frio ou quente); momento do dia em que a refeição será ingerida (dia ou noite); estado de espírito de quem vai comer (mais expansivo ou mais introspectivo); saúde (debilitada ou vigorosa); seleção dos vegetais: procurando sempre ter raízes, verduras e folhosos com cores distintas em cada refeição; e faço valer das diversas técnicas de corte e preparo disponíveis para harmonizar o prato. Além disso, tenho sempre em mente as proporções adequadas a fim de garantir que cada refeição tenha carboidratos, proteínas, lipídios, minerais e vitaminas suficientes...
Sei que a principio toda essa teoria pode parecer um pouco complexa, mas com a prática ela se torna extremamente simples e intuitiva. Por isso que valorizo tanto essa culinária, pois como diz o próprio nome, ela é MACRO e pensa na alimentação e seus efeitos nutricionais de forma bastante ampla, indo muito além à mera obtenção de nutrientes como na maioria das prescrições dietéticas.  
Espero ter ajudado e coloco-me à disposição para o esclarecimento de quaisquer outras dúvidas! =)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Interagindo com a Natureza



Hoje vou escrever mais um pouco sobre a conexão entre saúde planetária e saúde pessoal...

Meu conselho hoje é que as pessoas busquem estabelecer mais contato com a natureza, frequentando ambientes externos. Hoje em dia, com a vida corrida, tendemos a passar grande parte do nosso tempo em carros fechados ou transportes públicos, escritórios, academias, shopping centers... Estes ambientes fechados são cheios de luz e ar artificiais, gerando uma energia eletromagneticamente muito carregada.


Estudos comprovam, por exemplo, grandes melhoras em casos de depressão em pessoas que têm como hábito fazer caminhadas ao ar livre. Simples assim!


Fazer uma alimentação baseada em alimentos integrais e orgânicos e passar todo o tempo em ambientes fechados e com ar viciado é um tanto paradoxal. Vale tudo: caminhadas no parque, na orla marítima (para quem tem esse privilégio), trilhas nos finais de semana, banhos de mar, de rio, de cachoeira... O importante é estar sempre atento para tentar incluir momentos de contato com a natureza na rotina.


Outro conselho interessante é buscar ter contato direto com o mundo vegetal. Quem mora em casa tem o privilégio de ter amplos jardins e hortas. Para quem vive em apartamentos, sugiro que tenha ao menos uma planta em casa, fornecendo mais vida ao lar. Outra opção são mini-hortas de temperos... Delícia preparar um molho brasílico com manjericão colhido em casa, por exemplo!


Enfim, invista em qualquer coisa que possa fazer para aumentar seu contato com a natureza. Tenho certeza que surtirá um efeito positivo em quem busca maior interação com o planeta.. São atitudes bem simples, mas que infelizmente, com a vida atribulada moderna, acabam soando como ideias distantes da rotina de muita gente!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Desabafo: Restrições Alimentares


Hoje vou fazer um desabafo, comum a muitas pessoas com restrições alimentares... Tem algumas coisas que não como porque realmente não gosto, outras evito por questões de saúde. Manteiga e leite estão no topo da lista de alimentos que definitivamente não tolero.

Acho as frutas tão deliciosas que não vejo o menor sentido em misturá-las com leite e muito menos com açúcar. Por conta disso, sempre chamei suco grosso de frutas batidas de vitamina e acabo me esquecendo de que as vitaminas, para a população em geral, contêm leite.

Hoje estava chegando atrasada na faculdade, com bastante fome, quando passei por uma placa com lindas fotos coloridas, escrita: Experimente a nossa vitamina de frutas. Vi que o local estava vazio e decidi entrar e perguntar quais eram as frutas. Informaram-me que eram banana, mamão e morango. Frisei que queria uma sem açúcar e quando recebi aquele suco esbranquiçado me dei conta de que devia conter leite. Daí, perguntei se a vitamina tinha sido feita com leite e a minha suposição se confirmou.

Disse que pensava que era só com frutas e a atendente, muito simpática, disse que faria outra. Frisei que era sem açúcar e que era para bater a vitamina com água, no lugar do leite. Fiquei observando o preparo e antes que pudesse falar qualquer coisa a moça que estava preparando a bendita vitamina derramou um copo de refresco para liquefazê-la. Eu perguntei se aquele refresco continha açúcar (já sabendo que sim) e a atendente me respondeu: “Tem sim moça, mas só um pouquinho”.

Eu expliquei que não consumia ‘nem um pouquinho’ de açúcar e ela respondeu que só com água ficava muito ruim. A essa altura já estava me sentindo a chata MOR do planeta, mas graças a Deus ela se manteve simpática e solícita e disse que faria pessoalmente um novo ‘suco de frutas’ para mim.  Acontece que eu não estava a fim de arrumar uma polêmica, nem de causar um prejuízo no estabelecimento e para completar estava atrasada. Já tinha pago, então peguei a primeira versão, com leite, que estava em cima do balcão, sabendo que alguma colega estaria tão faminta quanto eu e provavelmente iria querer. Antes, dei um gole só para ter certeza de que não gosto mesmo do tal do leite na vitamina... Afinal, quem teve essa ideia de misturar frutas e leite?!? Argh!!!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Saúde Planetária x Saúde Individual (parte 2)


É assim que vejo muitos discursos de "vamos salvar o planeta". Soluções frágeis como esses grampos: resultado de uma dissociação total entre entre mundos internos (indivíduos) e externos (natureza). 

O mundo é um espiral. O que faz esse formato tão único é que nele não há separação. Quando o espiral chega ao centro, ele sai novamente e cria uma nova parte do espiral, consecutivamente. Os espirais são o padrão básico de todo o universo. Desde a via láctea, até o DNA. É a forma como nosso cabelo cresce na cabeça, nossas impressões digitais e a como a água desce pelo ralo. Entretanto, o formato espiral só é visto de baixo e/ou de cima. Quando visto de lado, o espiral é uma onda, assim como a vida. Tudo na vida segue o movimento de ondas, com altos e baixos. Montanhas e vales, dia e noite, inverno e verão... São ciclos que funcionam na vida como ondas, que são espirais ininterruptos...

Quando olhamos para nós mesmos e para a natureza, percebemos que é tudo a mesma coisa. A vida humana é cíclica, tal qual, a natureza... Essa noção traz a percepção de que somos únicos e contínuos: humanos e natureza. Talvez o erro da humanidade tenha começado quando começou a se criar a noção de que são coisas distintas... Se você se sente integrado à natureza, você consegue destruí-la? Se você se sente integrado ao seu corpo, você consegue destruí-lo? Não, para conseguir destruir algo, temos que nos sentir separados dele...

Agora pensemos em homens e mulheres. Formam um conjuntou ou são indivíduos separados? Se um belo dia os homens acordam se sentindo autossuficientes e as mulheres também, em uma geração não teremos grandes problemas... Mas nas subsequentes, isso significará o fim da humanidade. Mais uma prova da ciclicidade e complementaridade da vida.

Agora olhemos para a natureza. As mudanças climáticas demonstram exemplos constantes de que o mundo está fora do controle. As tempestades estão mais fortes, os períodos secos mais longos, estão havendo furacões e terremotos em lugares inéditos... A natureza está fora do equilíbrio. O que vemos quando observamos esses fenômenos? Não seria um espelho da humanidade? Não estamos vendo nossas condições físicas, mentais e espirituais refletidas na natureza?

Vemos pessoas ficando irritadas por nada e apontando a arma a alguém. Relatos de violência e perturbação mental o tempo todo. Quando ouvimos falar das mudanças climáticas e planetárias, não estamos ouvindo falar de nós mesmos? A emoção da natureza não estaria sendo representada através do seu clima e fenômenos? Uma tempestade não seria equivalente a um momento de fúria na raça humana? Qual a diferença entre a perda de controle humana e a da natureza?

Será que cuidar da saúde humana não é uma forma de cuidar da saúde da natureza? Retornar ao passado, romper com o padrão alimentar distorcido criado na modernidade, retomar a responsabilidade por nossas enfermidades ao invés de seguir culpando agentes externos, como epidemias, micro-organismos, genética... Hoje o ser humano não se alimenta mais de comida e sim de nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídios... Está tudo segregado! Essa segregação é humana? É natural?

O que fazer então? Dar-se conta de que temos as rédeas de nossas próprias vidas e de que nossas atitudes diárias contribuem para o ciclo da natureza. Fazer o máximo de nosso dia a dia, com a noção de que os nossos atos interferem tanto em nossas vidas pessoais quanto na sociedade e no meio ambiente. Nossas atitudes se propagam pelo mundo.

Alimentamo-nos no mínimo três vezes ao dia. Através desse ato cotidiano estamos influenciando o planeta. Fala-se tanto em aquecimento global e escassez de água. Um dos agentes mais poluentes do meio ambiente é a pecuária. O gado emite altas quantidades de metano na atmosfera, um gás muito mais nocivo ao meio ambiente do que o monóxido de carbono. Além disso, a sua criação, abate e comercialização utiliza e polui enormes volumes de água. Abrir mão do “capricho” humano de comer carne é uma forma de melhorar a saúde do planeta.  

Em termos pessoais, inúmeros estudos comprovam que o excesso do consumo proteico, proveniente de fontes animais, está associado ao agravo de todas as doenças crônicas não transmissíveis, bem como no aumento dos casos de câncer. O consumo de carne da sociedade é covarde. Os nossos primórdios, quando conseguiam caçar algum animal, era fruto de grandes esforços (e riscos) e depois, este era repartido entre tantas pessoas, que era impossível que ingerissem as porções que se ingere hoje. Isso sem falar na qualidade dos animais que eram caçados, bichos livres, que se movimentavam e se alimentavam de verdade. Hoje a criação bovina é em confinamento, o gado come ração e não se movimenta, engordando o mais rápido possível para o abate. Além disso, recebe inúmeros aditivos na dieta, principalmente hormônios que induzem uma maior produção de leite. Como desassociar a ração desses animais com os seus produtos? Para completar, o ciclo produtivo da pecuária é um paradoxo total, considerando um mundo onde existem tantas pessoas com fome. Se ao invés de alimentar o gado com rações de soja e milho, estas matérias-primas e os terrenos onde foram cultivados, fossem usados para a agricultura, haveria sete vezes mais pessoas alimentadas no planeta. Em outras palavras, seria o fim da fome mundial.

E por que tudo isso? Porque a proteína animal passou a encabeçar as prioridades alimentares: uma completa inversão alimentar. Todos os alimentos contêm um pouco de proteína. É cientificamente provado que uma dieta vegetariana é capaz de suprir todas as necessidades de aminoácidos essenciais. Fatos como esse mostram que o que move a indústria da carne e do leite está longe de ser a saúde e sim a economia. Entrar em harmonia com a natureza é retornar aos antigos hábitos, voltar a priorizar vegetais e grãos na dieta.

Para aqueles que defendem que a raça humana é onívora, sugiro que consumam carnes de uma forma menos covarde. Mudem para uma fazenda, criem seu gado livremente no pasto ou então suas galinhas no quintal e deixem que completem seu ciclo da vida antes do abate... Verão que o trabalho e os custos para obter um pedaço de carne orgânica e digna são muito grandes para permitir que seja consumida em praticamente todas as refeições do dia, como ocorre na modernidade. O consumo de carne que observamos hoje é absolutamente desumano e covarde. Já falei sobre isso no texto: http://www.beijonopadeiro.com/2010/09/alimentacao-e-livre-arbitrio.html. Temos 32 dentes, apenas quatro são caninos, ou seja, biologicamente, apenas 12,5% de nossa dieta pode vir de fonte animal. Definitivamente não é esta proporção que se pratica atualmente.

Agora vamos falar no aspecto social. Comida é energia. Quando comemos, transformamos comida sólida, em comida liquida. Após a digestão, o que sobra é energia. A comida se transforma em todo tipo de energia: física (ATP), emocional, mental e até espiritual. Então, quando comemos uma comida integral, orgânica, natural, preparada com temperos suaves e manuseada com amor, ela se transformará numa energia pacífica e calma em nossos corpos. Quando comemos animais que viveram confinados, sofreram um abate cruel, vacas que são obrigadas a produzir muito mais leite do que o que é biológico, produtos enlatados, embutidos, carnes processadas e qualquer tipo de alimento manuseado em indústrias, em larga escala, sem nenhum cuidado, absorvemos toda essa energia. Produtos industrializados são manuseados de tal forma que absorvem uma energia caótica e completamente divergente à energia de uma natureza harmônica. A energia produzida se assemelha a todas as catástrofes naturais e comportamentos deformados, frequentemente observados na sociedade moderna. Furacões, tsunamis, acessos de raiva, violência, intolerância, divórcios e tudo que está longe do padrão integrativo e harmônico do ciclo da natureza.

Uma alimentação pacífica, irá gerar comportamentos pacíficos e uma saúde pacífica. Isso significa um corpo funcionando bem, com forte sistema imunológico e função adequada dos órgãos, como uma orquestra que se apresenta com todos os seus instrumentos afinados. A consequência disso são menos hospitais = menos resíduos hospitalares, menos embalagens de produtos industrializados = menor produção de lixo, menor taxa de violência = menos gastos com policiamento e presídios e por aí vai... A lista é infinita. O mundo é um só, a causa é uma só. Se você luta por paz, por saúde, pelo ecossistema, pelo amor, precisa pensar em todas essas coisas como interligadas, frutos de atitudes integradas!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Saúde planetária x Saúde individual (parte 01)


Essa obra me impressionou no MoMa (Museu de Arte Moderna de NY). Nela, foram reunidas embalagens de alimentos consumidos pelo artista durante o período de um ano. É tão grande que não coube na foto... Saudável dieta, hein?

Semana passada postei um texto do blog Liga da Virtude abordando preocupações ambientais e medidas pessoais. Nele, o autor aponta diversas soluções paliativas como minimizadores de problemas ambientais, entretanto, fala que não haverá solução enquanto a população continuar crescendo na escala que vem crescendo. Concordo, entretanto não sou completamente descrente de ações pontuais. Aquela velha história do beija flor que tenta apagar um incêndio com gotas d´água, ou seja, fazendo aquilo que está ao seu alcance.

Para mim a saúde do planeta está intimamente ligada à saúde da população. Este é um tema longo, portanto, pretendo desenvolvê-lo em capítulos. Vou começar com uma breve história da criação dos padrões alimentares da sociedade.

Foram descobertos espécies de cogumelos na Inglaterra, que antes só tinham um ciclo reprodutivo ao ano e que agora reproduzem duas vezes ao ano. Você deve estar se perguntando aonde quero chegar com essa informação. Muito bem, cogumelos fazem parte das formas mais primitivas de vida no planeta, assim como fungos, bactérias e vírus. Se eles estão com ciclos de vida duplicados, seus “parentes” provavelmente também devem estar. Isso explica um acelerado crescimento de doenças infecciosas, provenientes de micro-organismos. Este é apenas um exemplo decorrente das inúmeras alterações ambientas quem vem ocorrendo no planeta.

Há doze ou treze mil anos atrás os últimos gelos derreteram na Europa. Houve um pequeno período de colheitas e caças, mas não havia muitos alimentos disponíveis. Assim, a agricultura moderna começou a se desenvolver. Há cerca de nove ou dez mil anos atrás, os primeiros grãos começaram a ser cultivados, juntamente com a produção de embarcações, dando início às civilizações modernas. Agora as populações podiam deixar de ser nômades, graças à agricultura e ao mesmo tempo tinham a possibilidade de viajar, interagir com outras populações, realizar trocas e conquistas...

Assim, a sociedade começou a se construir. Cerca de quatro a seis mil anos atrás a população começou a viajar em maior escala e produziram dois efeitos importantes. Primeiro espalharam o cultivo de grãos e fizeram grandes monumentos como o Stonhenge, na Inglaterra, dando início às civilizações modernas. As culturas tradicionais estão todas associadas a determinados grãos: nas Américas predominava o consumo do milho, na Ásia do arroz, na Europa o trigo... Nessa época tudo era orgânico e integral. Aí há cerca de três mil anos atrás, primeiro os gregos, mas principalmente os romanos, através de trocas e conquistas territoriais, começaram a “confundir” os padrões alimentares. Os alimentos ainda eram orgânicos, entretanto, esses povos começaram a trazer comidas tropicais como especiarias, pimentas e plantas para lugares de clima temperado.  

Quem conhece um pouco da filosofia macrobiótica, sabe que ela tem como premissa que se deve sempre buscar alimentar-se com produtos locais, provenientes das estações e climas de onde vivemos. Isso é o que ajuda o ser humano a ficar alinhado com meio ambiente em que vive, evitando diversos tipos de doenças.

A partir dos últimos dois mil e quinhentos anos então, a dieta humana já não estava mais tão natural, entretanto, o problema só começou a piorar nos séculos XV e XVI, por conta das grandes navegações. Foi nessa época que países como Holanda, Espanha, Inglaterra e Portugal tentaram conquistar grandes partes do planeta. Neste processo, eles confundiram bastante a dieta do planeta, trazendo especiarias, plantas e alimentos tropicais para regiões de clima temperado e vice-versa em suas colônias. Além disso, para construírem embarcações eles começaram a depredar florestas inteiras, como na Inglaterra e em Portugal. A partir daí já começa a haver uma mudança global, com o extermínio de completos ecossistemas. Percebe-se então, que os problemas ambientais, tão discutidos atualmente, de novos não tem nada.

Depois disso, uma grande mudança ocorre com a Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. Com o advento da tecnologia e das locomotivas, os meios urbanos começaram a se formar. Foi neste período que começou a haver o refinamento de alimentos. Pode-se dizer então, que o começo de uma nutrição desbalanceada foi a revolução industrial. Neste ponto, os padrões alimentares das famílias começaram a se alterar também. Mesmo assim, a dieta ainda não era das piores e as pessoas ainda tinham fortes constituições físicas.

Na primeira guerra mundial, começaram as dietas baseadas no consumo proteico. Isso teve início na Europa, principalmente na Alemanha, para o reforço das tropas e se estendeu para as Américas. Neste período dois fatores principais ocorreram. O primeiro foi o desenvolvimento das técnicas de preservação dos alimentos, com a tentativa de se criar produtos que durassem por muito tempo para poder suprir as tropas em territórios distantes. Findada a guerra, esses alimentos passaram a fazer parte da dieta da população. O segundo fator foi que a indústria química, desenvolvida durante a guerra, que passou a ser utilizada no processamento de alimentos. Fertilizantes modernos e a agricultura rica em produtos químicos são um resultado da segunda guerra mundial. Este foi um grande marco para mudanças alimentares radicais ocorrerem no planeta.

Depois disso, a escola de nutrição de Harvard estabeleceu os princípios básicos da alimentação. Foram criados quatro grupos alimentares: produtos animais, produtos lácteos, frutas e verduras e farináceos. Foi estabelecido então, que o ser humano precisava comer animais e produtos lácteos para garantir a ingestão dos aminoácidos essenciais, e consequentemente uma boa saúde. Frutas e verduras aos poucos começaram a desaparecer, sendo substituídos por geleias açucaradas e ketchups.

Recapitulando então, a civilização moderna começou com o cultivo de grãos, sendo este o alimento mais importante do planeta. Aí, a renomada escola de saúde de Harvard conceitua os grãos da dieta como farináceos. O que se pensa quando se escuta farináceos? Em produtos refinados, açúcar, pão, massas, calorias vazias... Com isso, o alimento de maior importância nutricional é reduzido a farináceos, cedendo espaço às proteínas animais e laticínios, invertendo então todos os padrões alimentares da nutrição tradicional.

Além disso, começam a se falar dos germes. Agora, estes seres passam a ser a causa das doenças, reforçando a mentalidade de que a responsabilidade das doenças é externa ao ser humano, sendo este uma mera vítima indefesa. Por conta disso, gerações inteiras não foram amamentadas. Passou-se a acreditar que uma fórmula industrializada ou leite da vaca eram mais limpos e adequados do que o leite materno (considerado impuro). Hoje a imunologia já comprovou que a amamentação é essencial para a formação do sistema imune dos indivíduos, mas nesse período, uma geração inteira (baby boomers) foi formada por lactentes humanos de leite de vaca.

A partir de 1955, começaram a surgir os fast foods e no início da década de 70 eles já estavam alastrados pelos EUA. Agora refeições em família foram substituídas por lanches baratos e rápidos fora de casa. As refeições são a essência dos padrões familiares. Estudos recentes comprovam que pais que querem que seus filhos estudem e se tornem trabalhadores irão influenciá-los fortemente se tiverem o hábito de fazerem refeições em casa. O mesmo ocorre em relação à educação contra o uso de drogas, que está relacionado a hábitos domésticos, união e diálogos familiares, sendo as refeições momentos cruciais que proporcionam a interação entre os membros de uma família.

 A esse ponto as comidas naturais já não fazem parte das dietas. Frutas e verduras são esquecidas, grãos viram farináceos e as proteínas tornam-se a base das dietas, acrescido do fim das refeições em família. Isso leva a um caminho totalmente distorcido das populações e do meio ambiente, visto claramente nos dias de hoje.

Depois de toda essa reflexão, a pergunta que faço é a seguinte: A saúde do planeta vem de fora ou vem de dentro? Uma coisa é certa, temos problemas evidentes: pessoais, sociais e ambientas. Para mudar isso, temos que saber onde vamos focar. Podemos legislar um meio ambiente doente? Eu pessoalmente acredito que pessoas saudáveis criam um meio ambiente saudável...

Como já escrevi bastante por hoje, deixo aqui minhas ideias e prossigo o tema em outro post, desejando a todos uma ótima semana!