sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Conceito de Juventude


Esta semana recebi um telefonema de um amigo aproximadamente dez anos mais velho que eu me questionando quando foi que tinha ficado mais velha que ele após ter lido minhas últimas postagens no blog, acrescido ao meu hobby de jogar Bridge.



Piadinhas a parte, parei para pensar no conceito de juventude estereotipado da sociedade.



Ser jovem significa freqüentar festas? Significa manter-se estagnado num conceito de diversão pertinente à adolescência em fase adulta?



Há quem queira se manter jovem incorporando o arquétipo do Puer ou síndrome do Peter Pan. Pobres almas, o tempo é ingrato e logo mostrará seus sinais através de rugas, cabelos brancos, carecas, perda da elasticidade e brilho na pele e inúmeros outros. Há quem aceite essas mudanças como um processo natural e viva em paz com sua ampola – afinal ela foi emborcada no dia que nascemos e não desemborca por nenhuma fração de segundo até o dia de nossa morte.



Ser jovem para mim é a capacidade de renovar e inovar, aprender coisas novas e transformar-se, pois a sensação de aprendiz me remete ao processo mais inicial de uma criança. Certamente quando troco uma festa igual a tantas outras que já fui durante a adolescência por um bom papo, um livro ou mesmo trabalhando estou somando, agregando, colocando a mente para funcionar, atualizando a mais importante de todas as juventudes: a psicológica.



Você se sente jovem? Por quê? Porque ocupa seu precioso tempo se informando sobre as novas tendências da moda para manter um visual “fashion”? Porque é capaz de andar frequentemente com pessoas muito mais novas que você sem sentir que existe uma defasagem enorme entre você e elas? Porque mantém seu corpo “em cima” nem que para isso tenha que se bombardear de suplementos e inibidores de apetite? Porque freqüenta as mesmas festas que seu filho e se diverte no mesmo nível que ele? Porque toma todas e não tem ressaca? Porque você é quarentão e “pega” uma mulher de 18? São tantos padrões de juventude estabelecidos que fico até com pena de pensar no futuro de quem se esconde através deles...


Em 1967 parecia tão distante e agora Paul McCartney já tem 67 anos, o tempo passou para ele, passa para todos nós. The Beatles - When I´m, 64: http://www.youtube.com/watch?v=hH7v6wordKs

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Relembrando o Conceito de Beijar o Padeiro


Quem acompanha esse blog deve ter se assustado com o ar resmunguento das últimas postagens. Bem, não é porque cultivo o beijo no padeiro que não tenho senso crítico. Pelo ao contrário, beijar o padeiro para mim é ter discernimento de escolher coisas realmente prazerosas mesmo que sejam o oposto do que todo mundo acha ou faz.



Beijar o padeiro é ser criativo e fazer diferente. É não precisar se entorpecer com álcool para se conseguir se divertir. É selecionar os lugares que freqüento, priorizando ser bem atendida, sentar confortavelmente, estar próxima de amigos legais e poder desenvolver papos interessantes. É escrever sobre as maravilhas do inverno na Bahia (um dos primeiros postos deste blog) enquanto todo mundo só fala do verão.



Beijar o padeiro não tem fórmula na verdade. Cada um sabe aquilo que te satisfaz e deixa feliz. Tem gente que realmente se sente confortável passando calor, no meio de uma muvuca, com um som alto, podendo ser roubado a qualquer momento. Já curti isso, mas acho que numa época que estava experimentando o que todo mundo faz para chegar às minhas próprias conclusões sobre o que recheia bem as minhas horas de lazer.



Carnaval na Bahia é a melhor época para dirigir pelo Iguatemi, os shoppings, cinemas e restaurantes ficam vazios, para quem gosta de ser bem atendido é uma maravilha (sempre com espírito esportivo porque serviço é o ponto fraco nessa cidade). As partes de Salvador que não têm festa ficam melhores do quem em qualquer outra época do ano para se transitar: uma delícia.



Ainda bem que sobram lugares tranqüilos e vazios e que tem gosto para tudo: muvuca e calmaria, afinal como dizem: “O que seria do azul se todos gostassem do vermelho?”.

Programa de Índio


Desculpem se sôo pernóstica, metida, nojenta, mas tem programa mais de índio do que ir pra praia na cidade durante o verão?



Sou uma amante do mar, e como tal, gosto de poder observar a grandeza da natureza, escutar barulho das ondas batendo nas pedras, desfrutar do banho calmamente e nada disso é possível durante o verão.



Início do programa de índio: acordar cedíssimo para conseguir arrumar uma vaguinha na praia... Se quiser descansar um pouquinho mais – afinal, no fim de semana para quem tem uma rotina de trabalho é a única oportunidade de garantir umas horas a mais de sono, já era.



Um calor infernal, tudo que sequer é pouca roupa e refresco, vamos lá! Para mim que moro do outro lado das praias boas de Salvador, freqüentá-las no verão é um motivo para esmurrar o padeiro. O mau humor começa no trânsito, quase uma hora para conseguir chegar à praia. Isso porque pertenço a uma minoria privilegiada que se desloca de carro, imagino quem se locomove em um ônibus lotado, fedorento e sem ar condicionado. Chegando, mais meia hora para achar uma vaga. Achando a vaga, vem um “dono da rua” com papelzinho querendo cobrar 10 reais pela vaga DELE. Se você não pagar corre o risco de encontrar seu carro arranhado, com pneu vazio, etc. Saltando do carro, mais meia hora ou mais para conseguir sentar numa barraca de praia. Sentando numa barraca de praia mais meia hora ou mais para conseguir ser atendido e uma espera de no mínimo meia hora para cada pedido: cerveja quente. Aí tem aquela tensão, olhos por todos os lados, porque se você se descuidar roubam sua bolsa, carteira, celular... Para tomar banho no mar, sempre algum coitado sobra na mesa tomando conta das coisas. Pra completar, a música nas barracas sempre de altíssimo volume e qualidade (para não falar o contrário) e a superlotação do local geram um barulho desagradável.



Hora de ir embora, todo mundo gosmento, porque as duchas de água doce são uma lenda e o sol é escaldante. Entra-se no carro que mais parece uma estufa, dirige-se uma hora para casa e depois fala que passou o domingo relaxando na praia. Só com muita cerveja mesmo, as pessoas se entorpecem, para esquecer todo o stress que é chegar à praia e acharem que relaxaram e se divertiram...



Como sempre digo, adoro praias, vazias, no inverno aqui é uma maravilha, em casas de praia... Mas sair de casa para “curtir” uma praia durante o verão na cidade para mim soa mais como uma tortura do que um lazer. Muito obrigada, eu passo!

Verão na Bahia


Aqui na Bahia existe uma frase famosa para colocar inveja nas pessoas de fora: “Eu moro onde você passa férias”. Tenho que assumir que como Baiana já curti muito as festas do verão e muitas outras ao longo do ano, mas hoje, um pouco mais madura, elas tem me tirado o meu bom humor.

Confesso que é irritante morar em um lugar movido a festas. O pior é que é uma cidade pobre e que com esse espírito continuará sendo, pois, o baiano trabalha para patrocinar suas festas. Tendo o dinheiro da cervejinha está tudo ótimo. Como evoluir se a ambição da maioria da população custa míseros dois reais (ou melhor: "três por cinco")?

Não existe a menor condição de uma cidade desenvolver se durante pelo menos um quarto do ano, só se pensa em farra. Começa em dezembro e só termina depois do Carnaval, isso sem falar no São João.

Se isso não atrapalhasse o funcionamento da cidade tudo bem, mas temos que conviver o verão inteiro com os engarrafamentos causados por tantas manifestações populares, que no fundo são todas iguais: musica alta e gente se embriagando pelas ruas, jogando latinhas para todos os lados, empesteando tudo com cheiro de urina, quebrando até o chão e no fim sempre terminam em violência, brigas e mais brigas.

Os preços estão cada vez mais irreais e com isso os valores distorcidos. Disso posso falar de boca cheia, pois, nunca alimentei essa fábrica de extorquir dinheiro que é o Carnaval da Bahia e seus ensaios, todos que fui durante minha vida foram de graça. O pior é que vejo como um ciclo vicioso. Os jovens que não vão para essas festinhas se sentem por fora e o mais triste são os adultos que frequentam desde a adolescência e ainda fazem questão de ir à todas como se fosse tudo novidade. É muita falta de criatividade você curtir aos 30 anos a mesma festa que curtia aos 15 e isso aqui é absolutamente comum.

Sorte de quem só vem à Bahia curtir as festas de férias e depois vai embora. Só vivem o lado bom e depois deixam o problema com os baianos. O pior é o soteropolitano acreditar que esse ritmo farrista é uma qualidade, pois ele próprio alimenta essa bola de neve que para o turista é realmente uma maravilha, quando retornam para suas cidades encontram lugares organizados que permitem uma rotina normal de trabalho e vida, deixando o caos que é essa terra para trás.

Aqui, se você é empresário, tem seus empregados trabalhando e pensando na festa de largo que está tendo e refletindo diretamente no rendimento (isso quando não faltam ao trabalho ou quando a empresa é obrigada a fechar por estar localizada próxima a algum lugar que fica intransitável por causa das festas de rua). Além disso, no mês de fevereiro, que já é mais curto, a produção corresponde a no máximo três semanas e os impostos e salários são pagos referentes a um mês. Para completar ainda há uma baixa de mercado, uma vez que o ano na Bahia só começa de fato após o Carnaval, já que até então a maioria da população está investindo seu dinheiro e tempo em festas e curtindo o verão. O Brasileiro trabalha cinco meses para pagar impostos e o baiano trabalha cinco meses para pagar impostos e não consegue trabalhar por três meses, ou seja, sobram apenas quatro meses de produtividade real no ano.

E quem mora próximo aos circuitos de Carnaval? Se não gostar da festa é obrigado a ter MUITO dinheiro (porque nessa época fica tudo absurdamente caro) para fugir da confusão, ou então ficará ilhado no meio de tudo. Estou falando dos moradores de pelo menos 10 bairros grandes da cidade. Nada contra a festa em si, mas acho um absurdo ela envolver a cidade inteira, comércio e residências, tirando o direito de ir e vir do cidadão por uma semana inteira. Tem gente que se estiver em casa no Carnaval e precisar de atendimento médico morre, por falta de acesso de ambulâncias ou possibilidade de sair de carro. É normal isso?