quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Polenta com Quiabo



Ingredientes:
12 quiabos cortados em rodelas de 1cm de espessura
2 e ½ xícaras de fubá de milho
1 colher de sopa de azeite de oliva
1 colher de sobremesa de sal marinho
2 tomates orgânicos sem sementes.

Preparo:
Coloque 6 xícaras de água para ferver numa panela grande. Quando atingir fervura, adicione os quiabos e o sal, mantendo por um minuto com a panela destampada. Adicione aos poucos a polenta mexendo sem parar. Adicione o azeite de oliva. Continuar mexendo até ficar bem grosso e solto da panela. Coloque em uma forma e esmague bastante.

Corte os tomates em rodelas e coloque em uma panela com um pouquinho de sal e uma colher de sobremesa de água. Tampe e deixe o tomate “derreter” em fogo BEEEM baixo. Retire a casca quando ela já estiver solta do tomate. Acrescente uma colher de sopa de água e misture até ficar com consistência cremosa.
Cubra a polenta com o molho de tomate e decore com salsinha picada.

Bom apetite!

Obs.: Nesta receita podem ser adicionados outros ingredientes de consistência mais rígida como milho, pimentão, azeitonas e cenoura.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Desejo e Controle


No último post falei um pouco sobre a dose certa e tentar equilibrar as coisas. Dizem que a ignorância é uma dádiva e é mesmo! Quanto mais eu estudo mais ajustes eu quero fazer na dieta e mesmo para mim que já sou acostumada a ter uma alimentação bastante regrada, existem algumas coisinhas que ainda são difíceis de administrar.

Há uns anos resolvi radicalizar com o açúcar, esse eu não como de jeito nenhum! No início foi sofrido, desejava doces, quando via um chocolate ficava com água na boca, mas me eduquei a dizer não, pois me diagnostiquei como VICIADA no açúcar e queria me livrar da dependência. O primeiro passo foi a sensação de vitória cada vez que conseguia recusar um doce. Digo isso, pois convivendo em sociedade somos expostos à oferta do produto o tempo todo. Ninguém lhe oferece cigarro se você não fumar e nem muito menos bebida alcoólica numa manhã de trabalho, entretanto o tal do açúcar nos é oferecido o tempo inteiro. Em alguns casos como cortesias: depois que abastecemos no posto de gasolina, na conta do restaurante, em salas de espera quando estamos ociosos e às vezes ansiosos, no avião... Isso para não falar dos colegas de trabalho, da casa da vovó, nas tardes de papo com as amigas: aonde ir? Sorveteria? Casa de tortas? Por aí vai... O convite ao consumo do açúcar é constante e a chance de alguém se viciar sem perceber é enorme! Então, levou pelo menos um ano para eu realmente recusar doces sem nenhum pesar, para conseguir dizer um não seguro. Depois disso lembro-me de uma ocasião em que aceitei uma oferta irrecusável sem peso na consciência e sem desejos subseqüentes como um fumante que dá o primeiro trago e retorna a fumar! Essa provinha ocorreu no dia em que comprei minha aliança de noivado e a joalheria ofereceu um chocolate belga gourmet requintadíssimo com uma taça de champagne. Esse exemplo se encaixa exatamente naquilo que falei no último post, uma ocasião única e serviu como comprovação de que eu sou mais forte que um pó branco e doce.

Agora que me considero livre do açúcar estou às voltas com três outros itens: massas brancas, queijos e bebidas alcoólicas.  Passo longe de ser uma alcoólatra, mas quero desvincular esse item à vida social, porque é quase uma regra tomar um chope quando sentamos num bar, um vinho quando temos um jantar especial e uma tacinha de champanhe numa solenidade. Acontece que quem tem uma vida social agitada como eu acaba encontrando amigos em barzinhos ou num restaurante bacana pelo menos uma vez por semana ou tendo um casamento também a cada final de semana. Com isso a exceção começa a virar regra.
Há pouco mais de três semanas recebi uns amigos para jantar em casa numa sexta-feira e inevitavelmente rolou uma cervejinha com petiscos na entrada e depois um vinho no jantar. No fim da noite tinha tomado pelo menos duas taças de cerveja e mais duas de vinho o que considero uma quantidade razoável de ingestão alcoólica. No dia seguinte tinha um curso e constatei mais uma vez o quanto dormir pouco quando bebemos na véspera deixa a gente muito mais cansada do que simplesmente quando dormimos poucas horas. Nessa ocasião me dei conta que na véspera não havia bebido por vontade, apenas por mero condicionamento social: todos estavam bebendo e eu naturalmente acompanhei. Decidi então que deveria tirar a “naturalidade” de algo que não deve ser “natural”.

No dia seguinte fomos almoçar com esse mesmo casal num restaurante maravilhoso e nada de alcoól. Passar a semana sem álcool foi fácil, até que no final de semana seguinte, no sábado à noite fomos visitar os padrinhos de meu marido (que eu ainda não tinha conhecido por morarem em outra cidade) e eles estava ansiosos esperando a gente com uma garrafa de Veuve Cliquot no gelo para brindar o nosso noivado. Como recusar?? Senti-me uma fraca que decidiu parar de beber e em uma semana já estava bebendo de novo. Por outro lado, “enrolei” com uma taça cheia a noite inteira (as pessoas só completam se ela esvaziar) e ninguém notou. Essas táticas a gente só desenvolve quando está prestando atenção ao que está fazendo, uma vez que o condicionamento natural acaba levando a gente a beber a taça inteira sem perceber... No dia seguinte, fomos convidados para um almoço na casa de amigos e TODOS bebiam. Recusei dizendo que tinha parado de beber e algumas pessoas perguntavam: há quando tempo e por quê? Difícil era responder que tinha menos de 24 horas, pareceria uma piada!! Enfim, preciso dizer que foi estranho, que ataquei a água de coco da casa, o que não foi nenhum sacrifício visto que acho muito mais saboroso do que qualquer bebida alcoólica. Em outras épocas que fiquei sem beber, fiz muito isso, saía com amigos e bebia jarras de água de côco pelo puro condicionamento de ter sempre um copo cheio à mão nessas ocasiões.

Este foi o terceiro final de semana: dois casamentos, jantar na casa de amigos, barzinho e nenhuma gota de álcool. Foi um final de semana agitado, não pude dormir muitas horas e não me senti muito cansada exatamente porque não tinha bebido. Confesso que no dia que fui ao boteco comer lambreta (parece que atrai uma cerveja) tomei meia lata de cerveja sem álcool e achei a experiência interessante, entendi como parte do processo de descondicionamento etílico social.

Agora vem a segunda parte, estou no avião e adivinha? Estou comendo aqueles biscoitinhos salgados que oferecem! Recuso facilmente qualquer doce, mesmo que estiver com fome, não considero comida e continuo com fome até que possa conseguir outra coisa (caso só haja doce). Infelizmente não consigo agir da mesma forma com as delicias salgadas repletas de farinhas e sais refinados (sem contar que esses também contém açúcar!). Em um dos casamentos que fui, por exemplo, comi três pãezinhos de festa, que são típicos da Bahia e que não via há meses! Confesso que tenho certa atração por essas guloseimas... Na sexta-feira fui a uma delicatessen/lanchonete famosa por seus quitutes encontrar com amigos e novamente não resisti a uns salgadinhos cujas massas certamente são repletas de queijo, farinha branca, manteiga e coisas do gênero. Não estou me agredindo muito com isso por enquanto, pois acho mais fácil conseguir uma conquista de cada vez. Meu foco agora é o álcool, mas estou atenta para os pãezinhos de queijo da vida (tentação mineira) e outros lanchinhos que sempre “surgem” quando estamos com fome fora de casa!

E você, qual a sua tentação?!?

Obs.: Terminei de escrever o texto no avião, mas só pude postá-lo em casa à noite. O vôo atrasou e tive que ir direto do aeroporto para a aula... Adivinha? Cheguei morrendo de fome (normalmente janto antes de sair de casa) e o que tem em frente à faculdade? Uma deliciosa casa de pão de queijo. Como resistir com fome e sabendo que só chegaria a casa praticamente às 23:00?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Dose Certa


Quem acompanha os meus textos aqui no blog sabe que eu adoro falar de comida e alimentação. Sabe também que eu nasci e me criei com hábitos alimentares bem peculiares dentro da filosofia macrobiótica, sendo que a primeira vez que conheci alguém que seguia o mesmo tipo de alimentação que eu foi aos 26 anos.

Com esse breve histórico deve ser fácil imaginar o quanto tive que aprender a socializar e não me sentir diferente das pessoas em geral. Realmente nunca me senti! Estudei em uma escola de turno integral, onde algumas pessoas levavam seus almoços, mas a grande maioria almoçava na cantina. Eu ia feliz da vida com a minha marmitinha e raspava toda a comida que minha mãe colocava para mim (caso contrário o lanche da tarde era o resto do almoço). Assim, fui educada a comer o que houvesse e principalmente a não deixar restos no prato.

Lembro como se fosse ontem quando meu primo nasceu e minha mãe teve que acompanhar o parto e por conta disso não teve tempo de preparar meu almoço. Tive que almoçar na cantina da escola: lembro até hoje do meu primeiro filé de frango com arroz branco e purê de batatas. Inesquecível porque tive uma diarréia terrível à tarde, quando cheguei ao clube para a aula de natação. Nunca tinha tido diarréia decorrente de alimentação antes e este episódio me marcou. Até hoje não sei se foi a comida, a gordura nela ou o sal refinado. Sei somente que o que era prato do dia para todas as crianças foi uma pancada em meu estômago.

Durante muito tempo me questionei sobre essa maior sensibilidade à comida, pensando ser algo negativo e limitador. Depois comecei a perceber as vantagens de ser mais sensível e consequentemente mais intuitiva. Com o tempo eu mesma passei a repudiar certas comidas e quando não tem jeito e preciso comer algo que foge à minha rotina o segredo é dosar, afinal a maior diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Até a comida mais esdrúxula, se for uma pequena quantidade, não acontece nada. Uma boa tática é evitar ir pros lugares com fome (se alimentar antes de sair de casa) e quando souber que vai passar muito tempo fora de casa levar um lanchinho na bolsa ou procurar um lugar que venda algo adequado.

Outra experiência recorrente é quando vou para a casa de alguém que sabe que tenho uma dieta diferente. Se a pessoa não souber, disfarço (belisco alguma coisinha) e prefiro nem comentar, porque se não as pessoas ficam preocupadíssimas em descobrir algo para lhe oferecer e é um constrangimento danado. Quando sabem e me convidam, normalmente se preocupam em fazer uma saladinha, um peixe, uma massa com molho branco ou de tomate... Enfim, tem de tudo!! Tem gente que faz umas sobremesas diet, me oferece sucos cheios de açúcar e no meio disso tenho que dosar o que como e o que educadamente dispenso, pois não dá para sair esculhambando tudo que te oferecem, principalmente quando é feito na maior boa vontade, com toda uma preocupação em agradar e acertar. Quando tenho mais intimidade é mais fácil, se deixar até levo a minha comida, mas muitas vezes não é isso que acontece.

Sempre reparei que as pessoas que são novas em estilos de vida natural, vegetariano, vegano, macrobiótico... não importa o nome, geralmente tem uma certa dificuldade em adequar a alimentação fora de casa ficando muitas vezes um pouco anti-sociais. Desde pequena sempre escutei das pessoas que não dava trabalho nenhum na casa dos outros e isso acontece, pois tenho em mente sempre o que é a regra e o que é a exceção. Claro que tem coisas que não abro exceção mesmo, como carne vermelha, por exemplo, e açúcar, mas são absolutamente contornáveis... Ninguém serve só carne, sempre haverá algum acompanhamento, nem que seja arroz, feijão (se tiver sido cozinhado na carne eu separo só os grãos e como um pouco com a consciência que aquilo não vai me matar) e uma saladinha (mesmo que seja a mais sem graça do mundo). Sobremesas, não são obrigatórias (tanta gente recusa por ser diabético ou estar de dieta que não pega mal) e refrigerante é facílimo, pois se tem uma coisa que encontramos em qualquer lugar é água!! Acho que nessas ocasiões temos que dosar quantas coisas recusamos, quantas aceitamos e mostrar que o foco de estar ali não é a comida e que o anfitrião não precisa se preocupar.

O mais importante é ter em mente que quando temos mantemos uma rotina saudável, podemos sem medo e sem culpa provar uma coisinha aqui ou ali tendo a consciência de que a exceção não pode virar rotina. Então, se você resolveu só comer coisas integrais, não é o pão branco, quentinho e delicioso do couvert de um restaurante que vai lhe matar. Se não tiver vontade de comer, tudo bem, mas acredito que é muito pior ficar olhando para ele com fome e vontade de comer, se segurando. Vontades reprimidas sempre tendem a estourar uma hora ou outra, então melhor saciar desejos em pequenas porções aqui ou ali do que deixar isso acumular. Digo isso, pois é muito comum pessoas irem de um extremo a outro, um dia vegetarianos radicais outro dia se acabando na carne, um ano sem comer chocolate o outro ano mergulhando nos doces e por aí vai.

Outra coisa importantíssima é a energia do alimento. Muitas vezes nos oferecem uma comida não muito integral e um pouco fora de nossa rotina, mas que foi feita com carinho por alguém, tentando acertar, especialmente para a gente e está carregada de energias tão boas que vai nutrir a nossa alma muito mais do que uma comida natural de um restaurante feita em larga escala numa cozinha totalmente impessoal. Outro exemplo é o seguinte: Você não toma bebidas alcoólicas, mas está numa confraternização super especial, alguém estoura um champanhe, propõe um brinde e lhe entrega uma taça. Vai recusar?? Claro que não, pede para colocar só um dedinho e toma sem medo de ser feliz. Tenho certeza que aquele golinho e participar desse momento alegre e festivo vai menos nocivo do que ficar de fora dele. Nossa alimentação não é só o alimento que colocamos na nossa boca e mesmo este não nutre somente pelos seus ingredientes, a energia do preparo, a forma como mastigamos, a posição em que sentamos, o ambiente que em que estamos, as pessoas que compartilham a refeição conosco, o som do ambiente... Todos esses fatores influenciam e muito para uma boa nutrição do corpo, da mente e do espírito.

domingo, 16 de outubro de 2011

Tudo que tem frente tem dorso

Principais causas de Morte no Brasil em 2010 - Fonte: OMS



Ontem assisti mais um documentário e esse foi o melhor dos últimos tempos. Desde que postei o texto sobre documentários assisti alguns outros relacionados com o tema de alimentação e saúde como: Food Matters, Future of Food e Aspartame, recomendo todos, entretanto o de ontem foi imbatível. Lançado este ano, chama-se Forks over Knives, título super inteligente e sugestivo. Que sonho que os “garfos” possam fazer as pessoas deixarem de “cair na faca” ou até morrerem ao se conscientizarem de que mudando hábitos alimentares podem reverter quadros de doenças crônicas e se livrar de medicamentos. 

Dados da OMS de 2010 trazem estatísticas comprovando que cerca de 70% das causas de morte no Brasil são provenientes de doenças que estão relacionadas com a alimentação, sendo elas: doenças cardiovasculares (33%), cânceres (16%), diabetes (5%) e condições nutricionais (16%). Documentários como os descritos acima demonstram que finalmente as pessoas estão começando a se responsabilizar como agentes causadores de suas próprias condições de saúde ou patologias. Isso gera uma consciência alimentar crescente e uma mudança do paradigma de uma cultura que antes creditava as curas de enfermidades meramente à indústria farmacêutica.

Um dos princípios da filosofia de medicina tradicional do oriente (milenar) diz que tudo que tem frente tem dorso e quanto maior a frente maior o dorso. No século XVII esta mesma idéia foi traduzida na física aqui no ocidente por Isaac Newton como lei da ação e reação. Este fenômeno pode ser observado em absolutamente tudo na vida, desde comportamentos sociais à trabalhos mecânicos. A quantidade de documentários que vêm sido produzidos nos EUA sobre alimentação e saúde é mais uma prova deste pensamento. A civilização que por muito tempo foi conhecida como mãe do fast food hoje demonstra estar super avançada quando o assunto é saúde natural. Hoje é cada dia mais comum encontrar americanos buscando um estilo de vida mais saudável, comidas integrais e orgânicas. A disponibilidade e variedade de produtos nesta linha, com redes enormes voltadas a este público como os mercados Co-op e Whole Foods além das feirinhas orgânicas presentes até nas menores cidades do país comprovam essa crescente demanda de mercado. Eles abusaram tanto da saúde que estão sendo pioneiros em correr atrás para resgatá-la.

O Brasil ainda está no início do processo e temos aqui grande resistência e falta de informação da população como um todo no assunto. Isso inclui muitos profissionais na área de saúde que ainda seguem à risca padrões que estão sendo cada vez mais derrubados como a necessidade de proteína animal e laticínios para uma dieta saudável, dentre outros. O mercado não é tão farto, nem variado e ainda temos muito que desenvolver, entretanto o aumento da oferta já é notável, assim como o interesse das pessoas em buscar estilos de vidas mais saudáveis. Espero que possamos copiar também o modelo americano neste sentido (desta vez com resultados super positivos para a saúde da sociedade) e avançar cada vez mais!