quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Arquiteto: o profissional que realiza sonhos!


No meu último texto, utilizei a palavra realizar no título, o que me fez lembrar outra palavra importantíssima: sonhar!

O que seria de nós sem nossos sonhos? Como seria a rotina, sem o sonho das férias?

O que seria da infância sem o sonho da semi-liberdade da adolescência?


O que seria da adolescência sem o sonho da total liberdade da idade adulta?

Aí chegam os pesadelos... Ao amadurecer, percebemos que junto com a liberdade sonhada, vem um pacote completo de responsabilidades. Aí voltamos a sonhar, desta vez com o a leveza do passado.

Sonhamos com o futuro namorado, com o casamento, se não der certo, sonhamos com o divórcio... Sonhamos com um sapato novo, uma viagem, uma festa... e guiamos nossas vidas assim, planejando o próximo sonho, de preferência a ser vivido.


Temos ainda aquele sonho de fuga, aquele que acontece enquanto dormimos, quando tudo é possível. Podemos ser verdes, azuis, magras, altas, namorar o Brad Pitt, morar em uma mansão na beira da praia ou nos alpes... Muitos desses sonhos são irrealizáveis, mas sustentam a delícia de vivê-los por cerca de 1/3 de nosso dia. E assim seguimos, entre sonhos quando estamos acordados e outros quando estamos dormindo, um muitas vezes levando ao outro...


Quando comecei a trabalhar como arquiteta percebi que acima de tudo havia escolhido uma profissão de realizadora de sonhos. Os clientes quando buscam um arquiteto, estão em busca da concretização de um sonho: seja uma casa, um jardim, uma piscina, um quarto, uma loja ou até mesmo um banheiro. Assim, o arquiteto vende, interpreta e traduz sonhos, tornando-os reais e palpáveis... Quanta responsabilidade!

E ainda tem quem julgue o trabalho do arquiteto como folhas de papel e muitas vezes reclamam de seus preços. Estas pessoas esquecem que existem ideias colocadas nestes papéis e que sem elas, não seria possível comprar os móveis, os materiais de construção, e todos os itens que custam muito mais que o valor do projeto arquitetônico e que os clientes compram sem pechinchar.

Gostaria de propor esta reflexão a quem possa vir a contratar um arquiteto um dia... Lembrar que o papel deste profissional vai além do de idealizador de projetos, desenhista e coordenador de obras. Lembrar que o arquiteto é um tradutor de idéias, principal elo de comunicação entre o sonho do seu cliente e a realidade a ser criada e desenvolvida.

Boa Noite e Bons Sonhos...


terça-feira, 25 de agosto de 2009

Realizar é preciso

Não tenho a menor dúvida de que há uma aventureira frustrada em mim, uma vontade de desbravar o mundo, uma forte ligação com a natureza. Amo o mar, navegar, nadar, fazer trilhas, tomar banho em rios e cachoeiras... O contato excessivo que tenho com a vida urbana às vezes me sufoca e procuro sair dela olhando o mar, mergulhando nele e escutando o seu som quando estou na cidade e sempre que possível viajando. Quando não posso, me transporto através de leituras e navegando pela web.

Assumo que tenho uma forte atração por aventureiros, grandes companheiros de viagem, mesmo na solidão do meu quarto. Já estive no Himalaya com Jon Krakauer, respirando seu ar rarefeito... Agora ele me conduz pela natureza selvagem do Alasca e outras localidades nos Estados Unidos... Volta e meia embarco no Endurance com Shackleton e sua tripulação para a Antártida. Com Amyr Klink senti frio e calor, vi a neve, pingüins, baleias e cheguei à praia de minha infância: Itacimirim. Resolvi postar aqui hoje algumas passagens deste último com as quais me identifico muito, assim como os links de uns vídeos legais. Boa viagem!



Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver Amyr Klink, Mar Sem Fim


Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão... solidão foi a única coisa que não senti depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava, sim atacado por uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudade, mas nunca estará só. Amyr Klink, Cem Dias Entre Céu e Mar.

Falando em navegação, como não lembrar de Fernando Pessoa...?

Navegar é Preciso - Fernando Pessoa
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.



terça-feira, 18 de agosto de 2009

Recordações de Infância

JABBERWOCKY
Lewis Carroll
(from Through the Looking-Glass and What Alice Found There, 1872)


`Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimble in the wabe:
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe.
"Beware the Jabberwock, my son!
The jaws that bite, the claws that catch!
Beware the Jubjub bird, and shun
The frumious Bandersnatch!"

He took his vorpal sword in hand:
Long time the manxome foe he sought -
So rested he by the Tumtum tree,
And stood awhile in thought.

And, as in uffish thought he stood,
The Jabberwock, with eyes of flame,
Came whiffling through the tulgey wood,
And burbled as it came!

One, two! One, two! And through and through
The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with its head
He went galumphing back.

"And, has thou slain the Jabberwock?
Come to my arms, my beamish boy!
O frabjous day! Callooh! Callay!'
He chortled in his joy.
`Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimble in the wabe;
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe.
Simplesmente genial - sei de cor até hoje com direito a teatrinho e tudo!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ser Diferente

Já nasci diferente da maioria das pessoas… O parto de minha mãe foi em casa, o médico não chegou a tempo e quem fez o parto foi meu pai (administrador). A data? Primeiro de Abril, dia da mentira: ninguém acreditava que tinha nascido!

Daí em diante, continuei sendo diferente... Na infância, era aquela garota alérgica a tudo, não podia comer chocolate, derivados do leite, frutas cítricas, a clara do ovo, tomar banho de piscina (alergia ao cloro)... Em meio a tantas restrições guardo as melhores lembranças de minha infância, cheia de energia.

Além das restrições decorrentes de alergias, nasci em uma família Macrobiótica, fui uma criança que não comia nem doces e nem carne e passei a vida explicando o que era ser Macrobiótica (ainda faço isso). Não utilizava medicamentos alopáticos e tratamentos ditos convencionais... Cresci me curando a base de homeopatia, nebulizações com apenas soro, óleo de calêndula, tisana, dentre outras naturebices ditas alternativas...

Na infância ao descobrir que estava com problemas na coluna, decorrentes da Ginástica Olìmpica, me curei através da Yoga, que pratiquei por muito tempo a partir dos dez anos de idade. Aos 16 comecei a fazer aulas de Boxe e assim por diante...

Enquanto todas as meninas tinham cabelos longos, sempre adotei o visual de cabelos bem curtinhos e admito que hoje só os mantenho longos porque minhas bochechas estão mais fofinhas que o normal, risos!

Já no início da adolescência, ao criar meu “nick” para bate papos na internet, escolhi Pink Floyda, fruto de meu gosto musical extremamente eclético (predominantemente roqueira) desde pequena. Enquanto minhas amigas compravam CDs do É o Tchan, tinha a discografia completa dos Beatles e do Pink Floyd, sabendo todas as letras das músicas, dentre outras bandas de rock. Mesmo assim, sempre estive em todas as festas, inclusive em muitos carnavais, como uma autêntica baiana. Gostar de rock era algo meu, mas nunca neguei a alegria proveniente do Axé Music, me permitindo aproveitar de todas as vertentes musicais.

Enquanto isso, nunca me achei diferente e nunca agi como tal. Sempre tive uma vida social absolutamente normal, sempre interagi com todas as pessoas por onde passei (nunca fui daquelas excluídas da turma) pelo contrário, sempre cheia de amigos de todos os tipos, etnias e classes sociais: hippies, patricinhas, mauricionhos, nerds, vagais...

Aprendi desde pequena a respeitar as diferenças e aceitar as individualidades. Nunca me vi como sendo diferente, superior ou inferior a ninguém, apenas autêntica. Minha alimentação nunca me impediu de ter uma vida social normal, afinal, sigo a linha do não radicalismo na vida e hoje acho engraçado, pois algumas pessoas me apontam como sendo maluquinha por todas essas minhas peculiaridades...

Sinceramente, às vezes sinto pena de quem não consegue se libertar da normalidade. Escolher o que come ou o que escuta e ao invés disso, segue a massa, tudo que todo mundo faz e diz que é certo, sem raciocinar, ir além, transgredir, aprisionados a normas e rótulos.

Como diria Raul Seixas: “Prefiro ser, essa metamorfose ambulante – do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” Viva o Maluco Beleza!! Viva a Sociedade Alternativa!!



O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraída...



Há uns treze anos atrás fui ao primeiro show de minha vida, somente com amigos, sem adultos. Acho que nunca esquecerei, quando minha mãe autorizou que eu fosse com minhas amigas para aquele show do Projeto Pôr do Sol, na área verde do Othon.

Verão na Bahia estava em Margrande, na Ilha de Itaparica, com duas grandes amigas e voltamos com outros jovens que também estavam lá com o propósito de assistir ao show dos Titãs em Salvador. Ficamos na frente do palco pulando como umas malucas, fomos entrevistadas, aparecemos cantando no jornal da TV no dia seguinte, simplesmente inesquecível. A animação foi tanta que resultou em dias de torce colo, típica de roqueira batendo cabeça.

Acho que a mensagem dos Titãs ficou marcada, em várias etapas de minha vida, através de músicas com letras lindas, como na minha primeira paixão que tinha como trilha sonora Prá Dizer Adeus e outras tantas como: Marvin; Aluga-se; Família; É Preciso Saber Viver; Enquanto Houver Sol e em especial: Epitáfio.

Outro dia estava aconselhando uma amiga minha super certinha, tão preocupada com futuro que se esquece de viver o presente, a viver a vida dela de forma a nunca cantar para ela mesma a letra desta musica. É isso que procuro fazer em minha vida, vivendo intensamente para no futuro não me lamentar de que devia ter amado mais, chorado mais, ter visto o sol nascer...

Pra completar, minha mãe ainda apelidou o refrão desta musica como meu lema no trânsito: "O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraída." Pode estar funcionado no transito, mas ontem fui atropelada por uma bicicleta, enquanto pedalava distraída entre amigos no Parque Metropolitano de Pituaçu. O resultado? Nada drástico, fratura no dedão do pé e um mês de gesso...

Penélope ou Ulisses, quem você quer ser?

Há quem hoje ainda prefira encarnar o papel de Penélope, coadjuvante da odisséia de Ulisses, esperando-o na Ilha de Ítaca... O feminismo tem suas vantagens e desvantagens, mas sem dúvidas permite que a mulher moderna possa ser protagonista da sua própria odisséia, assim como Ulisses, por dez anos nesta aventura que é viver. Para o desespero de nossos genitores, que aos vinte e poucos anos já assumiam responsabilidades de pais e mães de família, os tempos mudaram e a nova geração, nesta mesma idade, já não assume este papel e sim vive algo intermediário, uma verdadeira Odisséia.


Hoje em dia, é comum que os filhos permaneçam na casa dos seus pais, vivendo uma pseudo-independência até a faixa dos 30 anos de idade. A medicina evoluiu, as mulheres podem pensar em ter filhos sem riscos depois dos trinta e a idéia de que não há necessidade de antecipar a etapa “casamento” da vida já está instalada na cabeça da maioria dos jovens.


Hoje, ao fim da adolescência, visivelmente, nenhum jovem vira adulto. Ao ganhar certa independência proveniente da idade e também financeira, o foco é aproveitá-la, fazendo farra, viajando e desfrutando com amigos. É uma fase preciosa da vida e a idéia de se amarrar em um compromisso, afundando em responsabilidades vai de encontro à palavra juventude. A liberdade sexual também ajuda que os jovens não se pressionem para sair de casa tão cedo, pois, hoje podem dormir com suas namoradas/os, sem ter que encarar um casamento prematuramente só para isso, como acontecia no passado.


Não sei avaliar as conseqüências desta liberdade como sendo positivas ou negativas, mas acredito que, como tudo na vida, há seus prós e contras. Cabe a cada um saber aproveitar o melhor de sua odisséia, colocando limites quando necessários.


Por um lado, essa geração de pessoas independentes, pode criar cabeças individualistas, focadas em si próprias e que possam ter dificuldades de encarar uma vida a dois futuramente. Já por outro ângulo, as escolhas passam a ser mais amadurecidas, sem muita pressão, frutos de decisões pensadas e não intempestivas. Acredito que isso diminua a geração de filhos cobaias, provenientes de casamentos precoces.
Liberdade nas mãos de certas pessoas pode ser um grande perigo. Há quem não saiba dosá-la, embarcando numa viagem sem volta, mas esses agem desta forma desde a adolescência. Acredito e defendo que a odisséia é um privilégio das novas gerações que deve sim ser aproveitada e comemorada!