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Muito tempo sem escrever provoca-me certa ansiedade que só cessa escrevendo... Dois textos seguidos, em plena madrugada, após dias cansativos e tendo que acordar cedo no dia seguinte, ou melhor: em poucas horas... A pouco escrevi sobre meditar, escrever é uma forma de meditação, pois através da escrita organizamos as idéias, registramo-las e paramos de pensar nelas. Mas como o foco desse texto não é a escrita, vamos lá!
Hoje vou jogar pedra em tantos filósofos que se alimentaram de teorias negativistas, tratando do sofrimento a partir de uma ótica super positiva, pois como penso tudo pode sempre ser visto por um lado ou pelo outro, é só uma questão de escolha.
O que vem a ser o sofrimento? Partindo-se da idéia de que as coisas são aquilo que não são, o sofrimento pode ser visto como algo que não proporciona o prazer. E o que vem a ser esses dois conceitos?
O prazer pode ser entendido como um sentimento de aumento, como se colocássemos uma lente em cima de alguma sensação. Por exemplo, temos o nosso paladar habitual, mas pode-se falar no prazer de comer como um aumento da sensação do paladar ao comer. E por aí vai, podemos encaixar esse conceito a qualquer sensação que é melhorada, aumentada.
De onde pode vir esse prazer? O pecado e o profano são famosas fontes de prazer, eis onde reside o perigo dessa necessidade de “aumento das sensações”. As drogas, por exemplo, atuam como potencializadoras de sensações, ao pé da letra: fontes de prazer.
E o sofrimento? Esse seria uma diminuição de qualquer sentimento. Como se pisoteássemos, esmigalhássemos alguma sensação, atribuindo a este ato o nome de sofrimento.
Vou falar então de sensações agradáveis e desagradáveis, que diferem pela potência de sofrimento e prazer. O ser humano vive em uma busca incessante pela felicidade, pois ela é o que lhe equilibra, sendo então a quebra da felicidade um estado de desequilíbrio humano, o qual ele tenta restabelecer logo que o sinta alterado.
Como dizer que o ser humano é essencialmente sofredor ou ruim? Acredito na essência da bondade e beleza da raça humana, não é a toa que toda maldade vista ou vivida gera uma sensação de desconforto e tristeza.
Sendo assim, para que serve o sofrimento? Para mim serve para valorizarmos a alegria, para celebrarmos a vida, pois é do ser humano também a mania de dar valor às coisas somente após perdê-las. Temos inúmeras oportunidades na vida de valorizar o belo, algumas pessoas o fazem, outras preferem mergulhar no mar dos sofrimentos e passam a vida se lamentando.
O sofrimento desperta o homem, o faz querer retomar sua felicidade, gera progresso, sabedoria, lhe dá forças, o purifica, o faz sentir poderoso, dono de seu destino, capaz de superar obstáculos, tudo isso através da simples retomada do seu estado natural de prazer e alegria de viver.
Voltando às duas opções de pontos de vista, podemos dizer que o prazer é uma transmutação do sofrimento ou então que o sofrimento é uma fonte de prazer. Eu prefiro a segunda idéia, mesmo assim, agrada-me mais ainda a vida em plenitude, sem buscas incessantes pelo prazer nem fugas desesperadas do sofrimento. Para mim, ambos são sentimentos polarizados negativos, pois tudo que é demais é sobra.
Acredito nos pequenos prazeres provenientes das mínimas coisas que são um privilégio de quem está com os canais da sensibilidade desobstruídos (físicos e psicológicos). Conseqüentemente, esses sofrem também por coisas menores, mas como tudo que tem frente tem dorso e quanto maior a frente maior o dorso, muita euforia pode resultar em grande depressão e deslocar-se entre vales e montanhas é sempre mais árduo do que em linha reta com pequenos buracos ou morros esporádicos.