sexta-feira, 30 de abril de 2010

Prazer e Sofrimento

Imagem retirada do Google Imagens

Muito tempo sem escrever provoca-me certa ansiedade que só cessa escrevendo... Dois textos seguidos, em plena madrugada, após dias cansativos e tendo que acordar cedo no dia seguinte, ou melhor: em poucas horas... A pouco escrevi sobre meditar, escrever é uma forma de meditação, pois através da escrita organizamos as idéias, registramo-las e paramos de pensar nelas. Mas como o foco desse texto não é a escrita, vamos lá!

Hoje vou jogar pedra em tantos filósofos que se alimentaram de teorias negativistas, tratando do sofrimento a partir de uma ótica super positiva, pois como penso tudo pode sempre ser visto por um lado ou pelo outro, é só uma questão de escolha.

O que vem a ser o sofrimento? Partindo-se da idéia de que as coisas são aquilo que não são, o sofrimento pode ser visto como algo que não proporciona o prazer. E o que vem a ser esses dois conceitos?

O prazer pode ser entendido como um sentimento de aumento, como se colocássemos uma lente em cima de alguma sensação. Por exemplo, temos o nosso paladar habitual, mas pode-se falar no prazer de comer como um aumento da sensação do paladar ao comer. E por aí vai, podemos encaixar esse conceito a qualquer sensação que é melhorada, aumentada.

De onde pode vir esse prazer? O pecado e o profano são famosas fontes de prazer, eis onde reside o perigo dessa necessidade de “aumento das sensações”. As drogas, por exemplo, atuam como potencializadoras de sensações, ao pé da letra: fontes de prazer.

E o sofrimento? Esse seria uma diminuição de qualquer sentimento. Como se pisoteássemos, esmigalhássemos alguma sensação, atribuindo a este ato o nome de sofrimento.

Vou falar então de sensações agradáveis e desagradáveis, que diferem pela potência de sofrimento e prazer. O ser humano vive em uma busca incessante pela felicidade, pois ela é o que lhe equilibra, sendo então a quebra da felicidade um estado de desequilíbrio humano, o qual ele tenta restabelecer logo que o sinta alterado.

Como dizer que o ser humano é essencialmente sofredor ou ruim? Acredito na essência da bondade e beleza da raça humana, não é a toa que toda maldade vista ou vivida gera uma sensação de desconforto e tristeza.

Sendo assim, para que serve o sofrimento? Para mim serve para valorizarmos a alegria, para celebrarmos a vida, pois é do ser humano também a mania de dar valor às coisas somente após perdê-las. Temos inúmeras oportunidades na vida de valorizar o belo, algumas pessoas o fazem, outras preferem mergulhar no mar dos sofrimentos e passam a vida se lamentando.

O sofrimento desperta o homem, o faz querer retomar sua felicidade, gera progresso, sabedoria, lhe dá forças, o purifica, o faz sentir poderoso, dono de seu destino, capaz de superar obstáculos, tudo isso através da simples retomada do seu estado natural de prazer e alegria de viver.

Voltando às duas opções de pontos de vista, podemos dizer que o prazer é uma transmutação do sofrimento ou então que o sofrimento é uma fonte de prazer. Eu prefiro a segunda idéia, mesmo assim, agrada-me mais ainda a vida em plenitude, sem buscas incessantes pelo prazer nem fugas desesperadas do sofrimento. Para mim, ambos são sentimentos polarizados negativos, pois tudo que é demais é sobra.

Acredito nos pequenos prazeres provenientes das mínimas coisas que são um privilégio de quem está com os canais da sensibilidade desobstruídos (físicos e psicológicos). Conseqüentemente, esses sofrem também por coisas menores, mas como tudo que tem frente tem dorso e quanto maior a frente maior o dorso, muita euforia pode resultar em grande depressão e deslocar-se entre vales e montanhas é sempre mais árduo do que em linha reta com pequenos buracos ou morros esporádicos.

Cabeça de pingue-pongue


O que é o estresse? Tenho pensado muito nesse tópico ultimamente, pois tenho percebido o quão estressada eu sou apesar de minha aparente calma. A partir de algumas definições escutadas em palestras recentemente, cheguei à conclusão que o estresse é como uma bola de pingue-pongue que fica de um lado pro outro, no caso de nossa mente, do passado pro futuro.

O passado nos trás pensamentos saudosos, lembranças, recordações... O futuro nos trás as responsabilidades, os prazos, a ansiedade, os desejos... Quando nossa cabeça fica oscilando entre todas essas sensações entra em estado de estresse.


Ouvi outra coisa interessante que postei ontem: “Quem sabe e não pratica não merece a recompensa” que me remete a essa ideia do estresse, dentre muitas outras. Nunca tinha pensado no estresse como uma conseqüência de uma ação psicológica tão clara, mas agora que está tão transparente não basta ficar na teoria do saber, é preciso agir para parar essa mente no presente.


Como? O caminho mais recomendado é através da Ioga que trabalha a meditação e a respiração. Sempre soube do poder da respiração, mas é outra coisa que entra na lista das coisas que se sabe e não se pratica, não merecendo assim a recompensa.

A primeira ação que temos quando nascemos é INSPIRAR e a última ação que teremos antes de morrer é EXPIRAR, o chamado último suspiro. Nesse ínterim da vida, podemos passar horas ou até dias sem comer, sem beber água e ainda assim sobreviver. Já respirar... Alguns minutos e olhe lá!

Impressionante como algo tão básico não é pensado com a importância merecida. Não é a toa que a respiração tem o poder de eliminar até 90% das toxinas do nosso corpo e, no entanto só utilizamos 35% desse potencial. Tomando consciência de tudo isso, resolvi explorar essa ferramenta tão próxima e ao mesmo tempo obscura no ocidente com o estilo de vida louco e agitado que se criou, principalmente nos centros urbanos.


Pensando assim, respirar com qualidade é beijar o padeiro. Fica então a sugestão para reflexão sobre o tema e o convite para respirar no Arte de Viver durante os dias 03, 04, 05, 06, 07 e 08 de maio aqui em Salvador. Mais informações no site: http://www.artedeviver.org.br/.

Bom final de semana!


Os quatro "Pink Floyds" juntos em 2005 cantando Breathe, lindo e emocionante. 

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Teoria x Prática

Ontem escutei uma frase que adorei, pretendo lembrar dela diariamente e resolvi postar para reflexão:

"Quem sabe e não pratica, não merece a recompensa." 

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Projeção X Realidade


Até que ponto aquilo que alguém considera verdade é de fato uma realidade ou uma mera projeção pessoal do indivíduo?

Você conhece seus pais, seus amigos, seu cônjuge ou eles representam aquilo que você imagina que eles sejam?

Em todas as relações, há projeções e a descoberta das diversas facetas das personalidades daqueles que nos cercam muitas vezes trazem com elas grandes surpresas e decepções. Decepção com quem?

Partindo-se do pressuposto que as pessoas representam aquilo que projetamos sobre elas, essas decepções só ocorrem conosco, pois quando o véu que cai o sobre a nossa percepção das pessoas, elas continuam sendo o que sempre foram, apenas que antes nossas projeções nos cegavam e víamos aquilo que gostaríamos crer que fosse verdade.

Lidar com isso é um tanto complicado, pois uma vez que qualquer expectativa criada acerca de alguém é desmoronada, nos sentimos traídos, quando a traição nada mais é do que um conflito interno pessoal de aceitação de fatos.

Creio que com o decorrer do tempo, vai sendo mais fácil assimilar que as pessoas são o que são e estas ditas decepções decorrentes de projeções que se tornam diferentes da realidade vão sendo menos dolorosas. Entretanto, penso que todo ser humano, independente da idade, está suscetível a cair na cilada das projeções, uma vez que vivemos em um mundo com inúmeras desigualdades e a busca por referências é uma constante inconsciente. Por isso, quando encontramos alguém que parece compartilhar valores e idéias é muito difícil separar a projeção da realidade. Também acredito que um mundo sem projeções é um mundo sem amor, sem encantamento, sem credulidade, em suma, um mundo frio.

Logo, o mais importante é saber lidar com essas projeções, identificá-las quando ocorrerem, sem grandes cobranças a si ou ao próximo, praticando o respeito às diversidades, evitando maiores sofrimentos. Afinal, não há a quem culpar, pois não é possível estabelecer um referencial de certo ou errado para crucificar determinada atitude que venha a ferir determinado ideal. Além disso, o ser que sofre a projeção não tem nenhuma responsabilidade sobre aquilo que foi imaginado sobre ele.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Definindo a caridade


Recebi um texto que gerou uma discussão acerca do tema caridade e assim descobri que a Epístola de São Paulo aos Corintos, que se tornou famosa na voz de Renato Russo, tem como termo original a palavra Caridade e não Amor como imaginava. Resolvi transcrever assim, a passagem diretamente da bíblia, uma vez que esse Google é uma maravilha, mas às vezes precisamos desconfiar de determinados conteúdos.

O que é a caridade? Acho que esse termo está com seu significado distorcido na sociedade. A palavra está associada à distribuição de bens materiais como um falso desapego. Penso na caridade como algo muito maior, um estado de espírito que independe totalmente de doações físicas.

Ser caridoso é o exercício do não egoísmo. É estar de bem com a vida e querer distribuir isso com o próximo, através de um sorriso ou um cumprimento agradável a quem quer que seja. É o ímpeto de dizer sim, quando se é solicitado para uma tarefa. É todo impulso de doação proveniente do inconsciente.

Há como se exercitar um ato que provém do inconsciente para ser genuinamente verdadeiro? Acredito que sim. O ser humano está em constante transformação e evolução. Para isso deve primeiramente ter a humildade de olhar para si com a mesma visão crítica como constantemente olha o próximo e ao detectar seus erros querer melhorar. Não há mudança sem vontade. Como diz o provérbio da americana Pauline Kael: “Where there´s a will there´s a way”, traduzindo: onde há um desejo há um caminho.


I Epístola de São Paulo aos Corintos – Capítulo I, Versículo XIII

Se eu falar as línguas dos homens e dos Anjos e não tiver a caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que tine. E se eu tiver o dom de profecia, e conhecer todos os mistérios e toda a ciência; se eu tiver toda a Fé, a ponto de transportar montanhas, e não tiver a caridade, nada sou.

E se eu distribuir todos os meus bens para sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado e, todavia não tiver caridade, nada disto me aproveita.

A caridade é paciente, é benigna. A caridade não é invejosa; não é temarária, nem se ensoberbece. Não é ambiciosa, nem busca os seus próprios interesses. Não se irrita; não suspeita mal. Não folga com a injustiça; mas se alegra com a verdade. Tudo tolera. Tudo crê. Tudo espera. Tudo sofre.

A caridade jamais há de acabar. Mas as Profecias desaparecerão, e cessarão as línguas, e a ciência será abolida.

Com efeito, só em parte conhecemos, e só em parte profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito desaparecerá o que é em parte.

Quando eu era menino, falava como menino; julgava como menino; discorria como menino. Mas depois que eu cheguei a ser homem feito, dei de mão às coisas que eram de menino.

Nós agora vemos (a Deus) como por um espelho em enigmas. Mas então, (o veremos) face a face. Agora conheço-o em parte. Mas então hei de conhecê-lo como eu mesmo sou também (dele) conhecido.

Agora pois, permanecem estas três virtudes: a Fé, a Esperança e a Caridade. Porém, a maior delas é a Caridade.

Monte Castelo - Renato Russo

A Coragem de Confiar

Confiar é colocar a máquina no automático e sair caminhando de costas para ela sem cogitar a hipótese de que alguém poderia rouba-la e ainda ser surpreendida ao ser lembrada dessa possibilidade... é ficar tranquilamente de porta aberta em um lugar estranho por ter recebido recomendações de ser seguro...

Estou lendo um livro com o mesmo título deste texto de Roberto Shinyashiki, que comprei não só pela simpatia pelo autor, mas principalmente pelo título. Neste livro, Roberto defende a teoria de que existe um tripé que sustenta o ser humano e ele está baseado em três tipos de confiança que devem estar em equilíbrio: a confiança em Deus, ou fé; a confiança no próximo e a autoconfiança.

Experiências pessoais têm afetado o segundo item do meu tripé, motivo pelo qual me chamou atenção esta literatura. Sempre acreditei na essência da bondade humana e por esse motivo evito encher meu HD com informações que me façam crer no contrário, como todas as notícias terríveis que aparecem diariamente nas manchetes dos jornais. Mesmo assim, aos 26 anos já levei algumas porradas da vida e conheço muitas pessoas que sofreram injustamente os danos de um mundo cheio de pessoas de caráter duvidoso.

Afinal de contas, o ser humano é essencialmente BOM ou RUIM? Ao colocar em uma balança, para que lado ela pende? Esse final de semana tive uma experiência que me fez ficar encantada com a existência de pessoas com boa índole. Estamos tão acostumados com um mundo de pessoas desconfiadas e desonestas que quando encontramos alguém que foge a essa regra nos surpreendemos, como quem acaba de encontrar uma mina de ouro.

Maldade não escolhe raça, nem idade, nem lugar. Acredito que quando um sujeito nasce para “ruim” não tem jeito, porém tenho percebido que a vida urbana fomenta a desconfiança, a falta de companheirismo e o egoísmo. Essa tal de network faz com que as pessoas vejam as outras como links para o sucesso, já não existe um papo descompromissado e leve, há sempre uma segunda intenção por trás da simpatia alheia e por aí vai.

Esta realidade muito me entristece e agride minha alma sentir que tenho que fazer parte dela para poder viver, seja como coadjuvante ou expectadora, afinal não sou só no mundo e dependo de outras pessoas para tudo (principalmente na atividade profissional que exerço), nem sempre podendo me dar ao luxo de conhecê-las a fundo antes de depositar grande carga de confiança como um tiro no escuro. Por tudo isso, tenho concluído que lidar com gente é uma grande aventura, onde não sabemos o que nos aguarda: haja estômago!

Quem conhece a versão com Julie Andrews, sabe que nem se compara, mas como não encontrei no Youtube a original, vai a genérica mesmo, o que vale é a mensagem. I Have Confidence: