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Trânsito??
Acho que essa palavra virou sinônimo de estresse nas sociedades modernas... Eu
mesma já me estressei muito por causa dele. Hoje posso dizer que estamos
mantendo uma relação bem amistosa.
Como sabem,
voltei a morar em Salvador, depois de ter passado um ano e meio na capital
mineira. Lá tive uma deliciosa vida de pedestre: praticamente tudo estava
dentro de uma distância caminhável e amava saber que não tinha trânsito que me
atrasasse, os tempos de deslocamento eram certeiros (isso é fantástico para uma
pessoa que preza a pontualidade como eu). O único inconveniente acontecia nos
dias de chuva, mas felizmente não chove tanto assim na cidade e lá costumam
haver pancadas fortes e rápidas e não horas a fio de chuva como aqui. Ou então,
uma chuvinha besta, facilmente driblada com uma capa e um guarda-chuvas. Enfim,
posso dizer que meus calcanhares percorreram grande parte daquela cidade e
conto nos dedos de uma mão as vezes que precisei de um transporte público para
me locomover por lá. Maravilha, hein?
Com o
retorno à Salvador minha realidade mudou completamente. O transporte público
nesta cidade é péssimo, os passeios estreitos demais, há muita violência urbana,
as distâncias são longas, o calor é grande (locomover-se sem ar condicionado
aqui pode significar chegar ensopado de suor no local de destino) e para
completar, vivo em um bairro “alto”, o que me obriga a subir grandes ladeiras
para retornar a casa. Diante de tudo isso, só preciso dizer uma coisa: sortudo
daquele que possui um carro para se locomover pela cidade. Não é a toa que com
a redução do IPI a cidade ficou superlotada de automóveis...
Eu tenho
MUITA SORTE de me enquadrar nesta categoria e este fato torna-se ainda mais
relevante com a discrepante desigualdade social existente em Salvador. Ou seja,
fazer parte de uma minoria motorizada por aqui é um luxo.
Como
reclamar do trânsito? No ano passado escutei o pai de uma amiga explicar a
diferença da mentalidade em um país super desenvolvido, como a Suíça, em
contraposição ao Brasil e guardei essa historinha para a vida. Hoje vou
compartilhar com vocês. Quem já teve a oportunidade de estar na Suiça, Alamanha
ou outros países super civilizados, deve ter ficado abismado com a pontualidade
dos transportes públicos. É tão incomum à nossa realidade que gera até
curiosidade. Como conseguem? Simples! Diferente da nossa cultura, onde as
pessoas adoram deixar tudo para a última hora, saem de casa atrasadas e chegam
esbaforidas ao seu destino final, por lá o costume é sair com antecedência e ao
se aproximar da chegada, desacelerar para garantir a pontualidade ou até
antecipar-se.
Nem preciso
dizer que meu remoto sangue suíço se identificou imediatamente com essa
historinha, não é mesmo? Detesto correria, coisas de última hora e prefiro MIL
vezes esperar a atrasar. Mesmo assim, quando me atraso, costumo não reclamar,
pois normalmente imputo a culpa a mim mesma.
Parando
para pensar, as épocas em que mais me estressei com o trânsito foram aquelas em
que estava fazendo algo que não gostava muito (dirigindo de um lado para outro
para visitar obras, clientes, lojas...). Hoje, ponderando, acredito que meu
estresse estava muito mais relacionado ao fato de viver um cotidiano nada prazeroso.
Assim, o trânsito estava frequentemente relacionado ao momento do dia que
tentava estar em dois lugares ao mesmo tempo e para tal, ficava resolvendo
pepinos via celular (e fugindo dos policiais para não ser multada!). Graças a
Deus tudo isso já faz parte do passado!
Como diz o
ditado, o que não tem remédio, remediado está! Tenho passado em torno de duas
horas do meu dia no trânsito em minha nova rotina e quer saber? Tenho me
divertido MUITO! Por isso resolvi compartilhar minhas dicas de trânsito feliz:
1) Seja grato. Se você possui um carro
e precisa passar horas do dia dirigindo, antes de reclamar do trânsito caótico
e do tempo perdido com deslocamentos, bote a mão na consciência, pense em como
seria pior se tivesse que encarar um busú lotado, no calor (ou na chuva) e
ainda de pé!
2) Coloque mais música em sua vida. Meu
último carro era quase uma peça de museu, foi vendido com 18 anos de idade (era
de 1993) e tinha um rádio pré-histórico com toca fitas, cujo volume ia
diminuindo sozinho à medida que o tempo passava... Enfim, o que quero dizer com
isso é que o som de um carro pode ser ultramoderno, mas mesmo se for um radinho
bem simples, já é o suficiente para alegrar a nossa vida! Se for um modelo mais
moderno, poderá aproveitar mais ainda!
3) Medite. Aproveite o tempo que está
sozinha para pensar na vida, fazer planos, checklists mentais...
4) Informe-se. Alguns horários do dia e
estações têm ótimos programas de notícias, que permitem que a gente fique por
dentro das novidades do Brasil e do mundo. Rádio definitivamente sempre foi o
meio de comunicação mais presente em minha vida no quesito: atualidades.
5) Emocione-se. Existe coisa melhor do
que ser surpreendida por aquela música que ama, que inesperadamente toca no
rádio? Já me roubaram muitas lágrimas no trânsito e me fizeram esquecer
inúmeras vezes que estava presa em um carro há um tempão tentando chegar a um
lugar (as vezes bem próximo).
6) Cante. Afinal de contas, quem canta
os males espanta! Tem gente que gosta de cantar no chuveiro, eu sempre preferi
o carro...
7) Leia. Isso mesmo! Está sem tempo
para ler aquele livro que está todo mundo comentando a respeito? Que tal
escutar o “áudio-book” enquanto dirige?
8) Ainda no tema do canto, vou
compartilhar minha experiência mais recente: comentei aqui em posts passados
que uma das minhas metas era voltar a estudar música. Pois bem, estou fazendo
aulas de canto e adivinha a melhor hora para treinar os meus vacalises? No
trânsito, claro! Tenho me divertido tanto, que quando chego ao destino final
fico até triste! Hoje mesmo levei uma hora e dez minutos para fazer um percurso
que sem trânsito é feito em quinze minutos e foi ótimo!
9) Observe. Quando estamos em
velocidade não temos tempo de observar o que nos cerca. Com o trânsito lento,
conseguimos prestar atenção a mínimos detalhes em nosso redor. Ontem mesmo,
fiquei com o coração partido: estavam podando a grama da região do Iguatemi e
em meio à grama haviam crescido lindas florzinhas cor-de-rosa. Hoje quando
passei, parte delas não estava mais lá... Fiquei pensando em quantas pessoas
passam por ali diariamente e sequer viram as lindas florzinhas!
10) Reflita. Espero que este post sirva
de inspiração na próxima vez que algum sujeito, mal educado, queira roubar o
seu bom humor no trânsito. E não se esqueça de antecipar-se. Lembre-se: urgência
é tudo aquilo que não foi programado! Logo, programe-se e saia com
antecedência... Se chegar mais cedo ao seu destino, aproveite para ler um bom
livro e seja feliz!