Imagens endoscópicas de caso clínico durante a infecção por H. Pylori em 2007 e em 2012: dois anos após realizadas algumas mudanças de hábitos alimentares como: exclusão de açúcares; produtos refinados; carne vermelha; leite; laticínios; e inclusão de produtos integrais, vegetais e hortaliças à dieta. A mudança de hábitos livrou o paciente permanentemente da dependência do fármaco Omeprazol que utilizou durante 12 anos e de queixas geradas por um quadro de gastrite crônica, como: azia, refluxo e queimações.
Comparação das
imagens endoscópicas nos anos de 2007/2012. 2007 (A): Hernia hiatal por deslizamento; 2012
(A): Diminuição no diâmetro da hérnia hiatal por deslizamento; 2007 (B): Hiperemia e processo inflamatório agudo;
2012 (B): Regeneração da mucosa; 2007 (C): Hiperemia e hérnia
duodenal; 2012 (C): Regeneração da mucosa e redução do diâmetro do esfíncter
pilórico; 2007 (D): Mucosa edemaciada com ausência de pregas; 2012 (D): Mucosa
regenerada com presença de pregas.
O agente infeccioso Helicobacter pylori (HP), atinge praticamente metade
da população mundial. Sua prevalência varia com a faixa etária, nível
socioeconômico e etnia e sua frequência aumenta com a idade, sendo maior em
países em desenvolvimento. O primeiro estudo associando a gastrite à bactéria
ocorreu em 1982, pelos pesquisadores Marshall e Warren. A HP ocasiona lesões no
epitélio e reduz o pH gástrico. Isso favorece o surgimento de alterações
fisiopatológicas relacionadas a diversas enfermidades gastrointestinais. Um dos
principais agravos observados é a destruição da mucosa, que, com o tempo, pode
formar úlceras duodenais, úlceras gástricas e câncer gástrico
As causas
exatas da infecção pela HP não são precisas. Entretanto, sabe-se que alguns
fatores como o consumo excessivo de álcool, excesso de carnes, leite e produtos
refinados na dieta podem contribuir para o agravo de quadros de gastrite,
deixando a mucosa mais sensível à colonização da bactéria.
Embora metade da população mundial seja infectada com a bactéria, 80%
desses indivíduos permanecem sem nenhuma evidência clínica da doença e menos de
3% desenvolvem neoplasias relatadas pela sua presença. Este fato demonstra que
se trata de um micro-organismo, geralmente não patogênico, presente na
microbiota humana, desde que não encontre meios que propiciem a sua penetração
na mucosa gástrica.
A HP atualmente é reconhecida como um cofator importante na etiologia do
câncer gástrico associado a fatores genéticos, ambientais, fumo e má
alimentação. O micro-organismo apresenta papel significativo na patogênese de
um largo espectro de afecções em crianças e em adultos, como gastrite crônica,
úlceras pépticas gástrica e duodenal, adenocarcinoma, linfoma gástrico e dor
abdominal recorrente. Embora a associação entre úlcera péptica e HP esteja bem
estabelecida, acredita-se que a bactéria seja responsável por diminuir as
defesas da mucosa gástrica, facilitando o processo ulcerativo. Um estômago
normal não contém folículos linfoides. No entanto, em pacientes com gastrite
crônica ativa associada com HP, encontra-se intenso infiltrado linfoide,
levando a hipótese de que a indução da gastrite pela bactéria poderia ser o
precursor do linfoma ao longo do tempo de infecção.
A HP pode distribuir-se de maneira focal, segmentar ou difusa ao longo
da mucosa gástrica. Encontra-se no interior ou sob a camada de muco que recobre
a mucosa gástrica. Possui grande capacidade de aderência e adapta-se para
colonizar a mucosa gástrica e duodenal, fator de grande importância na
patogênese da úlcera péptica duodenal. Além disso, poderá unir-se ao epitélio
gástrico ocasionando um quadro de gastrite crônica em indivíduos suscetíveis.
Dentre os principais mecanismos patogênicos, produzidos pela bactéria, estão:
os seus fatores de virulência; a sua aderência à superfície epitelial, que
impede a sua eliminação através dos movimentos peristálticos; e a produção de
toxinas, associados à resposta inflamatória da mucosa; e a alteração da
secreção ácida gástrica. Apesar das agressões causadas no epitélio gástrico,
ele representa a primeira linha de defesa contra a infecção por HP. Este tecido
serve não somente como barreira para exclusão de patógenos, mas também secreta
mediadores inflamatórios que iniciam a resposta imunológica à sua invasão.
Alguns sintomas são sinalizadores para a pesquisa da presença da HP,
como: dispepsia funcional ou persistente; alteração na frequência ou forma das
fezes, acrescido da exclusão de parasitoses intestinais; sensação de inchaço na
barriga; e saciedade rápida após a ingestão de pequena porção de comida. Estes sinais indicam
a necessidade da realização de endoscopia digestiva alta, complementada com
biopsias da mucosa gástrica. Existem, entretanto, análises menos invasivas
através das fezes, urina, saliva, respiração e do sangue, que irão avaliar a
taxa de prevalência da infecção pela HP, principalmente, no caso de indivíduos
assintomáticos. A endoscopia é recomendada para avaliar o estado do sistema
gástrico, bem como possíveis quadros de gastrite, úlcera ou tumores.
Existem alguns
tratamentos antimicrobianos utilizados para eliminar a HP. Estes, entretanto, não
irão curar os quadros de gastrite crônica que normalmente acompanham a infecção
pela bactéria. Mudanças nos hábitos alimentares mostram-se assim mais eficazes
na cura da causa do problema e não somente dos sintomas.
Recomenda-se evitar longos períodos de jejum e mastigar bem os
alimentos. Dormir de estômago repleto pode causar desconfortos, por isso
indica-se que a última refeição ocorra 90 minutos antes de o paciente
acostar-se. O fumo atrapalha a cicatrização de úlceras e os anti-inflamatórios
podem “atacar” o estômago causando úlcera e gastrite. Alguns alimentos/preparos costumam causar desconfortos em quem tem maior
sensibilidade gástrica, sendo eles: frituras, doces, embutidos, comidas muito
condimentas e carnes muito gordurosas, suco de frutas cítricas e bebidas
gasosas. As fibras auxiliam no processo digestivo e são fundamentais no
tratamento e prevenção de patologias gastrointestinais.
O
leite contém muito cálcio e proteína, que aumentam a produção gástrica no
estômago, causando um aumento tardio de acidez no estômago e piorando a
sensação de queimação. Portanto sua ingestão deve ser moderada, principalmente
antes de dormir. As bebidas alcoólicas também devem ser evitadas,
principalmente de estômago vazio, uma vez que o álcool funciona como irritante
da mucosa gástrica.
O consumo de
gorduras saturadas e desequilíbrio na proporção entre ácidos graxos w3 e w6,
apresentam-se como fatores agravantes de processos inflamatórios e doenças gastrointestinais.
Os lipídios diminuem a secreção e motilidade da mucosa por permanecerem maior
tempo no estômago, levando a um aumento do suco gástrico e causando
irritabilidade.
Para aqueles
indivíduos que já apresentam sensibilidade gástrica, estas recomendações servem
como medidas profiláticas a fim de minimizar as chances de infecção pela bactéria,
bem como melhorar desconfortos frequentes como azia, refluxo e queimações e
livrar-se da dependência de fármacos como o Omeprazol, que ao inibir a secreção
de ácido clorídrico no estômago, acaba por atrapalhar o processo digestivo e
absorção de nutrientes essenciais obtidos na dieta.
Esse texto me ajudou muito a entender o tratamento da HP e da Gastrite, muito obrigado.
ResponderExcluirFico muito feliz em saber disso!! Espero que o conteúdo seja útil sempre... Apareça!
ExcluirExcelente texto, muito esclarecedor Camila. Muito obrigado por disponibilizá-lo á todos. Estou no tratamento contra esse "bicho" há um bom tempo também e espero em breve ficar livre dele. Grande abraço!
ResponderExcluirBoa sorte David!! A reeducação alimentar é um caminho é excelente no tratamento da bactéria, jogue duro!! =)
ExcluirBom dia! Você pode me passar os contatos dos seus médicos na sua dieta para não perder peso? Obrigado!
Excluirboa noite,foi muito boa sua explicaçao,eu tenho hp e nao faço a dieta e nem fui ao medico pra passar o tratamento acho que nao vou mim acostumar com a comida q ele vai passar,neste momento estou com muita azia e barriga enchada e espero nao ter dores de estomago,porque come batata doce no jantar com galinha gisada.aff q agonia ..boa sorte
ResponderExcluirOi Camila tudo bem?
ResponderExcluirEu fiz a endoscopia digestiva alta e na biópsia não acusou nada deu negativo. Já no teste de T urease deu positivo. Achei estranho pois pra mim a biópsia é mais segura do que o teste de urease, mas mesmo assim o médico pediu que eu fizesse o tratamento e me prescreveu os alimentos que eu deveria cortar da dieta. Repeti a endoscopia depois do tratamento e o teste de urease deu positivo de novo. Agora tenho que voltar no gastro pra ver o que vamos fazer. Não sinto dores no estômago, mas sinto queimação, refluxo as vezes e a barriga inchada. Espero ficar livre disso logo.
Olá Sandra! Grata por sua visita e bem-vinda ao blog. Mil desculpas em tardar tanto para responder, como disse no comentário abaixo, não consigo acessar os comentários pelo celular e não tenho conseguido usar o computador com muita frequência.
ExcluirEspero que a essa altura seu problema já tenho sido solucionado, entretanto, se precisar de mais orientações, conte comigo.
Forte abraço!
Olá Camila. Sou brasileira. Tenho gastrite atrófica, minha barriga fica muito inchada. Não tenho outros sintomas, você acha que a dieta serve para mim? Meu médico não me passou remédio nem dieta. Não fumo, não bebo e gosto muito de frutas e verduras. Quando mocinha dei gastrite,doía muito.mas agora não sinto nada a não ser barriga inchada.obrigada.
ResponderExcluirOlá Zilda! Grata por sua visita! Seja bem vinda ao Beijo no Padeiro. Ando meio atrasada com as respostas por aqui, pois não consigo acessar a página de comentários do celular e quase não tenho conseguido acessar pelo computador ultimamente.
ExcluirDietas, em geral, costumam ter efeito positivo e, distúrbios gastrointestinais, entretanto é preciso avaliar cada caso detalhadamente para rastrear o que poderá estar causando determinado desconforto. O que pode fazer saonpequenos testes, retirando um alimento de cada vez por um período suficiente para observar como se sente...
Conte com meu apoio. Boa sorte!
Olá, fiz o exame de endoscopia e como resultando teu a bactéria h pilory, estou tomando os medicamentos que o médico passou, só estou em dificuldade no que pode ou não comer!
ResponderExcluirEu fiz o exame de endoscopia deu a bactéria h pilory, tomando os medicamento esogastro, quando tomo não mim sinto bem, minha barriga doei muito até o pé da barriga isso é normal, estou sendo acompanhada pelo um clinico geral, ela não passou a dieta pra mim, quais alimentos posso comer, estou indo ao banheiro constantemente é normal isso?
ResponderExcluirEu queria saber quais frutas comer no período
ResponderExcluirtenho gastrite com a bactéria mais estou muito magra isso é normal
ResponderExcluirPor favor, podem receitar uma dieta ?
ResponderExcluirTbm estou em tratamento do HP..tomei os remedios e continuo com os sintomas.. Perdi 8 kilos cortei tudo de minha dieta o pior que afetou a cabeca tbm... Dificil viu esse tratamento
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