segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ego Show




Ontem saí para relembrar porque não saía há tanto tempo… Escutei alguns anúncios no radio de que haveria um tributo a Raul Seixas em um bar na Barra, chamado Groove, no qual já tinha ido há um ano e gostado muito do ambiente.

Trata-se de um bar que há dois anos segue firme no propósito de não se corromper ao axé music baiano, promovendo shows de rock de todas as espécies. O ambiente é super bacana, bem decorado, fugindo do clichê underground e mal arrumado que normalmente permeiam espaços destinados ao rock em Salvador.

Combinei com um amigo, companheiro do rock, e chegamos às 22:00 para a festa marcada para às 21:00 - encontramos o bar fechado e ninguém na porta. Percebemos que havíamos chegado cedo demais e fomos a outro bar próximo “fazer uma horinha”.

Lá pras 23:00 retornamos e encontramos o lugar com certo movimento. Entramos e esperamos até praticamente 1:00 da madrugada para o início do tão esperado espetáculo. A esta altura o bar já estava lotado e as pessoas visivelmente ansiosas pelo show, apesar do excelente DJ.

Sobe ao palco, Marcelo Nova (e seu filho: Drake), escolhido para o evento por ter sido amigo de Raul. O mesmo iniciou o show falando brevemente sobre uma composição que fez com Raulzito, seguida de uma musica desconhecida a qual imaginei que fosse alguma raridade de bastidores. O show se seguiu com Marcelo Nova tomado por um acesso de ego que o levou a passar toda a noite falando de si e tocando suas próprias composições.

Em dado momento, a platéia já estava enfurecida e não parava de gritar: “Toca Raul”. Ele por sua vez, respondeu que já estava cansado de tocar Raul e que não tinha nenhuma intenção em agradar a platéia. Foi vaiado por uns, aplaudido por outros e tocou um trecho do “Rock das Aranhas” só pra não dizer que não tocou absolutamente nada.

Após escutar um monte de abobrinha da vida pessoal de Marcelo Nova, das quais não tinha o menor interesse de saber e alguns barulhos que ele intitula de músicas, fui livrada da tortura auditiva. O show deve ter durado apenas uma hora, tempo suficiente para não saber se ria ou chorava da situação tragicômica.

Um tanto indignada, eu e meu amigo fomos buscar o gerente do estabelecimento para frisar que estávamos nos sentindo lesados, por termos perdido uma noite na intenção de escutar um som e termos sido obrigados a escutar outro. Para a nossa surpresa, fomos informados que o gerente não estava presente e não tínhamos a quem fazer nossa reclamação.

Resignados, dirigimo-nos à fila do caixa para pagar, liberar o cartão e irmos embora. Obviamente uma missão não tão simples assim, dado ao fato de haver apenas dois caixas para atender a centenas de pessoas, resultado: a fila do INSS perdia.

Lá pras tantas, apareceu o garçom para nos informar que o gerente havia retornado à casa. Assim, fomos conversar com ele, que nos disse que o Groove não tinha nenhuma responsabilidade sobre o ocorrido e que estávamos reclamando com a pessoa errada. Falou que se tínhamos alguma queixa, deveríamos falar diretamente com Marcelo Nova através de algum Facebook ou Orkut da vida.

Cheguei à casa indignada pela noite perdida, pelo desrespeito com meus ouvidos (aquilo não é som que se preze, melhor que o DJ tivesse feito uma seleção de Raul), pelo desdém com o trato dos clientes do bar e pela fila de uma hora para conseguir ter o direito de ir embora.

Enfim, valeu para lembrar porque deixei de freqüentar festas e shows e sair correndo próxima vez que ouvir falar em Marcelo Nova.

Anúncio Publicitário do evento (será que estou ficando louca?):
http://www.obaoba.com.br/salvador/agenda/marcelo-nova-voz-violao

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Livro de Chumbo



No período em que vivi na Europa, não perdia uma única oportunidade de despachar bagagem para o Brasil, de forma que sempre que aparecia alguém que estava retornando a Salvador com espaço na bagagem, enviava alguma coisa, pois sabia que ao longo de um ano acumularia tantos objetos, roupas, livros e papéis que se não fizesse isso, no fim teria que deixar algo para trás.

Sendo assim, enviei uns 10 kgs de roupas que já não usava por um amigo, depois mais uns 10kgs por outro amigo, uma trouchinha por minha irmã e duas malas inteiras de 32kgs por pessoas que só haviam levado uma e tinham direito de retornar com duas. Minha mãe já estava habituada com as encomendas que tinha que buscar em endereços diversos pela cidade.

Certa feita fui a Dublin comemorar o aniversário de uma grande amiga que estava vivendo por lá e seguiria da Irlanda direto para Liverpool antes de retornar à Valencia. Essas viagens como todas as outras de avião (low cost) tinham um limite de 10kgs de bagagem, o que era bem pouco considerando que eram roupas grossas de inverno. Na ocasião do roteiro supracitado, seria uma semana com o maior aproveitamento possível de bagagem.

Em Dublin, cometi a extravagância de acrescentar à minha resumida mochila uma “Pint” (tulipa de cerveja de 700ml) da Guinness, uma camisa da Guinness, dois CDs duplos e ainda um livro chamado: Exploring the Book of Kells. Na hora de arrumar a bagagem resolvi aproveitar que minha amiga estava indo ao Brasil de férias (com espaço na mala) e pedi que ela trouxesse o livro para aliviar a minha bagagem, já que ainda ia para Liverpool e não sabia o que encontraria de compras pela frente.

Bem, esse bendito livro rende estórias até hoje... Quando minha mãe soube que o livro estava na casa dos pais de minha amiga no bairro do Itaigara, pediu que minha tia fizesse o favor de buscá-lo, já que era bem próximo ao seu trabalho e minha mãe sempre se perde muito na região. Minha tia por sua vez, sem carro, aguardou um dia que estivesse de carona, para poder buscar o livro, imaginando que fosse algo pesado para ser transportado a pé.

Depois de toda essa logística, ao buscar o livro, se deparou com um livrinho de 2cm de espessura, capa mole e dimensões de 0,10x0,20cm aproximadamente. Logo pensou que havia algum engano, entrou em contato com a minha mãe, que entrou em contato comigo até descobrir que de fato era essa mesma a encomenda que tinha enviado para aliviar o peso na bagagem.

Recebi o livro com um bilhete impagável ironizando o grande alívio obtido no peso da bagagem através do envio do mesmo e essa estória é motivo de piada na família até hoje. Recentemente conversando com minha amiga ela confessou que também se questionou porque tinha enviado esse livro por ela pela irrelevância do seu volume, mas na época parecia tão importante para mim que ela me fizesse esse favor que ela preferiu não entrar no mérito, até porque de fato não lhe causava nenhum transtorno.

Primeiro: o que ninguém entende é que cada milímetro é precioso na bagagem de um mochileiro e quando enviei o livro na verdade estava me precavendo reservando um espaço para prováveis souvenires no próximo destino: Liverpool. De fato, esse espaço reservado se tornou mega necessário. Segundo: optei em mandar o livro, pois era algo que não quebrava (teria sido muito inconveniente mandar o copo, por exemplo) e também porque fiquei com medo de estragá-lo ou amassá-lo dentro da mochila abarrotada. Mesmo assim, as explicações chegaram tarde demais e creio que a piada perdurará eternamente na família que adora ter uma desculpa pra fazer gracinhas uns com os outros.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-feira 13



Hoje é sexta-feira 13 e por isso vou dedicar meu post a esta superstição.

Falando em numerologia: o número treze é considerado um sinal de infortúnio, irregular e segue o doze que na seqüência numérica representa justamente o contrário, atrelado a símbolos fortes como os meses do ano, os signos do zodíaco e os apóstolos de Jesus. O número treze carrega uma tradição de má sorte desde 1700a.C., quando a cláusula nº13 foi excluída das 282 clausuras que contem o Código de Hamurabi. Como este, são incontáveis os relatos de triscaidecafobia.

A sexta-feira, por sua vez, é considerada o dia da semana do azar por ter sido neste dia que ocorreu fatos como a morte de cristo, o grande dilúvio bíblico e certamente encontraremos muitos outros se formos nos debruçar em fatos históricos. Assim, uniram-se os dois e foi formado o dia simbólico das trevas.

O pavor de dias como o de hoje é tão enraizado que existem dois termos que o denominam especificamente: parascavedectriafobia ou frigatriscaidecafobia.
Eu prefiro pensar nisso como superstição. Sempre que quisermos comprovar algo negativamente procuraremos fatos que reforcem esta teoria e vice-versa.

Sexta-feira: Dia do azar? Não depois que o calendário laboral foi criado...
Zezé de Camargo e Luciano no Hino à Sexta-feira: http://www.youtube.com/watch?v=xAIRJutfuls

Espiritualidade



Há quem diga que a religião aprisiona e concordo com isso em partes. Todavia, existe um abismo entre seguir uma religião e ser ateu. Estudando um pouco o outro lado da moeda (já que minha realidade sempre foi de “crente”) e conversando com pessoas que optam por esta linha de pensamento, percebo que elas defendem o ateísmo porque de certa forma se sentiam ameaçadas ao seguir uma religião.

Sou absolutamente contra radicalismos e não vejo nenhum propósito em delegar a um padre o poder de perdoar alguém através de uma confissão ou de dizer que alguém será feliz no matrimônio porque foi abençoado uma cerimônia religiosa, através de um representante divino. Estes sentimentos são de foro íntimo, mas há quem precise de um “empurrãozinho” de terceiros para chegar à paz interior, aí vale um amigo, um padre, um psicólogo... Quem sou eu para julgar o melhor caminho?

Em minha experiência de vida, entrar em contato com Deus é uma atitude extremamente pessoal, por isso não faz muito sentido participar de qualquer seita para isso. Todavia, respeito profundamente aquelas pessoas que têm mais poder de conexão com Deus nestas circunstâncias e locais.

É possível se tornar fanático por qualquer coisa, desde um time de futebol, a um partido político e sem dúvidas uma religião. Para mim qualquer atitude levada ao extremo gera conseqüências negativas e acho que faz todo sentido combater o excesso, entretanto é impossível negar a boa energia de uma mente religiosa.

Esta semana estive em uma cerimônia religiosa de um matrimônio diferente das convencionais (além de ter sido pela manhã, não houve festa, sequer brinde no final) que exemplifica minha idéia. Independente de o padre ser católico ou de ter sido realizada em uma igreja, todas aquelas pessoas estavam reunidas somente no propósito do bem, na intenção de emanar bons pensamentos de felicidade e união para um casal.

O mesmo se repete em missas de morte, onde as pessoas se reúnem para celebrar a vida de alguém especial que se foi, relembrar com saudade e alegria sua passagem pela terra. Nessas ocasiões, muitas vezes não conhecemos a pessoa que está sentada ao nosso lado, mas todo ambiente é repleto de paz e energia positiva.

Aí me pergunto: quantos são os lugares que conseguem reunir tantas pessoas com focos tão puramente bons? No shopping? No transito? No supermercado? Em festas? Em palestras? Sendo assim, como negar a positividade destes eventos proporcionados por rituais religiosos? Como maldizer a religião seguida de forma amena, sem radicalismos?

Seja lá qual for a escolha, acredito que a religião preenche o coração do ser humano com pensamentos de bondade, , otimismo, gratidão e resultam em momentos de foco de pensamentos muito mais benéficos do que as horas em que se perdem pensando na vida alheia, com inveja, ganância, consumismo ou quaisquer outros aspectos banais e/ou maléficos da vida.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Arquitetura - Para todo problema há uma solução!


Imagem: Uma parte da Cidade das Artes e Ciencias do Valenciano: Santiago Calatrava

Ser arquiteta é ser MULTI
É a única profissão onde:
Estuda-se matemática na mesma intensidade que história
A ergonomia é essencial na criação de equipamentos
A química é sempre lembrada na hora de se fazer um restauro
A geografia é constantemente utilizada nos estudos da interfência do sol, do vento e da sombra nas edificações
As artes plásticas dão a estética das cores e formas
O direito jamais pode ser esquecido no cumprimento de leis e normas
A física está presente na possibilidade de se fazer estruturas ousadas
A sociologia é fundamental para sugerir a proposta certa pro local adequado
A psicologia é desejável para captar o discurso inconsciente dos clientes
O desenho técnico primordial para garantir a perfeição do papel para a obra

Em resumo, arquitetura é a profissão que integra o racional e o sensível
Onde se captam idéias abstratas transformando sonhos em realidades
Ao mesmo tempo em que se pensa em viabilidade econômica e estruturas
O resultado dessa ampla formação é que:
Para um arquiteto nunca existem problemas, sempre soluções!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Humano X Divino



Nascida e criada em famílias com valores católicos aprendi a aceitar a religião como algo inerente à vida. Com o decorrer do tempo, estudando as ciências e convivendo diariamente com as desigualdades sociais e destinos de morte/vida das pessoas comecei a questionar um pouco a existência desse Deus pregado pelas religiões.

Apesar de todos esses questionamentos, há perguntas sem respostas, lacunas deixadas pela ciência (intelectualidade humana) que passam a ser atribuídas ao divino, como por exemplo:
Como explicar porque uns morrem jovens e outros vivem 100 anos?
Como explicar pessoas de boa índole e outras de má índole?
Como entender os carmas e as cruzes que cada indivíduo carrega?

Acredito que todo mundo tem uma missão no mundo e é difícil acreditar que essa missão seja algo aleatório e desprendido, sem uma seqüência lógica. Apesar de não ser seguidora de nenhuma religião, vejo a doutrina Espírita como aquela que proporciona mais respostas. Por exemplo, a teoria das reencarnações explica as causas da vida, como se ela fosse vivida em diversas etapas, onde cada encarnação representa mais uma oportunidade de desenvolvimento terreno. Explica porque um pai perde um filho ainda pequeno (talvez essa mesma alma em outra vida tenha tirado a vida de uma criança, causando a dor de outro pai) e seguindo esta mesma linha de pensamento podemos chegar a algumas justificativas coerentes para tantas perguntas sem respostas.

Quanto a Deus, penso nele como uma força superior que rege o universo. Esse Deus é individual, eis porque não sigo nenhuma religião apesar de ter MUITA EM DEUS. Esse Deus tem provado sua existência em minha vida constantemente, seja através de sincronicidades, curas milagrosas (cientificamente inexplicáveis), coincidências (elas existem?), na perfeição da natureza, nos atos de bondade, amor, compaixão...

Para mim uma vida sem Fé é uma vida vazia, onde só se crê no que se vê. Considerando que o melhor sentimento do mundo é abstrato: O AMOR - palavra de significado tão abstrato quanto Deus ou Fé, porém todas causadoras de fortíssimas emoções. Afinal, há quem prefira viver baseado na razão, respeito, mas prefiro a emoção!

Música: Se eu quiser falar com Deus na voz imortal de Elis Regina, letra de Gilberto Gil.