Ontem saí para relembrar porque não saía há tanto tempo… Escutei alguns anúncios no radio de que haveria um tributo a Raul Seixas em um bar na Barra, chamado Groove, no qual já tinha ido há um ano e gostado muito do ambiente.
Trata-se de um bar que há dois anos segue firme no propósito de não se corromper ao axé music baiano, promovendo shows de rock de todas as espécies. O ambiente é super bacana, bem decorado, fugindo do clichê underground e mal arrumado que normalmente permeiam espaços destinados ao rock em Salvador.
Combinei com um amigo, companheiro do rock, e chegamos às 22:00 para a festa marcada para às 21:00 - encontramos o bar fechado e ninguém na porta. Percebemos que havíamos chegado cedo demais e fomos a outro bar próximo “fazer uma horinha”.
Lá pras 23:00 retornamos e encontramos o lugar com certo movimento. Entramos e esperamos até praticamente 1:00 da madrugada para o início do tão esperado espetáculo. A esta altura o bar já estava lotado e as pessoas visivelmente ansiosas pelo show, apesar do excelente DJ.
Sobe ao palco, Marcelo Nova (e seu filho: Drake), escolhido para o evento por ter sido amigo de Raul. O mesmo iniciou o show falando brevemente sobre uma composição que fez com Raulzito, seguida de uma musica desconhecida a qual imaginei que fosse alguma raridade de bastidores. O show se seguiu com Marcelo Nova tomado por um acesso de ego que o levou a passar toda a noite falando de si e tocando suas próprias composições.
Em dado momento, a platéia já estava enfurecida e não parava de gritar: “Toca Raul”. Ele por sua vez, respondeu que já estava cansado de tocar Raul e que não tinha nenhuma intenção em agradar a platéia. Foi vaiado por uns, aplaudido por outros e tocou um trecho do “Rock das Aranhas” só pra não dizer que não tocou absolutamente nada.
Após escutar um monte de abobrinha da vida pessoal de Marcelo Nova, das quais não tinha o menor interesse de saber e alguns barulhos que ele intitula de músicas, fui livrada da tortura auditiva. O show deve ter durado apenas uma hora, tempo suficiente para não saber se ria ou chorava da situação tragicômica.
Um tanto indignada, eu e meu amigo fomos buscar o gerente do estabelecimento para frisar que estávamos nos sentindo lesados, por termos perdido uma noite na intenção de escutar um som e termos sido obrigados a escutar outro. Para a nossa surpresa, fomos informados que o gerente não estava presente e não tínhamos a quem fazer nossa reclamação.
Resignados, dirigimo-nos à fila do caixa para pagar, liberar o cartão e irmos embora. Obviamente uma missão não tão simples assim, dado ao fato de haver apenas dois caixas para atender a centenas de pessoas, resultado: a fila do INSS perdia.
Lá pras tantas, apareceu o garçom para nos informar que o gerente havia retornado à casa. Assim, fomos conversar com ele, que nos disse que o Groove não tinha nenhuma responsabilidade sobre o ocorrido e que estávamos reclamando com a pessoa errada. Falou que se tínhamos alguma queixa, deveríamos falar diretamente com Marcelo Nova através de algum Facebook ou Orkut da vida.
Cheguei à casa indignada pela noite perdida, pelo desrespeito com meus ouvidos (aquilo não é som que se preze, melhor que o DJ tivesse feito uma seleção de Raul), pelo desdém com o trato dos clientes do bar e pela fila de uma hora para conseguir ter o direito de ir embora.
Enfim, valeu para lembrar porque deixei de freqüentar festas e shows e sair correndo próxima vez que ouvir falar em Marcelo Nova.
Anúncio Publicitário do evento (será que estou ficando louca?):
http://www.obaoba.com.br/salvador/agenda/marcelo-nova-voz-violao