quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Reflexões de Fim de Ano

Quase réveillon, ainda aquele clima de restos de natal no ar... Estou lendo um livro que é um bate papo entre o Jornalista Arthur Dapieve, Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo. Chega uma dessas revistas de fofoca aqui em casa, eu faço uma pausa para folhear, pois a mãe de uma amiga está na capa. Leio somente o destaque de sua entrevista, onde ressalta a rabanada como comida TOP de natal. Volto ao livro e do nada o tema começa a ser: comemorações natalinas também! Veríssimo fala da tal rabanada e eu me pergunto: “O que é rabanada? Que comida típica de Natal é essa que eu tanto escuto falar e não faço idéia do que seja?” Mais uma pausa, hora de matar a curiosidade. Nada de enciclopédia Barsa ou o pesado Koogan Houaiss, os tempos mudaram, agora, quando se pensa em dúvida o primeiro nome que vem à cabeça é Google!

E essa vontade de escrever? Antes de pesquisar sobre a tal rabanada, precisei começar esse texto e agora mais uma pausa... Argh! Já descobri! Rabanada é um negócio que sempre ouvi chamarem de fatias de parida, algo que sempre achei repugnante. Acabei de descobrir porque, leite condensado é um dos TOP ingredientes, algo que detesto desde pequena, juntamente com manteiga, eca!!!  Vinte e sete Natais sem rabanadas será que sou uma pessoa normal? Risos!

Aproveitando o ensejo do tema, vou falar um pouco minha experiência sobre a data e algumas opiniões. Venho de uma família de poucos presentes, salvo a minha avó paterna que na infância me enchia de mimos. Lembro, entretanto, que não eram coisas exorbitantes, e sim, várias lembrancinhas, como: agendinha, batom, pulseirinha, presilha de cabelo e um bando de bibelô de menina. Hoje vejo as crianças ganhando presentes surreais, repletos de baterias, botões e controles remotos. Brinquedos que quebram com facilidade, que não aguçam a criatividade e que principalmente pesam nos bolsos dos pais.

Lembro de ter pedido a “papai Noel” um tubo de Cola Pritt, aquela cola de bastão, que vem numa embalagem vermelha. Neste ano, junto com a cola, ganhei uma cartela de adesivos coloridos, que economizava para colar em cartinhas especiais. Em outro ano ganhei dois blocos de papel de carta que colecionava na infância. Lembro que um bloco desses rendia o ano inteiro, ficava com uma folha e as outras eu trocava com amigas, deixando a coleção gorda sem onerar os cofres paternos. Esses dias fui fazer uma pintura numa caixa, aplicando uma técnica que aprendi na aula de arte na infância e fui procurar três latinhas de tinta óleo que também ganhei de natal há uns 15 anos, para fazer as minhas artes. Nem acreditei quando as encontrei em perfeito estado. Depois de tanto tempo, eu sabia exatamente onde estavam guardadas essas tintas, bem fechadinhas e cuidadas todo esse tempo. É impressão minha ou as coisas tinham outro valor?

O que vejo hoje são crianças ganhando presentes caros, brinquedos que quebram no segundo uso e viram lixo. Tudo descartável! Ninguém cria artes (eu fazia inúmeros cartões de Natal para toda a família todos os anos), tudo precisa ser COMPRADO. Brincar só presta se for com brinquedos caros. Na minha infância, brincava com uma folha de papel e um pedaço de giz de cera velho. Aprendi cedo sobre as cores primárias, então sempre soube que bastava ter azul, vermelho e amarelo para criar o que quisesse!

Fiz uma amiga em Belo Horizonte que colocou a filha numa escola que segue a pedagogia Waldorf. Acho que é uma das raras meninas da atualidade que me faz lembrar a minha infância. Ela brinca com retalhos de pano, bonecas feitas por ela mesma na escola, cubinhos educativos... No resto do tempo canta, pinta, desenha, ajuda a mãe a cozinhar... Explora as artes! Computador? Nem pensar! Televisão? Só um filminho de vez em quando... A menina tem três aninhos e interage bem com adultos, se comporta quando os amigos dos pais estão por perto, não fica aquela tensão no ar, de que tem uma criança por perto, ela brinca e não perturba ninguém... Isso está virando uma raridade. O que mais vejo são crianças histéricas que vivem esperneando, querendo mais brinquedos, mais atenção, mais, mais, mais...!

Voltando à questão dos presentes, fui criada desvinculada dessa obrigação de presentes e principalmente de que presentes para serem bons precisam ser caros. Isso mudou um pouco quando comecei a namorar e meio que fui englobada por essa mania de se comprar presentes: aniversário de namoro, aniversário, natal, páscoa, etc. A maioria dos meus ex namorados dava muito valor a esses protocolos e no embalo eu acabei criando esse hábito da obrigação de se presentear em datas. Também tinha mania de dar presentes de aniversário às minhas amigas, participar de amigos secretos, etc. Com o tempo fui me desligando disso e acho muito bom. Algumas ocasiões exigem protocolos e não tenho como escapar, para não sair de mal educada, mas hoje a cota de presentes está no mínimo do mínimo. Não que não goste de presentear, apenas não gosto da obrigação de presentear em datas. Prefiro que seja algo espontâneo, sempre que achar que algo me lembra alguém: mesmo que seja algo de UM REAL. Hoje graças a Deus, ando cercada de pessoas que valorizam mais símbolos do que valores. Acho que a tendência é que isso aumente.

 Esse negócio de presente caro é uma viagem. Quando queremos algo bom, que custa muito, normalmente é algo muito específico, que nós mesmos sabemos e escolhemos. Tem gente que faz amigo oculto e diz o que quer ganhar. Qual o propósito? Cadê a surpresa? Quando preciso de algo vou lá e compro, a chance de outra pessoa comprar para mim e errar é muito grande! Dá um trabalho desnecessário às pessoas e em alguns casos ainda pode gerar constrangimentos (quando elas erram). É o que falo de presente de casamento, por exemplo. Tanto trabalho! As pessoas vão às lojas, fazem suas listas, depois os convidados vão lá comprar esses presentes pré-escolhidos, e depois, na maioria das vezes, os noivos retornam às lojas para trocar. No fim os presentes não passam de moedas de trocas. A etiqueta que me desculpe, mas se os amigos querem ajudar o início de vida de um casal e não sabem exatamente o que eles precisam, melhor depositar um dinheiro, economizar tanto trabalho e dar mais liberdade de escolha ao casal. Pode parecer um pouco frio, mas acho que se esse dinheiro vier acompanhado de uma bela cartinha, essa sim, será guardada como símbolo de afeto e carinho, e pelo pouco volume, com certeza terá mais chances de durar uma eternidade, mais do que um conjunto de copos, que será facilmente quebrado...

Comecei com Natal e já pulei para casamento. Na verdade porque entrei no tema do consumismo e inversão de valores da sociedade atual. Desejo que em 2012 as pessoas troquem mais amor, carinho, momentos, reflexões, companhias e gestos afetuosos do que presentes! São os meus votos de fim de ano para os leitores aqui do blog! Inté!

Beijos e mais beijos no padeiro!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Aprender a Pensar



Acabei de assistir a este vídeo e adorei a forma como o tema foi colocado nele. Muitas vezes tenho a impressão de que o ser humano está desaprendendo a pensar. No livro A Arte de Escrever, Schoppenhauer discursa justamente sobre isso. Segundo ele, há pessoas que lêem tanto e ocupam suas mentes sobremaneira que não sobra tempo para que tenham pensamentos próprios. Não significa que a leitura não seja um exercício importante e também não faça florescer a criatividade, entretanto, há que se pausar, ler calmamente e permitir que haja tempo para elucubrações acerca do que se absorve. Tantas pessoas dizem ter lido coisas e mais coisas e nos seus discursos não se consegue inferir nenhum tipo de apreensão de determinados conteúdos. Acho que simplesmente passam seus olhos pelas palavras.

Talvez por isso que me divirta tanto nesse blog: é um exercício da análise e reflexão sobre a vida e seus diversos temas. Algo que faço para mim mesma e que é arquivado de forma cronológica, assim, vez ou outra, eu releio textos antigos e faço associações percebendo como estava minha cabeça em dados períodos, o que mudou e o que continua parecido. Notar mudanças é sempre muito bom: em muitos casos sinal de evolução ou simplesmente fim de angústias e dúvidas passadas.

O gatinho do vídeo é o reflexo de muita gente que conheço. Pessoas que infelizmente parecem não refletir sobre suas escolhes. Seres anestesiados pelo que vêem na televisão, fenômeno muito bem expressado no filme The Wall do Pink Floyd, em especial na música Comfortably Numb, que já foi título de texto aqui no blog. Esses exemplos demonstram como a existência de uma crítica contundente acerca da alienação das pessoas há mais de 30 anos e mesmo assim o fenômeno continua crescente. Mais um sinal de que há muita gente que de fato segue rebanhos sem parar para pensar no motivo pelo qual o fazem.

Por outro lado, quem sou eu para criticar essas pessoas? Afinal, o que é certo e o que é errado? Muitas delas vivem felizes em meio às suas alienações. Felicidade não é a meta maior na vida? O que poderia ser mais importante? A ignorância em muitos casos é uma dádiva e evita sofrimentos. O problema é quando ela começa a gerar conseqüências. Tomando como exemplo o vídeo, tantas pessoas tomam litros de refrigerante sem sequer cogitar o quão maléfico este líquido é para as saúde. A parte cruel é a forma como se deixa de ser ignorante num exemplo como esse: adoecendo. Em alguns casos pode ser fatal, em outros um pequeno alerta do corpo. O fato é que normalmente quanto maior a ignorância, maior será a “pancada” que irá acompanhá-la. Como não sentir certa repulsa por esse mercado que vive de construir maneiras de manipular mentes?

domingo, 11 de dezembro de 2011

Filmes para Beijar o Padeiro



Recentemente assisti a três filmes que contam histórias verídicas de superação pela crença na educação. Recomendo e quem já tiver visto, são filmes que merecem ser revistos.

Um se chama Coach Carter que conta a história de um treinador de basquete que trata o jogo com muito respeito, educando seus alunos com disciplina e principalmente condicionando a pratica do esporte aos estudos, visto que é muito comum as pessoas investirem nos esportes e desdenharem dos estudos. Samuel Jackson faz o papel espetacular do treinador de basquete Ken Carter. 




O outro se chama Música do Coração e conta a história de uma professora de violino que acredita na força da música. Traz disciplina a alunos de um colégio público, que se refletirá em outras disciplinas e no resto da vida deles. Além disso, educa através da arte, se mostrando uma mulher guerreira e vencedora. Para completar o filme conta com a brilhante atuação de Maryl Streep, como personagem principal.





Para fechar as indicações: Patch Adams: O Amor é Contagioso. Conta a história de um homem que acredita no exercício humano da medicina. Com seu jeito sério e ao mesmo tempo irreverente, ele revoluciona o ambiente acadêmico e hospitalar, mostrando que é possível ser profissional e amável ao mesmo tempo. Afinal de contas, pacientes antes de qualquer coisa, são seres humanos. No papel principal, ninguém menos que Robin Williams.



Em meio a um mundo de mazelas, tragédias e alienação, é lindo ver que existem pessoas trabalhando em prol do bem alheio. Pessoas que se doam para educar, que acreditam num futuro melhor. O mundo precisa de muitos exemplos como esses para fazer as pessoas acreditarem em seus sonhos e correrem atrás deles. Que histórias como essas sirvam de inspiração sempre!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Alimentação e Moda

Um prato desses custa pelo menos uns R$60,00 num restaurante contemporâneo da moda. Usa cerca de 100g de arroz negro (R$20,00 o quilo) e o filé de peixe deve custar uns R$5,00. Qual o mistério?? Só a grife e o glamour de frequentar tais locais...

O nome ortorexia pode soar familiar para muita gente, já outras pessoas talvez nunca tenham ouvido falar. Trata-se de um novo problema psicológico, que abrange uma gama de pessoas que se tornam neuróticas com saúde, a ponto de serem consideradas doentes. Convivendo com gente que preocupa com alimentação tenho visto esse sintoma em inúmeras pessoas e é realmente preocupante.

Sem dúvidas devemos nos preocupar com o que comemos, mas como vivemos em sociedade, se ficarmos neuróticos com o assunto simplesmente não poderemos mais sair de casa. Nós comemos por saúde, mas também pelo prazer, pela diversão, para socializar, para estar com a família, por rituais e motivos comemorativos, para expressar uma identidade cultural... Reduzir a função alimentar à mera nutrição fisiológica é ver a coisa de um ângulo muito estreito. Aí entra a diferença do macro e do micro e por isso que gosto tanto ta macrobiótica, que é uma filosofia que busca ter uma grande visão da vida.

Hoje em dia os profissionais na área de saúde estão tão preocupados com o micro que acabam esquecendo o macro. Esses ficam tentando extrair cada nutriente de cada alimento para fazer suplementos, como o exemplo do pomegranate extraído da romã, resveratrol extraído da uva, do colágeno hidrolisado, das vitaminas, do betacaroneto presente na cenoura... Quem disse que devemos comer esses itens isolados? Quem disse que essas parcelas separadas são mais efetivas do que o alimento como o todo? Tanto a uva, quanto a romã ou a cenoura são repletas de outros nutrientes que combinados em proporções únicas fazem deles alimentos saudáveis.

Existe um pouco de modismo nos conceitos nutricionais, onde um dia certos alimentos são endeusados e no outro são completamente endiabrados. A proteína e o carboidrato são exemplos de macro nutrientes que ao longo da história variaram entre vilãs e bonzinhos. A gordura então nem se fala! Na década de 80, nos Estados Unidos, começou a campanha do zero gordura. Com isso, as pessoas passaram a ingerir cada vez mais carboidratos refinados e foi justamente quando se começou também a epidemia obesa no país. Quem disse que gordura faz mal? A gordura está presente em todo o corpo: 70% dos nossos neurônios são compostos por ela. Aí a ciência vai avançando e os conceitos continuam mudando, um dia a gordura saturada é vilã, depois a gordura trans, agora o ômega 3 é o que há para quem busca uma dieta saudável.

O que vejo é que o bom senso tem sido esquecido e as pessoas vêm seguindo modismos alimentares e abandonando cada vez mais a intuição. Eu pessoalmente valorizo muito a cultura e acho que nossos antepassados têm muito a nos ensinar. Que tal valorizar o que era comum nos tempos em que não existiam tantas doenças crônicas não transmissíveis? Uma boa idéia é procurar comer somente aquilo que nossas bisavós reconheceriam como comida. Certamente a maioria dos produtos encontrados nos supermercados sairá de sua dieta. Imaginem a sua bisavó em uma cozinha cheia de pacotes, sem um fogão e apenas um microondas! Será que ela passaria fome? Será que ela conseguiria descobrir que aquelas coisas eram para ser ingeridas ou iria pensar que era algum produto de limpeza, decoração ou qualquer coisa do gênero?

Outro conceito abandonado é o de se comer em casa. Esses dias eu estava escutando uma pessoa que está se mudando para uma cidade nova a trabalho e estava escolhendo um local para morar. Encontrou um lugar excelente e tão perto de seu trabalho que certamente poderia vir almoçar em casa todos os dias. Mas a sua esposa não gostou, achou pouco glamorosa provavelmente e optou em morar num lugar mais chique e super afastado, inviabilizando de todas as formas a presença de seu marido para o almoço em casa. As futilidades estão roubando o lugar das prioridades nas famílias. Hoje em dia ninguém mais se preocupa em comer em casa, fazer refeições em família. As crianças não sabem sequer como se portar à mesa, canso de ver em restaurantes crianças com as caras enfiadas em algum ipad da vida, sem interagir e muito menos saber pegar num garfo direito. Hoje cerca de 50% das refeições são feitas fora de casa e é comprovado que, em restaurantes, a comida tende a conter muito mais açúcar, óleos de má qualidade e sal. Isso sem falar no padrão familiar cada vez mais perdido, o que talvez explique o número crescente de divórcios.

Cozinho todos os dias e tenho percebido o quanto isso causa espanto para muitas pessoas. Na minha cabeça, saber cozinhar sempre foi condição sine qua non para pensar em constituir uma família. Como criar um filho sem saber preparar o alimento dele? Até mesmo para ter uma cozinheira em casa, como orientá-la sem saber cozinhar? Hoje grande parte de minhas amigas estão casadas e/ou morando sozinhas e posso dizer com segurança que no máximo 5% delas sabem cozinhar mais do que comidas pré-prontas de supermercados.

Por outro lado cozinhar agora virou algo chique, gourmet. Vemos inúmeros programas de chefes na televisão, um mais requintado do que outro. As pessoas pagam fortunas em restaurantes chiques, que com essa moda de culinária contemporânea, são quase todos iguais. O charme da culinária simples e regional vem se perdendo cada vez mais. Hoje se come aspargos, alcaparras, camarões, lagostas e outros ingredientes típicos de restaurantes gourmets em qualquer lugar do mundo, sem esquecer-se do vinho que custa o triplo do que se fosse comprado em um supermercado. Tudo lindo e requintado...! Depois dizem que não tem dinheiro para comprar arroz integral ou produtos orgânicos em casa. Comer em restaurantes é caro, isso sim! Cozinhar em casa, mesmo com os melhores ingredientes é baratíssimo comparado ao valor que se paga nesses restaurantes gourmets que as pessoas tanto frequentam.

Na minha cozinha, gosto de variar ingredientes, usar especiarias aqui e ali, mas ninguém vive de comer comidas super elaboradas. As pessoas às vezes sabem preparar algo incrementado ou sobremesas, mas não sabem fazer receitas simples usando verduras, arroz e feijão. É tão elementar que às vezes soa engraçada a admiração de pessoas ao me verem cozinhar comidas super caseiras ou descobrirem o sabor de legumes preparados da forma mais simples possível, pois o máximo que conheciam eram aquelas verduras servidas em restaurantes japoneses regadas de manteiga e molho teriaki.

Vou parando por aqui, pois esse assunto dá muito pano para manga... Continuo em outro post! 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quibe de Peixe (de forno)



Ingredientes:
Massa:
150g de trigo para quibe
250g de filé de pescada branca
Sumo de 1 limão
1 cebola pequena picada
¼ de ramo de salsa picada
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
Azeite de Oliva

Recheio:
5 folhas de couve mineira grandes
1 cebola pequena picada
4 dentes de alho espremidos
1 colher de sopa de molho Shoyu
1 colher de sopa de óleo de gergelim
1 colher de café de pimenta do reino

Preparo:
Massa:
Lave o trigo e deixe de molho por 20 minutos. Depois esprema bem para retirar o excesso de água e reserve. Lave os filés de peixe e tempere-os com o sumo de limão por 5 minutos. Depois lave, e esprema retirando o excesso de líquido. Em uma tábua corte o peixe em pedaços pequenos e termine de desfiar com as mãos. Em um suribachi (ou pilão) grande (se for pequeno, faz de duas vezes) mistura o trigo, o peixe, a salsa, a cebola, a pimenta e o sal até que se torne uma mistura homogênea.

Recheio:
Retire o caule da couve e corte as folhas em tiras finas. Refogue a cebola no óleo de gergelim e depois acrescente a couve e por fim o alho. Antes que as folhas murchem completamente, adicione o molho shoyu. Esquente por mais 3 minutos e desligue o fogo.

Unte a assadeira ou pyrex com azeite de oliva e coloque metade da massa cobrindo o fundo. Depois coloque o recheio e cubra com a outra metade da massa. Passe um fio de azeite e espalhe por cima do quibe. Leve ao forno até ficar ressecadinho e crocante. Bom apetite!


Serve 2 pessoas.

Higéia ou Panacéia: Quem cuida de você?


Antigamente havia epidemias transmissíveis como a febre amarela, tuberculose, peste negra, entre outros, que dizimavam populações. Hoje, grande parte dessas doenças está ou erradicada ou muito bem controlada.

Agora observamos o fenômeno das doenças crônicas não transmissíveis, que proporcionam uma sobrevida sofrida, mas que não influenciam nas taxas de mortalidade. Desta forma, os dados estatísticos confirmam uma maior expectativa de vida da população em geral, usando este dado como “prova” de que o nível de saúde melhorou.

O que é viver? Passar dos 65 anos na condição de precisar fazer quatro sessões de hemodiálise com cinco horas de duração cada, semanalmente? Somente no setor das doenças renais crônicas, o sistema único de saúde no Brasil gasta 1,4 bilhões de reais ao ano. Isso sem falar nos gastos com o câncer, diabetes, cardiopatias, obesidade e outras patologias que acometem cada vez mais a população.

Hoje em dia é difícil encontrar quem não tome pelo menos um tipo de medicamento diariamente. O ciclo começa desde a adolescência, quando meninas passam a usar pílulas anticoncepcionais e acostumam-se à idéia de que é natural ingerir medicamentos para tudo. Passam a tomar remédios para espinhas, cólicas menstruais, dores de cabeça, queda de cabelo, gastrite, constipação, hormônios para controlar o funcionamento tireoidiano, além de inúmeros cremes para tentar atenuar os efeitos de uma má alimentação na pele. Assim, a saga se inicia com “medicamentos simples”, criando-se um péssimo hábito e um ciclo sem fim.

Quantas pessoas você conhece que não tomam nenhum tipo de medicamento regularmente? Melhor dizendo, quantas pessoas você conhece que são capazes de passar um ano inteiro, ou sequer um semestre, para não dizer um mês, livre de qualquer tipo de comprimido? Aposto que essa pergunta soa no mínimo surreal para a maioria das pessoas, entretanto é uma realidade absolutamente possível para quem cuida da saúde de forma preventiva.

Vivemos na era do imediatismo, com a internet, tudo ocorre “online” de forma instantânea e já não se sabe mais respeitar o tempo do corpo humano. Ele precisa de uma mastigação lenta, sono profundo, alimentação adequada, movimentação (não somente do volante), ar fresco e outras coisas que viraram quase lenda na vida de quem reside em grandes centros urbanos.

Os primeiros sintomas da falta desses fatores são curados de forma rápida através de pílulas mágicas. Com o tempo eles vão deixando de fazer efeito e vão surgindo doenças sérias, que não são curadas e que as pessoas simplesmente aprendem a respeitar e conviver com os seus desconfortos e efeitos colaterais (das doenças e dos remédios). Seguem a vida, enaltecendo a tecnologia e os avanços médicos, lidando com situações patológicas, que já estão sendo vistas quase como biológicas.

Segundo a mitologia grega, as netas de Apolo (filhas de Asclépio), foram designadas a cuidar do bem estar da humanidade. Higéia e Panacéia, então, receberam a incumbência de tratar da saúde e da doença do mundo, respectivamente. Em 377 a.C., Hipócrates, o pai da medicina, dizia: “Faz do alimento o seu remédio.” Já em 150 a.C., Galeno introduziu os fármacos na medicina ocidental, dando início aos tratamentos pelos sintomas e não pelas causas. A partir daí Panacéia vêm reinando em um mundo que prefere remediar a prevenir. Apesar de fazer parte de um mundo moderno, eu escolhi seguir as tradições antigas: ser cuidada por Higéia e seguir os princípios de Hipócrates, e você?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Coffee Break


Esta semana estou participando de uma Jornada de Nutrição com diversos cursos interessantíssimos. Ontem foi a abertura com duas palestras excelentes. Depois de quatro horas escutando falar sobre a importância de comer em intervalos regulares de tempo, ingestão de líquidos, alimentos saudáveis, os malefícios do açúcar, dos refinados, dos produtos químicos, industrializados e tóxicos foi a hora do coffee break... Todo mundo morrendo de fome e o buffet 100% de pães brancos, com queijos e cupcakes extremamente açucarados. Passei batido pela comida e fui procurar uma água para beber, visto que estava morrendo de sede. Mais surpresas: somente sucos de caixinhas (primos disfarçados dos refrigerantes) e Coca-cola.




Triste ver as pessoas devorando tudo aquilo, sem qualquer consciência alimentar. Pareciam pertencer a qualquer grupo, menos de estudantes de nutrição. Pior ainda foi pensar na comissão organizadora, que possui papel de educar, não só por palavras, mas principalmente com exemplos.  A impressão que tive foi que tudo que escutaram minutos antes entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Procurei algum dos organizadores do evento para questionar a falta de zelo na escolha do buffet, mas não encontrei ninguém. Sem água fui embora correndo e indignada para matar a minha sede em casa.

Saí de lá me perguntando como é que se pretende educar futuros profissionais na área de nutrição a serem formadores de opinião em consciência alimentar, quando num evento desse porte, a teoria é tão diferente da prática? Serão os nutricionistas do lema: “façam o que digo, não façam o que faço?”

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ponto Fraco


Foto: Adriana (Teté) Lacerda

Hoje completaria um mês sem álcool... Isso mesmo, completaria, porque não resisti à tentação este final de semana. Recebi uma grande amiga que também adora degustar cervejas especiais e como boa anfitriã levei-a para conhecer o Reduto da Cerveja, local que já descrevi aqui no blog em outro post. Nem preciso dizer que me coloquei numa situação difícil, visto que esta modalidade é justamente o meu ponto fraco quando o assunto são bebidas alcoólicas. Neste último mês estive em diversos casamentos e jantares e resisti bravamente a vinhos e espumantes, mas como já falei em outro post, acredito que é pior ficar se torturando com uma vontade reprimida, então “enfiei o pé na jaca”, feliz da vida, este final de semana. Para completar estou lendo novamente O Clube dos Anjos, livro de Luis Fernando Veríssimo que é uma apologia à Gula e um prato cheio para quem tem um paladar super apurado como eu. Inspiração para cair em tentações? Difícil imaginar que não.

Na quarta à noite saí para um lugar charmosérrimo na capital mineira chamado Café com Letras, onde come-se bem, cercado por livros dos mais variados títulos (todos à venda) ao som de um agradável jazz. Lá me comportei bem e durante a noite me deleitei com um chá de limão, gengibre e mel seguido de um suco de frutas vermelhas. Já na quinta-feira, caí na tentação ao me deparar com inúmeros rótulos ainda não testados no Reduto da Cerveja. Comecei a noite com chave de ouro provando um rótulo especial exclusivo da Estrella Damm chamada Inedit assinada pelo chef espanhol Ferran Adriá. Dispensa comentários... Depois provei (e reprovei) o amargo sabor da tcheca Bernard Celebrations que parece Kronenbier. Após a escolha errada, resolvi ir numa velha conhecida e relembrei o sabor da deliciosa Delirium Tremens, cerveja Belga eleita a melhor do mundo. Para fechar a noite, o forte paladar da escocesa Hardcore IPA (Indian Pale Ale) da Brew Dog,  que me lembrou o Barley Wine da Cerveceria Antares. Garrafas pequenas, repartidas por três pessoas durante longas horas, experiência completamente diferente de quem está acostumado a sentar em um bar e beber litros de cerveja...

Aproveitei que já tinha caído na tentação e prolonguei a concessão para o resto do final de semana. No dia seguinte, em um lugar agradabilíssimo em Ouro Preto, chamado O Passo, com um jardim no estilo provençal, provei o chope artesanal e orgânico da Ouropretana: delicioso. Já no domingo, em Tiradentes, em um aconchegante lugar especializado em cervejas e queijos a tentação foi dupla: queijo camambert e cerveja artesanal de Tiradentes, seguida da Monja Escura, ambas novidades para mim e muito boas.


Peso na consciência? Nem pensar, o final de semana foi divertidíssimo e as cervejas marcaram o reencontro com uma pessoa especial que não via há um ano e meio. Já estou de volta à minha rotina, repleta de arroz integral, verduras e sopas e a contagem recomeçou: será que conseguirei completar um mês inteirinho sem álcool desta vez?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Polenta com Quiabo



Ingredientes:
12 quiabos cortados em rodelas de 1cm de espessura
2 e ½ xícaras de fubá de milho
1 colher de sopa de azeite de oliva
1 colher de sobremesa de sal marinho
2 tomates orgânicos sem sementes.

Preparo:
Coloque 6 xícaras de água para ferver numa panela grande. Quando atingir fervura, adicione os quiabos e o sal, mantendo por um minuto com a panela destampada. Adicione aos poucos a polenta mexendo sem parar. Adicione o azeite de oliva. Continuar mexendo até ficar bem grosso e solto da panela. Coloque em uma forma e esmague bastante.

Corte os tomates em rodelas e coloque em uma panela com um pouquinho de sal e uma colher de sobremesa de água. Tampe e deixe o tomate “derreter” em fogo BEEEM baixo. Retire a casca quando ela já estiver solta do tomate. Acrescente uma colher de sopa de água e misture até ficar com consistência cremosa.
Cubra a polenta com o molho de tomate e decore com salsinha picada.

Bom apetite!

Obs.: Nesta receita podem ser adicionados outros ingredientes de consistência mais rígida como milho, pimentão, azeitonas e cenoura.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Desejo e Controle


No último post falei um pouco sobre a dose certa e tentar equilibrar as coisas. Dizem que a ignorância é uma dádiva e é mesmo! Quanto mais eu estudo mais ajustes eu quero fazer na dieta e mesmo para mim que já sou acostumada a ter uma alimentação bastante regrada, existem algumas coisinhas que ainda são difíceis de administrar.

Há uns anos resolvi radicalizar com o açúcar, esse eu não como de jeito nenhum! No início foi sofrido, desejava doces, quando via um chocolate ficava com água na boca, mas me eduquei a dizer não, pois me diagnostiquei como VICIADA no açúcar e queria me livrar da dependência. O primeiro passo foi a sensação de vitória cada vez que conseguia recusar um doce. Digo isso, pois convivendo em sociedade somos expostos à oferta do produto o tempo todo. Ninguém lhe oferece cigarro se você não fumar e nem muito menos bebida alcoólica numa manhã de trabalho, entretanto o tal do açúcar nos é oferecido o tempo inteiro. Em alguns casos como cortesias: depois que abastecemos no posto de gasolina, na conta do restaurante, em salas de espera quando estamos ociosos e às vezes ansiosos, no avião... Isso para não falar dos colegas de trabalho, da casa da vovó, nas tardes de papo com as amigas: aonde ir? Sorveteria? Casa de tortas? Por aí vai... O convite ao consumo do açúcar é constante e a chance de alguém se viciar sem perceber é enorme! Então, levou pelo menos um ano para eu realmente recusar doces sem nenhum pesar, para conseguir dizer um não seguro. Depois disso lembro-me de uma ocasião em que aceitei uma oferta irrecusável sem peso na consciência e sem desejos subseqüentes como um fumante que dá o primeiro trago e retorna a fumar! Essa provinha ocorreu no dia em que comprei minha aliança de noivado e a joalheria ofereceu um chocolate belga gourmet requintadíssimo com uma taça de champagne. Esse exemplo se encaixa exatamente naquilo que falei no último post, uma ocasião única e serviu como comprovação de que eu sou mais forte que um pó branco e doce.

Agora que me considero livre do açúcar estou às voltas com três outros itens: massas brancas, queijos e bebidas alcoólicas.  Passo longe de ser uma alcoólatra, mas quero desvincular esse item à vida social, porque é quase uma regra tomar um chope quando sentamos num bar, um vinho quando temos um jantar especial e uma tacinha de champanhe numa solenidade. Acontece que quem tem uma vida social agitada como eu acaba encontrando amigos em barzinhos ou num restaurante bacana pelo menos uma vez por semana ou tendo um casamento também a cada final de semana. Com isso a exceção começa a virar regra.
Há pouco mais de três semanas recebi uns amigos para jantar em casa numa sexta-feira e inevitavelmente rolou uma cervejinha com petiscos na entrada e depois um vinho no jantar. No fim da noite tinha tomado pelo menos duas taças de cerveja e mais duas de vinho o que considero uma quantidade razoável de ingestão alcoólica. No dia seguinte tinha um curso e constatei mais uma vez o quanto dormir pouco quando bebemos na véspera deixa a gente muito mais cansada do que simplesmente quando dormimos poucas horas. Nessa ocasião me dei conta que na véspera não havia bebido por vontade, apenas por mero condicionamento social: todos estavam bebendo e eu naturalmente acompanhei. Decidi então que deveria tirar a “naturalidade” de algo que não deve ser “natural”.

No dia seguinte fomos almoçar com esse mesmo casal num restaurante maravilhoso e nada de alcoól. Passar a semana sem álcool foi fácil, até que no final de semana seguinte, no sábado à noite fomos visitar os padrinhos de meu marido (que eu ainda não tinha conhecido por morarem em outra cidade) e eles estava ansiosos esperando a gente com uma garrafa de Veuve Cliquot no gelo para brindar o nosso noivado. Como recusar?? Senti-me uma fraca que decidiu parar de beber e em uma semana já estava bebendo de novo. Por outro lado, “enrolei” com uma taça cheia a noite inteira (as pessoas só completam se ela esvaziar) e ninguém notou. Essas táticas a gente só desenvolve quando está prestando atenção ao que está fazendo, uma vez que o condicionamento natural acaba levando a gente a beber a taça inteira sem perceber... No dia seguinte, fomos convidados para um almoço na casa de amigos e TODOS bebiam. Recusei dizendo que tinha parado de beber e algumas pessoas perguntavam: há quando tempo e por quê? Difícil era responder que tinha menos de 24 horas, pareceria uma piada!! Enfim, preciso dizer que foi estranho, que ataquei a água de coco da casa, o que não foi nenhum sacrifício visto que acho muito mais saboroso do que qualquer bebida alcoólica. Em outras épocas que fiquei sem beber, fiz muito isso, saía com amigos e bebia jarras de água de côco pelo puro condicionamento de ter sempre um copo cheio à mão nessas ocasiões.

Este foi o terceiro final de semana: dois casamentos, jantar na casa de amigos, barzinho e nenhuma gota de álcool. Foi um final de semana agitado, não pude dormir muitas horas e não me senti muito cansada exatamente porque não tinha bebido. Confesso que no dia que fui ao boteco comer lambreta (parece que atrai uma cerveja) tomei meia lata de cerveja sem álcool e achei a experiência interessante, entendi como parte do processo de descondicionamento etílico social.

Agora vem a segunda parte, estou no avião e adivinha? Estou comendo aqueles biscoitinhos salgados que oferecem! Recuso facilmente qualquer doce, mesmo que estiver com fome, não considero comida e continuo com fome até que possa conseguir outra coisa (caso só haja doce). Infelizmente não consigo agir da mesma forma com as delicias salgadas repletas de farinhas e sais refinados (sem contar que esses também contém açúcar!). Em um dos casamentos que fui, por exemplo, comi três pãezinhos de festa, que são típicos da Bahia e que não via há meses! Confesso que tenho certa atração por essas guloseimas... Na sexta-feira fui a uma delicatessen/lanchonete famosa por seus quitutes encontrar com amigos e novamente não resisti a uns salgadinhos cujas massas certamente são repletas de queijo, farinha branca, manteiga e coisas do gênero. Não estou me agredindo muito com isso por enquanto, pois acho mais fácil conseguir uma conquista de cada vez. Meu foco agora é o álcool, mas estou atenta para os pãezinhos de queijo da vida (tentação mineira) e outros lanchinhos que sempre “surgem” quando estamos com fome fora de casa!

E você, qual a sua tentação?!?

Obs.: Terminei de escrever o texto no avião, mas só pude postá-lo em casa à noite. O vôo atrasou e tive que ir direto do aeroporto para a aula... Adivinha? Cheguei morrendo de fome (normalmente janto antes de sair de casa) e o que tem em frente à faculdade? Uma deliciosa casa de pão de queijo. Como resistir com fome e sabendo que só chegaria a casa praticamente às 23:00?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Dose Certa


Quem acompanha os meus textos aqui no blog sabe que eu adoro falar de comida e alimentação. Sabe também que eu nasci e me criei com hábitos alimentares bem peculiares dentro da filosofia macrobiótica, sendo que a primeira vez que conheci alguém que seguia o mesmo tipo de alimentação que eu foi aos 26 anos.

Com esse breve histórico deve ser fácil imaginar o quanto tive que aprender a socializar e não me sentir diferente das pessoas em geral. Realmente nunca me senti! Estudei em uma escola de turno integral, onde algumas pessoas levavam seus almoços, mas a grande maioria almoçava na cantina. Eu ia feliz da vida com a minha marmitinha e raspava toda a comida que minha mãe colocava para mim (caso contrário o lanche da tarde era o resto do almoço). Assim, fui educada a comer o que houvesse e principalmente a não deixar restos no prato.

Lembro como se fosse ontem quando meu primo nasceu e minha mãe teve que acompanhar o parto e por conta disso não teve tempo de preparar meu almoço. Tive que almoçar na cantina da escola: lembro até hoje do meu primeiro filé de frango com arroz branco e purê de batatas. Inesquecível porque tive uma diarréia terrível à tarde, quando cheguei ao clube para a aula de natação. Nunca tinha tido diarréia decorrente de alimentação antes e este episódio me marcou. Até hoje não sei se foi a comida, a gordura nela ou o sal refinado. Sei somente que o que era prato do dia para todas as crianças foi uma pancada em meu estômago.

Durante muito tempo me questionei sobre essa maior sensibilidade à comida, pensando ser algo negativo e limitador. Depois comecei a perceber as vantagens de ser mais sensível e consequentemente mais intuitiva. Com o tempo eu mesma passei a repudiar certas comidas e quando não tem jeito e preciso comer algo que foge à minha rotina o segredo é dosar, afinal a maior diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Até a comida mais esdrúxula, se for uma pequena quantidade, não acontece nada. Uma boa tática é evitar ir pros lugares com fome (se alimentar antes de sair de casa) e quando souber que vai passar muito tempo fora de casa levar um lanchinho na bolsa ou procurar um lugar que venda algo adequado.

Outra experiência recorrente é quando vou para a casa de alguém que sabe que tenho uma dieta diferente. Se a pessoa não souber, disfarço (belisco alguma coisinha) e prefiro nem comentar, porque se não as pessoas ficam preocupadíssimas em descobrir algo para lhe oferecer e é um constrangimento danado. Quando sabem e me convidam, normalmente se preocupam em fazer uma saladinha, um peixe, uma massa com molho branco ou de tomate... Enfim, tem de tudo!! Tem gente que faz umas sobremesas diet, me oferece sucos cheios de açúcar e no meio disso tenho que dosar o que como e o que educadamente dispenso, pois não dá para sair esculhambando tudo que te oferecem, principalmente quando é feito na maior boa vontade, com toda uma preocupação em agradar e acertar. Quando tenho mais intimidade é mais fácil, se deixar até levo a minha comida, mas muitas vezes não é isso que acontece.

Sempre reparei que as pessoas que são novas em estilos de vida natural, vegetariano, vegano, macrobiótico... não importa o nome, geralmente tem uma certa dificuldade em adequar a alimentação fora de casa ficando muitas vezes um pouco anti-sociais. Desde pequena sempre escutei das pessoas que não dava trabalho nenhum na casa dos outros e isso acontece, pois tenho em mente sempre o que é a regra e o que é a exceção. Claro que tem coisas que não abro exceção mesmo, como carne vermelha, por exemplo, e açúcar, mas são absolutamente contornáveis... Ninguém serve só carne, sempre haverá algum acompanhamento, nem que seja arroz, feijão (se tiver sido cozinhado na carne eu separo só os grãos e como um pouco com a consciência que aquilo não vai me matar) e uma saladinha (mesmo que seja a mais sem graça do mundo). Sobremesas, não são obrigatórias (tanta gente recusa por ser diabético ou estar de dieta que não pega mal) e refrigerante é facílimo, pois se tem uma coisa que encontramos em qualquer lugar é água!! Acho que nessas ocasiões temos que dosar quantas coisas recusamos, quantas aceitamos e mostrar que o foco de estar ali não é a comida e que o anfitrião não precisa se preocupar.

O mais importante é ter em mente que quando temos mantemos uma rotina saudável, podemos sem medo e sem culpa provar uma coisinha aqui ou ali tendo a consciência de que a exceção não pode virar rotina. Então, se você resolveu só comer coisas integrais, não é o pão branco, quentinho e delicioso do couvert de um restaurante que vai lhe matar. Se não tiver vontade de comer, tudo bem, mas acredito que é muito pior ficar olhando para ele com fome e vontade de comer, se segurando. Vontades reprimidas sempre tendem a estourar uma hora ou outra, então melhor saciar desejos em pequenas porções aqui ou ali do que deixar isso acumular. Digo isso, pois é muito comum pessoas irem de um extremo a outro, um dia vegetarianos radicais outro dia se acabando na carne, um ano sem comer chocolate o outro ano mergulhando nos doces e por aí vai.

Outra coisa importantíssima é a energia do alimento. Muitas vezes nos oferecem uma comida não muito integral e um pouco fora de nossa rotina, mas que foi feita com carinho por alguém, tentando acertar, especialmente para a gente e está carregada de energias tão boas que vai nutrir a nossa alma muito mais do que uma comida natural de um restaurante feita em larga escala numa cozinha totalmente impessoal. Outro exemplo é o seguinte: Você não toma bebidas alcoólicas, mas está numa confraternização super especial, alguém estoura um champanhe, propõe um brinde e lhe entrega uma taça. Vai recusar?? Claro que não, pede para colocar só um dedinho e toma sem medo de ser feliz. Tenho certeza que aquele golinho e participar desse momento alegre e festivo vai menos nocivo do que ficar de fora dele. Nossa alimentação não é só o alimento que colocamos na nossa boca e mesmo este não nutre somente pelos seus ingredientes, a energia do preparo, a forma como mastigamos, a posição em que sentamos, o ambiente que em que estamos, as pessoas que compartilham a refeição conosco, o som do ambiente... Todos esses fatores influenciam e muito para uma boa nutrição do corpo, da mente e do espírito.

domingo, 16 de outubro de 2011

Tudo que tem frente tem dorso

Principais causas de Morte no Brasil em 2010 - Fonte: OMS



Ontem assisti mais um documentário e esse foi o melhor dos últimos tempos. Desde que postei o texto sobre documentários assisti alguns outros relacionados com o tema de alimentação e saúde como: Food Matters, Future of Food e Aspartame, recomendo todos, entretanto o de ontem foi imbatível. Lançado este ano, chama-se Forks over Knives, título super inteligente e sugestivo. Que sonho que os “garfos” possam fazer as pessoas deixarem de “cair na faca” ou até morrerem ao se conscientizarem de que mudando hábitos alimentares podem reverter quadros de doenças crônicas e se livrar de medicamentos. 

Dados da OMS de 2010 trazem estatísticas comprovando que cerca de 70% das causas de morte no Brasil são provenientes de doenças que estão relacionadas com a alimentação, sendo elas: doenças cardiovasculares (33%), cânceres (16%), diabetes (5%) e condições nutricionais (16%). Documentários como os descritos acima demonstram que finalmente as pessoas estão começando a se responsabilizar como agentes causadores de suas próprias condições de saúde ou patologias. Isso gera uma consciência alimentar crescente e uma mudança do paradigma de uma cultura que antes creditava as curas de enfermidades meramente à indústria farmacêutica.

Um dos princípios da filosofia de medicina tradicional do oriente (milenar) diz que tudo que tem frente tem dorso e quanto maior a frente maior o dorso. No século XVII esta mesma idéia foi traduzida na física aqui no ocidente por Isaac Newton como lei da ação e reação. Este fenômeno pode ser observado em absolutamente tudo na vida, desde comportamentos sociais à trabalhos mecânicos. A quantidade de documentários que vêm sido produzidos nos EUA sobre alimentação e saúde é mais uma prova deste pensamento. A civilização que por muito tempo foi conhecida como mãe do fast food hoje demonstra estar super avançada quando o assunto é saúde natural. Hoje é cada dia mais comum encontrar americanos buscando um estilo de vida mais saudável, comidas integrais e orgânicas. A disponibilidade e variedade de produtos nesta linha, com redes enormes voltadas a este público como os mercados Co-op e Whole Foods além das feirinhas orgânicas presentes até nas menores cidades do país comprovam essa crescente demanda de mercado. Eles abusaram tanto da saúde que estão sendo pioneiros em correr atrás para resgatá-la.

O Brasil ainda está no início do processo e temos aqui grande resistência e falta de informação da população como um todo no assunto. Isso inclui muitos profissionais na área de saúde que ainda seguem à risca padrões que estão sendo cada vez mais derrubados como a necessidade de proteína animal e laticínios para uma dieta saudável, dentre outros. O mercado não é tão farto, nem variado e ainda temos muito que desenvolver, entretanto o aumento da oferta já é notável, assim como o interesse das pessoas em buscar estilos de vidas mais saudáveis. Espero que possamos copiar também o modelo americano neste sentido (desta vez com resultados super positivos para a saúde da sociedade) e avançar cada vez mais! 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Moléculas de Água



Minha admiração pela cultura e inteligência dos orientais não para de crescer. Hoje vou falar da experiência de Masaru Emoto, um fotógrafo japonês que tirou fotografias microscópicas de moléculas de água. Este homem submeteu muitas amostras de água a diferentes pensamentos e concluiu que pensamentos positivos formavam fotografias belíssimas das moléculas de água, que se organizavam em cristais com formatos harmônicos ao passo que as moléculas de água expostas à emoções negativas formavam imagens distorcidas e feias. Ele repetiu a experiência diversas vezes usando músicas suaves e carregadas, preces, meditação reiki e inúmeros fatores que possibilitassem diferentes absorções energéticas, sempre chegando à mesma conclusão.

Existe uma polêmica enorme acerca deste trabalho: críticos questionam a veracidade dos resultados uma vez que não houve um controle científico. Como ao contrário do brasileiro, que tem fama de malandro, o japonês tem um "rótulo" de cultura mais correta, tenho fé na idoneidade desta pesquisa. Além disso, andei futucando no youtube e descobri incontáveis vídeos de pessoas repetindo a experiência em casa com frascos de arroz. O resultado sempre impressionante: os frascos de arroz submetidos à pensamentos e palavras negativas apodreciam ao passo que os frascos expostos a palavras de amor permaneciam branquinhos. Picaretagem?? Acho que vou fazer a minha própria experiência para tirar a prova dos nove.

Enquanto isso deixo alguns links aqui e clicando em um aparecerão muitos outros. Fica a reflexão sobre a importância desta descoberta, afinal nosso corpo é constituído por 60% de água. Isso significa que se Sr. Emoto estiver correto, podemos mudar o curso de nossas vidas e saúde através da forma como interagimos com o mundo: se predominantemente com amor ou com raiva. Eu escolhi beijar o padeiro, e você?






quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aftas


Não é de hoje que essas feridinhas torturam a minha saúde bucal. Desde criança tenho propensão a aftas e uma hipersensibilidade a alimentos ácidos. Na adolescência, quando usei aparelho ortodôntico minha boca ficava em carne viva quando algum ferrinho se desprendia e acredito que a própria reação do metal na boca propiciava mais aftas.

Tive ainda um agravante na adolescência: um “ficante” que me beijava com tanta empolgação que pressionava meus lábios contra o aparelho e MAIS AFTAS surgiam! Vivia falando para ele beijar mais suave, mas não adiantava: o resultado após nossos encontros sempre eram MUITAS AFTAS!! Só preciso dizer que achava ele lindo, gente boa e tinha todo o potencial para um bom namorado, mas não consegui evoluir do status de “ficante” para o status de namorado porque os beijos me geravam tantas seqüelas que davam pesadelo!!

Mais tarde descobri da relação das aftas com o stress e comecei a observar que elas de fato estouravam sempre que estava estressada. Com o ritmo de vida acelerado de quem sempre viveu em cidade grande, posso dizer que convivo com elas, pois é impossível evitar ou eliminar o stress. Hoje já mais atenta as vejo nascer horas antes de uma reunião difícil, por exemplo. O pior que é que não vão embora à mesma velocidade em que nascem.

Já usei de tudo: Albicon, Oncilon, Violeta, bochechos diversos, ameixas salgadas, leite de magnésia, limão (acredite que já me recomendaram até isso) e meu maior alívio chegou quando resolvi experimentar o spray de própolis. Esse não foi indicado por ninguém, pura intuição durante uma viagem, quando estava passando por uma feira de produtos orgânicos. Minhas aftas na ocasião estavam tão grandes que mal conseguia dormir de tanta dor. De lá para cá tenho usado sempre e o efeito cicatrizante é incrível.  

Como ele é muito forte e com uma cor amarela intensa, sempre cubro meus dentes com um pedaço de papel higiênico dobrado para que o própolis só atinja a gengiva ou lábios, evitando manchar os meus dentes branquinhos. Outra dica que percebi há muito tempo é em relação às pastas de dentes. A maioria delas são abrasivas e provocam aftas (no meu caso até a Sensodyne que é super recomendada por dentistas e as Colgates da vida nem preciso comentar). Por isso, não abro mão da pasta de dentes Phillips que tem poder alcalinizante por possuir leite de magnésia. Nas ocasiões que passo longos períodos fora do Brasil, sempre levo um estoque na mala. Quando não encontro a pasta Phillips de jeito nenhum (às vezes ela fica um pouco em falta no mercado) outra opção são as pastas de dentes infantis, que também são mais suaves, como a Tandy por exemplo. Mesmo assim são longe de serem ideais e para mim possuem sabor muito enjoativo.

Na parte alimentar, para quem não sabe o açúcar, as frutas (até mesmo as que não são ácidas, mas PRINCIPALMENTE as ácidas como abacaxi, limão e laranja), a pimenta, os pimentões, os tomates e os vinhos (principalmente os tintos) são um veneno para quem tem essa predisposição.

É isso aí, se você sofre com as aftas como eu, espero que essas dicas lhe ajudem a ao menos amenizar seus efeitos, reduzir a freqüência e agilizar o processo de cicatrização quando elas ocorrerem. Boa sorte!!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Em Nome da Beleza


Este final de semana, em reunião de família, escutei o caso de uma prima que não resisti em colocar aqui no blog.

Tenho essa prima que a cada dia que passa fica mais linda, já deve estar na faixa de seus 35 anos e dá show em muita menininha. Como nada vem de graça, nem preciso dizer que ela se cuida e MUITO. Malha para caramba, já fez plástica, lipo, colocou silicone, mantém o cabelo louro e liso, impecável. Resumindo, uma boneca!!!

O marido, como a maioria dos homens, acha tudo um exagero e não concorda com tantos tratamentos de estética e beleza... Mesmo assim, outro dia ela não resistiu e resolveu colocar um enchimento nos lábios. Ao chegar em a boca começou a inchar, inchar, inchar e ela ficou desesperada do marido ver e brigar com ela. Assim, ligou para ele querendo saber que horas pretendia chegar em casa. Ele respondeu que por volta das 20:30. Com isso, ela disse que estava morrendo de dor-de-cabeça e que quando ele chegasse provavelmente a encontraria dormindo e pediu então para não acordá-la.

Quando o digníssimo chegou, encontrou-a enrolada até o nariz nos lençóis “dormindo profundamente”. Ela na verdade estava com uma baita de uma insônia, sentindo os lábios inchados e preocupadíssima com o estrago que poderia ter causado em sua bela face. Lá para as três da madrugada, ainda não tinha conseguido dormir e aproveitando que o marido estava em sono profundo foi se olhar no espelho.

Tomou um susto ao perceber que a boca estava ainda mais inchada e chorava desesperadamente. Não sabia mais o que fazer e resolveu colocar um lençol escondendo o rosto (isso mesmo, igual ao Gasparzinho: fantasminha camarada) e acordou o marido aos prantos perguntando se ele a perdoava. Imaginem a cena!! Lógico que ele queria saber o motivo e ela só fazia dizer que tinha feito uma coisa horrível, mas que o amava e queria saber se ele a perdoava. Nesse momento as piores coisas passaram pela cabeça desse pobre homem, mas ao ver o desespero dela disse que sim, mas que precisava saber o motivo.

Então aos prantos ela contou do enchimento e do estrago que tinha feito, que ela tinha virado um monstro, chorando, chorando, chorando. Ela queria que ele ligasse para o médico de madrugada, mas ele disse que não e que queria ver o que tinha acontecido, tentar colocar umas compressas de água gelada para desinchar, etc. Findou que ela mostrou, ele realmente tomou um susto, mas cuidou dela com todo o amor e carinho até amanhecer e poder levá-la ao médico.

Nesse meio tempo ela chorava, fazia ele rezar, prometia que não ia fazer mais nada: NEM DEPILAÇÃO e ele assustado com o desespero da mulher. No primeiro horário, foram ao médico e este explicou que era assim mesmo e que a boca iria desinchar e ficar perfeita. Agora penso, porque ele não avisou isso antes? Deixou minha pobre prima entrar nesse grau de desespero. De fato a boca não só voltou para o lugar como ficou do jeito que queria e ela feliz da vida com as maravilhas que as tecnologias da estética podem lhe proporcionar.

Se ela vai deixar de fazer depilação e até mesmo outros retoques?? Duvido!!! Ela está errada?? Que nada, se isso a faz feliz, então que seja feliz ao seu modo!! Detesto rótulos de certos e errados, acho que cada um tem que viver do modo que lhe faça FELIZ SEMPRE!!!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Documentários


Tenho visto (e revisto) muitos documentários nos últimos tempos, uns melhores que os outros, porém todos com conteúdos aproveitáveis. Os temas são diversos, mas sempre se interligam em algum ponto. Segue pequena descrição de alguns:



A Carne é Fraca – Documentário Brasileiro com participação de médicos e especialistas no assunto mostrando os danos ao meio ambiente provenientes do consumo da carne, assim como a forma como os animais são tratados nas fazendas, formas de abate, etc. Muito bom, a única coisa que discordo é do drama sobre o tema de seres humanos comerem animais. Concordo que é uma covardia a forma como é feita, criação em massa, abate em massa... Discordo dessa super piedade com os bichos, como se fosse um pecado o humano comer um bicho. A cadeia alimentar existe desde que o mundo é mundo e nada mais natural do que os maiores comerem os menores: por isso discordo que se coma carne bovina, por exemplo. Um animal daquela proporção é nitidamente muito pesado para ser absorvido pelo ser humano. O problema é encontrar hoje em dia um peixe que não seja de cativeiro e pescado de forma artesanal ou um frango que tenha realmente completado seu ciclo inteiro de vida, vivido livremente, ciscado... Com o foco no consumo, os animais são criados para crescerem rapidamente e mortos no mínimo tempo possível, sem falar na não-qualidade de vida que levam.


Human Planet BBC – Esta é uma série de documentários mostrando a interação do homem com a natureza em diversos ambientes. O vídeo das pradarias, por exemplo, mostra homens que até hoje caçam na áfrica da forma mais primitiva possível. Para tanto, levam cerca de duas semanas para conseguir capturar um único animal que depois será repartido entre muitas pessoas. O que há de errado nisso?? Essa é a forma mais digna de um homem que deseja comer um animal, correndo risco de vida, enfrentando-o... Não essa forma covarde como é feita hoje, permitindo que qualquer preguiçoso, desses que passam o final de semana tomando cerveja com o controle remoto na mão, possa se empapuçar de bifes, hambúrgueres e carnes das piores espécies. Essa série além de mostrar belíssimas paisagens, revela costumes e tradições das espécies mais variadas. Vale a pena!


King Corn – Dois rapazes americanos resolvem rastrear a origem dos alimentos e descobrem que quase tudo que comem é subproduto do milho. O filme é bom, entretanto, parece mais uma brincadeira dos autores do que um documentário sério e eles prosseguem comendo todas as porcarias ao longo do filme, mesmo após descobrirem o quão nocivas são. Para mim essa é a pior parte, pois, como dizem a ignorância é uma dádiva, mas ter consciência de certas coisas e manter antigos hábitos soa no mínimo como burrice.


Food Inc. (Alimentos S.A.) – a parte principal do conteúdo de King Corn é abordada nesse filme. Possui cunho mais sério e científico. Tem o relato de uma mulher, entretanto, que perdeu o filho por contaminação de salmonela em um hambúrguer e a mesma aparece tomando refrigerante no filme, se nega a relatar seus hábitos alimentares e seu físico (gordo) demonstra claramente que apesar dela lutar pela causa do filho ela não absorveu a essência da lição. Talvez tenha deixado de comer SOMENTE hambúrgueres, mas todo o resto de porcarias certamente ainda fazem parte de sua dieta. Será que nem com a dor as pessoas aprendem?? O que será isso preguiça de ter trabalho e cuidar da própria saúde e alimentação, recorrendo ao mais prático e barato?? Ou será burrice mesmo de simplesmente separar os fatos, acreditar que foi uma casualidade e a vida continua... Essa é apenas uma observação, o filme é excelente com uma mensagem fortíssima, trazendo boas reflexões, principalmente no fim.


O Veneno está na Mesa – Documentário brasileiro que relata dados estatísticos acerca da quantidade de agrotóxicos presentes nos alimentos. Aos poucos a disponibilidade de orgânicos tem crescido no mercado, mesmo assim ainda insuficiente em termos de variedade e principalmente preço. Fazer uma alimentação saudável e diferenciada nesse país ainda é um luxo para poucos. Os EUA, apesar da fama de país do fast food, proporcionam muito mais opções para quem busca melhorar seus hábitos alimentares. Mesmo assim, é bom que se divulgue esse tipo de informação, pois é a pressão do consumidor (crescimento da demanda) que faz aumentar a oferta nos mercados. Meu único receio são as campanhas de marketing, os produtores descobriram que produtos orgânicos possuem grande valor agregado e sempre tem aquele “espertinho” que quer se dar bem, principalmente no país da malandragem. Às vezes desconfio da procedência dos orgânicos que encontro por aí, especialmente pela fama do brasileiro de querer se dar bem sempre. Resumo, precisamos ter trabalho sim, buscar quem são os fornecedores e não acreditar em qualquer informação que nos é passada, afinal, quem tem boca diz o que quer e isso vale para tudo.


Lixo Extraordinário – Este documentário descreve o trabalho do fotógrafo brasileiro Vik Muniz retratando a realidade do aterro sanitário Jardim Gramacho na periferia do Rio de Janeiro. A idéia dele é genial e certamente seu trabalho no local serviu como um divisor de águas para os catadores de recicláveis. O mais impressionante é ver a dignidade com que as pessoas encaram seu trabalho e a consciência sobre meio ambiente e reciclagem muito maior do que muita gente que se diz letrada por aí. Difícil descartar um plástico ou papel em lixo comum após assistir este filme!



Ilha das Flores – Esse documentário é um pouco mais antigo e fala sobre a realidade de outro aterro sanitário e a relação do homem com o lixo que produz. O mais triste é ver que muita coisa não mudou desde quando foi feito, há mais de vinte anos atrás.


Obsolescência Programada - Comprar, Tirar, Comprar – Esse documentário fala sobre a curta vida útil dos equipamentos eletrônicos, como são feitos para quebrar. Relata também um pouco da história do homem e economia, onde, desde a Revolução Industrial percebeu-se a necessidade de fomentar o consumo para fazer a economia girar. Com isso, os produtos foram tornando-se cada vez mais descartáveis com uma equipe de engenharia destinada a diminuir a qualidade e vida útil de produtos como meias de nylon (inicialmente feitas para durar uma vida) e lâmpadas. Excelente a reflexão acerca da mania de consumir e de como as campanhas de marketing fazem com que a população queira sempre substituir algo que ainda funciona por outro item novo, pelo design, mudança de tecnologia e como isso é uma bola de neve sem fim. Mais uma vez o tema do lixo é abordado, afinal de contas, para onde vai tanta coisa velha? O filme mostra lixões na Africa, onde equipamentos são enviados como se fossem “de segunda mão” e não passam de lixo dos países desenvolvidos. Como sempre: o bônus fica pros países desenvolvidos e o ônus de presente para os países subdesenvolvidos.


A História das Coisas - Essa pequena animação trás dados, números e reflexão sobre industrialização, consumismo, meio ambiente, globalização, hábitos, lixo, custos indiretos da devastação da natureza. Ela aborda de forma simples e lógica muitos dos temas dos documentários descritos acima, tem apenas 20 minutos e está disponível no youtube legendada. Vale à pena!


Tem mais um na fila que ainda preciso agendar para assistir, chama-se Planeat. Vi o trailer e me pareceu muito bom. A licença é vendida no site www.planeat.tv por $6,00 e eles dão uma semana para assistir.

Tantos documentários, quase uma lavagem cerebral...! É impossível conviver com um mundo em crise, meio ambiente cada dia mais degradado, saúde de mal a pior e não querer se informar para tentar mudar nossa realidade, influenciar outras pessoas e tentar resgatar ou salvar pelo menos uma parcela do planeta para as próximas gerações. São tantos hábitos cotidianos que fazem grande diferença quando somados. Podemos mudar hábitos alimentares, boicotando os fabricantes de fast food e ganhando mais saúde, reciclar, produzir menos lixo e principalmente se conscientizar da necessidade de nos reinventarmos SEMPRE!