
Recebi uma mensagem com o discurso de Steve Jobs para uma turma de formandos e achei altamente inspiradora. É muito comum olhar o sucesso dos outros e invejar sem questionar o caminho percorrido até ele. Neste relato Steve Jobs contou como seguiu sua paixão de forma obstinada e chegou até onde todos nós sabemos. Tropeçou no meio do caminho e mesmo assim continuou seguindo seu coração.
Ontem assisti a um filme também inspirador. Há muito tempo que volta e meia alguém me pergunta se já vi Julie & Julia e esse filme ficou em minha lista de espera por um bom tempo, até que ontem resolvi locar. De fato, qualquer semelhança é mera coincidência, a história consta de uma garota apaixonada por cozinha, que mantém um blog e ainda tem um santo marido que tem uma paciência de Jó com todos os seus devaneios e inquietações.
No fim, duas atividades aparentemente desconexas, culinária e escrever, se ligam em uma combinação de sucesso na vida de ambas protagonistas. O principal é que nada disso foi planejado e sim realizado com afinco a partir do seguimento de uma motivação maior, chamada PAIXÃO! O melhor de tudo é que o filme é baseado em fatos reais o que torna tudo mais palpável e emocionante.
Fazendo a projeção para a minha própria vida, tenho lido cada vez mais sobre como a vida se encarrega de fazer sentido quando seguimos nossa intuição. Até escrevi um texto sobre isso recentemente aqui no blog. O mais interessante é que durante a trajetória não conseguimos ligar os pontos, porém, estes aparentemente desconexos, mas adiante se mostram totalmente interligados e o que antes parecia um emaranhado de idéias e atitudes, acaba revelando um caminho cristalino.
É muito inquietante viver, sabendo que a única certeza que temos é a morte. Isso faz com que queiramos desfrutar de cada dia como se fosse o último. Aí entra a idéia de beijar o padeiro, da busca de viver feliz e intensamente, pois realmente não vale a pena perder tempo com brigas, desavenças, aborrecimentos... Muito menos ainda, dedicar nossa vida a um trabalho, atividade que normalmente ocupa mais da metade do tempo em que estamos acordados, que não nos traga algum tipo de realização pessoal. Quando trabalhamos, estamos contribuindo para o mundo, para os outros, mas acima de tudo, estamos fazendo isso para nós mesmos, acho que nesse caso o altruísmo é resultado do egoísmo.
A escolha de profissões e carreiras é algo aparentemente simples para uns, mas extremamente complexo para muitos. Admiramos grandes pessoas, idéias, invenções e analisando a trajetória dessas singularidades vejo como idéias ingênuas e loucas levam ao brilhantismo. O mais interessante é a tendência que temos de boicotar nossa própria imaginação e valorizar as idéias alheias, desacreditando em nós mesmos. A diferença das pessoas de sucesso são que elas acreditaram em seus sonhos e escutaram a voz do amor dentro delas (aquela que incentiva) mais do que a voz do medo (aquela que coloca para baixo). É muito difícil e a superação só ocorre quando regada com muita paixão.
Somente a paixão faz com que a gente queira dedicar nossas horas livres, finais de semana, madrugadas, estar com os amigos ou família, etc. a determinada atividade. Admiração é bem diferente, as vezes admiramos alguém e sonhamos em ser como elas. Em muitos casos, essa admiração serve de modelo e é positiva, em outros casos nos forçamos a seguir os passos já traçados por outrem e esquecemos que temos pernas próprias. Saber distinguir qual é o caso e dar ouvido ao coração pode ser complexo quando estamos cercados de pessoas cheias de expectativas acerca de nosso sucesso. Realização, entretanto, é algo de cunho absolutamente pessoal, não pode ser transferido, nem vivido por outrem, então a busca pela realização deve ser uma trajetória egocêntrica.
Às vezes a confusão entre vontade própria e viver de acordo com as expectativas ao nosso entorno é tamanha quando vivemos em uma sociedade cheia de padrões que fica complicado saber qual o nosso chamado. Para tal, tenho como sugestão olhar para si, perceber aquilo que é capaz de realizar com o mínimo esforço, sim, aquela coisa que parece tão banal para você, pode ser um grande diferencial em relação à outras pessoas. Em muitos casos, não será apenas um talento e sim vários que poderão se unir em uma única tarefa. Uma boa forma é pensar em nossa infância, nos tempos em que nossos atos eram mais genuínos, como agíamos? Para doar atitudes carregadas de amor ao mundo precisamos ser honestos com nós mesmos. Só assim seremos genuinamente felizes!