quinta-feira, 31 de maio de 2012

Salada Prensada




Hoje preparei um vídeo especial sobres saladas, incluindo um tutorial de como preparar a famosa salada prensada, tão presente em meus cardápios. O resto é brincar com ingredientes e molhos diferentes. Qualquer dúvida é só me escrever, ok?!? Depois quero saber os resultados...

Obs. do dia seguinte a este post: Acabei de fazer um post com mais dicas para ajudar no preparo da salada prensada.

Vídeo parte 01: 

Vídeo parte 02

Para quem não conhece, essa é uma prensa de salada. O resultado é o mesmo do método improvisado, entretanto é mais prática e excelente para transportar saladas para almoços de família, etc.

Bardana com Pimenta / Burdock with Pepper



Kimpira de bardana com pimenta biquinho, arroz integral, tofu acebolado, pepino prensado, brócolis cozido e sopa de missô

Burdock kimpira with pepper, tofu flavored with onion, pressed cucumber, steamed broccoli, miso soup and brown rice

Azuki com batata doce / Sweet potato adzuki



Kimpira de bardana, brócolis, feijão azuki com batata doce e sushi vegetariano com arroz integral, alga nori, manga, pepino e cenoura

Burdock kimpira, broccoli, adzuki beans with sweet potato, vegan Californian roll with brown rice

Creme de cebola e shitake / Shitake and onion cream

Mandala de Arroz Negro / Black Rice Mandala



Risoto de arroz negro com camarão, cenoura, rúcula e rabanete

Black rice with shrimps, carrot, arugula and radish

Sugarfree



Torta ZERO açúcar e ZERO manteiga de banana e frutas secas com massa integral

Zero sugar and ZERO butter tart, with banana and dried fruits and whole wheat flower dough

Quadrantes / Quadrants



Berinjela na chapa, quiabo e vagem refogados no óleo de gergelim com gengibre, purê de batata barôa, rabanete prensado no sal e arroz integral

Toasted eggplant, okra and pod sauteed on sesame oil and ginger, arracacha pure, pressed radish and brown rice

Andu



Verduras Nishime, feijão andu, salada prensada, arroz integral com gersal

Nishime style veggies, andu beans, pressed salad and brown rice with gomasio

Temática / Yin Yang Tart



Torta de 2 sabores com massa integral. Abacate, atum e cenoura de um lado, milho, tofu e batata barôa do outro.

Two flavor tart: tuna with avocado on one site and corn, carrot, tofu and arracacha on the other side

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Contemporâneo / Contemporaneous


Camarão provençal, farofa de cenoura, risoto de arroz negro com funghi, salada prensada no sal com óleo de coco

Shrimps with garlic, parsley and olive oil, black rice with funghi mushrooms, pressed salad with cocunut oil

Mandala com Pêra / Mandala with Pear



Salada de milho, cenoura, rúcula e pêra

Corn, carrot, arugula and pear salad

Personalizada / Personalized



Torta Vegana: ZERO açúcar, sem nenhum tipo de adoçante, ZERO leite, ZERO manteiga e... DELICIA!
O "T" é em homenagem a Aniversariante: Tais Okano.

Vegan Pie - no sugar, no sweeteners, no milk, no butter and... DELICIOUS!! The "T" is for Tais Okano´s B-day!

Lanche Vegano / Vegan Snack



Torta de verduras com tofu e alga hijiki - zero manteiga, zero queijo.

Veggie, tofu and hijiki tart - no butter, no cheese.

Contato/Contact

Instagram: 
www.instagram.com/camilawildberger

Services


Courses (Individuals or Groups):
  • Zen Cooking: Healthy recipes, creative preparations, light condiments and positive energy. 
  • Dietary Awareness: The benefits of a healthy diet and lifestyle. 
  • Chewing Meditation: Transforming routine in vitalizing energy. 

Home Attendance:
  • You are what you eat: Pantry, refrigerator and eating habits diagnosis.
  • Family Harmony: Orientations for a balanced diet at home.
  • Food and Utensils: Orientations for optimizing grocery shopping. 
  • Personal Diet and Guidance: Orientations for healthy eating and life habits. 
  • Personal Shop: Grocery shop accompany.
  • Personal Help: Instructions about specific ingredients, why and how to use them. 
  • Personal Menu: Personalized manu planning.

Perfil / Profile



Nascida em Salvador, Camila vem de uma família que nas décadas de 1970/80 foi precursora da alimentação natural na Bahia, juntamente com outros sócios e parceiros. Estes, possuiam restaurante, mercado, publicação de revistas, centro de estudos e cursos voltados ao desenvolvimento da saúde a partir da nutrição adequada, hábitos saudáveis e harmonia através da alimentação e boa qualidade de vida.

Com a primeira formação em arquitetura, mas criada no ambiente descrito e apaixonada pela culinária e alimentação saudável, sua inserção na área da saúde foi inevitável. Após uma vida de prática familiar, decidiu especializar-se no Kushi Institute e no Kripalu Center of Yoga nos EUA, profissionalizando um trabalho que já existia de maneira informal entre amigos e parentes. Retornando ao Brasil, decidiu voltar à faculdade para estudar Nutrição. 

Com cursos na área de Nutrição Funcional, na VP Consultoria Nutricional, na Escola Musso (Tomio e Bernadette Kikuchi), no IMP (Instituto Macrobiótico de Portugal), na International Macrobiotic School (Inglaterra), com o médico e professor Márcio Bontempo, na Fundação Arte de Viver e com uma vasta biblioteca particular, Camila é uma pesquisadora e estudante incessante. Seu trabalho está baseado na união entre a experiência de uma vida com estudos científicos, sem abdicar do lado espiritual, pois, acredita que juntamente com os alimentos, o ser humano é também nutrido por energia. 




Born in the city of Salvador in Brazil, Camila comes from a family which started the natural food movement in Bahia along with other partners in the early 1970´s. Together they owned a restaurant, a food store, published a magazine, had a study center and promoted courses directed to the devepment of health, through adequate nutrition, healthy habits and harmony by diet and lifestyle.

First graduated as an architect, but raised in the environment described above and passionate about culinary and healthy diet, her insertion in the health area was inevitable. With a life long experience she decided to enhance her studies at Kushi Institute and Kripalu Center of Yoga at USA, profissionalizing a work that already existed in an informal way, among her friends and family. Back to Brazil, she decided to go back to college and study nutrition.

With courses in the Functional Nutrition area, at the VP Consultoria Nutricional, at Escola Musso (Mr. Tomio Kikuchi and Ms. Bernadette Kikuchi), at IMP (Macrobiotic Institute of Portugal), at The International Macrobiotic School (England) and with the brazilian doctor and teacher Márcio Bontempo, Art of Living Foundation and with a huge private library, Camila is a non stop researcher and student. Her work is based in the union between a life long experience and scientific studies, without forgeting spiritual aspects, afterall, she believes that along with food, human nature is also fed with energy. 

Perfil


Nascida em Salvador, Camila vem de uma família que nas décadas de 1970/80 foi precursora da alimentação natural na Bahia, juntamente com outros sócios e parceiros. Estes, possuiam restaurante, mercado, publicação de revistas, centro de estudos e cursos voltados ao desenvolvimento da saúde a partir da nutrição adequada, hábitos saudáveis e harmonia através da alimentação e boa qualidade de vida.

Com a primeira formação em arquitetura, mas criada no ambiente descrito e apaixonada pela culinária e alimentação saudável, sua inserção na área da saúde foi inevitável. Após uma vida de prática familiar, decidiu especializar-se no Kushi Institute e no Kripalu Center of Yoga nos EUA, profissionalizando um trabalho que já existia de maneira informal entre amigos e parentes. Retornando ao Brasil, decidiu voltar à faculdade para estudar Nutrição. 

Com cursos na área de Nutrição Funcional, na VP Consultoria Nutricional, na Escola Musso (Tomio e Bernadette Kikuchi), no IMP (Instituto Macrobiótico de Portugal), na International Macrobiotic School (Inglaterra), com o médico e professor Márcio Bontempo, na Fundação Arte de Viver e com uma vasta biblioteca particular, Camila é uma pesquisadora e estudante incessante. Seu trabalho está baseado na união entre a experiência de uma vida com estudos científicos, sem abdicar do lado espiritual, pois, acredita que juntamente com os alimentos, o ser humano é também nutrido por energia. 



Mentes Inquietas


Apesar de ter lido há muito tempo, lembro o quanto esse livro foi importante no processo de autoconhecimento e compreensão da minha inquietude. O meu tem esta capa, mas a edição atual possui capa diferente.

Meus pais me contam que em minha infância, todo início de ano letivo, os professores vinham conversar com eles, pois não estava acompanhando a turma. Ficava sempre no canto da sala, sozinha, brincando com água, argila, massa de modelar e parecia não demonstrar interesse ou aprendizado nas aulas. Quando me juntava aos coleguinhas era para aprontar alguma traquinagem, risos! A partir do meio do ano letivo, ao serem testados os conhecimentos, mostrava que estava dominando tudo que havia sido ensinado, sabe-se lá como! Esse comportamento se repetiu durante muitos anos letivos...

A diferença é que estudei em uma escola com turmas pequenas e que no maternal, além da professora, havia acompanhantes de turma. Isso permitia uma atenção quase que individualizada. Se fosse aos dias de hoje, seria certamente um prato cheio para essas indicações de Transtorno do Déficit de Atenção e para tomar fortes medicamentos... A sorte é que mesmo que isso acontecesse, meus pais jamais seriam coniventes com as prescrições. Sempre mantiveram uma postura crítica ante o uso de fármacos (apenas quando estritamente necessário, casos de vida ou morte). Sintomas e doenças, sempre foram primeiramente tratados com alimentação, descanso, atividades extra curriculares e homeopatia.

Há uns 10 anos, li um livro chamado Mentes Inquietas e percebi que me enquadrava em quase todos os sintomas do transtorno. Ao invés de achar que deveria tomar algum tipo remédio, fiz uma autoanálise sobre a forma que lidei com a minha paixão por novidades (mesmo sem saber da existência do transtorno). Percebi que havia criado mecanismos sozinha, intuitivamente.

Naquela época, a principal coisa que pude notar era que como não podia mudar tudo em minha vida, tinha a necessidade de quebrar a rotina constantemente, para me sentir motivada. Isso foi feito de inúmeras maneiras. O cultivo de amizades diversificadas é um exemplo. Nunca consegui andar com as mesmas pessoas e ter as mesas conversas, preciso variar e muito! Só ganhei com isso: prezo cada pessoa que passou por essa trajetória, algumas deixando marcas fortes e outras passageiras. Todas, entretanto, importantíssimas! Além disso, já pratiquei uma variedade incontável de atividades físicas em estabelecimentos diferentes. Por dez anos, diversifiquei entre natação nos tempos sem chuva e boxe nos tempos de chuva, inventando uma ou outra novidade no meio do caminho, mas sempre mantendo um padrão. A culinária é outro laboratório criativo em minha vida, cheio de novidades através da descoberta de novos ingredientes, preparos, sabores e texturas. Não posso esquecer do blog: espaço que há três anos me motiva a pensar em assuntos diferentes.

O melhor de tudo, é que nada disso foi calculado ou feito como método de tratamento. Apenas mecanismos intuitivos, que vão surgindo naturalmente e me colocam em equilíbrio com meio. Manter-me fora da rotina, seja através da vida social, atividade física, leituras ou blog, é uma forma incrível de querer voltar correndo para a rotina, ter horários, compromissos, correr atrás de metas e objetivos e persistir em projetos longos e que demandam grande atenção.

Receita de bolo? Claro que não! Acho que todo mudo deve buscar se entender e descobrir formas individuais de lidar com suas particularidades, sem achar que a indústria farmacêutica é a primeira opção. Não existe medicamento sem efeito colateral, logo, essa deve ser sempre a última das opções!!!

Esse videozinho é excelente, pouco mais de 10 minutos, recomendo que tirem um tempo para assistir!


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Anticâncer



Semana passada postei um texto chamado: Genética X Herança de Hábitos (http://www.beijonopadeiro.com/2012/05/genetica-x-heranca-de-habitos.html) que rendeu alguns comentários aqui e no Facebook. Uma amiga/leitora me indicou o livro Anticâncer, dizendo estar bem sintonizado com as minhas ideias. Comecei a ler no ontem e estou adorando! Hoje resolvi transcrever um trecho que aborda o tema do post referenciado acima com a inclusão de alguns dados científicos. Boa leitura.

“Nós todos vivemos com mitos que impedem nossa capacidade de desarmar o câncer. Por exemplo, somos frequentemente levados a acreditar que o câncer é antes de tudo uma questão de genes, não de estilo de vida. Porém o inverso é que é verdade.

Se o câncer se transmitisse sobretudo geneticamente, as crianças adotadas teriam a taxa de câncer de seus pais biológicos e não de seus pais adotivos. Na Dinamarca, onde existe um registro genético detalhado que traça as origens de cada indivíduo, os pesquisadores encotraram os pais biológicos de mais de mil crianças adotadas ao nascer. Sua conclusão, publicada na maior revista de referência em medicina, a New England Journal of Medicine, nos obriga a modificar todas as nossas perspectivas sobre o câncer: herdar genes de pais biológicos mortos de câncer antes dos 50 anos não tem nenhuma influencia sobre o risco de a própria pessoa desenvolver um câncer. Por outro lado, a morte por câncer de um pai adotivo (que não transmite nenhum gene, mas transfere seus hábitos de vida) multiplica o risco de a pessoa adotada morrer de câncer também. Esse estudo mostra que são exatamente os hábitos de vida, e não os genes, os principais implicados na suscetibilidade ao câncer. Todas as pesquisas sobre o câncer concordam: os genes contribuem no máximo com 15% para a mortalidade do câncer. Em suma, não há nenhum destino fechado e todos nós podemos aprender a nos proteger.*

*Outro estudo, do Instituto Karolinskta na Suécia – o órgão encarregado de fazer a lista de canditatos ao prêmio Nobel -, mostra que os gêmeos geneticamente idênticos geralmente não compartilham o risco de contrair câncer. Os pesquisadores concluem – sempre no New England Journal of Medicine – que ‘os fatores genéticos herdados têm uma contribuição pouco importante na susceptibilidade à maior parte dos neoplasmas [N. do A.: neoplasma = câncer]. Este resultado indica que o meio ambiente desempenha o principal papel entre as causas dos cânceres mais comuns’.

6.            Sorensen, T. I. A., G.G. Nielson, P.K. Andersen, et al., Genetic and Environmental Influences on Premature Death in Adult Adopts, New England Journal of Medicine 318 (1988): 727-32

7.            Lichtenstein, P., V. Holm, P. K. Verkasalo, et al. Environmental and Heritable Factors in the Causation of Cancer: Analyses oh Cohort of Twins from Sweden, Denmark, and Finland, New England Journal of Medicine 343, no.2 (200): 78-85

Fonte:   SHREIBER, David S. Anticancer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais. 2 ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 23

domingo, 27 de maio de 2012

Nutrição Esportiva: Reconstruindo Conceitos



Dizem que a sorte não bate duas vezes na mesma porta. Andou batendo na minha e como sempre estou atenta aos sinais da vida, resolvi ficar ligada no que estava por vir.

Há pouco mais de um mês fui sorteada na faculdade para fazer um curso de nutrição esportiva, tema que nunca tive muita afinidade. Fiz um mini-curso ano passado no tema e não tinha gostado muito...  Já tinha visto a divulgação e não tinha me interessado em fazer esse investimento, já que sempre estou fazendo muitos cursos e isso pesa bastante em meu orçamento.

Quando soube do sorteio, entretanto, fiquei feliz e triste. Feliz pelo sorteio e triste ao ver que na data do curso não estaria em Belo Horizonte. Escrevi para o coordenador da faculdade, agradecendo e dizendo que não poderia ir e que sorteasse outro aluno. Não acreditei na resposta: a data do curso tinha sido alterada!

Assim, lá fui eu despretensiosamente pro tal curso... Quantas surpresas!!! Novos conceitos, condutas, formas de trabalho e resultados surpreendentes. Adoro quando desconstruo ideias e formo outras novas. Foi exatamente isso que aconteceu ontem. Para completar, à noite ainda encontrei com uma amiga que é nutricionista esportiva e atleta de Iron Man. Debatemos o tema exaustivamente pela noite e madrugada enquanto assistíamos ao MMA. Ela descrevendo as suas experiências e eu amadurecendo todas as novidades que me foram apresentadas.

Vou compartilhar apenas uma simples ideia que me foi apontada. Todas as vezes que tentei malhar em academias foram catastróficas. Aquela meia hora (às vezes mais) na esteira, sempre pareceram intermináveis. Quando terminava não tinha nem força e nem saco para a musculação. Se fizesse a musculação antes ficava pensando no pesadelo que me aguardava depois: e esteira! Resultado: sempre optei por atividades como corridas ou caminhadas na rua, natação, boxe, ioga, pilates e fugi de academias. Entretanto, confesso que é a opção mais prática e fácil de encaixar nos horários, além dos incríveis resultados em termos de ganho de massa magra.

Ontem o conceito mais lógico surgiu como algo óbvio. Musculação é um exercício anabólico, anaeróbio (construção de músculos) e esteira um exercício catabólico, aeróbio (queima de calorias). Ao serem feitos juntos, um atrapalha o efeito do outro. Sem falar que quando a musculação é feita após um exercício aeróbio intenso, acaba não sendo muito produtiva pelo cansaço do corpo.

Nosso corpo não tem botão on e off. Quando terminamos uma atividade aeróbia, nosso corpo continua queimando, catabolisando. Da mesma forma, quando terminamos uma atividade anaeróbia, nosso corpo continua anabolizando. Fazer uma atividade anabólica seguida da outra catabólica é como querer ferver e congelar uma comida ao mesmo tempo. O mais básico Yin e Yang! Como nunca pensei nisso antes?? Fazer as duas atividades ao mesmo tempo é um contrassenso.

Agora vamos à desconstrução e reconstrução de conceitos. Faz parte do senso comum a ideia de que quem quer perder peso deve fazer atividades aeróbias. Só que um corpo gordo tende a estar inflamado (ácido, yin) e fora de sua homeostase. Primeiro ele precisa se yanguizar (alcalinizar), retornar seu metabolismo para a homeostase. Para isso, nada melhor do que uma atividade anabólica.

E o emagrecimento? Mais um mito!  Sempre achei que ele estivesse vinculado à atividade aeróbia. Acontece que ela não consegue ter efeito enquanto houver uma disfunção mitocondrial (na síntese de ATP). Se a fábrica energética do corpo estiver pifada, como será possível fazer uma atividade de grande dissipação energética? Acaba sobrecarregando o organismo e gerando poucos resultados... Essa foi uma desconstrução. A reconstrução foi ver inúmeras imagens de emagrecimento somente com exercício de força e musculação. Incrível!!!

E você? Tem alguma experiência para compartilhar no assunto? 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dica de Beleza: Blush e Batom de Beterraba


Acabei de ver dois posts em blogs que achei a minha cara. Claro que lembrei de minhas leitoras naturebas e resolvi compartilhar. Não sou muito adepta do uso de maquiagens, principalmente por não gostar da ideia de produtos químicos em minha pele. Mas confesso que um blush (principalmente em períodos pálidos de inverno) tem o seu charme. 

A dica é usar beterraba para garantir um tom rosado natural para os lábios e bochechas. Segundo depoimentos, basta cortar a beterraba e passar na pele. Depois guarda na geladeira e quando for usar novamente é só cortar uma fatia fina (ressecada) e usar a parte umedecida novamente. Vou testar!!!

A todos um ótimo final de semana, com muitos eventos e bochechas e lábios naturalmente rosados.

Maiores detalhes nos links abaixo: 

Dica: Missô e Shoyu em BH e SSA


Não moro mais em Salvador, mas tenho 27 anos de “contatos naturebas” nesta cidade. Outro dia indiquei uma médica homeopata para uma leitora aqui do blog. Hoje resolvi compartilhar a indicação de onde encontrar bons shoyus e missos em Salvador, solicitada por uma amiga/leitora.

As boas marcas de Shoyu encontradas aí são Daimaru e Kikkoman de fermentação natural. Mesmo assim, é sempre bom ler rótulos, pois podem haver variações. Acabei de olhar o rótulo do Daimaru e contém apenas três ingredientes: soja, milho e sal. Diferente de marcas como Sakura: cheio de corante, açúcar, aromatizante e glutamato monossódico. 

É possível encontrar esses produtos em lojas de produtos naturais, a exemplo do Grão de Arroz (Pituba e Barris) e Mundo Verde do Max Center (nos outros eu não sei se tem). No restaurante Gergelim (também na Rua Minas Gerais – Pituba), tem uma lojinha de produtos naturais onde se encontra o shoyu e o missô de “Kikuchi” que são de excelente qualidade. É só chegar lá e pedir. São bem artesanais, sem qualquer tipo de rótulo. Como lá é um restaurante, fica aberto em horário de almoço de segunda a sábado.

Missô é um ponto fraco em Salvador. Quando vou lá meus pais me encomendam missô daqui de Minas (e não pão de queijo), pois o que compro aqui é melhor do que tem em Salvador. Para quem mora em BH e quiser a indicação, compro o meu missô no Restaurante Fonte de Minas (Rua dos Guajajaras, Centro). O de lá também vem de “Kikuchi”, mas é diferente do que chega a Salvador. Quem quiser comprar o produto na capital Baiana, indico o Gergelim como melhor opção. Pessoalmente não gosto muito do missô pasteurizado Daimaru, vendido em lojas de produtos naturais.

Em Belo Horizonte, costumo comprar meus produtos naturais (shoyu inclusive) em outros lugares, além do Fonte de Minas. A Integral Ltda., logo na entrada do Mercado Distrital do Cruzeiro, tem ótimos preços e variedade. A Fito Orgânicos (Av. Contorno) também é bastante sortida, porém um pouco mais cara. Para produtos orientais, frequento a Mercearia Tokyo, bem sortida e sai tofu fresco todos os dias às 11:00, mesmo assim é bom ligar antes reservando, pois acabam muito rápido.

Quem for viajar pros Estados Unidos, recomendo MUITO a compra de missô da South River Miso. O melhor que já provei na vida. Muitos sabores, como: azuki, grão-de-bico, pimenta, arroz, alho, envelhecido de três anos, cevada e vários outros gourmets deliciosos. Eles são vendidos pelo próprio site do South River Miso: http://www.southrivermiso.com/ ou em lojas de produtos naturais, como a Whole Foods (sonho de consumo de qualquer natureba brasileiro).

Eu, inclusive, tive o privilégio de conhecer a fazendinha onde é produzido o South River Miso. Tudo artesanal, feito com muito amor. Os donos super simpáticos, me receberam duas vezes lá e ainda me encheram de presentes: tamari, tahine, missô... Todos esses mimos graças a uma consultoria arquitetônica. Nos EUA eles querem pagar sua hora de qualquer jeito. Não existe favorzinho, todo trabalho (incluindo consultoria amigável) é considerado trabalho e merece ser remunerado. Como não estava acostumada, não cobrei e eles não sossegaram enquanto não me encheram de produtos em retribuição. Não me deram mais coisas, porque sabiam que eu ia fazer uma viagem internacional. Igualzinho ao Brasil, hein?! Quando retornei para casa ficava economizando meus preciosos missos: trouxe quatro sabores diferentes. Estou precisando viajar novamente, porque esse tipo de coisa ninguém traz de encomenda!

Degustação de Missô em South River

Tem gente que visita vinícola, eu visito fábrica de missô... Tem barris que fermentam por três anos aí, os produtos finais são especiarias deliciosas: recomendo!!


Pra finalizar, vou deixar uma receita básica de sopa de missô para que possam se deleitar com esse prato desintoxicante, saudável e saboroso. Sabiam que foi comprovado que as pessoas que tiveram maior sobrevida às bombas de Hiroshima e Nagasaki foram as que tinham o hábito de tomar sopa de missô? Isso mesmo! A combinação alga wakame+missô é tão poderosa que desintoxica até radiações nucleares. 


Sopa de Missô

Ingredientes base para porção individual:
  • 1 caneca ou 1 cumbuca de água
  • Missô (1 colher rasa de sobremesa)
  • Alga wakame (uma colher de chá, pois, depois de hidratada ela incha bastante).
  • Verduras: Algumas sugestões de combinações:                                                                         cenoura + cebola;  bardana + brócolis; cenoura + couve flor; abóbora + nabo.
  • Ferver a água antes de colocar as verduras para que elas fiquem al dente. Quando for usar bardana, refogue antes de colocar a água, pois ela demora mais de cozinhar.
  • Lembre-se de variar o formato dos cortes e procurar diversificar cores e texturas estimulando diversos sentidos durante a refeição.
  • Fique à vontade para acrescentar ingredientes como raiz de lótus, tofu, shitake, gengibre e macarrão integral sempre que desejar dar um toque especial.
  • Outra opção é refogar as verduras no óleo de gergelim antes de acrescentar água à sopa.
  • Cebolinha ou salsinha picadinha cruas para polvilhar na sopa na hora de servir. 
Obs.: O missô é acrescentado no final, dissolvido na água da sopa. Não pode ferver, deve ser apenas aquecido, junto com a sopa, em fogo baixo, por 3 a 5 minutos.

Bom apetite!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Never Seconds - blog incrível!

Acabei de descobrir um blog surpreendente! Com apenas 11 posts, Martha Payne, uma garota escocesa de 9 anos de idade choca o mundo com imagens dos almoços servidos em seu colégio.

A repercussão está sendo avassaladora e o blog já tem mais de UM MILHÃO de visitas e apoio do renomado chef Jamie Oliver. O pai dela, dias após o início do blog, teve reunião com o conselho local, o que acarretou em imediata melhora da qualidade da comida na cantina. Agora verduras, frutas e pão são ilimitados!

Abaixo imagens do antes e depois. Almoço de 8 de maio e de 17 de maio, respectivamente.

Depois: Ainda não está perfeito, mas pelo menos já tem um pouco de cor!!!

Antes: Só de olhar pra essas fotos penso numa criança fraquinha e anêmica...

Parabéns Martha, você arrasou!!! Tomara que sua iniciativa melhore a qualidade alimentar de muitas crianças pelo mundo afora!

Segue o link do blog dela para que possam conferir: http://neverseconds.blogspot.com.es/

Genética X Herança de Hábitos



Ontem escutei um caso que me deixou perplexa. Uma jovem mulher, profissional da área de saúde, que por ter alguns casos de câncer de mama na família (mãe, avó e tia), decidiu trocar as mamas saudáveis por próteses de silicone, aos 27 anos! A explicação? Antes que as mamas dessem algum problema, retirou-as. A pessoa que me contou este caso (uma amiga dela) falou como se tivesse sido a ideia mais sábia do universo. Acredito que muita gente possa pensar da mesma forma. Eu continuo chocada!

A causa do câncer é um mistério que desafia a ciência. Fatores genéticos são apontados, muitas vezes, como vilões. Venho propor, entretanto, uma reflexão sobre a tão poderosa hereditariedade. Afinal, além de genes, herdamos hábitos. Qual será mais forte?

Tenho muita crença na força da herança de hábitos. Não é a toa que civilizações inteiras demonstram certas predisposições a determinados tipos de câncer, diferentes de outras. Um exemplo típico é a maior ocorrência do câncer de estômago entre japoneses e do câncer de intestino entre os americanos. A genética explica? Acho que a herança de hábitos faz muito mais sentido neste caso.

Em uma família, os hábitos são passados de geração para geração. Alguns são tão tradicionais que marcam uma cultura. Aqui em Minas mesmo, as pessoas comem torresmo como se come batata frita em outros lugares do mundo. Isso sem falar nas carnes gordurosas que enchem os cardápios dos restaurantes típicos e bares. Não é de espantar os altos índices de doenças cardíacas no estado.

Será que ao retirar as mamas essa mulher se livrou mesmo do câncer? Será que ao não encontrar mamas, disponíveis para se alojar, o câncer não irá buscar outro órgão? Obviamente esperamos que não. Mesmo assim continuo reticente à soluções que focam no fim e não nos meios.

Um comportamento comum entre a população em geral é buscar a culpa fora de si. As pessoas não querem assumir responsabilidades. É muito mais fácil culpar uma doença a uma epidemia, a um fator genético, a uma queda ou a uma reação adversa de medicamento do que olhar para o próprio umbigo e buscar as causas em si.

Não acredito na geração espontânea, aliás, ela foi derrubada desde o século XVII por Redi. Não desprezo a genética também, mas acho que ela se soma aos hábitos (bons ou maus). Somos o que comemos. Como já falei outras vezes aqui no blog, comemos pela boca, pelos ouvidos, pelo tato... Ou seja, nos alimentamos de matéria e energia constantemente. Que tal olharmos pros nossos hábitos e costumes antes de apontar a genética e demais fatores externos como causadores de tudo?

terça-feira, 22 de maio de 2012

Marmitas


Hoje vou falar de um assunto que, modéstia a parte, posso dizer que sou expert: marmitas! Desde os sete anos de idade estudei em tempo integral e marmitas sempre foram companheiras fieis. Naqueles tempos elas eram uns trambolhos que vez ou outra vazavam ou azedavam a comida. De lá para cá a tecnologia evoluiu bastante e eu continuo adepta desses recipientes térmicos.

Lembro-me do meu primeiro emprego, ainda adolescente, no shopping center. Era pertinho de minha casa e a mordomia era grande. Meus pais passavam lá todos os dias após o almoço para levar a minha comida quentinha. Matava minhas colegas de trabalho, que almoçavam na deprimente praça de alimentação, de inveja. Não era tão má assim, sempre pedia para vir uma porção extra e cada dia compartilhava com uma, em esquema de rodízio.  

Mimada? Sim, quando o assunto era saúde e boa alimentação meus pais nos davam (a mim e a minha irmã) todas as facilidades do mundo! Serei eternamente grata a esses mimos. Nos tempos de escola, ao contrário do que muita gente possa imaginar, minha comida natural era um sucesso! Sempre tinha um curioso para querer provar e outros “encomendavam” porções extras de determinados pratos.

A mastigação já era uma lenda desde essa época. Enquanto as crianças comiam em um terço do tempo do intervalo e brincavam nos outros 2/3 do tempo, eu conseguia terminar meu prato à duras penas no tempo exato e ainda chegava atrasada na aula para poder escovar os dentes. Volta e meia aparecia um curioso perguntando: “Me falaram que você mastiga ‘x’ vezes, é verdade?” Eu respondia: “Não sei, quer contar?”

Essa historinha toda é para falar de marmitas. Outro dia uma amiga comentou que mudou de trabalho e não estava mais conseguindo almoçar em casa, onde tem hábitos bem saudáveis. Com isso, estava passando super mal com a comida do trabalho. Recomendei que comprasse uma Marmi Quent e ela está adorando. Ótima opção para quem foge da praticidade, cheia de ônus, dos fornos de micro-ondas. Essa marmita é super prática, basta colocar um pouco de água no suporte abaixo do recipiente, onde a comida fica guardada, ligar na tomada e deixar esquentando uns vinte minutos antes de almoçar. Para não esquecer, é só colocar o despertador do celular! A imagem dela está abaixo.


Minha marmita favorita, todavia, não é esta. É a Ms. Bento da Zojirushi. Ela mantém a comida quente por umas 12 horas e não vaza nem uma gotinha. São quatro recipientes isolados e a comida não mistura de jeito nenhum. É simplesmente incrível. Até sopa eu transporto nela. Além disso, seu formato é excelente para ser levado em qualquer bolsa. Existe a versão masculina também, um pouco maior. Chama-se Mr. Bento. O problema delas é que nunca as encontrei aqui no Brasil. Comprei a minha pela amazon.com quando estava nos EUA. Nesse site é super caro comprar qualquer coisa, que não seja livro, para ser entregue no Brasil. Uma amiga viu a minha, ficou fã e comprou numa viagem ao Japão. Fora disso, não sei onde encontrar... Fica a dica, para o caso de alguém ter interesse e coincidir com uma viagem ou um portador...


P.S.: Abaixo o link da amazon.com.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Avelã / Hazelnut


Essa oleaginosa é um dos produtos mais antigos da agricultura, com procedência Asiática e referências chinesas de mais de cinco mil anos, como um alimento sagrado. Os gregos e romanos a utilizavam com fins medicinais. Historicamente utilizada no combate a tosses crônicas, resfriados e queda de cabelo.

A avelã é uma boa fonte de proteína e fibras. É rica em vitamina E, uma série de antioxidantes e fitonutrientes que fortalecem o sistema imune. Ela é rica em arginina: um aminoácido que atua na cicatrização de tecidos feridos, na desintoxicação através da eliminação de amônia do corpo, na produção hormonal e no relaxamento de vasos sanguíneos.

De todas as oleaginosas, é a que contém maior teor de ácido fólico, componente que auxilia a diminuir riscos de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, Alzheimer e depressão. Contém minerais que ajudam a baixar a pressão arterial como cálcio, magnésio e potássio. Além disso, é rica em esqualeno que tem propriedades anticancerígenas e ajuda a baixar o colesterol.

E aí, gostou? Pode ser comida pura, tostada, misturada a outras oleaginosas e frutas secas (mix para lanches), em saladas, na forma de pasta, misturada a cereais, pães e massas... Bom apetite!! =)

sábado, 19 de maio de 2012

A nova Savassi



Desde o final de semana passado que repito o cardápio em BH. Na sexta passada fui parar acidentalmente na Savassi, no fim da tarde, para levar uma encomenda e descobri que as ruas foram fechadas, criando praças cercadas de bares, restaurantes e lojas.


Ao todo são quatro praças: em uma há brinquedos infantis, em outra exposição de quadros e feiras de livros e nas outras duas, palcos. Na sexta, não fiquei para ver as bandas, mas estava rolando jazz em uma praça e sambinha na outra. Não resisti e retornei no sábado. Tinha sambinha em uma praça e banda cover dos Beatles em outra. Sentei na segunda, claro!


Ontem retornei, mas já estava tarde e as bandas já tinham terminado os seus shows. Mesmo assim a Savassi estava cheia, bem iluminada e convidativa. Sentei numa pizzaria que era tipo um rodízio só que as pizzas eram vendidas por fatia. Esse sistema garantiu uma qualidade excelente aos sabores. Para completar, cerveja de trigo Backer, típica de Minas.


Hoje à tarde, não resisti e retornei. Desta vez almocei ao som da banda cover de Creedance Clearwater Revival. Excelente! Para fechar, fui para a outra praça, onde estava rolando um MPB e sentei na cafeteria 3 Corações para um expresso. Fui embora, pois meus amigos estavam com sono, mas a programação musical ia rolar até 20:00.

Friozinho, gente bonita, boa iluminação, distância de carros, música de qualidade, segurança e muitas opções de comes e bebes (a próxima parada será um dos TRÊS restaurantes baianos que tem por lá, mas que só vivem lotados). É, preciso assumir que o mineiro sabe ser boêmio como ninguém!

Show do final de semana passado com direito a Malabares e tudo!! =)


Savassi: passagem obrigatória para quem vier a BH... Amanhã, mais programação típica: Feirinha Hippie!! 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Mito da Reciclagem

Estudei em um colégio que desde a década de 1990 trazia muita consciência ambiental para os seus alunos. Sempre fui avessa a desperdícios.  Desde pequena tinha blocos de "scratch paper", ou seja, papéis de rascunho, para minhas contas de matemática, bilhetes, etc. Meus cadernos eram usados até a última folha, bem como os lápis, as borrachas, as canetas... 

Nem preciso dizer que a ideia de reciclar sempre foi muito sedutora para mim. No Brasil, essa prática ainda é bem incipiente. Mesmo assim, sempre me esforcei para reciclar o possível. Na Espanha era o paraíso! Tinha um tonel de coleta seletiva em frente à minha casa. Estive visitando amigos e parentes em Curitiba e percebi que lá o esquema é bastante organizado também.

Chegando a BH, queria reciclar o meu lixo, mas não tem reciclagem no bairro onde moro. Aí descobri um posto de coleta num supermercado perto de casa. Durante vários meses levava meu lixo semanalmente lá. Nem sou uma grande produtora de lixo recicláveis, mas tudo bem. Quase não uso alimentos industrializados (com embalagens) e os saquinhos que embalam verduras e afins, são sempre reaproveitados nas lixeirinhas... Adoro quando estou em lugares rurais onde é feita coleta de lixo orgânico para compostagem. Esse sim é meu sonho de consumo, visto que este material representa cerca de 80% do meu lixo doméstico. 

Voltando à reciclagem, um belo dia, cheguei ao supermercado para deixar o meu lixo e fui informada que não havia mais coleta. Fiquei pirada, mas logo depois li um texto que acalmou meus ânimos (transcrito abaixo). Agora já não me sinto mais culpada por não reciclar o meu lixo. Percebi que se tiver que gastar muita gasolina para transportá-lo, já deixa de ser uma atitude sustentável...

É bom sempre lembrar que nos TRÊS "Rs", primeiro vem Reduzir, depois Reutilizar e por fim Reciclar. Vejo muita gente na “nóia” da reciclagem sem se preocupar com suas atitudes precursoras. Tentar reduzir os gastos, seja de água, energia, comida, materiais de limpeza... Reutilizar: podem ser sacolinhas de plástico, caixas de papelão, água, vasilhas, materiais para artesanato... E por fim, reciclar! Vou deixar esse tema para o especialista no assunto, autor do texto transcrito abaixo: José Henrique Penido.



O Mito da Reciclagem 

Texto: José Henrique Penido


Afinal, reciclar pra quê? Vale a pena? É uma atitude politicamente correta? Reciclar o quê, quando, como, por quê? De um modo geral, as pessoas nem se fazem estas perguntas, mas obedecem a um instinto superior, a um mantra da sociedade de consumo moderna, que se repete sem cessar: reciclar é bom, reciclar é preciso, vamos todos reciclar, vamos salvar o planeta reciclando.

As coisas não são tão simples assim. Vale a pena refletir um pouco sobre este tema, começando do princípio e abordando os aspectos ambientais, econômicos e sociais desta atitude hoje tão comentada e tão debatida por todos.

Comentarei neste pequeno texto a reciclagem ou a recuperação dos materiais contidos apenas no lixo domiciliar urbano, ou seja, aquele que é gerado em nossas casas e no comércio em geral. É um lixo que não trazmaiores problemas de contaminação, afinal saiu de nossas casas poucas horas antes de ser manipulado por alguém que vai reaproveitá-lo de alguma forma.

É aquele lixo que muitos apregoam ser muito valioso, que vale bilhões de dólares. Quando ouço alguém dizer isto, pergunto onde posso deixar os milhares de toneladas coletados na minha cidade, Rio de Janeiro, para que suas riquezas possam ser aproveitadas. Se nosso lixo de cada dia valesse alguma coisa, ele não seria um problema para as prefeituras, mas antes uma matéria-prima disputada por todos, o que não acontece.

Na realidade, a gestão dos resíduos sólidos é um problema sério no âmbito do saneamento básico, e que afeta a saúde da população e o meio ambiente, se não for bem conduzida.

No Brasil, assim como na maioria dos países em todo o mundo, a limpeza urbana é de responsabilidade dos municípios, e deve ser gerida conforme a decisão política do prefeito. Mas se é realmente um problema, o que há afinal neste lixo que pode interessar a algumas pessoas e levá-las a buscar nele recursos que possam trazer alguma renda ou benefício?

Primeiro, veremos que resíduos são esses. Nosso lixo domiciliar contém, em peso, cerca de 50% a 60% de matéria orgânica de rápida decomposição; 30% a 40% de materiais potencialmente aproveitáveis ou recicláveis, e 10% a 20% de materiais sem possibilidade de reaproveitamento econômico ou reutilização, tais como terra, papel higiênico, fraldas descartáveis, absorventes, lâmpadas, pilhas, papel celofane e vidros planos.

Conhecida a sua composição, vamos observar melhor os 2 grandes grupos que nos interessam mais: matéria orgânica de rápida decomposição e materiais potencialmente recuperáveis ou reutilizáveis.

Na primeira categoria estão os restos de comida e de cozinha, plantas e flores, pó de café, frutas e legumes estragados e suas cascas - tudo aquilo que, se não for bem embalado ou retirado de nossas casas, começaa se decompor, exala maus odores e atrai insetos e ratos. é um tipo de resíduos que ninguém gosta muito de manusear e que queremos ver longe de nós o mais rapidamente possível.

Mas será que não há como fazer alguma coisa de útil com este "lixo", que aparentemente não interessa a ninguém? Veremos isso adiante.

É mais agradável falarmos sobre o que todo mundo gosta: os materiais recicláveis, mais limpos e mais fáceis de manipular. Papéis, papelão de embalagens, latas de conservas, latinhas de cerveja e de refrigerante, garrafas e embalagens de PET, plásticos em geral, jornais e revistas, potes e garrafas de vidro são todos fáceis de se guardar em um saco plástico, depois de uma lavagem rápida. Em seguida colocamos os sacos na calçada para serem recolhidos pela coleta seletiva ou pelos catadores. Pronto: fizemos nossa parte, a mãe Terra agradece, estamos em paz com a nossa consciência ambiental.

Mas as coisas não são tão simples assim. Quando separamos nossos recicláveis, não temos a menor idéia do que vai acontecer com elas depois de serem coletados por catadores ou por algum sistema formal de coleta seletiva. Achamos que, de alguma forma mágica, eles serão transformados em novos produtos e que, nesta operação, haverá economia de energia, de água e de matérias-primas não renováveis, fato que muito contribuirá para um futuro melhor para as gerações que nos sucederão.

Mas vamos examinar o acontece, na realidade, com alguns materiais separados em nossas casas, até que tornem, novamente, a ser um produto de consumo, depois de submetidos a determinados processos industriais. Tomemos inicialmente o papel e o papelão, produtos que há mais tempo são reciclados no Brasil, pelo menos desde os anos 1950, pelos conhecidos "garrafeiros" e "burros sem rabo" - aqueles que passavam pelas ruas do Rio, de casa em casa, gritando "garrafeeeero" , à cata de garrafas de vidro, jornais, revistas e livros velhos, que compravam a preços muito baixos e revendiam a intermediários, obtendo com isso um pequeno lucro.

Os papéis iam para pequenas fábricas de papel, que os aproveitavam como matéria-prima, da mesma forma como as atuais indústrias operam. O processo começa nos hidrapulpers - do inglês, hydropulpers - ou grandes liquidificadores, que batem o papel usado com água e soda cáustica até que se forme uma pasta homogênea, com as fibras do papel dissolvidas e limpas, e passíveis de serem reorganizadas e ligadas umas às outras, por meio de sucessivos caminhos e processos industriais, até serem transformadas em papel novo, pronto para ser reutilizado. Para o branqueamento do papel utilizam-se compostos de cloro ou peróxido de hidrogênio.

Para que toda esta explicação? Para sabermos que o insumo mais consumido na reciclagem de papel/papelão á a água limpa, e que se esta água, depois do processo industrial de reciclagem, não for muito bem tratada, contaminará os recursos hídricos onde é despejada. Isto sem falar doscompostos de cloro que são adicionados durante o processo, e que também podem trazer malefícios à saúde daqueles que, eventualmente, tiverem contato com os efluentes líquidos da indústria.

Gasta-se também muita energia neste processo, e tudo isto nos leva a pensar se realmente vale a pena reciclar o papel ou o papelão. Pelo que se ouve por aí, deve valer: a reciclagem de papel salva árvores, o que é desejável do ponto de vista ambiental. Acontece que as árvores que se abatem para a fabricação do papel são provenientes de empreendimentos florestais - árvores plantadas - e não de florestas nativas, como a Amazônia ou a Mata Atlântica.

Árvores que, para se desenvolverem, utilizam as forças da natureza, como a água de chuva, os nutrientes do solo e a luz solar. Assim, se examinarmos o ciclo industrial da reciclagem do papel e o compararmos com o de sua fabricação a partir de árvores plantadas, considerando- se rigorosamente os aspectos ambientais e energéticos envolvidos, veremos que a segunda opção provavelmente será mais sustentável do que a primeira.

Quanto aos plásticos, os processos industriais de reciclagem deste material são extremamente poluentes e, para reduzir ou eliminar a agressão ao meio ambiente que eles causam, é necessário fazer grandes investimentos, que nem sempre são realizados pelos pequenos e médios recicladores, uma vez que o preço da matéria-prima reciclada é relativamente baixo e mal consegue cobrir os custos de aquisição do material usado e do processo industrial.

O resultado é que a maior parte destas indústrias não tem qualquer sistema de tratamento de efluentes líquidos e oferece péssimas condições de trabalho aos seus empregados, como ruídos excessivos, condições insalubres e alto risco de acidentes.

A reciclagem do alumínio, matéria-prima das latinhas de refrigerante e cerveja, pelo menos vale a pena, não? Vamos ver: o material recuperado tem alto valor no mercado, e o Brasil é o campeão mundial neste tipo de reciclagem. No meu ponto de vista, não devemos ficar orgulhosos deste recorde.
Este é um troféu vergonhoso, pois não foi conquistado graças à consciência ambiental dos brasileiros, mas antes, por causa da miséria de grande parte da população, que disputa as latinhas vazias para vendê-las a intermediários, que as comercializarão junto às grandes indústrias de embalagens de alumínio.

O uso do alumínio para embalagens deve ser também discutido. Quando se diz que esse material pode ser reciclado infinitas vezes e que nesse processo se gasta apenas 5% da energia despendida na fabricação a partirdo minério, não se menciona que o alumínio, para ser fabricado a partir do minério de bauxita, consome uma enorme quantidade de energia e gera grande volume de rejeitos.

Exatamente por isto, as indústrias que o produzem são consideradas "sujas", e têm sido exportadas para os países em desenvolvimento. O uso do alumínio como embalagem e sua posterior reciclagem são, portanto, muito convenientes para os países que não tenham que fabricá-la a partir da extração da bauxita. Este não é o caso do Brasil, que tem grandes jazidas deste minério e fabrica o alumínio em grandes indústrias eletro-intensivas, algumas delas utilizando energia elétrica subsidiada pelo poder público.

Todas estas considerações nos levam a uma constatação: não podemos, a priori, estabelecer se a reciclagem é boa ou má para o meio ambiente ou para as pessoas, sem estudarmos cuidadosamente o ciclo de vida do material a ser reciclado. Isto permite que se avalie o consumo de energia e os eventuais impactos ao meio ambiente que ocorrem durante o processo.

Vamos exemplificar como estes aspectos podem ser variáveis de acordo com as circunstâncias em que ocorrem: a produção de uma lata de 33cl na Inglaterra, composta de alumínio fundido na Noruega, a partir da energia hidroelétrica, e posteriormente laminado na Alemanha, liberará 110g de CO2 - O equivalente a 6,5 toneladas de CO2 por tonelada de alumínio. Se a mesma lata, entretanto, for produzida na Alemanha, usando-se carvão como fonte primária de energia, haverá uma liberação de 280g de CO2, valor este que será ainda maior se o alumínio for produzido na Tchecoslováquia, usando-se carvão de pior qualidade.

Vemos, assim, que também devemos ter, em nossas iniciativas individuais, a preocupação e a consciência do "balanço ambiental", para que não tomemos atitudes "ambientalmente corretas" mas que, sem querermos, podem trazer prejuízos ao meio ambiente.

Aqui está um exemplo interessante para ilustrar este conceito: no incentivo à prática da reciclagem, em várias cidades dos Estados Unidos e da Europa, a população é estimulada a levar os materiais recicláveis, como vidros, plásticos, papéis e papelão ou metais, aos PEV's - Pontos de entrega Voluntária, depósitos especiais instalados em locais públicos. De lá, estes materiais são levados para outros centros de triagem ou indústrias, que irão aproveitá-los na fabricação de novos produtos.

Vamos imaginar que uma determinada residência esteja a 10 quilômetros de um desses PEV's.

Se algum morador usar o seu carro exclusivamente para levar os recicláveis até lá, poderá estar cometendo, com a melhor das intenções, um ato contra o meio ambiente, pois o combustível derivado do petróleo consumido neste deslocamento provavelmente contém mais energia do que a que se irá economizar com a reciclagem dos materiais que foram separados em sua casa.

Além disso, devemos considerar a poluição que a descarga do motor do automóvel causará à atmosfera e o consumo de matérias-primas não-renováveis, como a gasolina, a borracha dos pneus e o asfalto das estradas.

Portanto, antes de decidirmos o que separar em nossas casas como materiais recicláveis, que seriam normalmente descartados em aterros, é necessário estarmos seguros de que eles podem ser reciclados, que alguém vai querer comprá-los depois de reciclados e beneficiados, e que, finalmente, este processo não envolverá o uso de mais recursos naturais do que os que supomos que irá economizar.

Há muitas cidades no Brasil em que o poder público e a sociedade têm o desejo de implantar sistemas de reciclagem. No entanto, se estas cidades estiverem a grandes distâncias dos centros industriais que processam os materiais recicláveis, tal iniciativa estará inviabilizada, pois o custo de transporte acaba sendo maior do que o valor do próprio produto transportado.

Se, no entanto, a vontade política voltada para o meio ambiente é grande, por que não reciclar a matéria orgânica, a partir da qual se pode produzir um composto orgânico de boa qualidade, que sempre terá uma aplicação útil, se não na agricultura, certamente nos parques e jardins da cidade?

Se um determinado sistema de reciclagem não traz um balanço positivo ao meio ambiente e consome mais energia do que rende, o que fazer com todos estes materiais que levam centenas de anos para se decompor? Mandá-los, com todo o resto do lixo, para um aterro? Isto não é um absurdo, do ponto de vista ambiental? Bem, primeiro devemos entender o que acontece durante o processo de decomposição destes materiais quando depositados no solo. Plásticos, vidros e metais se decompõem lentamente, e causam um impacto mínimo ao meio ambiente durante este processo, apenas ocupando espaço na natureza.

Então estes materiais que vão para os aterros sanitários, misturados com as coisas inaproveitáveis, ficarão ali pelo resto da vida, até virar pó? Sim, e isto não traz nenhum problema ao meio ambiente, desde que este aterro sanitário seja construído de acordo com todos os requisitos ambientais que as normas e a legislação exigem.

Esses locais, depois de encerradas as operações de vazamento de lixo, podem ser reflorestados e transformados em parques seguros, parausufruto da população local, com a vantagem de ainda produzirem energia durante muitos anos, por meio da utilização do biogás. Um aterro construído acima do solo, depois de encerrado, pode transformar- se em uma elevação florestada, com equipamentos esportivos, trilhas, instalações para piqueniques, enfim um local de fruição para a população, assim como qualquer morro da cidade, preservado como espaço de lazer.

Além de ser a forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos recomendada pela Organização Mundial de Saúde para países em desenvolvimento, o aterro sanitário, adotando-se todos os requisitos que as normas e a legislação ambiental exigem, para que seja garantida a total proteção ao meio ambiente e à saúde da população, é, de longe, a solução que maior exige menor quantidade de recursos da Prefeitura para sua implantação e operação.

E se esta for a solução adotada por todos, não faltará espaço na Terra para se enterrar todo o lixo produzido pela humanidade? Vai levar muito tempo para chegarmos a este ponto, e para se ter uma idéia do pequeno espaço que os aterros ocupam, reproduzo aqui, livremente, um trecho do livro O ambientalista cético, de Bjorn Lomborg (Editora Campus, 2002). Se todo o lixo urbano gerado nos Estados Unidos, durante todo este século que está começando, fosse colocado em um só aterro sanitário, com 30 metros de altura (Gramacho, no Rio de Janeiro, está hoje com 36 metros), a área ocupada corresponderia a apenas um quadrado de 28 quilômetros de lado, o que representa menos de 1% da superfície daquele país.

Quando se fala em reciclagem, os conceitos de energia, meio ambiente e economia estão interligados. Portanto devemos avaliar quem vai operar todo este complexo sistema, e de que forma, para que os custos não sejam altos, para que haja eficiência e para que os ganhos sejam bem aplicados e corretamente distribuídos.

Quando o poder público resolve operar diretamente o sistema, geralmente realizando a coleta seletiva, quase sempre a operação passa a custar muito para o bolso do cidadão. As prefeituras devem ficar longe da operação e usar sua competência para planejar, coordenar e fiscalizar os serviços sob sua responsabilidade.

A coleta seletiva de recicláveis custa em torno de 5 a 10 vezes mais do que a coleta convencional, e o valor do produto coletado é de 10 a 5 vezes menor do que este custo. Quem paga a diferença?

Se a coleta seletiva é feita pela Prefeitura, quem paga é o cidadão, através dos impostos municipais. Isto significa que a Prefeitura gasta com a reciclagem um valor que poderia estar sendo aplicado em educação ou saúde, por exemplo.

Tudo bem, se a população tiver sido chamada a decidir sobre isso, como ocorreu na Alemanha, que gasta por ano cerca de 5 bilhões de dólares com seu sistema de reciclagem, conhecido como Ponto Verde. Em Pesquisas realizadas em 2004, a população alemã foi amplamente favorável à manutenção do sistema de reciclagem, ainda que isso pudesse representar um aumento de impostos para os cidadãos. Será que o mesmo ocorreria nas cidades brasileiras, onde há carência de quase todos os serviços urbanos, a começar pelo saneamento básico?

Diante de toda esta argumentação, podemos concluir que a reciclagem não vale a pena? Ao contrário, creio que vale, desde que se escolha a forma certa de realizá-la, buscando concentrar num mesmo programa, pelo menos os seguintes aspectos: benefícios sociais, melhoria da limpeza urbana e sustentabilidade econômica/financeira do sistema.

Como conseguir esta proeza? Não há um modelo que se possa recomendar de forma genérica; cada cidade, cada comunidade, tem suas características, e o sistema de limpeza urbana, onde se inclui a reciclagem, deve se adaptar a elas, tanto nos aspectos econômicos quanto nos sociais e culturais.

Uma coisa, entretanto, é certa: recuperar apenas os materiais recicláveis, deixando a matéria orgânica de rápida decomposição para os aterros contribui muito pouco para o meio ambiente. Em seu conceito integrado, a reciclagem deve necessariamente incluir esta fração e outras mais, como entulhos de obras e restos de poda.

A rigor, só deveriam ser destinados aos aterros os resíduos sem qualquer possibilidade de recuperação ou aproveitamento, norma adotada hoje na Comunidade Européia, onde a escassez de áreas para aterros justifica o dispêndio de rios de dinheiro nos programas de reciclagem e nas usinas de incineração. É bom lembrar que a matéria orgânica é o que realmente traz problemas para os aterros: é ela que gera o chorume - um líquido que, se não tratado corretamente, pode contaminar os corpos d'água -, e o biogás, que possui em sua composição cerca de 50% de metano, um gás altamente prejudicial ao efeito estufa, que provoca o aquecimento global da Terra.

A matéria orgânica pode ser transformada em composto orgânico, um excelente insumo agrícola, aplicável em quase todas as culturas, que promove o recondicionamento do solo e possui todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. Se fizéssemos um estudo econômico para decidir sobre a implantação de um sistema de reciclagem da matéria orgânica, avaliando-se a redução que seria obtida nos custos de coleta, de transferência e de implantação e operação de aterros, talvez concluiríamos que esta é a forma mais viável de recuperação do lixo urbano.

Os custos com a coleta, transferência e disposição nos aterros seriam reduzidos à metade, pois a fração de matéria orgânica corresponde a cerca de 50% do peso do lixo urbano. Além disso, os aterros durariam 2 vezes mais e não teriam que ter nem as estações de tratamento de chorume nem os sistemas de extração e queima de biogás, o que também contribuiria para a redução drástica dos seus custos de implantação e operação.

O difícil, entretanto, como já foi dito, é conseguir uma boa adesão da população para a coleta seletiva de orgânicos, mas se houver decisão política por parte do poder público, no sentido de se elaborar campanhas permanentes para a sensibilização da população, creio que se conseguiria um certo êxito nesta empreitada, o que traria grandes benefícios ao meio ambiente.

Na maioria das cidades brasileiras e sul-americanas observa-se um aumento extraordinário da catação de produtos recicláveis nas ruas e nos aterros, fruto da crise econômica que se agravou na virada do século. Este fato é conseqüência do enorme contingente de desempregados que vagam pelas cidades, buscando sobreviver com a recuperação de recicláveis do lixo, que tem se mostrado, aí sim, uma fonte de recursos importantíssima para estas pessoas.

Os catadores tradicionais passaram então a enfrentar uma concorrência inesperada, e isto já vem causando conflitos de grupos que disputam o controle de determinadas zonas ou bairros das cidades onde esta catação ocorre. Por outro lado, algumas prefeituras, por pressão da sociedade e dos movimentos ambientalistas, passaram a implantar sistemas oficiais de coleta seletiva de recicláveis, geralmente com a parceria de cooperativas de catadores, fato que vem aumentando, ainda mais, a freqüência dos conflitos nas ruas.

Estes programas oficiais, embora bem-intencionados, não conseguem, nem de longe, absorver todo o contingente de catadores em atividade nasruas, o que gera novos problemas, desta vez entre as pessoas não absorvidas pelo sistema oficial e a própria prefeitura.

De qualquer forma, uma coisa é certa: não será o órgão responsável pela limpeza urbana, nem mesmo a Prefeitura, que, sozinhos, resolverão a questão social do país, dando a todos aqueles que hoje sobrevivem da catação, melhores e mais seguras oportunidades de trabalho e renda.

A meu ver, as discussões sobre este tema têm gerado um tal fervor e paixão entre as pessoas envolvidas, que acabam reproduzindo, dentro da própria instituição responsável pela limpeza urbana, focos de tensão que terminam por prejudicar o seu objetivo maior: a gestão integrada dos resíduos sólidos da cidade.

O papel da limpeza urbana no ordenamento da atividade dos catadores, na sua capacitação e na valorização do seu trabalho é fundamental, pois aumenta a sua renda e evita a catação predatória nas ruas, o que melhora as condições sanitárias da cidade. Ainda não se encontrou a fórmula ideal de reciclagem, mas a permanente discussão sobre o tema pode trazer à baila soluções criativas que devem ser experimentadas, respeitando-se sempre as características de cada cidade.

Uma destas formas, que talvez funcione, e que já está sendo testada em algumas cidades, é a contratação de cooperativas de catadores para realizar a coleta seletiva, por meio dos catadores e seus carrinhos ou mesmo com caminhões do tipo baú, mais simples e mais baratos. Este serviço seria pago pela prefeitura, num valor equivalente ao custo da coleta convencional por ela realizada. Isto é perfeitamente razoável, uma vez que este material é retirado do fluxo da limpeza urbana, que inclui a coleta, a transferência e a destinação dos resíduos.

A cooperativa passa assim a ter com o poder público uma relação profissional, com direitos e deveres definidos em contrato, o que permite estabelecer formas de trabalho mais adequadas para a cidade. Com os recursos provenientes da venda dos recicláveis e da prestação dos serviços de coleta, a cooperativa passa a ter capacidade econômica para adquirir os equipamentos básicos para seu trabalho, como prensas, elevadores de fardos e balanças, e também para alugar um galpão para armazenamento do material separado e beneficiado, caso a Prefeitura não tenha nenhum disponível, podendo assim transferir mais e melhores benefícios aos seus cooperativados.

Neste amplo espectro da atividade da reciclagem dos resíduos sólidos, não há como deixar de comentar a catação nos aterros de lixo, que ocorre ainda em muitas cidades em todo Brasil, independente do seu tamanho. No Rio de Janeiro, no aterro de Gramacho, um dos maiores da América do Sul, cerca de 1.000 catadores atuam na frente de vazamento do lixo, de onde retiram perto de 200 toneladas de materiais recicláveis por dia.

A Comlurb - Companhia de Limpeza Urbana, empresa do município, que tem a responsabilidade pela gestão de resíduos na cidade do Rio de Janeiro, nunca proibiu a catação em seus aterros, e sempre foi muito criticada por isso. Quando os visitantes se surpreendem com os catadores em Gramacho, um aterro que hoje opera dentro de todos os requisitos da engenharia sanitária, e comentam as condições insalubres a que estão expostos, retrucamos que pior do que esta insalubridade visível é a fome, e que ninguém está ali por prazer, e sim, por falta de melhores alternativas de trabalho.

Se a crise econômica e a miséria tornam inevitável a catação em aterros, o que se deve fazer é manter um cadastro atualizado dos catadores, para que possam ser acompanhados permanentemente por assistentes sociais. Deve-se também, na medida do possível, manter um certo ordenamento na frente de trabalho, de modo a reduzir os riscos de acidentes e evitar problemas nas operações de vazamento e compactação do lixo, permitindo ainda a entrada controlada de caminhões para a retirada dos recicláveis. É recomendável também a prestação de atendimento aos catadores quando há algum acidente durante seu trabalho no aterro.

Em decorrência do desemprego generalizado, a demanda para a catação nos aterros tem sido muito grande, e, no caso do Rio de Janeiro, a Comlurb, por questões de segurança e operacionais, foi forçada a limitar a quantidade de catadores em Gramacho . Isto não tem sido uma tarefa fácil, pois é enorme a quantidade de gente desempregada que, diariamente, chega ao portão de entrada e tenta participar desta atividade.

Como se vê, a reciclagem, coleta seletiva, catação, compostagem e aterros sanitários são problemas complexos e que não devem ser tratados isoladamente, e sim de forma integrada, pois são interligados operacional, social, econômica e ambientalmente e podem causar impactos importantes ao meio ambiente, à saúde da população e ao orçamento público.

Quando pretendemos, cidadãos, organizações não-governamentais ou poder público, implementar ações de reciclagem, através da coleta e reaproveitamento de materiais recicláveis e/ou da matéria orgânica de rápida decomposição, devemos levar sempre em consideração as características culturais, sociais e econômicas da nossa cidade e de nosso povo, como também as práticas do sistema de limpeza urbana já existentes. Assim, serão alcançados os maiores benefícios para o meio ambiente, com os menores custos para a população.
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*José Henrique Penido, engenheiro, iniciou seu trabalho com lixo, naComlurb do Rio de Janeiro, há mais de 30 anos. Ocupou o cargo dePresidente da empresa em 1998. É consultor da Organização Panamericanada Saúde, do PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,do GTZ - Deutsche Geselshaft Für Tecnische Zuzamenarbeit, do BancoMundial e do BID.