Ontem
estive com uma amiga recém-casada. Como muitas mulheres, possui uma rotina
bastante atribulada. De férias, não sabe ao certo o que fazer com o seu tempo
livre, enquanto aguarda seu marido chegar do trabalho. Sugeri algo que
pareceria bem óbvio em tempos antigos, mas que soou como uma ideia nova nos
dias modernos: “Por que você não prepara um belo jantar e aguarda ele com uma
refeição gostosa e feita com muito amor?” Como se estivesse sugerindo a
reinvenção da pólvora, ela adorou a ideia!
Como a
maioria das jovens mulheres do meu ciclo social na Bahia, criadas com
empregadas em casa, ela não possui uma relação muito íntima com a cozinha. Não
julgo, pois como ela, também fui criada para estudar bastante e correr atrás de
minha independência. Na verdade, só me deparei com a cozinha à cinco anos, quando fiz intercâmbio para a Espanha. Na
ocasião, queria garantir a manutenção da dieta saudável que sempre brotou na
mesa de meus pais. Não tinha quem cozinhasse para mim, havia tempo livre e
assim resolvi encarar o desafio. Assim, descobri um talento e um novo hobby.
Cozinhar,
para muita gente, ainda soa como uma ideia exótica. Com a disseminação dos
restaurantes gourmets e cursos de gastronomia, entretanto, deixou de ser uma
tarefa pouco valorizada e passou a ter certo glamour. Ainda bem! Uma bela
culinária é uma arte e principalmente uma terapia. Tenho um texto aqui que
incentiva bastante esta expressão da alma, chama-se Culinária Zen http://www.beijonopadeiro.com/2012/01/culinaria-zen.html.
E de onde
vem a energia que virou título do texto? Então, estava explicando à minha amiga
ontem que quando cozinhamos, além do valor nutricional da refeição, carregamo-la
com nossas emoções e energias. Um casal que compartilha refeições, preferencialmente
preparadas por alguém conhecido, que sabem que cozinham com amor, tende a
sintonizar com uma excelente carga energética. Já o contrário também pode
acontecer: quando o casal faz todas as suas refeições separadas (realidade mais
do que comum hoje em dia) tende a se carregar de energias cada vez mais
distintas.
Não vim
aqui dizer para ninguém largar o seu trabalho para virar “Amélia”. O que venho
sugerir é que se capriche mais nas oportunidades de cozinhar. Pode ser no café
da manhã, optando em preparar um suco ao invés de ser guiado pela praticidade e
utilizar sucos de caixinha. Aí, pode-se fazer um cuscuz, um inhame, uma batata
da terra e outros. O ato de selecioná-los na feira, lavá-los e cozinhá-los
prestando atenção no tempo que levam para ficarem prontos já possibilita esse
compartilhamento energético. O mesmo à noite, algum dos dois pode arriscar fazer
uma sopa, uma massa ou qualquer prato que lhes apeteçam. Quem sabe até tornar
uma tarefa divertida a dois? No final de semana, mais ainda. Que tal evitar
tantos restaurantes e arriscar umas aventuras gastronômicas em casa? No início
vai parecer uma tarefa complicadíssima, mas logo se cria intimidade com a
cozinha e ela passa a ser um laboratório para expressar a criatividade. O
melhor são os resultados: possibilidade de mais qualidade nutricional e união
energética para o casal.
Precisa de
mais incentivo? Recomendo os filmes: Como água para chocolate; Simplesmente
irresistível e Julie & Julia. Alimentamos a alma com aquilo que vemos e
conversamos, então, sugiro o cinema a dois sempre que possível também!
E aí? Já
bolou o cardápio de hoje? Mãos à obra e bom apetite! =)