quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Labirinto


Imagem: http://www.layoutsparks.com/1/204635/the-labyrinth-wall-great.html

Certa feita recomendaram-me um passeio em um labirinto. Disseram-me que seu percurso seria cheio de surpresas maravilhosas, com algumas dificuldades, mas que a experiência seria tão extraordinária que ao fim o caminho valeria a pena.

Logo que entrei no labirinto, percebi que apesar de todas as recomendações e incentivos não me sentia confortável naquele lugar. Olhava para os lados e via todos a meu redor deslumbrados com as imagens inscritas em suas paredes, mas elas nada me diziam.

Continuei o meu percurso, na expectativa de que em algum momento me sentiria tocada por alguma daquelas coisas que maravilhavam praticamente a totalidade das pessoas dentro do labirinto. O tempo todo, minha vontade era uma só, dar meia volta e ir embora.

Sentia-me uma estranha, incompreendida para os outros e principalmente para mim mesma. Não conseguia entender como aquela experiência poderia ser tão formidável para tanta gente e a mim só me trazia angústia, vontade de gritar e sair correndo (no sentido contrário).

Em diversos momentos tive esse impulso, mas sempre era interpelada e motivada a continuar, seguir o rebanho, ignorar a minha vontade própria e me guiar pelo senso comum. Fazia isso em partes porque quando me perguntavam para onde pretendia ir quando saísse do labirinto não tinha uma resposta clara. Como poderia ter se me encontrava presa em um labirinto que sequer sabia como fazer para sair dele?

Minha realidade era uma apenas: estava presa a um labirinto e minha alma gritava para sair, se sentia aprisionada, dentro de um lugar que parecia um paraíso para uns, mas que para mim não passava de um emaranhado, sem sentido, sem destino. O mero querer sair não era uma resposta convincente aos outros e consequentemente para mim tão pouco, sempre acostumada a agradar e seguir padrões estabelecidos pela sociedade. Precisava de uma razão, uma justificativa maior, algo significativo me esperando lá fora que fizesse valer a pena abrir mão de estar no dito "labirinto dos sonhos".

Dos sonhos para uns... Para mim, esse labirinto era na verdade um pesadelo que me cercava enquanto acordada do qual conseguia me libertar em algumas noites de sono. Durante muito tempo percorri o labirinto em grande velocidade, na idéia de que assim alcançaria mais rápido ou descobriria a graça daquele lugar. A minha grande agilidade e facilidade em percorrer pelos seus becos, entradas e saídas encantava a todos. Ninguém conseguia entender como uma pessoa que dominava tão bem o labirinto queria sair dele.

Mais uma vez, era motivada a ficar. Tinha me tornado um exemplo de sucesso dentro do labirinto e a minha velocidade que era uma forma de busca pela liberdade me aprisionava cada vez mais.

A cada passo que dava me estranhava mais e mais em relação aos outros, me sentia mais longe da saída e mais perdida de mim mesma. Às vezes minha mente divagava sobre a idéia de sair do labirinto e somente esse pensamento era suficiente para algo fazer sentido em meu percurso: como sair dele. A idéia começou a ganhar força e de repente comecei a encontrar pessoas que não me achavam louca por querer abandonar o percurso. Com isso fui ganhando coragem para hoje estar percorrendo o caminho contrário.

Vejo todos aqueles que certa feita caminharam no mesmo sentido que eu, seguindo seus caminhos e a distância deles e do centro emaranhado do labirinto é uma das sensações mais deliciosas desde o dia que entrei no bendito labirinto. Nada contra eles, alguns grandes amigos, o que não significa que precisamos ter gostos e caminhos iguais.

A todo tempo me chamam para retornar e muitas vezes caí na tentação, talvez pelo medo do desconhecido e facilidade de permanecer no território seguro - que apesar de não gostar, domino. Mas a cada convite, a cada retrocesso para dentro do labirinto, o mero olhar em direção a ele me faz ter certeza de que seguir convites alheios e ignorar o convite do meu coração é o caminho mais errado que posso escolher.

Não me arrependo de nada, até mesmo dos últimos deslizes, eles só fortaleceram a certeza da vontade de sair do labirinto. Também entendo que não há como sair tão facilmente de um lugar que me prendi por tantos anos.

Entretanto, a cada passo que dou no sentido contrário, a certeza de que estou mais perto da saída me acompanha. Momento algum sinto como se fosse ficar presa no labirinto, sem conseguir sair dele. Pelo contrário, essa sensação só me acompanhava quando o adentrava. O mais interessante é que sei que o problema não é estar dentro de um labirinto, pois sei que quando sair deste, haverá outro e esse sim apreciarei a cada passo.

2 comentários:

  1. Como sempre seu belo texto evoca reflexões interessante. Já me senti assim; Já me senti livre; Já entrei em outros labirintos que não me cabiam novamente mas, que bom que tem estradas para todos os gostos e ritimos para todas as caminhadas. Parabens!

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  2. Oi Onildo! Verdade, a metáfora do labirinto pode remeter a distintas idéias. O melhor é saber que todo labirinto tem uma saída, mesmo que pareça difícil encontrá-la. Vai na festinha junina do stand? Eu até pretendia, mas comi um abará ontem que deixou meu sistema digestório nervoso e estou em casa descansando... Abs!

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