sábado, 18 de fevereiro de 2012

Nostalgia Carnavalesca


Esse clima de Carnaval traz muitas lembranças. Estou aqui assistindo um filme dos meus antigos carnavais em minha cabeça e resolvi escrever sobre eles. Sou jovem, mas quando me lembro de minha adolescência me sinto um pouco velha, pois vejo que as coisas mudaram bastante.

Meu primeiro carnaval foi aos 14 anos. Lembro que no ano anterior tinha mudado de escola (saído de uma escola americana para uma escola Brasileira). Como o ano letivo nas escolas americanas terminam em junho, tinha passado o semestre de ouvinte e em paralelo fazendo um curso de adaptação em matemática. O curso era pesado, fiz uma apanhado geral de oito anos e seis meses e lembro que o pacto era que se eu acabasse antes do Carnaval que eu poderia ir pro Carnaval. Esforcei-me e acabei na véspera.

Uma das formas que meus pais tinham de não me incentivar para ir às festas era não me dando dinheiro para pagar os ingressos. Não adiantava, sempre dava meus pulos e conseguia as coisas de graça. No meu primeiro carnaval, uma grande amiga era sobrinha de um dono de bloco e conseguiu os abadas. Ela morava no meio do circuito e nesse tempo o carnaval começava na quarta-feira. “Mudei-me” para a casa dela na quarta, reformamos nossos abadas e RUA!! Quatro dias de folia!! Nos outros três dias, minha irmã tinha um amigo que estava lançando um bloco de carnaval na avenida e deu 50 abadas para ela distribuir para as amigas bonitas para “florir” o bloco. Foi lindo, levei uma amiga e estavam lá todos os amigos de minha irmã. Tudo de bom!!!

Naquele tempo, quando acabava o bloco, todas as pessoas se encontravam na rua onde morava a minha amiga, apelidada de “beco de Ondina”. Hoje em dia é um lugar péssimo, violento e baixo astral... Antigamente era o “point” de encontro das pessoas de todos os blocos e como estava hospedada justamente lá, chegava, tomava um banho e descia limpinha para encontrar a galera. Ainda não existia a febre dos camarotes, todo mundo ia para os blocos e depois se encontrava na rua. Hoje as pessoas que querem muita farra vão para os blocos e depois para camarotes, as outras vão diretamente para os camarotes (que para mim é uma maresia, mal se consegue ver o Carnaval e a única diversão é beber, já que a maioria é Open Bar). Quem decide ir para a rua, dificilmente encontra amigos e curte mesmo. Com sorte encontra um lugar “tranquilo” (para não dizer menos violento/perigoso) para ver os blocos passarem, mas se você quer fazer uma social e curtir de verdade, hoje só pagando caro!!

No meu segundo ano de Carnaval, tinha vendido 19 abadas como comissária de um bloco (Cocobambu - Asa de Água) e ganhei o meu de graça (se tivesse vendido 20 ganharia 2 abadas). Nesse ano estava bem dividido: metade da galera estaria nele e a outra metade no Nana Banana (Chiclete com Banana). As minhas amigas (fieis companheiras do ano anterior) iam para o Nana, mas eu já estava conformada de ir com outra galera para o Coco (o Nana era mais caro, se quisesse trocar teria que pagar uma boa diferença). Para a minha surpresa, na véspera do carnaval, o namorado de minha amiga terminou o namoro e ambos tinham comprado o Nana. Ela aceitou o término com uma condição: que ele trocasse o abada comigo sem eu precisar pagar nenhuma diferença, pois ela não queria estar no mesmo bloco dele. Foi lindo, para o desespero de meus pais, consegui sair de graça no bloco mais caro, com todas as minhas amigas! Para completar, nos outros dias, a minha amiga, que tinha ido comigo no ano anterior para a avenida, conseguiu uns abadas do Bloco Eva e lá fomos nós!! Bom demais!!!

Aí posso enumerar 10 anos de carnavais. Sempre a mesma coisa, meus pais não me davam nada, eu ficava até a última hora sem saber o meu destino e quando menos esperava, ganhava algo muito legal. Em outros anos trabalhei na entrega de abadas de blocos e ganhei também... Sempre dava um jeito de garantir a minha festa, mesmo a contragosto de meus pais.

Esse é o quinto ano que eu “pulo fora” do Carnaval. Confesso que depois que comecei a trabalhar e ganhar o meu suado dinheirinho, nunca tive coragem de pagar as fortunas que se cobram nos camarotes da moda. Prefiro viajar, sair da confusão, etc. Claro que se ficar em Salvador, acabo ganhando algum bloco ou camarote, mas já não é a mesma coisa... Acabou o beco, acabou a fase de todas as amigas solteiras acampadas em Ondina ou até mesmo em minha casa (nos dias de avenida o “point” era a casa dos meus pais). Hoje as pessoas vão para camarotes que são festas dentro das festas, ninguém nem sabe o que está passando na rua. São como ilhas, onde as pessoas se isolam completamente do que está acontecendo lá fora... Não vejo a menor graça! Do carnaval ficaram somente as MARAVILHOSAS lembranças, mas hoje prefiro ficar bem longe dele!

Nenhum comentário:

Postar um comentário