quarta-feira, 23 de maio de 2012

Genética X Herança de Hábitos



Ontem escutei um caso que me deixou perplexa. Uma jovem mulher, profissional da área de saúde, que por ter alguns casos de câncer de mama na família (mãe, avó e tia), decidiu trocar as mamas saudáveis por próteses de silicone, aos 27 anos! A explicação? Antes que as mamas dessem algum problema, retirou-as. A pessoa que me contou este caso (uma amiga dela) falou como se tivesse sido a ideia mais sábia do universo. Acredito que muita gente possa pensar da mesma forma. Eu continuo chocada!

A causa do câncer é um mistério que desafia a ciência. Fatores genéticos são apontados, muitas vezes, como vilões. Venho propor, entretanto, uma reflexão sobre a tão poderosa hereditariedade. Afinal, além de genes, herdamos hábitos. Qual será mais forte?

Tenho muita crença na força da herança de hábitos. Não é a toa que civilizações inteiras demonstram certas predisposições a determinados tipos de câncer, diferentes de outras. Um exemplo típico é a maior ocorrência do câncer de estômago entre japoneses e do câncer de intestino entre os americanos. A genética explica? Acho que a herança de hábitos faz muito mais sentido neste caso.

Em uma família, os hábitos são passados de geração para geração. Alguns são tão tradicionais que marcam uma cultura. Aqui em Minas mesmo, as pessoas comem torresmo como se come batata frita em outros lugares do mundo. Isso sem falar nas carnes gordurosas que enchem os cardápios dos restaurantes típicos e bares. Não é de espantar os altos índices de doenças cardíacas no estado.

Será que ao retirar as mamas essa mulher se livrou mesmo do câncer? Será que ao não encontrar mamas, disponíveis para se alojar, o câncer não irá buscar outro órgão? Obviamente esperamos que não. Mesmo assim continuo reticente à soluções que focam no fim e não nos meios.

Um comportamento comum entre a população em geral é buscar a culpa fora de si. As pessoas não querem assumir responsabilidades. É muito mais fácil culpar uma doença a uma epidemia, a um fator genético, a uma queda ou a uma reação adversa de medicamento do que olhar para o próprio umbigo e buscar as causas em si.

Não acredito na geração espontânea, aliás, ela foi derrubada desde o século XVII por Redi. Não desprezo a genética também, mas acho que ela se soma aos hábitos (bons ou maus). Somos o que comemos. Como já falei outras vezes aqui no blog, comemos pela boca, pelos ouvidos, pelo tato... Ou seja, nos alimentamos de matéria e energia constantemente. Que tal olharmos pros nossos hábitos e costumes antes de apontar a genética e demais fatores externos como causadores de tudo?

6 comentários:

  1. Miloca, você já leu o livro "Anticâncer"? Você vai ficar perplexa, vai amar. A temática é exatamente essa daí. Se quiser, te empresto! Beijão, linda! Saudade de você!!

    Ju Oki

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    1. Oi Ju,

      Que surpresa boa você por aqui!!!

      Já me recomendaram esse livro, mas ainda não li. Soube que o autor, ironicamente, morreu de câncer... Quando for aí em SSA aviso. O empréstimo do livro será uma bela desculpa para um reencontro!! Saudades!!

      Beijão!!

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    2. Ele, na verdade, escreveu o livro já tendo desenvolvido a doença, tentando, holisticamente, prolongar seu tempo de vida. Se não me engano, "deram" a ele 6 meses de vida, e ele viveu mais de 15 anos..

      Não sabia que você estava morando fora! Quando estiver por aqui, me fala! Vamos marcar esse reencontro sim! :))))

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    3. Oi Ju,

      Olha como são as coisas... Comentaram comigo que ele tinha morrido num tom pejorativo, como se por esse motivo, o livro não tivesse crédito. Nada como saber o outro lado da história. Vou providenciar essa leitura logo, fiquei bem interessada!!

      Valeu pela dica!!

      Beijos

      P.S.: To morando em BH, se vier por aqui avisa!!

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  2. Procure ler tambem sobre a ciencia ATUAL dos canceres, antes de emitir opinioes baseadas em "achismos" ok?

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    1. Oi Anônimo,

      Grata pela contribuição!!

      Estou constantemente lendo artigos científicos no tema! Antes de escrever este texto, inclusive, debati profundamente o tema com uma Oncologista que compartilha de ideias semelhantes. Essa pessoa lida diariamente com o câncer e vê inúmeras relações, inclusive emocionais, com a doença. Acredita, como eu, que é uma doença multifatorial e portanto, deve ser analisada por diversos ângulos.

      Volte sempre!!

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