quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Valéria Polizzi: essa daí sabe beijar o padeiro!


Em 1998 li um livro que marcou a minha vida. Na verdade, já li vários, em épocas diferentes, cujas histórias serviram como grandes lições e exemplos para mim. Na adolescência, em especial, tinha uma certa "atração" por temas como drogas, doenças e problemas típicos de adolescentes.

Hoje, pensando nisso, vejo que O Beijo no Padeiro é o reflexo de uma atitude mental que me acompanha há anos...

Na infância, os livros: Pollyana, O Pequeno Príncipe e O Menino do Dedo Verde marcaram tanto, que tornei a lê-los na adolescência e mais recentemente na fase adulta. Quem já leu, sabe que todos têm tudo a ver com o blog!

Na adolescência, posso listar alguns títulos contundentes e inesquecíveis: Feliz Ano Velho, A Lua de Joana, À Beira do Abismo, Eu, Christiane F., 13 anos drogada, prostituída... e Depois Daquela Viagem. 

Nesse período, lembro uma vez que meu pai perguntou se estava com algum problema que queria conversar, acho que ficou preocupado com as temáticas das minhas literaturas... Expliquei-lhe que ficasse tranquilo, que gostava de ler esses livros, primeiro para entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que opta em usar drogas, através de relatos (muito mais educativos do que panfletinhos de colégio) e segundo porque eles sempre me faziam dar mais valor à tudo que tinha: família, amigos, escola, paqueras, vida social, saúde... O que mais um jovem precisa para ser feliz? O que justifica uma pessoa com tudo isso optar por drogas? Sabia que era uma realidade e a melhor forma de conhecer essa psicologia era lendo relatos verídicos ou baseados em histórias reais. Na temática de drogas, acho que o livro que mais me impressionou foi À Beira do Abismo, pelo simples fato de ter sido escrito por um tio meu, pessoa que já conheci livre das drogas e que era difícil imaginar beirando o abismo, como relata em seu livro. Casos próximos, em especial, nos mostram como o que vemos na televisão e nos cinemas não está tão distante como parece.

Já a AIDS era um tabu naquela época (acho que ainda é um pouco). O nome soava como sentença de morte e ao mesmo tempo uma doença cuja responsabilidade não podia ser atribuída ao acaso (como ocorre nos chocantes casos de câncer). O resultado era muito estigma e preconceito em torno do tema. Havia pouca informação e isso gerava um certo pânico, principalmente na juventude, em plena fase de descobertas sexuais. Uma dúvida clássica era: É possível contrair o virus beijando na boca? Hoje já não se escuta falar de pessoas morrendo de AIDS. A nova geração não sentiu a perda de ícones como Cazuza, Renato Russo, Lauro Corona, Freddie Mercury, Betinho e seu irmão Henfil, bem como de outras pessoas próximas da família. Pelo que tenho visto atualmente, a ideia da AIDS como um problema longínquo tornou-se um grande problema na saúde pública recentemente. Os casos de contaminação têm aumentado entre jovens e idosos de forma alarmante. Acredita-se que seja justamente porque o estigma de morte desapareceu e com ele também os cuidados com a prevenção e o sexo seguro. 

Hoje me peguei com uma pergunta que volta e meia surge em minha mente, sempre em momentos inoportunos: Será que Valéria Piassa Polizzi está viva? Desta vez calhou de estar na frente do computador e finalmente pude tirar a minha dúvida! Somente esclarecendo, pois, nem todo mundo, infelizmente conhece o belíssimo trabalho desta jornalista brasileira. Ela é autora do livro Depois Daquela Viagem, um relato autobiográfico que descreve como contraiu o vírus do HIV aos 16 anos de idade, em 1986. Além de muito bem escrito, o livro impressiona pelo fato de abordar a doença pelo lado da vida (e não da morte). 

Sim, ela está viva, atualmente com 42 anos e para a minha felicidade e surpresa, descobri que mantém um blog! Sua atitude mental é invejável. Uma pessoa que transformou um problema pessoal em exemplo de vida. Há mais de vinte e cinco anos trabalha com conscientização juvenil internacionalmente, através de seu livro (que já foi traduzido para o Alemão, Italiano e Espanhol), palestras e peça de teatro - baseada no livro. Já assisti inúmeras de suas palestras na televisão e acabo de assistir uma onde aparece linda e cheia de vitalidade: um grande exemplo para pessoas que se desesperam por muito pouco ou que gostam de se lamentar da vida desnecessariamente.


Acredito MUITO em atitude mental. Tenho certeza que a Valéria tem toda essa trajetória de sucesso porque optou pela vida e não pela morte. Resolveu cuidar da sua saúde e não da sua doença. Da mesma forma, tem gente que morre, por causa de uma unha encravada ou uma espinha no rosto... Os problemas na vida tomam (ou não) as proporções que damos a eles e os caminhos percorridos são resultados de nossas escolhas! 

E o Beijo no Padeiro nisso tudo? Então, acho que sempre gostei de me nutrir com histórias que me fizessem valorizar a vida e admirá-la. Cercar-me de grandes exemplos! Isso fez com que chegasse à idade adulta com uma cabeça cada vez mais positiva, otimista e consciente que se queixar de problemas não traz solução nenhuma, mas que há sempre como transformar um limão em uma limonada!

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