A chegada em Quito é maestral, uma vez que o seu aeroporto novíssimo (inaugurado há cinco meses) é de PRIMEIRO mundo! O ponto negativo é que fica afastado do centro de Quito, a uma distância de uns 40km. O taxi para lá custa entre 25 e 30 dólares, a depender do horário (de madrugada é mais caro) e existe uma opção de ônibus que vai pro centro que custa oito dólares por pessoa, mas se você estiver com mais duas pessoas já deixa de valer a pena e com uma também não compensa, pois o taxi te deixa na porta em seu destino final e pegando um ônibus, depois ainda é necessário pegar um taxi...
Nos três primeiros dias ficamos hospedados um pouco
afastados do centro, o que nos deu a oportunidade de explorar bastante os
transportes da cidade. Depois vou falar um pouco mais sobre a hospedagem em
Quito, já que ficamos hospedados em duas regiões diferentes da cidade...
Os ônibus em Quito custam apenas vinte e cinco centavos!!!
Existem três linhas que cruzam a cidade como se fosse um metrô, inspirado nas
linhas de ônibus de Curitiba (com aqueles pontos em forma de tubo) que se chama
Metrobus. Muito fácil utilizar o transporte público na cidade e por haver uma
linha exclusiva para eles, também é uma opção rápida para cruzar grandes
distâncias.
Para as distâncias mais curtas, o taxi é uma excelente
opção. Comparados aos extorsivos preços do Brasil, também são uma pechincha,
apesar de caros, comparados aos ônibus. Com um a quatro dólares você faz longos
percursos pela cidade, que está repleta de carros amarelos, então rapidamente
consegue entrar em um. Na zona turística alguns não têm taxímetro e querem cobrar
preços abusivos (gente esperta tem em todas as partes do mundo). Se encontrar
um desses, saia e pegue outro que tenha, pois é obrigatório!
Os ônibus das linhas de Metrobus são mais modernos, mas os
outros da cidade são bem velhos, com cadeiras estofadas de veludo e muitos
enfeites. A maioria dos taxis são bem antigos e há uma curiosidade: eles
penduram sapatinhos de criança no retrovisor (equivalente às nossas fitinhas do
Senhor do Bonfim) para dar sorte. Os painéis dos carros, taxis e ônibus são
frequentemente forrados com panos aveludados e eles adoram umas luzes neon,
enfeitando os carros por fora e os ônibus por dentro. Devem achar lindo, eu
achei brega, risos!!
Falando em brega, achei os equatorianos MUITO AUTÊNTICOS.
Eles têm o estilo estético deles e não cederam a modismos minimalistas, despigmentados
internacionais. Eles adoram utilizar cores e enfeites, usam roupas no cotidiano
que para nós parecem fantasias, como saiões, ponchos, sapatilhas e chapéus.
Claro que para nós, totalmente uniformizados e seguidores de padrões americanos
e europeus, parece bem exótico, mas achei interessante o fato deles se manterem
fieis às tradições e padrões culturais estéticos.
Outra curiosidade sobre os transportes no Equador. Os ônibus
que circulam pela cidade (sem ser o metrobus) são engraçadíssimos. O cobrador
sai gritando o destino para todo mundo que passa pela rua e os passageiros
entram no meio do nada. Os ônibus param em qualquer lugar, independente dos
pontos, que não são muito bem definidos. O pobre do cobrador fica de pé o
trajeto inteiro, circulando pelo ônibus, coletando o dinheiro das passagens,
gritando pelas ruas e volta e meia e ele sai do ônibus correndo, em determinadas
paradas, com um cartão de ponto para bater em umas máquinas. Teve um dia que
fomos a uma cidade vizinha, chamada Otavalo, que fica a quase três horas de
Quito. Você acredita que o cobrador veio o caminho inteiro gritando: Quito!
Quito! Quito!? E o ônibus parando no meio da estrada... Ponto de ônibus,
letreiros...? Eu achava que eram padrões internacionais, mas descobri depois
desta viagem que não são.
Está achando pouco? Tem mais! Assim como acontece aqui no
Brasil todo ônibus tem um vendedor ambulante. O problema é o tipo de coisas que
vendem... Além das clássicas balas e picolés, vi produtos exóticos como escovas
de dentes (individuais, pacotes com três, compactas para viagem...) e curso de
inglês! Isso mesmo, um homem que vendia um livrinho dizendo que era um curso de
inglês, dizia as vantagens de aprender inglês, contava casos e depois traduzia
tudo que falava. Se ele aprendeu com o bendito livrinho eu não sei, mas sabe
que até falava um bom inglês? Sui
generis!!!
A experiência de Otavalo foi suficiente para decidir que
para conhecer outras cidades vizinhas só alugando carro. Perdemos muito tempo
indo de ônibus e fazer isso com bagagem seria um transtorno. No caso de
Otavalo, estávamos sediados em Quito, então não tinha bagagem. Mas para
conhecer lugares mais distantes seria necessário levar as malas, então só de
carro! Conhecemos uns gringos que estavam fazendo tudo de ônibus, mas
sinceramente, acho que estou ficando velha e certos confortos já fazem muita
diferença!
A viagem para Otavalo de ônibus foi ótima para conhecer a
estrada. Já tínhamos nos informado sobre a Rodovia Panamericana (cruza o país de
Norte a Sul), mas achamos importante conhecê-la de perto antes de alugar carro.
Apesar de muito sinuosa, por ser no meio dos Andes, a estrada está maravilhosa!
Todas as curvas bem feitas, com acostamentos adequados, drenagem, inclinação da
pista nas curvas, sinalização... O país parece um canteiro de obras, as
estradas, em especial, estão todas sendo reconstruídas, com um padrão de
altíssima qualidade. Em todo lugar que se passa está ocorrendo uma obra, é
impressionante... Com calma falarei sobre a experiência de fazer uma road trip no Equador...
Único trecho retilíneo da pista, na saída e entrada de Quito
Sobre aluguel de carro, o ponto negativo é que os pacotes de
aluguel são todos de 150km por dia e lá as distâncias são longas. Lembro que na
Argentina, o pacote de aluguel incluía uma quilometragem de 400km/dia. O ponto
positivo é o preço da gasolina!! Sabe quanto para encher o tanque?? Quinze
dólares!! E como a gasolina é pura, um tanque rende aproximadamente 550km, subindo e descendo ladeiras!
Existem muitos trens que fazem passeios pelos Andes... Planejamo-nos
para fazer o mais famoso, que se chama Garganta Del Diablo, mas quando chegamos
em Alausi (a cidade de onde sai o trem, que faz um passeio de 12km) ele estava
em manutenção! Isso ocorre uma tarde a cada três meses! Só voltaria a funcionar
dois dias depois e sinceramente não tinha nada para fazer nestes dois dias na
região para esperar, daí, fizemos o percurso do trem de carro, para não dizer
que a ida a Alausi foi totalmente perdida.
Esses trens não são muito baratos, o da Garganta del Diablo, em específico, é o mais caro, custa 25 dolares por pessoa e se optar pelo assento VIP (com vista panorâmica) custa 35 dolares. As outras rotas são mais baratas, mas todo mundo é unânime em dizer que a melhor é a da Garganta del Diablo...
Esta foi a segunda vez que percorri os Andes de carro e amei. A experiência foi completamente diferente da Argentina. Na Argentina vi muita neve (fui no inverno) ao passo que desta vez, só vi neve no topo de dois vulcões: O Cotopaxi e Chimborazo. Além disso, as montanhas eram muito áridas na Argentina, enquanto os Andes Equatorianos são grandes pastos e fazendas, tudo verde. Outra diferença é que na Argentina, grandes partes dos percursos são em pistas planas (com os Andes como paisagem ao fundo) e no Equador o tempo todo você cruza por entre as montanhas. Enfim, sou completamente apaixonada por paisagens e se tem uma coisa que vi nessa viagem em abundância foram belíssimos landscapes, mar e montanhas.
Falando em mar, muita gente me perguntou sobre isso... Depois vou dedicar um post somente às ilhas Galápagos, mas o acesso lá é de avião, que não é barato, justamente para limitar a entrada de turistas no local. Como podem ver, nessa viagem teve um pouco de tudo: caminhada, cavalgada, teleférico, barco, ônibus, taxi, carro, avião... Só fiquei devendo o trem mesmo, mas foi uma experiência muito rica!
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