sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Respeito às individualidades - um caminho para a paz

Neste quebra cabeça, se as peças fossem separadas por cores, jamais estaria arrumado. O que faz a união é o fato de que cada peça sabe da importância de seu papel no conjunto. Elas não se separam em grupos, se unem formando um todo, onde cada "indivíduo" tem seu papel e importância. Imagem retirada do Google Imagens.

Se existe uma coisa que prezo muito na vida é o conceito de individualidade. Por esse motivo, sempre me permiti ter amigos de diversos "grupos" mas nunca transformei nenhum deles em um reflexo de minha existência. O motivo é simples: nenhum grupo jamais poderá representar nem a mim, nem a ninguém totalmente. Desta forma, é muito mais rico permear por diversos grupos a se fechar em um específico e deixar de absorver uma diversidade de formas de viver e pensar a vida.

É muito importante que se tenha consciência disso. Percebo que muitas pessoas têm uma necessidade enorme de se sentir pertencente a algum grupo e acabam abrindo mão de buscar uma essência única em prol de poder se encaixar em rótulos ou categorias. O maior risco que vejo nisso é que podem passar a enxergar a causa daquele determinado grupo como mais relevante do que de outros e passar a defender a ferro e fogo determinada categoria, o que gera um mundo cada vez mais separatista, onde o que menos importa é o indivíduo. 

Quando se foca na individualidade, prezando o respeito ao próximo, é muito mais fácil conviver de forma pacífica e harmônica. Não precisa ir muito longe para entender, basta ler as manchetes de qualquer jornal para perceber que a violência nasce do combate entre grupos. Uns não aceitam as diferenças entre os outros. Cada "grupo" considera sua "causa" mais relevante e assim, em nome de um "bem maior" (somente para aquele grupo) acredita possuir o direito de sair por aí defendendo a sua causa de forma agressiva, fomentando cada vez mais atos violentos e separatistas. Vale ressaltar que a tentativa de coibir a liberdade de expressão também é um ato violento...

Vou trazer o exemplo para minha realidade. Primeiro, pois fica mais fácil exemplificar e segundo, para não correr o risco de estar julgando ninguém, a não ser a mim mesma, já que o tema do texto é justamente a individualidade.

Mantenho hábitos alimentares saudáveis desde que nasci, mas isso nunca me impediu de andar com quem beba refrigerante e coma carne vermelha diariamente (aliás, a minoria dos meus amigos tem hábitos alimentares semelhantes aos meus). Entendo como uma opção pessoal minha, o que não faz das pessoas que tenham outras escolhas alimentares menos especiais. Quem convive comigo sabe que tudo que não sou é uma militante, pregadora de alimentação natural.

Dentro deste meio observo justamente o contrário: muitas pessoas quando decidem mudar seus hábitos alimentares (independente das motivações), passam a julgar quem faça diferente e tendem a querer socializar somente entre pessoas de mesma conduta alimentar. Sei disso, pois novos adeptos do vegetarianismo, veganismo ou outros grupos, ao saberem que nunca comi carne vermelha, fazem sempre a mesma pergunta: O que você come quando está fora de casa ou qual o restaurante que frequenta? Como se eu tivesse que me isolar do resto do mundo ou somente frequentar ambientes que se encaixem à minha escolha.

Ora, se é uma escolha individual e que foge a um padrão, cabe a mim saber lidar com ela. Evitar ambientes sociais que divergem da minha conduta alimentar é uma loucura! Nunca, em minha vida, recusei um convite para ir a um lugar por achar que não vou ter o que comer lá. Arco com as consequências das minhas escolhas. Não posso esperar que o mundo mude para que eu possa me sentir pertencente a ele. Logo, adapto-me. Vou à churrascos, churrascarias, casas de parrilla, hamburguerias... Qualquer lugar! Para falar a verdade, adoro conhecer ambientes novos e diferentes, o cardápio é o de menos: sempre dou meus pulos (já almocei somente arroz com alho e brócolis ou salada de folhas em lugares onde estas eram as ÚNICAS opções que me atendiam e nem por isso deixei de me divertir horrores). O que me motiva à vida social são os lugares e as pessoas, pouco importando se comem um boi inteiro, bem sangrento, em minha frente ou não. Digo mais, quem nunca conversou comigo sobre o assunto ou não sabe de minhas escolhas alimentares, pode sair comigo e nem perceber que sou super criteriosa com cardápios: faço meu pedido, como e geralmente nem falo sobre alimentação... Se alguém me oferecer algo que não como, agradeço educadamente e procuro não render o assunto: detesto polemizar sobre minhas escolhas pessoais. 

Estou falando tudo isso para fazer uma alerta. No caso da alimentação saudável tenho percebido que cada vez mais pessoas têm aderido à onda do vegetarianismo, veganismo e afins. É preciso ter em mente que escolhas pessoais são pessoais. Da mesma forma que alguém opta em não comer carne outra pessoa pode decidir que não sabe viver sem ela. Ninguém está certo, ninguém está errado. São apenas escolhas diferentes de vida e devem ser respeitadas (isso vale para qualquer assunto, não somente alimentação). Vejo como arrogância a atitude de quem julga, critica e principalmente se afasta de quem age ou pensa diferente. Se quisermos ser respeitados por nossas escolhas, precisamos respeitar outras pessoas pelas delas, mantendo em mente que são decisões individuais. Conselho se dá somente à quem se pede, então nada impede que você explique seus motivos quando questionado: sem intenções de pregador ou militante de uma causa, apenas como conversa entre pessoas que compartilham peculiaridades de suas formas de viver e interagir com o mundo.

Em meu caso escolhi seguir a Macrobiótica como filosofia de vida. O principal motivo? Ela é baseada no indivíduo e no autoconhecimento, não existindo um doutrinamento para as massas. Nada é coletivo na filosofia e todas as suas decisões e condutas são pautadas no livre arbítrio e noção de causa e efeito. Outra coisa que adoro na macrobiótica é auto responsabilização pelos atos, onde a definição do "coitadinho" praticamente inexiste - afinal, colhemos aquilo que plantamos. Para completar, não existe proibição, apenas bom senso e por conta disso muito respeito ao próximo, já que há perfeita noção de que indivíduos são únicos, com características e necessidades individuais e, portanto, é impossível que sejam tratados coletivamente.

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