domingo, 22 de novembro de 2009

Alimentação e Arquitetura

Penso na vida como uma unidade, um todo onde tudo se conecta. Desta forma, busco viver em harmonia com a natureza, através da alimentação, estilo de vida, temperamento, buscando conhecer meu corpo, o clima onde vivo, a minha mente, etc.

Em meio a essa busca por uma unidade harmônica e sabendo que tudo no universo está interligado, como não pensar na relação entre duas coisas tão fortes em minha vida: Alimentação e Arquitetura?


O período pré-histórico, marcado pelos primórdios da caça e consequentemente consumo da carne, assim como descoberta do fogo e cozimento das comidas é também conhecido como período da pedra lascada. Seria somente semelhança a alimentação yang com a utilização de um material tão sólido e yang como a pedra?

Agora vamos às civilizações indígenas brasileiras, onde muito se alimentava de comidas cruas, frutas e o consumo da carne sempre pouco e artesanal (não esse consumo desenfreado que vemos hoje dia, fruto de uma caça covarde e sim através de uma caça seguindo a capacidade humana). Enfim, o resultado disso é uma população predominantemente yin, algo que pode ser visto claramente através dos seus tipos físicos e ausência de pelos no corpo. Agora pensemos na tipologia arquitetônica desta população, ocas e construções leves, utilizando muita palha e barro. Em suma, uma construção que reflete uma personalidade yin.


Vamos ao hemisfério norte agora, onde há invernos rigorosos e a alimentação é predominantemente aquecida e cozida. A arquitetura nesses locais tem o mesmo papel da alimentação: aquecer. Por isso é predominante o uso da madeira, oferecendo aconchego, “yanguizando” uma atmosfera yin.


Agora vamos falar das civilizações modernas, essencialmente urbanas com consumo desenfreado de carne e uma população de tipologia yang. Bem, nesses casos as construções são as mais sólidas e robustas possíveis, com utilização do concreto, alvenaria, etc...


Não podemos esquecer as civilizações que julgo deformadas, frutos da geração fast food. Com esta não poderia ser diferente. Onde a alimentação é rápida a construção não poderia ser lenta, há um predomínio de materiais que proporcionem velocidade, que não necessitem de tempo de cura e secagem, que possam ser encaixados como o vidro, chapas e estruturas metálicas. Além disso, o predomínio da alimentação industrializada afasta o homem cada vez mais da harmonia com a natureza e a sua arquitetura passa a ser reflexo desse universo artificial. O homem moderno que se alimenta de comidas industrializadas e substitui água por coca-cola se torna yin da pior forma possível nascendo daí uma arquitetura leve e moderna, com prédios esguios e materiais frios.


Não venho aqui questionar a estética de nenhuma das tipologias arquitetônicas citadas, o meu propósito é mostrar como o universo se harmoniza e mantém um diálogo com seu criador que hoje é o homem através da sua arquitetura e este reflete aquilo que ele é: sua comida.

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