Tem gente
que vibra quando ganha roupas e/ou bijuterias de presente. Eu vibro com
panelas! Recentemente ganhei um conjunto inox lindo, depois outra frigideira
super útil, há uns meses comprei umas chapas pesadíssimas de pedra sabão e hoje
ganhei uma preciosa panela de pressão inox – super moderna e principalmente
SEGURA!! Ao abrir a caixa me veio à memória o caso de outra panela de pressão
que resolvi compartilhar aqui no blog.
Em 2007 fui
fazer intercâmbio e uma das minhas primeiras preocupações foi descobrir se na
cidade que ia viver por um ano na Espanha tinha algum centro macrobiótico. Não
só descobri um centro com um restaurante maravilhoso como também um mercado de
produtos naturais que nunca tinha visto nada parecido antes – coisa de primeiro
mundo mesmo. A cidade que vivi chama-se Valencia, o centro Macrobiótico de
Patrícia Restrebo e seu restaurante Kimpira. Já o mercado chama-se Herbolário
Navarro.
Ia feliz da
vida a cada quinze dias para o centro com a minha mochila e voltava com todos
os meus ingredientes mágicos. Difícil era escolher a marca do óleo de gergelim,
do missô ou do umeboshi – com tantas opções. Até então era acostumada a dar
graças a Deus de encontrar algum desses itens, a abundância deles me deixava
tonta e fascinada. Isso sem falar na revistinha gratuita que eles distribuíam, os
vendedores super treinados e a sessão de orgânicos mega variada. Minha mochila
custava quatro vezes o mercado de meus “compañeros de piso” e claro que eles me
achavam alucinada, por pagar tão caro para comer tofu, algas e feijão roxo. Ô
dinheiro bem gasto, só de lembrar me dá uma saudade enorme...
Mas sim,
não é disso que quero falar. Viajei com duas malas, uma tradicional grandona e
outro sacolão daqueles que vai girando o zíper e vai aumentando podendo ficar
até quase o tamanho de uma pessoa. Essa daí chegou à Espanha sem uma das
rodinhas, mas Fábio, um dos intercambistas que foi para Valencia na mesma época
fez a gentileza de junto com Binho me buscar no aeroporto. Cheguei junto com
mais outras duas intercambistas, então éramos cinco pessoas e seis malas para
carregar.
Fábio,
metido a fortão, prontamente se ofereceu a carregar minha singela sacola (com
praticamente 30kgs), virando-a de cabeça para baixo e carregando na cabeça. Íamos
ficar a primeira semana hospedadas em um albergue no centro da cidade enquanto
procurávamos apartamento para alugar. A rua do albergue era meio escondida, saímos
da estação do metrô e caminhamos com um mapinha num piso de pedras portugueses –
perfeito para arrastar malas, perdidos pelo centro até o destino final.
Ao chegar ao
albergue, surpresa: nosso quarto era no terceiro andar!! Neste momento, Fábio
que já estava há pelo menos vinte minutos carregando minha mala na cabeça, para
e pergunta: “Camila, você tem pedra nessa mala ou o que?” Caí na gargalhada ao
lembrar que o último item que coloquei na mala foi justamente a minha panela de
pressão. Ele virou a mala de cabeça para baixo e recebeu nada menos do que todo
o peso da mala numa superfície rígida metálica. Pior foi dizer que o que ele
achava que era uma pedra era na verdade uma panela de pressão. Mesmo assim, não
perdeu o rebolado e levou a mala até o terceiro andar – panelada na cabeça!
Início de
intercâmbio, as pessoas mal se conheciam e eu de cara fiquei com um estigma de
louca – que traz uma panela de pressão pra um intercâmbio. Explicação: sabia
que ia chegar sem ter onde morar e não sabia quanto tempo poderia demorar até
eu encontrar uma panela de pressão para comprar. Depois, corria o risco de
comprar uma panela de pressão cara, um trambolho, que depois de um ano
acumulando bagagens me daria dó de deixar para trás. Ao mesmo tempo, tinha uma
panela pequena e velha em casa que poderia levar sem pena de depois deixar para
trás. Coloquei os itens frágeis dentro dela (para quê proteção melhor?) e
viajei com a minha fiel companheira. Todo mundo achou maluquice eu ter levado
uma panela, mas foi bem ela que salvou as feijoadas da galera ao longo do
intercâmbio.
Nem preciso
falar que essa história virou lenda, né? A bendita mala tinha uma marca: Hércules
– que virou quase um personagem no resto do intercâmbio, do qual só de lembrar,
damos muitas risadas até hoje!
O pessoal
que ia lá em casa me visitar sempre dizia que minha casa tinha um eterno chiado
– sempre que estava em casa estava fazendo um feijão ou um arroz!! Nada poderia
ter sido mais útil dentre todas as coisas que levei... Ela realmente ficou para
trás, mas não resisti e trouxe DUAS paelleras gigantes (diâmetro de
aproximadamente 1,00m cada uma), pois sabia que não encontraria nada parecido e
nem tão barato no Brasil. Isso sem falar da coleção com cerca de 15 canecas de
cerveja de vidro... Será que eu carrego coisas exóticas em minhas bagagens???
Verdade que na Europa não há panela de pressão para vender?
ResponderExcluirClaro que existe!!! Muito boas inclusive...
ExcluirMas eu previ que depois de um ano minha bagagem ia crescer muito... Além disso, não sabia quanto tempo ia levar para eu me acomodar, ter casa e principalmente descobrir onde comprar uma panela de pressão... Outro detalhe é que uma boa panela custa caro e minha prioridade nesta época era viajar, não fazer compras. Sabia que se pagasse caro numa panela, ia querer trazer de volta pro Brasil, mesmo sendo um trambolho!
Como minha mãe tinha várias em casa, inclusive uma pequena (ideal para quem cozinha para si) e já meio velha, achei melhor levar, prevendo que se na volta a mala estivesse muito grande, deixava lá sem dó.
Fiz o mesmo com lençóis e toalhas... Levei uns velhos e foi a melhor coisa que fiz!! Na volta tinha adquirido tantos livros e roupas de frio (difíceis de encontrar no Brasil por preços tão bons) que tive que deixar tudo para trás: panela, roupa de cama... sem dor na consciência!!! =)