Quase réveillon,
ainda aquele clima de restos de natal no ar... Estou lendo um livro que é um
bate papo entre o Jornalista Arthur Dapieve, Zuenir Ventura e Luis Fernando
Veríssimo. Chega uma dessas revistas de fofoca aqui em casa, eu faço uma pausa
para folhear, pois a mãe de uma amiga está na capa. Leio somente o destaque de
sua entrevista, onde ressalta a rabanada como comida TOP de natal. Volto ao
livro e do nada o tema começa a ser: comemorações natalinas também! Veríssimo
fala da tal rabanada e eu me pergunto: “O que é rabanada? Que comida típica de
Natal é essa que eu tanto escuto falar e não faço idéia do que seja?” Mais uma
pausa, hora de matar a curiosidade. Nada de enciclopédia Barsa ou o pesado Koogan
Houaiss, os tempos mudaram, agora, quando se pensa em dúvida o primeiro nome
que vem à cabeça é Google!
E essa
vontade de escrever? Antes de pesquisar sobre a tal rabanada, precisei começar
esse texto e agora mais uma pausa... Argh! Já descobri! Rabanada é um negócio
que sempre ouvi chamarem de fatias de parida, algo que sempre achei repugnante.
Acabei de descobrir porque, leite condensado é um dos TOP ingredientes, algo
que detesto desde pequena, juntamente com manteiga, eca!!! Vinte e sete Natais sem rabanadas será que sou
uma pessoa normal? Risos!
Aproveitando
o ensejo do tema, vou falar um pouco minha experiência sobre a data e algumas
opiniões. Venho de uma família de poucos presentes, salvo a minha avó paterna
que na infância me enchia de mimos. Lembro, entretanto, que não eram coisas
exorbitantes, e sim, várias lembrancinhas, como: agendinha, batom, pulseirinha,
presilha de cabelo e um bando de bibelô de menina. Hoje vejo as crianças
ganhando presentes surreais, repletos de baterias, botões e controles remotos.
Brinquedos que quebram com facilidade, que não aguçam a criatividade e que
principalmente pesam nos bolsos dos pais.
Lembro de
ter pedido a “papai Noel” um tubo de Cola
Pritt, aquela cola de bastão, que vem numa embalagem vermelha. Neste ano,
junto com a cola, ganhei uma cartela de adesivos coloridos, que economizava
para colar em cartinhas especiais. Em outro ano ganhei dois blocos de papel de
carta que colecionava na infância. Lembro que um bloco desses rendia o ano
inteiro, ficava com uma folha e as outras eu trocava com amigas, deixando a
coleção gorda sem onerar os cofres paternos. Esses dias fui fazer uma pintura
numa caixa, aplicando uma técnica que aprendi na aula de arte na infância e fui
procurar três latinhas de tinta óleo que também ganhei de natal há uns 15 anos,
para fazer as minhas artes. Nem acreditei quando as encontrei em perfeito
estado. Depois de tanto tempo, eu sabia exatamente onde estavam guardadas essas
tintas, bem fechadinhas e cuidadas todo esse tempo. É impressão minha ou as
coisas tinham outro valor?
O que vejo
hoje são crianças ganhando presentes caros, brinquedos que quebram no segundo
uso e viram lixo. Tudo descartável! Ninguém cria artes (eu fazia inúmeros
cartões de Natal para toda a família todos os anos), tudo precisa ser COMPRADO.
Brincar só presta se for com brinquedos caros. Na minha infância, brincava com
uma folha de papel e um pedaço de giz de cera velho. Aprendi cedo sobre as
cores primárias, então sempre soube que bastava ter azul, vermelho e amarelo
para criar o que quisesse!
Fiz uma
amiga em Belo Horizonte que colocou a filha numa escola que segue a pedagogia
Waldorf. Acho que é uma das raras meninas da atualidade que me faz lembrar a
minha infância. Ela brinca com retalhos de pano, bonecas feitas por ela mesma
na escola, cubinhos educativos... No resto do tempo canta, pinta, desenha, ajuda
a mãe a cozinhar... Explora as artes! Computador? Nem pensar! Televisão? Só um
filminho de vez em quando... A menina tem três aninhos e interage bem com
adultos, se comporta quando os amigos dos pais estão por perto, não fica aquela
tensão no ar, de que tem uma criança por perto, ela brinca e não perturba
ninguém... Isso está virando uma raridade. O que mais vejo são crianças histéricas
que vivem esperneando, querendo mais brinquedos, mais atenção, mais, mais,
mais...!
Voltando à
questão dos presentes, fui criada desvinculada dessa obrigação de presentes e
principalmente de que presentes para serem bons precisam ser caros. Isso mudou
um pouco quando comecei a namorar e meio que fui englobada por essa mania de se
comprar presentes: aniversário de namoro, aniversário, natal, páscoa, etc. A
maioria dos meus ex namorados dava muito valor a esses protocolos e no embalo
eu acabei criando esse hábito da obrigação de se presentear em datas. Também
tinha mania de dar presentes de aniversário às minhas amigas, participar de
amigos secretos, etc. Com o tempo fui me desligando disso e acho muito bom.
Algumas ocasiões exigem protocolos e não tenho como escapar, para não sair de
mal educada, mas hoje a cota de presentes está no mínimo do mínimo. Não que não
goste de presentear, apenas não gosto da obrigação de presentear em datas.
Prefiro que seja algo espontâneo, sempre que achar que algo me lembra alguém:
mesmo que seja algo de UM REAL. Hoje graças a Deus, ando cercada de pessoas que
valorizam mais símbolos do que valores. Acho que a tendência é que isso
aumente.
Esse negócio de presente caro é uma viagem.
Quando queremos algo bom, que custa muito, normalmente é algo muito específico,
que nós mesmos sabemos e escolhemos. Tem gente que faz amigo oculto e diz o que
quer ganhar. Qual o propósito? Cadê a surpresa? Quando preciso de algo vou lá e
compro, a chance de outra pessoa comprar para mim e errar é muito grande! Dá um
trabalho desnecessário às pessoas e em alguns casos ainda pode gerar constrangimentos
(quando elas erram). É o que falo de presente de casamento, por exemplo. Tanto
trabalho! As pessoas vão às lojas, fazem suas listas, depois os convidados vão
lá comprar esses presentes pré-escolhidos, e depois, na maioria das vezes, os
noivos retornam às lojas para trocar. No fim os presentes não passam de moedas
de trocas. A etiqueta que me desculpe, mas se os amigos querem ajudar o início
de vida de um casal e não sabem exatamente o que eles precisam, melhor
depositar um dinheiro, economizar tanto trabalho e dar mais liberdade de
escolha ao casal. Pode parecer um pouco frio, mas acho que se esse dinheiro
vier acompanhado de uma bela cartinha, essa sim, será guardada como símbolo de
afeto e carinho, e pelo pouco volume, com certeza terá mais chances de durar uma
eternidade, mais do que um conjunto de copos, que será facilmente quebrado...
Comecei com
Natal e já pulei para casamento. Na verdade porque entrei no tema do consumismo
e inversão de valores da sociedade atual. Desejo que em 2012 as pessoas troquem
mais amor, carinho, momentos, reflexões, companhias e gestos afetuosos do que
presentes! São os meus votos de fim de ano para os leitores aqui do blog! Inté!
Beijos e
mais beijos no padeiro!
Com certeza estamos invertendo tudo, mas que bom ler um post tão lúcido de alguém tão jovem que consegue não se deixar levar na onda atual.Abraço.
ResponderExcluirOi Rita!!
ResponderExcluirFico muito feliz e ao mesmo tempo curiosa quando aparecem pessoas novas aqui pelo blog. Ótima a sensação de compartilhar idéias e saber que muita gente pensa de forma parecida.
Grata pela visita. Tenha um ótimo ano novo!!
Abraço! =)
Adoro seus posts e este em especial me fez lembrar meus primos caçulas, na faixa entre os 13 / 15 anos. Não sabem mais interagir com o restante da família, sempre mal humorados quando são obrigados a ficar 1h sem computador ou celular; estão com problemas de socialização, de concentração e com calos nos dedos de tanto brincar de video-game.
ResponderExcluirTive uma infância muito parecida com a sua o que me rendeu um pouquinho de cada coisa: prazer em ler e escrever, desenhar quando há uma inspiração, bordar e costurar uma besteirinha e adorar improvisar um artesanato também. Às vezes tenho a sensação que os valores estão se perdendo e as pessoas retroagindo. Às vezes, simplesmente tenho certeza!!! Mas vamos que vamos! A esperança é a última que morre mesmo! Beijos!!!!!
Oi Gui,
ResponderExcluirQuando li de primeira pensei que fosse meu primo, mas depois fiquei na dúvida, pois até onde eu sei, ele não convive com primos nessa faixa etária e mesmo estes, são têm esse perfil (a menos que sejam primos de consideração). Logo, estou supondo que não você não é ele.
O exemplo que deu dos seus primos tem se tornado cada vez mais comum e não só entre jovens como também entre adultos!! Com essa onda de iphone as pessoas se afastam de quem está por perto para se aproximar de quem está longe... Quase uma obsessão isso de ter acesso à internet full time!! É ridículo ver pessoas mudas ao redor de uma mesa, cada uma com a cara enfiada em seu telefone 3G.
Fico imaginando o que será das próximas gerações, mas ainda acredito que existe salvação sim, a exemplo de escolas com metodologias diferenciadas e principalmente de boas educações domésticas...!
Grata pela visita e acréscimo!! Super válidos!!! Coisa rara um homem que curta um artesanato. Infelizmente nossa sociedade está pouco voltada às artes e menos ainda entre meninos... Parabéns!!
Beijos