Não sei dizer o que é mais importante para
uma boa saúde. Se a dieta ou o estilo de vida. Acho que na verdade, uma coisa
puxa a outra, pois quem costuma se preocupar com um aspecto, normalmente também
se preocupa com o outro, e assim, andam de mãos dadas. Mais uma vez, é importante encontrar o equilíbrio
entre ambos. Neurose demais com alimentação, já virou até doença e se chama ortorexia.
No meu ponto de vista é melhor comer uma coisa “menos saudável” aqui ou ali, do
que virar aquela pessoa chata, que frequenta eventos sociais e não come nem um
alface, porque provavelmente não será orgânico.
Estilo de vida é saber dosar o nível de
stress que colocamos em nossa mente e no nosso corpo. Não adianta termos uma
super dieta saudável e vivermos em um alto nível de stress, o corpo irá adoecer
de qualquer maneira. Existem inúmeras maneiras de controlar o stress: buscando
uma rotina com horários regulares, praticando alguma atividade física, fazendo
massagem, meditando, praticando ioga... De todas, para mim, a principal é mega
simples e está ao alcance de todos: O SONO!
É comum vermos as pessoas pregarem a
importância de se praticar atividades físicas para uma vida saudável.
Entretanto, o oposto, um bom descanso, é fundamental. Esses princípios estão
bem descritos em um livro que eu amo, já dei ele de presente para um monte de
gente e sempre recomendo a leitura: A Semente da Vitória de Nuno Cobra. Ele,
apesar de ser treinador físico, fala que devemos priorizar o sono, depois a boa
alimentação e em terceiro lugar a atividade física. É um conceito bastante
simples, mas que é frequentemente invertido ou esquecido.
Nas grandes cidades é comum ver academias
abertas até meia noite e acho uma temeridade alguém começar a malhar às 23
horas. Essa pessoa provavelmente não conseguirá dormir antes da uma hora da madrugada,
tendo que no dia seguinte acordar cedo para trabalhar ou então passa a trocar a
noite pelo dia. Entra-se numa rotina de horários loucos, que inclui a hora das
refeições, do sono e da malhação. Essa bagunça aparentemente externa provoca
também uma bagunça fisiológica. Então, se você está sedentário e quer voltar a
se exercitar, procure primeiro organizar os seus horários, acostumar a dormir
mais cedo e acordar mais cedo, antes de entrar num esquema estressante, como o
descrito acima.
A vida moderna estimula demais o nosso
cérebro. Estamos o tempo todo ocupados, seja com o trabalho, seja com a
televisão ligada, no computador e agora online 24 horas através dos celulares
3G. Descansar significa apertar OFF em tudo isso e não existe melhor forma do
que simplesmente dormindo. Acontece que com tantas distrações a sedução para
trocar o sono pelo entretenimento é enorme.
Estudos científicos comprovam alguns
sintomas clássicos do pouco sono como: déficit de atenção, depressão, fadiga
crônica, baixa imunidade, tontura, esquecimento, confusão, pressão alta e ganho
de peso. Tenho um exemplo bem trivial: quem nunca dirigiu com muito sono?
Confesso que já fiz isso e também já dirigi depois de ter bebido. Minha opinião
é que quando bebemos temos consciência e procuramos dirigir mais devagar e com
cautela (não significa que seja seguro, pois os reflexos são perdidos
sobremaneira, mas temos uma maior sensação de controle). E experiência de
dirigir com sono é, em minha opinião, bem pior, pois ele é simplesmente
arrebatador. A gente quer manter os olhos abertos, mas as pálpebras parecem
pesar uma tonelada. Esse exemplo é só para refletirmos sobre o quão prejudicial
pode ser a falta do sono, gerando efeitos ainda piores do que os causados pelo
consumo de bebidas alcoólicas.
Segundo os princípios tradicionais do
extremo oriente, que tanto falo aqui no blog, vivemos equilibrando dois
opostos. Atividade do corpo e da mente é uma expressão yang do universo ao
passo que o descanso constitui o lado yin. Tratam-se então de extremos que
devem estar em constante balanço para a manutenção de uma boa saúde.
Durante o sono nosso corpo entra em estado
de relaxamento profundo e rejuvenescedor. Quando dormimos o nosso sistema nervoso
parassimpático entra em ação, fazendo com que o corpo conserve energia e absorva
nutrientes. Logo, é o melhor momento de reconstituição celular, lembrando que a
cada 120 dias todo nosso estoque de células vermelhas/hemácias é renovado. A
falta de sono atrapalha esse processo acarretando em envelhecimento precoce e
debilita o organismo, que passa a ficar mais propenso ao desenvolvimento de
processos patológicos, como degenerações celulares e até o câncer.
Retornando ao respeito com os nossos
horários biológicos, a hora que vamos dormir faz toda a diferença, não basta
quem sejam as sete ou oito horas recomendadas. Durante o dia o sol emana muitos
íons positivos na atmosfera que sinalizam o nosso sistema nervoso simpático (da
atividade). Como resposta, nosso corpo utiliza essa energia solar juntamente
com a energia proveniente dos nutrientes obtidos através da dieta para que
possamos fazer atividades diurnas. Ao entardecer a atmosfera passa a ficar
repleta de íons negativos que irão estimular a ação do sistema nervoso
parassimpático (do descanso). O sistema nervoso parassimpático, por sua vez,
irá estimular o corpo a entrar num processo de limpeza e reconstrução celular.
Todos os nossos tecidos se reconstituem durante o sono e grande parte das
toxinas absorvidas e criadas ao longo do dia são eliminadas. Deitar-se mais
cedo e dormir quando o entorno está escuro e calmo, com a atmosfera cheia de
íons negativos, auxilia, portanto, o funcionamento ainda mais eficiente desse
sistema.
Dificuldade para dormir é uma queixa
frequente na sociedade moderna. Não existe sistema independente, nosso corpo é
uma coisa só. Logo, a insônia é sinal de excesso de stress: muito de cortisol
na corrente sanquínea e falta de serotonina. A secreção desses hormônios está
diretamente ligada com o estilo de vida que levamos. Dietas ricas em produtos
refinados, estimulantes, excesso de proteína animal e álcool, frequentemente
sobrecarregam o nosso metabolismo acarretando em disfunções hormonais. Não é a
toa que quando estamos de férias, relaxados e com um estilo de vida mais
saudável, a qualidade do sono também fica bem melhor.
Mais uma vez retorno à questão do
equilíbrio. Uma dieta rica em produtos integrais, fibras, verduras, legumes,
hortaliças e frutas deixa seu corpo em harmonia com a natureza, afinal são
alimentos “naturais”. Uma dieta rica em produtos tóxicos, químicos e industrializados
é um prato cheio para disfunções metabólicas, que inclui o sono. Como falei no
início do texto, uma coisa puxa a outra e cabe a cada um de nós escolhermos o
ciclo da saúde ou o ciclo da doença. O caminho é simples. Bom apetite e bons
sonhos!
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