quinta-feira, 12 de abril de 2012

A importância do sono


Não sei dizer o que é mais importante para uma boa saúde. Se a dieta ou o estilo de vida. Acho que na verdade, uma coisa puxa a outra, pois quem costuma se preocupar com um aspecto, normalmente também se preocupa com o outro, e assim, andam de mãos dadas. Mais uma vez, é importante encontrar o equilíbrio entre ambos. Neurose demais com alimentação, já virou até doença e se chama ortorexia. No meu ponto de vista é melhor comer uma coisa “menos saudável” aqui ou ali, do que virar aquela pessoa chata, que frequenta eventos sociais e não come nem um alface, porque provavelmente não será orgânico.

Estilo de vida é saber dosar o nível de stress que colocamos em nossa mente e no nosso corpo. Não adianta termos uma super dieta saudável e vivermos em um alto nível de stress, o corpo irá adoecer de qualquer maneira. Existem inúmeras maneiras de controlar o stress: buscando uma rotina com horários regulares, praticando alguma atividade física, fazendo massagem, meditando, praticando ioga... De todas, para mim, a principal é mega simples e está ao alcance de todos: O SONO!

É comum vermos as pessoas pregarem a importância de se praticar atividades físicas para uma vida saudável. Entretanto, o oposto, um bom descanso, é fundamental. Esses princípios estão bem descritos em um livro que eu amo, já dei ele de presente para um monte de gente e sempre recomendo a leitura: A Semente da Vitória de Nuno Cobra. Ele, apesar de ser treinador físico, fala que devemos priorizar o sono, depois a boa alimentação e em terceiro lugar a atividade física. É um conceito bastante simples, mas que é frequentemente invertido ou esquecido.

Nas grandes cidades é comum ver academias abertas até meia noite e acho uma temeridade alguém começar a malhar às 23 horas. Essa pessoa provavelmente não conseguirá dormir antes da uma hora da madrugada, tendo que no dia seguinte acordar cedo para trabalhar ou então passa a trocar a noite pelo dia. Entra-se numa rotina de horários loucos, que inclui a hora das refeições, do sono e da malhação. Essa bagunça aparentemente externa provoca também uma bagunça fisiológica. Então, se você está sedentário e quer voltar a se exercitar, procure primeiro organizar os seus horários, acostumar a dormir mais cedo e acordar mais cedo, antes de entrar num esquema estressante, como o descrito acima.

A vida moderna estimula demais o nosso cérebro. Estamos o tempo todo ocupados, seja com o trabalho, seja com a televisão ligada, no computador e agora online 24 horas através dos celulares 3G. Descansar significa apertar OFF em tudo isso e não existe melhor forma do que simplesmente dormindo. Acontece que com tantas distrações a sedução para trocar o sono pelo entretenimento é enorme.

Estudos científicos comprovam alguns sintomas clássicos do pouco sono como: déficit de atenção, depressão, fadiga crônica, baixa imunidade, tontura, esquecimento, confusão, pressão alta e ganho de peso. Tenho um exemplo bem trivial: quem nunca dirigiu com muito sono? Confesso que já fiz isso e também já dirigi depois de ter bebido. Minha opinião é que quando bebemos temos consciência e procuramos dirigir mais devagar e com cautela (não significa que seja seguro, pois os reflexos são perdidos sobremaneira, mas temos uma maior sensação de controle). E experiência de dirigir com sono é, em minha opinião, bem pior, pois ele é simplesmente arrebatador. A gente quer manter os olhos abertos, mas as pálpebras parecem pesar uma tonelada. Esse exemplo é só para refletirmos sobre o quão prejudicial pode ser a falta do sono, gerando efeitos ainda piores do que os causados pelo consumo de bebidas alcoólicas.

Segundo os princípios tradicionais do extremo oriente, que tanto falo aqui no blog, vivemos equilibrando dois opostos. Atividade do corpo e da mente é uma expressão yang do universo ao passo que o descanso constitui o lado yin. Tratam-se então de extremos que devem estar em constante balanço para a manutenção de uma boa saúde.

Durante o sono nosso corpo entra em estado de relaxamento profundo e rejuvenescedor. Quando dormimos o nosso sistema nervoso parassimpático entra em ação, fazendo com que o corpo conserve energia e absorva nutrientes. Logo, é o melhor momento de reconstituição celular, lembrando que a cada 120 dias todo nosso estoque de células vermelhas/hemácias é renovado. A falta de sono atrapalha esse processo acarretando em envelhecimento precoce e debilita o organismo, que passa a ficar mais propenso ao desenvolvimento de processos patológicos, como degenerações celulares e até o câncer.

Retornando ao respeito com os nossos horários biológicos, a hora que vamos dormir faz toda a diferença, não basta quem sejam as sete ou oito horas recomendadas. Durante o dia o sol emana muitos íons positivos na atmosfera que sinalizam o nosso sistema nervoso simpático (da atividade). Como resposta, nosso corpo utiliza essa energia solar juntamente com a energia proveniente dos nutrientes obtidos através da dieta para que possamos fazer atividades diurnas. Ao entardecer a atmosfera passa a ficar repleta de íons negativos que irão estimular a ação do sistema nervoso parassimpático (do descanso). O sistema nervoso parassimpático, por sua vez, irá estimular o corpo a entrar num processo de limpeza e reconstrução celular. Todos os nossos tecidos se reconstituem durante o sono e grande parte das toxinas absorvidas e criadas ao longo do dia são eliminadas. Deitar-se mais cedo e dormir quando o entorno está escuro e calmo, com a atmosfera cheia de íons negativos, auxilia, portanto, o funcionamento ainda mais eficiente desse sistema.

Dificuldade para dormir é uma queixa frequente na sociedade moderna. Não existe sistema independente, nosso corpo é uma coisa só. Logo, a insônia é sinal de excesso de stress: muito de cortisol na corrente sanquínea e falta de serotonina. A secreção desses hormônios está diretamente ligada com o estilo de vida que levamos. Dietas ricas em produtos refinados, estimulantes, excesso de proteína animal e álcool, frequentemente sobrecarregam o nosso metabolismo acarretando em disfunções hormonais. Não é a toa que quando estamos de férias, relaxados e com um estilo de vida mais saudável, a qualidade do sono também fica bem melhor.

Mais uma vez retorno à questão do equilíbrio. Uma dieta rica em produtos integrais, fibras, verduras, legumes, hortaliças e frutas deixa seu corpo em harmonia com a natureza, afinal são alimentos “naturais”. Uma dieta rica em produtos tóxicos, químicos e industrializados é um prato cheio para disfunções metabólicas, que inclui o sono. Como falei no início do texto, uma coisa puxa a outra e cabe a cada um de nós escolhermos o ciclo da saúde ou o ciclo da doença. O caminho é simples. Bom apetite e bons sonhos!

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