quarta-feira, 30 de maio de 2012

Mentes Inquietas


Apesar de ter lido há muito tempo, lembro o quanto esse livro foi importante no processo de autoconhecimento e compreensão da minha inquietude. O meu tem esta capa, mas a edição atual possui capa diferente.

Meus pais me contam que em minha infância, todo início de ano letivo, os professores vinham conversar com eles, pois não estava acompanhando a turma. Ficava sempre no canto da sala, sozinha, brincando com água, argila, massa de modelar e parecia não demonstrar interesse ou aprendizado nas aulas. Quando me juntava aos coleguinhas era para aprontar alguma traquinagem, risos! A partir do meio do ano letivo, ao serem testados os conhecimentos, mostrava que estava dominando tudo que havia sido ensinado, sabe-se lá como! Esse comportamento se repetiu durante muitos anos letivos...

A diferença é que estudei em uma escola com turmas pequenas e que no maternal, além da professora, havia acompanhantes de turma. Isso permitia uma atenção quase que individualizada. Se fosse aos dias de hoje, seria certamente um prato cheio para essas indicações de Transtorno do Déficit de Atenção e para tomar fortes medicamentos... A sorte é que mesmo que isso acontecesse, meus pais jamais seriam coniventes com as prescrições. Sempre mantiveram uma postura crítica ante o uso de fármacos (apenas quando estritamente necessário, casos de vida ou morte). Sintomas e doenças, sempre foram primeiramente tratados com alimentação, descanso, atividades extra curriculares e homeopatia.

Há uns 10 anos, li um livro chamado Mentes Inquietas e percebi que me enquadrava em quase todos os sintomas do transtorno. Ao invés de achar que deveria tomar algum tipo remédio, fiz uma autoanálise sobre a forma que lidei com a minha paixão por novidades (mesmo sem saber da existência do transtorno). Percebi que havia criado mecanismos sozinha, intuitivamente.

Naquela época, a principal coisa que pude notar era que como não podia mudar tudo em minha vida, tinha a necessidade de quebrar a rotina constantemente, para me sentir motivada. Isso foi feito de inúmeras maneiras. O cultivo de amizades diversificadas é um exemplo. Nunca consegui andar com as mesmas pessoas e ter as mesas conversas, preciso variar e muito! Só ganhei com isso: prezo cada pessoa que passou por essa trajetória, algumas deixando marcas fortes e outras passageiras. Todas, entretanto, importantíssimas! Além disso, já pratiquei uma variedade incontável de atividades físicas em estabelecimentos diferentes. Por dez anos, diversifiquei entre natação nos tempos sem chuva e boxe nos tempos de chuva, inventando uma ou outra novidade no meio do caminho, mas sempre mantendo um padrão. A culinária é outro laboratório criativo em minha vida, cheio de novidades através da descoberta de novos ingredientes, preparos, sabores e texturas. Não posso esquecer do blog: espaço que há três anos me motiva a pensar em assuntos diferentes.

O melhor de tudo, é que nada disso foi calculado ou feito como método de tratamento. Apenas mecanismos intuitivos, que vão surgindo naturalmente e me colocam em equilíbrio com meio. Manter-me fora da rotina, seja através da vida social, atividade física, leituras ou blog, é uma forma incrível de querer voltar correndo para a rotina, ter horários, compromissos, correr atrás de metas e objetivos e persistir em projetos longos e que demandam grande atenção.

Receita de bolo? Claro que não! Acho que todo mudo deve buscar se entender e descobrir formas individuais de lidar com suas particularidades, sem achar que a indústria farmacêutica é a primeira opção. Não existe medicamento sem efeito colateral, logo, essa deve ser sempre a última das opções!!!

Esse videozinho é excelente, pouco mais de 10 minutos, recomendo que tirem um tempo para assistir!


2 comentários:

  1. Ó eu aí... hahaha, engraçado como somos parecidas e diferentes! Acho que isso tb tem a ver com as mentes hiperativas!

    Beijo!

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    1. Oi Kenia!!

      Não tenha dúvidas. Hiperatividade tem tudo a ver com criatividade, que por sua vez, não tem nada a ver com previsibilidade...

      Beijo, beijo!!

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