Apesar de ter lido há muito tempo, lembro o quanto esse livro foi importante no processo de autoconhecimento e compreensão da minha inquietude. O meu tem esta capa, mas a edição atual possui capa diferente.
Meus pais
me contam que em minha infância, todo início de ano letivo, os professores
vinham conversar com eles, pois não estava acompanhando a turma. Ficava sempre
no canto da sala, sozinha, brincando com água, argila, massa de modelar e
parecia não demonstrar interesse ou aprendizado nas aulas. Quando me juntava
aos coleguinhas era para aprontar alguma traquinagem, risos! A partir do meio
do ano letivo, ao serem testados os conhecimentos, mostrava que estava dominando
tudo que havia sido ensinado, sabe-se lá como! Esse comportamento se repetiu
durante muitos anos letivos...
A diferença
é que estudei em uma escola com turmas pequenas e que no maternal, além da
professora, havia acompanhantes de turma. Isso permitia uma atenção quase que
individualizada. Se fosse aos dias de hoje, seria certamente um prato cheio
para essas indicações de Transtorno do Déficit de Atenção e para tomar fortes
medicamentos... A sorte é que mesmo que isso acontecesse, meus pais jamais seriam
coniventes com as prescrições. Sempre mantiveram uma postura crítica ante o uso
de fármacos (apenas quando estritamente necessário, casos de vida ou morte). Sintomas
e doenças, sempre foram primeiramente tratados com alimentação, descanso,
atividades extra curriculares e homeopatia.
Há uns 10 anos,
li um livro chamado Mentes Inquietas
e percebi que me enquadrava em quase todos os sintomas do transtorno. Ao invés
de achar que deveria tomar algum tipo remédio, fiz uma autoanálise sobre a
forma que lidei com a minha paixão por novidades (mesmo sem saber da existência do
transtorno). Percebi que havia criado mecanismos sozinha, intuitivamente.
Naquela
época, a principal coisa que pude notar era que como não podia mudar tudo em
minha vida, tinha a necessidade de quebrar a rotina constantemente, para me
sentir motivada. Isso foi feito de inúmeras maneiras. O cultivo de amizades diversificadas
é um exemplo. Nunca consegui andar com as mesmas pessoas e ter as mesas
conversas, preciso variar e muito! Só ganhei com isso: prezo cada pessoa que
passou por essa trajetória, algumas deixando marcas fortes e outras passageiras. Todas, entretanto, importantíssimas! Além disso, já pratiquei uma
variedade incontável de atividades físicas em estabelecimentos diferentes. Por
dez anos, diversifiquei entre natação nos tempos sem chuva e boxe nos tempos de
chuva, inventando uma ou outra novidade no meio do caminho, mas sempre mantendo
um padrão. A culinária é outro laboratório criativo em minha vida, cheio de novidades através da descoberta de novos ingredientes, preparos, sabores e texturas. Não posso esquecer do blog: espaço que há três anos me motiva a pensar em assuntos diferentes.
O melhor de
tudo, é que nada disso foi calculado ou feito como método de tratamento. Apenas
mecanismos intuitivos, que vão surgindo naturalmente e me colocam em equilíbrio
com meio. Manter-me fora da rotina, seja através da vida social, atividade física,
leituras ou blog, é uma forma incrível de querer voltar correndo para a rotina,
ter horários, compromissos, correr atrás de metas e objetivos e persistir em
projetos longos e que demandam grande atenção.
Receita de
bolo? Claro que não! Acho que todo mudo deve buscar se entender e descobrir
formas individuais de lidar com suas particularidades, sem achar que a
indústria farmacêutica é a primeira opção. Não existe medicamento sem efeito
colateral, logo, essa deve ser sempre a última das opções!!!
Esse
videozinho é excelente, pouco mais de 10 minutos, recomendo que tirem um
tempo para assistir!
Ó eu aí... hahaha, engraçado como somos parecidas e diferentes! Acho que isso tb tem a ver com as mentes hiperativas!
ResponderExcluirBeijo!
Oi Kenia!!
ExcluirNão tenha dúvidas. Hiperatividade tem tudo a ver com criatividade, que por sua vez, não tem nada a ver com previsibilidade...
Beijo, beijo!!