terça-feira, 5 de março de 2013

10 motivos para beijar o padeiro no trânsito


Imagem retirada do Google Imagens

Trânsito?? Acho que essa palavra virou sinônimo de estresse nas sociedades modernas... Eu mesma já me estressei muito por causa dele. Hoje posso dizer que estamos mantendo uma relação bem amistosa.

Como sabem, voltei a morar em Salvador, depois de ter passado um ano e meio na capital mineira. Lá tive uma deliciosa vida de pedestre: praticamente tudo estava dentro de uma distância caminhável e amava saber que não tinha trânsito que me atrasasse, os tempos de deslocamento eram certeiros (isso é fantástico para uma pessoa que preza a pontualidade como eu). O único inconveniente acontecia nos dias de chuva, mas felizmente não chove tanto assim na cidade e lá costumam haver pancadas fortes e rápidas e não horas a fio de chuva como aqui. Ou então, uma chuvinha besta, facilmente driblada com uma capa e um guarda-chuvas. Enfim, posso dizer que meus calcanhares percorreram grande parte daquela cidade e conto nos dedos de uma mão as vezes que precisei de um transporte público para me locomover por lá. Maravilha, hein?

Com o retorno à Salvador minha realidade mudou completamente. O transporte público nesta cidade é péssimo, os passeios estreitos demais, há muita violência urbana, as distâncias são longas, o calor é grande (locomover-se sem ar condicionado aqui pode significar chegar ensopado de suor no local de destino) e para completar, vivo em um bairro “alto”, o que me obriga a subir grandes ladeiras para retornar a casa. Diante de tudo isso, só preciso dizer uma coisa: sortudo daquele que possui um carro para se locomover pela cidade. Não é a toa que com a redução do IPI a cidade ficou superlotada de automóveis...

Eu tenho MUITA SORTE de me enquadrar nesta categoria e este fato torna-se ainda mais relevante com a discrepante desigualdade social existente em Salvador. Ou seja, fazer parte de uma minoria motorizada por aqui é um luxo.

Como reclamar do trânsito? No ano passado escutei o pai de uma amiga explicar a diferença da mentalidade em um país super desenvolvido, como a Suíça, em contraposição ao Brasil e guardei essa historinha para a vida. Hoje vou compartilhar com vocês. Quem já teve a oportunidade de estar na Suiça, Alamanha ou outros países super civilizados, deve ter ficado abismado com a pontualidade dos transportes públicos. É tão incomum à nossa realidade que gera até curiosidade. Como conseguem? Simples! Diferente da nossa cultura, onde as pessoas adoram deixar tudo para a última hora, saem de casa atrasadas e chegam esbaforidas ao seu destino final, por lá o costume é sair com antecedência e ao se aproximar da chegada, desacelerar para garantir a pontualidade ou até antecipar-se.

Nem preciso dizer que meu remoto sangue suíço se identificou imediatamente com essa historinha, não é mesmo? Detesto correria, coisas de última hora e prefiro MIL vezes esperar a atrasar. Mesmo assim, quando me atraso, costumo não reclamar, pois normalmente imputo a culpa a mim mesma.

Parando para pensar, as épocas em que mais me estressei com o trânsito foram aquelas em que estava fazendo algo que não gostava muito (dirigindo de um lado para outro para visitar obras, clientes, lojas...). Hoje, ponderando, acredito que meu estresse estava muito mais relacionado ao fato de viver um cotidiano nada prazeroso. Assim, o trânsito estava frequentemente relacionado ao momento do dia que tentava estar em dois lugares ao mesmo tempo e para tal, ficava resolvendo pepinos via celular (e fugindo dos policiais para não ser multada!). Graças a Deus tudo isso já faz parte do passado!

Como diz o ditado, o que não tem remédio, remediado está! Tenho passado em torno de duas horas do meu dia no trânsito em minha nova rotina e quer saber? Tenho me divertido MUITO! Por isso resolvi compartilhar minhas dicas de trânsito feliz:

1)      Seja grato. Se você possui um carro e precisa passar horas do dia dirigindo, antes de reclamar do trânsito caótico e do tempo perdido com deslocamentos, bote a mão na consciência, pense em como seria pior se tivesse que encarar um busú lotado, no calor (ou na chuva) e ainda de pé!
2)      Coloque mais música em sua vida. Meu último carro era quase uma peça de museu, foi vendido com 18 anos de idade (era de 1993) e tinha um rádio pré-histórico com toca fitas, cujo volume ia diminuindo sozinho à medida que o tempo passava... Enfim, o que quero dizer com isso é que o som de um carro pode ser ultramoderno, mas mesmo se for um radinho bem simples, já é o suficiente para alegrar a nossa vida! Se for um modelo mais moderno, poderá aproveitar mais ainda!
3)      Medite. Aproveite o tempo que está sozinha para pensar na vida, fazer planos, checklists mentais...
4)      Informe-se. Alguns horários do dia e estações têm ótimos programas de notícias, que permitem que a gente fique por dentro das novidades do Brasil e do mundo. Rádio definitivamente sempre foi o meio de comunicação mais presente em minha vida no quesito: atualidades.
5)      Emocione-se. Existe coisa melhor do que ser surpreendida por aquela música que ama, que inesperadamente toca no rádio? Já me roubaram muitas lágrimas no trânsito e me fizeram esquecer inúmeras vezes que estava presa em um carro há um tempão tentando chegar a um lugar (as vezes bem próximo).
6)      Cante. Afinal de contas, quem canta os males espanta! Tem gente que gosta de cantar no chuveiro, eu sempre preferi o carro...
7)      Leia. Isso mesmo! Está sem tempo para ler aquele livro que está todo mundo comentando a respeito? Que tal escutar o “áudio-book” enquanto dirige?
8)      Ainda no tema do canto, vou compartilhar minha experiência mais recente: comentei aqui em posts passados que uma das minhas metas era voltar a estudar música. Pois bem, estou fazendo aulas de canto e adivinha a melhor hora para treinar os meus vacalises? No trânsito, claro! Tenho me divertido tanto, que quando chego ao destino final fico até triste! Hoje mesmo levei uma hora e dez minutos para fazer um percurso que sem trânsito é feito em quinze minutos e foi ótimo!
9)      Observe. Quando estamos em velocidade não temos tempo de observar o que nos cerca. Com o trânsito lento, conseguimos prestar atenção a mínimos detalhes em nosso redor. Ontem mesmo, fiquei com o coração partido: estavam podando a grama da região do Iguatemi e em meio à grama haviam crescido lindas florzinhas cor-de-rosa. Hoje quando passei, parte delas não estava mais lá... Fiquei pensando em quantas pessoas passam por ali diariamente e sequer viram as lindas florzinhas!
10)   Reflita. Espero que este post sirva de inspiração na próxima vez que algum sujeito, mal educado, queira roubar o seu bom humor no trânsito. E não se esqueça de antecipar-se. Lembre-se: urgência é tudo aquilo que não foi programado! Logo, programe-se e saia com antecedência... Se chegar mais cedo ao seu destino, aproveite para ler um bom livro e seja feliz!

3 comentários:

  1. É possível até comer algum lanchinho gostoso enquanto o trânsito não anda....

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    1. Sim, desde que consiga mastigar direitinho e não "engolir" como muita gente faz...! =)

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  2. Agora que não posso mais dirigir,por causa das sequelas de um avc, tenho a maior saudades de ficar parada no trânsito ouvindo minhas musicas. Aliás, trânsito nunca me aborreceu. Sempre vi como uma oportunidade para pensar e observar.

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