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A diabete melito se constitui no comprometimento do
metabolismo dos macronutrientes de uma dieta, devido à ausência da secreção de
insulina pelo pâncreas ou à redução da sensibilidade dos receptores deste
hormônio. Está subdividida em dois principais tipos, denominados de diabetes
tipo I e diabetes tipo II. O primeiro é também conhecido como diabete melito
insulinodependente, neste caso não há secreção de insulina. No segundo tipo, denominado
de diabete melito não insulinodependente, existe uma resistência à insulina em
seus tecidos-alvos. O principal efeito de ambos os tipos de diabete é o
prejuízo da captação da glicose pelas células do corpo, excetuando as hemácias
e as células do sistema nervoso, que independem da ação da insulina. A
consequência é um quadro de hiperglicemia, com menor uso da glicose pelas
celulas e consequentemente maior uso de gorduras e proteínas (GUYTON, 2002).
A hipoglicemia clínica é definida por um estado onde o
paciente diabético tem um baixo nível plasmático de glicemia, resultando em
sintomas como tremores, palpitações, sudorese e ansiedade, bem como dificuldade
de concentração, confusão mental, fraqueza, tontura e fadiga. Trata-se de um
quadro frequente em pessoas que tratam a diabete com insulina, quando
administrada em doses acima do necessário para atingir homeostase metabólica.
Estima-se que 5 a 20% de pacientes que fazem tratamento antihiperglicemiantes
sofrem de hipoglicemia. O alívio destes sintomas pode ser obtido através da
ingestão de carboidratos, entretanto existem doses e especificações ótimas para
casos particulares (TOTH e PACAUD, 2002).
O diabete contribui consideravelmente para o aumento
nas taxas de morbidade e mortalidade, podendo ser reduzidas através de
diagnóstico precoce e tratamento. A sua maior prevalência ocorre em casos de
diabete tipo II (cerca de 90 a 95% dos casos), tratando-se atualmente de uma
epidemia mundial com sérios impactos econômicos e sociais. Existem inúmeros
fatores de risco para a diabete tipo II, genéticos e ambientais, como histórico
familiar, idade avançada, obesidade, sedentarismo, história prévia de diabete
gestacional, hiperglicemia e etnia (KRAUSE, 2011).
Historicamente a diabete tipo II atingia um grupo de
faixa etária elevada. Entretanto, estatísticas revelam que entre os anos de
1990 e 1998 a sua prevalência aumentou 76% entre indivíduos por volta dos 30
anos. Os casos entre crianças também aumentaram significativamente, saindo de
índices de 4% antes da década de 1990 para números que chegam a alcançar 45% em
determinados grupos étnicos e raciais. Nestes casos, o controle mais efetivo se
dá quando no surgimento do pré-diabetes, que é o estágio de alteração na homeostase
glicêmica (KRAUSE, 2011).
A diabete tipo I é uma doença autoimune que
frequentemente surge na infância. Excetuando-se os casos onde são observados
determinados genes que aumentam a sua predisposição genética, em geral a sua
causa é desconhecida. Desta forma, alguns estudos buscam a relação entre a
patologia e a ingestão de vitamina D, já que esta, além de atuar na captação do
cálcio, está presente em praticamente todos os tecidos corpóreos, inclusive no
sistema imunológico. Como o sistema imune inicia o seu desenvolvimento no
período embrionário, pesquisas apontam uma possível ação preventiva da vitamina
D no caso das doenças autoimunes, a exemplo de um estudo com 29.072 mulheres na
Noruega. Neste, foram medidos os níveis séricos da calcitonina em um grupo de
controle de 219 mulheres, cujos filhos não manifestaram diabetes tipo I até os
quinze anos de idade, contra 109 mulheres, cujos filhos tiveram a doença no
mesmo período etário. Verificou-se uma prevalência mais que duplicada de casos
de diabetes tipo I nos filhos de mães que apresentaram menores taxas de
vitamina D durante a gestação. Outro fato relevante neste estudo são os maiores
índices da doença em locais que tem o tempo de radiação solar reduzido durante
muitos meses do ano, a exemplo dos países nórdicos (SORENSEN et al., 2012).
A gravidez em mulheres com diabete tipo I está
associada às más formações congênitas, complicações obstétricas e mortalidade
neonatal. Muitos destes casos estão em parte relacionados a cuidados
pré-natais, especialmente o controle das taxas glicêmicas. Assim, estudos
realizados na Holanda, mostram que é possível reduzir a ocorrência de problemas
gestacionais a partir de um acompanhamento pré-natal criterioso. Outra medida
que se mostra efetiva é a motivação de que mulheres diabéticas planejem as suas
gestações, possibilitando assim um melhor controle glicêmico, tendo a
realização de suplementação prévia de ácido fólico nestes casos resultados
bastante positivos (EVERS et al., 2004).
A partir dos estudos descritos, pode-se inferir que apesar
das manifestações semelhantes, os tipos de diabete constituem doenças
completamente diferentes. A alta prevalência do diabete tipo II aliado ao fato
de suas causas serem melhores definidas, bem como seus possíveis tratamentos,
independentes da utilização de insulina, fazem com que esta manifestação
torne-se alvo de grande interesse e estudo na área da nutrição, pois dentre os
fatores ambientais relacionados à sua ocorrência, a alimentação desempenha
importante papel.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
EVERS, Inge M. et al. Risk of complications of pregnancy in woman
with type I diabetes: nationwide perspective study in the Netherlands. BMJ 2004; 328: 915. Disponível em: http://dx.
Org/10.1136.bmj.38043.583160-EE. Acesso em 21 mar. 2013.
GUYTON, Arthur; HALL, John. Tratado de fisiologia médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002. pg. 764-809.
MAHAN, L. Kathleen;
ESCOTT-STUMP, Sylvia. KRAUSE: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Vol 1. Rio de Janeiro: Elsevier,
2011. Cap. 10, p. 286-305.
TOTH, Ellen L; PACAUD,
Danièle. Hipoglecymia: understanding
the enemy. Canadian Diabetes
Association, 2002. Vol. 15, n. 3.
SORENSEN, Ingvild M. et al. Maternal Serum Levels of 25-Hydroxy-Vitamin
D During Pregnancy and Risk of Type 1 Diabetes in the Offspring. Diabetes, vol. 61, jan. 2012. Disponível em:
diabetes.diabetesjournals.org. Acesso em 21 mar. 2013.
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