sexta-feira, 12 de abril de 2013

Diabete Melito: uma revisão


Imagem retirada do Google Imagens

A diabete melito se constitui no comprometimento do metabolismo dos macronutrientes de uma dieta, devido à ausência da secreção de insulina pelo pâncreas ou à redução da sensibilidade dos receptores deste hormônio. Está subdividida em dois principais tipos, denominados de diabetes tipo I e diabetes tipo II. O primeiro é também conhecido como diabete melito insulinodependente, neste caso não há secreção de insulina. No segundo tipo, denominado de diabete melito não insulinodependente, existe uma resistência à insulina em seus tecidos-alvos. O principal efeito de ambos os tipos de diabete é o prejuízo da captação da glicose pelas células do corpo, excetuando as hemácias e as células do sistema nervoso, que independem da ação da insulina. A consequência é um quadro de hiperglicemia, com menor uso da glicose pelas celulas e consequentemente maior uso de gorduras e proteínas (GUYTON, 2002).

A hipoglicemia clínica é definida por um estado onde o paciente diabético tem um baixo nível plasmático de glicemia, resultando em sintomas como tremores, palpitações, sudorese e ansiedade, bem como dificuldade de concentração, confusão mental, fraqueza, tontura e fadiga. Trata-se de um quadro frequente em pessoas que tratam a diabete com insulina, quando administrada em doses acima do necessário para atingir homeostase metabólica. Estima-se que 5 a 20% de pacientes que fazem tratamento antihiperglicemiantes sofrem de hipoglicemia. O alívio destes sintomas pode ser obtido através da ingestão de carboidratos, entretanto existem doses e especificações ótimas para casos particulares (TOTH e PACAUD, 2002).

O diabete contribui consideravelmente para o aumento nas taxas de morbidade e mortalidade, podendo ser reduzidas através de diagnóstico precoce e tratamento. A sua maior prevalência ocorre em casos de diabete tipo II (cerca de 90 a 95% dos casos), tratando-se atualmente de uma epidemia mundial com sérios impactos econômicos e sociais. Existem inúmeros fatores de risco para a diabete tipo II, genéticos e ambientais, como histórico familiar, idade avançada, obesidade, sedentarismo, história prévia de diabete gestacional, hiperglicemia e etnia (KRAUSE, 2011).

Historicamente a diabete tipo II atingia um grupo de faixa etária elevada. Entretanto, estatísticas revelam que entre os anos de 1990 e 1998 a sua prevalência aumentou 76% entre indivíduos por volta dos 30 anos. Os casos entre crianças também aumentaram significativamente, saindo de índices de 4% antes da década de 1990 para números que chegam a alcançar 45% em determinados grupos étnicos e raciais. Nestes casos, o controle mais efetivo se dá quando no surgimento do pré-diabetes, que é o estágio de alteração na homeostase glicêmica (KRAUSE, 2011).

A diabete tipo I é uma doença autoimune que frequentemente surge na infância. Excetuando-se os casos onde são observados determinados genes que aumentam a sua predisposição genética, em geral a sua causa é desconhecida. Desta forma, alguns estudos buscam a relação entre a patologia e a ingestão de vitamina D, já que esta, além de atuar na captação do cálcio, está presente em praticamente todos os tecidos corpóreos, inclusive no sistema imunológico. Como o sistema imune inicia o seu desenvolvimento no período embrionário, pesquisas apontam uma possível ação preventiva da vitamina D no caso das doenças autoimunes, a exemplo de um estudo com 29.072 mulheres na Noruega. Neste, foram medidos os níveis séricos da calcitonina em um grupo de controle de 219 mulheres, cujos filhos não manifestaram diabetes tipo I até os quinze anos de idade, contra 109 mulheres, cujos filhos tiveram a doença no mesmo período etário. Verificou-se uma prevalência mais que duplicada de casos de diabetes tipo I nos filhos de mães que apresentaram menores taxas de vitamina D durante a gestação. Outro fato relevante neste estudo são os maiores índices da doença em locais que tem o tempo de radiação solar reduzido durante muitos meses do ano, a exemplo dos países nórdicos (SORENSEN et al., 2012). 

A gravidez em mulheres com diabete tipo I está associada às más formações congênitas, complicações obstétricas e mortalidade neonatal. Muitos destes casos estão em parte relacionados a cuidados pré-natais, especialmente o controle das taxas glicêmicas. Assim, estudos realizados na Holanda, mostram que é possível reduzir a ocorrência de problemas gestacionais a partir de um acompanhamento pré-natal criterioso. Outra medida que se mostra efetiva é a motivação de que mulheres diabéticas planejem as suas gestações, possibilitando assim um melhor controle glicêmico, tendo a realização de suplementação prévia de ácido fólico nestes casos resultados bastante positivos (EVERS et al., 2004).

A partir dos estudos descritos, pode-se inferir que apesar das manifestações semelhantes, os tipos de diabete constituem doenças completamente diferentes. A alta prevalência do diabete tipo II aliado ao fato de suas causas serem melhores definidas, bem como seus possíveis tratamentos, independentes da utilização de insulina, fazem com que esta manifestação torne-se alvo de grande interesse e estudo na área da nutrição, pois dentre os fatores ambientais relacionados à sua ocorrência, a alimentação desempenha importante papel.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
EVERS, Inge M. et al. Risk of complications of pregnancy in woman with type I diabetes: nationwide perspective study in the Netherlands. BMJ 2004; 328: 915. Disponível em: http://dx. Org/10.1136.bmj.38043.583160-EE. Acesso em 21 mar. 2013.

GUYTON, Arthur; HALL, John. Tratado de fisiologia médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. pg. 764-809.

MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. KRAUSE: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Vol 1. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Cap. 10, p. 286-305.

TOTH, Ellen L; PACAUD, Danièle. Hipoglecymia: understanding the enemy. Canadian Diabetes Association, 2002. Vol. 15, n. 3.

SORENSEN, Ingvild M. et al. Maternal Serum Levels of 25-Hydroxy-Vitamin D During Pregnancy and Risk of Type 1 Diabetes in the Offspring. Diabetes, vol. 61, jan. 2012. Disponível em: diabetes.diabetesjournals.org. Acesso em 21 mar. 2013. 

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