Alguns momentos em nossas vidas precisam ser registrados para não serem esquecidos. Fotos são ótimas recordações, mas textos eternizam histórias. (Obs.: Li há um tempo que o termo "estorias" não se usa mais, alguém me confirma? Tenho usado "histórias" sempre, desde então.)
Hoje meu marido saiu para pedalar às 6 da manhã, mesma hora que meu despertadorzinho: ambulante e infalível me acordou.
Três horas depois, chega o maridão após ter pedalado 40km. Um sol de rachar, o dia implorando por uma das melhoras programações da região: banho de cachoeira
Pensamos em conhecer algo novo, mas queríamos um lugar que tivesse restaurante e não queríamos nada muito longe, então decidimos retornar à Cachoeira Carimã, que fica a 50km da cidade de Rondonópolis e tem uma saborosa comida caseira.
Na última vez que fomos, fizemos um caminho até a cachoeira, com uma parte do trajeto meio complicada para um bebê de colo, principalmente porque, inadvertidamente estávamos sem sling ou canguru. Neste mesmo dia soubemos que tinha um outro caminho "por trás" muito mais fácil, levando à mesma cachoeira.
Então, hoje resolvemos ir por esse outro caminho, mesmo estando mais bem apetrechados, com o bebê no canguru. Perguntamos por onde era e lá fomos nós.
Achamos estranho que o trajeto começava por dentro do rio, mas o chão era ou areia ou pedra (nada de lama), não escorregava e nem era fundo, logo, caminhada tranquila. O negócio começou a ficar estranho, pois não chegava nunca, alguns obstáculos no meio do caminho, mata fechada (não tinha trilha, só caminhando pelo rio). Apenas em poucos trechos a água alcançou a altura dos quadris, mas ao chegarmos numa cachoeira e termos que fazer uma leve "escalada" para descer por sua lateral, ficou claro que aquele caminho era, pelo menos, 10x mais complicado que o da outra vez e que certamente o tal caminho fácil não era esse. Mas, a esta altura voltar já não era mais uma opção, então seguimos adiante.
Após uns 40 minutos de caminhada pelo rio, chegamos! A vantagem foi que foi um percurso refrescante: na sombra e com as pernas dentro d'água. O outro caminho, apesar de mais fácil e curto (uns 10 minutos de caminhada) e debaixo do sol fervente... A parte ruim foi que não sabíamos que o trecho era assim e além do bebê no canguru, estávamos carregando uma toalha grande: uma maquina, que tínhamos que ter bastante cuidado para não molhar, e dois pares de havaianas nas mãos. Soubéssemos que o caminho seria assim, teríamos aliviado a tralha!
Só não contávamos que a aventura estava só começando. Ao chegar na cachoeira descobrimos que o chaveiro, com as chaves do carro e de casa, que jurávamos ter colocado no bolso do canguru, tinha ficado para trás. Foi o suficiente para não conseguir relaxar e aproveitar a cachoeira, preocupados se iríamos encontrá-la na mesa do restaurante onde comemos antes da trilha.
Para piorar, a cachoeira estava cheia. Não cheia de gente normal e sim de um grupo de homens, mal educados, que pareciam nunca ter visto uma cachoeira na vida. Corriam como loucos e se jogavam na água sem parar. Vi a hora de um tropeassar em Gui, que engatinhava pela areia, feliz da vida ou cair em cima da gente dentro d'água. Em suma: incomodavam dentro e fora da água e para completar, levaram um cachorro que ficava nos perseguindo.
Preocupados com o chaveiro e sem podermos curtir direito a cachoeira decidimos voltar. Percebemos que um pé de sandália havia se perdido pelo caminho. Iríamos retornar pelo caminho curto e quente, alguém ia ter que queimar uma das solas dos pés. O maridão é claro! À essa altura já tinha pedalado 40km, feito trilha dentro de um rio com um peso extra de mais de 8kgs e ainda ia ter que caminhar no chão quente semi-descalso...
Ao chegarmos no restaurante ficamos aliviados de descobrir que o chaveiro havia sido encontrado e estava guardado. Tomamos uma ducha, trocamos de roupa e pegamos a estrada pra casa...
Após termos percorrido 30km em chão de terra meu marido pergunta se eu recordava se ele tinha ido de óculos. Falei que achava que sim... Confirmamos por meio de uma foto que tiramos quando saímos de casa. Em seguida, reviramos o carro e decidimos retornar para a estrada de terra: resgatar os óculos de grau do marido.
Mais 30km de estrada de terra, com o bebê já reclamando (ele é muito ativo e não aguenta ficar muito tempo sentado naquela cadeirinha)... Haja musiquinha infantil e brincadeiras para conseguir entretê-lo por tanto tempo!
Ufa! Chegamos! Achamos os óculos!
Começou agora o quarto momento tenso do "passeio". O consumo de gasolina estava muito superior ao marcado no painel. Quando resolvemos retornar para buscar os óculos, o computador de bordo dizia que tínhamos combustível suficiente para percorrer 120km. Após termos percorrido 30km, esta marcação tinha sido reduzida para 80km. Posto, só quando acabasse a estrada de terra...
Quando chegamos no asfalto o painel dizia que poderíamos percorrer 29km antes que a gasolina terminasse. Ou seja, com uma marcação para 120km, após percorremos 60km, na contagem do combustível foi o equivalente a 91km...
Ufa! Ufa!!! Chegamos ao posto quando o painel marcava que faltavam 17km para acabar o combustível. Chegamos em casa a tempo de dar o jantar do bebê, jantarmos, tomarmos banho, colocar o bebê para dormir e finalmente fazer o mesmo. Não sem antes escrever esse texto! Nada de revisões. Hora de dormir! O dia foi longo e apesar de todos as surpresas, divertido! Valeu!!!
Boa noite e bom descanso é o que desejo a mim mesma e a vocês!
P.S.: Fico devendo fotos, mas só depois que conseguir descarregar a máquina no computador...
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