quarta-feira, 23 de março de 2016

Prós e contras de dietas vegetarianas para bebês e crianças



Meu filho só comeu produto animal com uns 8 ou 9 meses de vida. Na verdade, antes disso tentei introduzir ovo, mas ele teve uma reação alérgica e eu demorei um pouco a dar peixe. 

Mesmo assim, a frequência com que come peixe é bem rara. Acho que uma média de 2 a 3 vezes ao mês. No resto do tempo é um bebê vegetariano, ou melhor: vegano.

Esta ideia aflige muitas pessoas que foram criadas achando que uma criança que não come carne e não bebe leite sofrerá de deficiências nutricionais, especialmente de ferro, cálcio e proteína, que comprometerão o seu desenvolvimento. 

Claro que como nutricionista tenho absoluta convicção de que faço todas as adequações necessárias para suprir estas demandas, mas é compreensível ver a angústia de pessoas próximas (como tios e avós) que indagam a todo momento esta escolha (cada vez mais comum). Neste texto, ( phttp://www.paisefilhos.com.br/crianca/crianca-vegetariana-pode-sim/ ) por exemplo, fala-se de uma escola em Nova Iorque que decidiu adotar o vegetarianismo para as suas crianças.

Saber que é possível obter uma dieta saudável e equilibrada sem a oferta de produtos de origem animal é a quebra de um grande paradigma ocidental. Trata-se de uma informação de suma importância que deve ser propagada. Não tenho pretensões de converter ninguém a este padrão alimentar, apenas acho útil que pais e mães sintam-se seguros para não necessariamente incluir carnes e derivados no cardápio diário: seja pelo elevado custo, maior complexidade de manuseio e armazenamento e principalmente de transporte (uma comida que contém carne têm maiores chances de estragar quando fica fora da geladeira por período prolongado).

Por exemplo, eu viajo muito e nessas viagens levo sempre marmitinhas para Gui. Pais que fazem o mesmo terão mais segurança em relação à contaminação alimentar se optarem por transportar marmitas veganas (lácteos também se contaminam microbiologicamente com facilidade). 

Claro que para isso é preciso oferecer uma vasta gama de legumes (preferencialmente orgânicos), feijões, cereais integrais e incrementos como algas, sementes, oleaginosas e óleos vegetais, que em proporções adequadas garantem a completa substituição das carnes numa dieta. Isso deve ser feito juntamente com um profissional que entenda do assunto e não de maneira aleatória. Na verdade, mesmo os pais que optam por uma dieta onívora, devem buscar apoio neste sentido, pois o fato de alguém comer carne não exclui a possibilidade de adotar um dia ou mais dias da semana vegetarianos.

Outra coisa importante a ter em mente é que alguns desses alimentos são potencialmente alergênicos (a exemplo do gergelim e das castanhas) e por isso devem ser experimentados com cautela e próximo a recursos que possibilitem combater eventuais reações (na verdade, deve-se ter esse cuidado durante todo o processo de introdução alimentar).

Hoje em dia as pessoas tornaram-se cada vez mais dependentes de exames laboratoriais como forma de conferir se seus nutrientes estão todos dentro da normalidade. Pessoalmente, acho uma agressão desnecessária submeter uma criança hígida a esse tipo de procedimento invasivo sem que ela demonstre qualquer sinal de anormalidade. Então, para aqueles que se preocupam com seus familiares queridos, vamos adotar um pouco do bom senso, observando alguns padrões básicos: Você tem um motivo real para se preocupar com a saúde de alguma criança próxima que adote uma dieta vegetariana? Ela é ativa? Está se desenvolvendo como outras crianças? Tem a pele e as mucosas coradas? Apresenta manchas ou fraqueza nas unhas? Pele ressecada ou com manchas? Queda de cabelo? Apresenta sonolência, fraqueza, pouco apetite ou algum déficit cognitivo? Se a resposta para quaisquer destas perguntas for positiva talvez tenha um real motivo para se preocupar. Caso contrário, pode relaxar e confiar na escolha dos pais, especialmente se perceber que não fazem esta escolha de maneira aleatória e sim baseada em estudo e apoio profissional. 

Mais um adendo, se o bebê possui idade entre 12 e 24 meses e ainda mama, além dos nutrientes oferecidos pela dieta, está recebendo muitos outros através do leite materno que devem ser levados em consideração. Na tabela abaixo é possível observar quais e em que proporções.


Nenhum comentário:

Postar um comentário