terça-feira, 29 de março de 2016

Ser mãe é doar-se


Eu nunca tive um cachorro, nem qualquer animal de estimação. Todas as plantas que tive acabaram morrendo ou eu dei antes que isso acontecesse para alguém que julguei que cuidaria melhor que eu (especialmente orquídeas, que só brotam flores uma vez ao ano mas que precisam ser cuidadas até o próximo ciclo de flores). Sou filha caçula, nunca gostei de brincar de bonecas e fui tia ao mesmo tempo que fui mãe: nunca tinha carregado um recém nascido no colo anterior à maternidade...

Enfim, a maternidade para uma pessoa como eu está sendo um enorme desafio e um constante aprendizado. Por mais que imaginasse que seria trabalhoso e requeresse muita dedicação, nenhuma vã ideia se aproximava à realidade.

Sempre disse que pretendia não trabalhar nos primeiros anos dos meus filhos (especialmente no primeiro ano), pois achava que era um período crítico de extrema dependência e que requereria muita atenção. Estava certa, meu filho já tem um ano e um mês e ser mãe é uma atividade que tem ocupado cerca de 90% do meu tempo. Não vejo previsão do trabalho diminuir num futuro próximo, especialmente pois pretendo ter mais filhos (pelo menos mais um)... A única perspectiva é que o tipo do trabalho vá mudando com o decorrer de novas fases...

Vejo mães que conseguem fazer tantas outras coisas e me pergunto como conseguem. Acho que provavelmente contam com ajuda de familiares, babás, empregadas, creches e/ou escolas... Sem alguma dessas coisas é muito difícil conseguir estabelecer qualquer tipo de rotina/compromisso extra-maternidade. 

Sempre considerei-me uma pessoa capaz de desempenhar multitarefas e desde que tornei-me mãe, ao mesmo tempo que sinto-me super produtiva, por aproveitar cada segundo livre para fazer algo, sinto-me super improdutiva, pois os dias passam e sinto que não consegui fazer nada além de seguir rotinas. Alguém mais?

Voltar a escrever foi uma decisão para me obrigar a fazer algo que não fosse: arrumar a casa, cozinhar, lavar louça, trocar fralda, dar atenção ao bebê, dar comida ao bebê, ler para o bebê, colocar o bebê para dormir, dar banho no bebê, ir ao mercado, levar o bebê na natação, levar o bebê pra passear (se passar o dia em casa fica nervoso de tédio)... Enfim, essas tarefas se repetem e só não são enlouquecedoras porque pessoalmente, gosto de cozinhar, gosto de estar com a casa em ordem e acompanhar o desenvolvimento de um bebê é incrível, à cada dia uma novidade... Sem falar nos sorrisos, abraços, dengos, carinhos... Enfim, existe uma troca com recompensas afetivas diárias e impagáveis. 

Em outro post defini a maternidade como o maior exercício de paciência que já vivenciei. Hoje defino como a maior e mais constante prática da doação que já experimentei. Doa-se tudo: tempo, energia, atenção, amor, carinho... E por mais que alguém tente definir ou explicar, é algo totalmente intangível até que se torne realidade.

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