domingo, 10 de abril de 2016

Temperando a comida do bebê


No post em que compartilhei a carta de um bebê que iniciará a sua introdução alimentar ( 
http://www.beijonopadeiro.com/2016/04/carta-de-um-bebe-sobre-sua-introducao.html?m=1 ) recebi um comentário interessante que vale uma boa resposta por aqui. 

Comentário: 
Só não concordo com os "temperos fortes". Apreciar coisas sem temperos fortes é o melhor exercício para o despertar e o cultivo da sensibilidade. Temperos fortes fazem a criança se acostumar com estímulos fortes, com os paladares artificiais, que começam com os temperos, e se estendem pelos gritos, pela música pobre e barulhenta, pelos esportes radicais, pelas bebidas destiladas, arte berrante, e até pela pornografia.

Concordo com o comentário acima. Até muito recentemente a comida de Gui era sem sal e sem tempero. Fiz isso para promover que ele apreciasse o sabor dos alimentos da maneira mais pura possível. Cenoura, brócolis, couve-flor, maçã, etc... Cada um desses alimentos têm personalidade e sabor únicos que precisam ser descobertos e explorados antes de serem "mascarados" por temperos. 

Sempre utilizei temperos como ingredientes, para que pudesse explorar seus sabores. Por exemplo: sopa de mandioca com coentro, bastante coentro para sentir o seu gosto ou sopa de inhame com salsa, da mesma maneira. 

Às vezes colocava um toque de algum outro ingrediente de sabor marcante, mas nunca abusando e sem misturar com outra coisa. Cará amassado com um pouco de óleo de coco, por exemplo. Isso porque já tinha comido papinha de cará puro várias vezes. A ideia era que explorasse o óleo de coco, nada mais. Ou maçã cozida com canela, seguindo a mesma ideia. 

Depois que fez um ano comecei a temperar levemente a comida dele para começar a fazer a transição da comida de bebê para comida de adulto. Sendo que no caso, a comida de adulto é a que costumo comer, com pouco sal, pouco óleo e temperos suaves. Eu, como me habituei a comer desta maneira, sempre acho a comida "da rua", de forma geral, muito carregada no óleo, no sal e no alho. 

Para iniciar a temperar a comida de bebês, não é preciso mais que um toque de gengibre e gotinhas de óleo de gergelim e shoyu para transformar completamente a experiência das verdurinhas, antigamente sem nada disso. Alho, pessoalmente acho muito forte e ainda não uso para Gui. Gosto da cebola refogada (sem óleo), gengibre, cheiro verde, algas marinhas, azeites e óleos, iriko, gersal, canela e quantidades mínimas de sal, shoyu ou missô. A ideia é promover não somente sabor e sim acrescentar temperos funcionais que enriqueçam os alimentos com vitaminas, minerais, probióticos, ácidos graxos essenciais, etc. 

A ideia destas pequenas  transformações é fazer com que a experiência alimentar se renove sempre, mas, ao mesmo tempo, promova a apuração do paladar. Funciona mesmo, Gui faz cara de "esse sabor é novo" à cada vez que acrescento pequenos toques de outros ingredientes à sua comida. 

Sou contra temperos fortes não somente para bebês, como para adultos. Assim, considero uma boa estratégia iniciar a alimentação sem nada e ir introduzindo temperos e especiarias aos poucos...

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