quinta-feira, 8 de abril de 2010

Definindo a caridade


Recebi um texto que gerou uma discussão acerca do tema caridade e assim descobri que a Epístola de São Paulo aos Corintos, que se tornou famosa na voz de Renato Russo, tem como termo original a palavra Caridade e não Amor como imaginava. Resolvi transcrever assim, a passagem diretamente da bíblia, uma vez que esse Google é uma maravilha, mas às vezes precisamos desconfiar de determinados conteúdos.

O que é a caridade? Acho que esse termo está com seu significado distorcido na sociedade. A palavra está associada à distribuição de bens materiais como um falso desapego. Penso na caridade como algo muito maior, um estado de espírito que independe totalmente de doações físicas.

Ser caridoso é o exercício do não egoísmo. É estar de bem com a vida e querer distribuir isso com o próximo, através de um sorriso ou um cumprimento agradável a quem quer que seja. É o ímpeto de dizer sim, quando se é solicitado para uma tarefa. É todo impulso de doação proveniente do inconsciente.

Há como se exercitar um ato que provém do inconsciente para ser genuinamente verdadeiro? Acredito que sim. O ser humano está em constante transformação e evolução. Para isso deve primeiramente ter a humildade de olhar para si com a mesma visão crítica como constantemente olha o próximo e ao detectar seus erros querer melhorar. Não há mudança sem vontade. Como diz o provérbio da americana Pauline Kael: “Where there´s a will there´s a way”, traduzindo: onde há um desejo há um caminho.


I Epístola de São Paulo aos Corintos – Capítulo I, Versículo XIII

Se eu falar as línguas dos homens e dos Anjos e não tiver a caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que tine. E se eu tiver o dom de profecia, e conhecer todos os mistérios e toda a ciência; se eu tiver toda a Fé, a ponto de transportar montanhas, e não tiver a caridade, nada sou.

E se eu distribuir todos os meus bens para sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado e, todavia não tiver caridade, nada disto me aproveita.

A caridade é paciente, é benigna. A caridade não é invejosa; não é temarária, nem se ensoberbece. Não é ambiciosa, nem busca os seus próprios interesses. Não se irrita; não suspeita mal. Não folga com a injustiça; mas se alegra com a verdade. Tudo tolera. Tudo crê. Tudo espera. Tudo sofre.

A caridade jamais há de acabar. Mas as Profecias desaparecerão, e cessarão as línguas, e a ciência será abolida.

Com efeito, só em parte conhecemos, e só em parte profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito desaparecerá o que é em parte.

Quando eu era menino, falava como menino; julgava como menino; discorria como menino. Mas depois que eu cheguei a ser homem feito, dei de mão às coisas que eram de menino.

Nós agora vemos (a Deus) como por um espelho em enigmas. Mas então, (o veremos) face a face. Agora conheço-o em parte. Mas então hei de conhecê-lo como eu mesmo sou também (dele) conhecido.

Agora pois, permanecem estas três virtudes: a Fé, a Esperança e a Caridade. Porém, a maior delas é a Caridade.

Monte Castelo - Renato Russo

2 comentários:

  1. Acredito que a substituição de uma palavra (amor) por outra (caridade), não altera em nada o sentido do texto. Afinal, o que é caridade, senão, amor?
    Não falo, obviamente, do que chamam de "amor romântico", mas do denominado "Ágape", cuja representação mais significativa, no cristianismo, é o próprio Cristo.

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  2. Oi Fabiana!
    Você tem razão, a idéia não muda mesmo. Só que usualmente as palavras são utilizadas com conotações distintas, neste sentido a troca de palavras pode gerar uma interpretação diferente para algumas pessoas que podem pensar no "amor romantico" como você colocou...
    Obrigada pela contribuição! =)

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