quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mendoza - Parte 01

Após percorrer mais de mil quilômetros cheguei a Mendoza. Primeira impressão: sensação gostosa de estar numa cidade menorzinha.

A hospedagem desta fez foi no Hostel Suites Mendoza, uma cadeia de hostels do nível de um Ibis que tem pela Argentina. Super organizada, com atendimento de primeira, fui muito bem recepcionada por lá e recebi diversas dicas de passeios pelas cidades e arredores. Fica localizado no coração da cidade, perto de tudo, na rua Patrícia Mendocinos.

Cheguei cedo, deixei a bagagem no quarto, tomei banho e fui começar a “camilada” pela cidade. Primeira parada: uma loja de CDs onde adquiri uns 3 CDs de Tango para garantir a trilha sonora da viagem, um só de Carlos Gardel, outro de grandes sucessos do tango e outro só instrumental.






Em um dia consegui percorrer quase a cidade toda. Muitas pracinhas, todas muito bem cuidadas, limpas, arborizadas. A colonização espanhola é bem perceptível na cidade, primeiro pelo hábito de sempre oferecer uma “tapa” (tira gosto) quando pedimos uma bebida ou antes de servirem o jantar em qualquer restaurante ou bar, segundo pelo fato de que fazem “siesta” depois do almoço até umas 5 ou 6 da tarde. A cidade fica morta, todo o comércio fechado. Nesse horário aproveitei para passear por um parque MARAVILHOSO que tem lá com 307 hectares, chamado Parque San Martin. Lindo, organizado, cheio de gente praticando esportes, um lago artificial enorme, um clube de regatas centenário, mais seis outros clubes de diversos esportes incluindo tênis e golfe, um zoológico gigantesco, mirante – resumindo um espetáculo. Para completar estava um dia lindo e quente, apesar de ser inverno, deu para tirar todas as camisas e ficar de camiseta, ora caminhando, ora sentada apreciando a natureza, as pessoas saudáveis, o clima e o acalanto de estar debaixo de um sol quente com ar fresco de inverno.




Depois de muito caminhar um banho para renovar os ares, roupa de “night” e lá fui eu para uma rua boêmia e charmosérrima rua repleta de bares e restaurantes chamada Aristides Villanueva. Lá você sai caminhando e de um lado e do outro da rua tem opções para todos os gostos, bares, pubs, botecos, boites e restaurantes. Na primeira noite jantei no final da rua em um restaurante espanhol para matar as saudades de papas bravas, tortilla e paella. O bom é que servem em pequenas porções, estilo petisco, então não precisa escolher “isso ou aquilo” – escolhe tudo. De lá fui a um típico pub irlandês e fechei a noite com uma Guinness.

No dia seguinte, acordei cedo, peguei um ônibus e fui até Maipu que é uma das regiões de vinícolas que tem nos arredores da cidade. Existem várias formas de visitar vinícolas. Escolhi uma bem diferente – de bicicleta. É só pegar o ônibus branco da empresa Maipu, numero 171, 172 ou 173 e avisar ao motorista que vai parar em Mr. Hugo em Coquimbito. Lá você aluga uma bike por 30 pesos e pode passear o dia inteiro. A estrada é bem roots, algumas partes sem acostamento, outras de barro, mas para quem gosta de novas aventuras é uma boa pedida. Além do que a região é bem tranqüila, então mesmo dividindo a estrada com carros não chega a dar medo. Na redondeza tem pelo menos dez vinícolas para escolher e visitar, como é impossível (e também maçante) visitar todas, o ideal é escolher algumas. No meu caso escolhi a mais tradicional que se chama Bodega Tomaso e que também é a mais longe (6km do local de locação). Na volta passei em mais uma bem mais moderna e muito linda chamada Tempus Alba onde almocei divinamente, depois fui no tradicional museu do vinho da Bodega La Rural e por fim, para variar um pouco, fui para o Beer Garden que é um bar bem rústico no meio do nada que serve 3 tipos de cervejas artesanais.





Todas as bodegas têm restaurantes e algumas ainda têm hospedagem para quem quiser ficar mais tempo pela região. A Bodega Familia Tomaso vale muito à pena conhecer, lá tive um tour exclusivo onde aprendi tudo sobre a história do vinho, visitando as instalações e vendo como era feito no século IXX artesanalmente. No fim uma degustação onde se prova um vinho sem ter sido envelhecido, outro envelhecido por seis meses em madeira de roble Frances e outro envelhecido por um ano no mesmo tipo de barril. Por fim, prova-se uma fabricação exclusiva de vinho do porto. De quebra ainda pedi para provar um Torrontés que é um tipo de vinho branco cuja uva é a única 100% argentina. Qualquer leigo consegue perceber bastante a diferença nos sabores e é claro que no fim quer levar alguns para casa. O melhor é que por uma taxa de 20 pesos eles entregam em seu hotel em Mendoza – perfeito para quem está a pé, de ônibus ou de bicicleta.







A Tempus Alba tem um estilo muito mais sofisticado com um terraço (estava um dia lindo de sol) super agradável e um restaurante delicioso. Foi uma das melhores refeições da viagem, comi uma espécie de risoto de verduras só que ao invés de arroz era milho, acompanhada de um excelente vinho rose da casa. O outro prato da foto se não me engano era um peixe, estava muito gostoso também, mas como apenas provei não lembro bem de que era o molho, entretanto acho que só tinha um peixe no cardápio. Saí de lá com uma garrafa de vinho de “souvenir” na cestinha da bike.






Saindo de lá tive que pedalar CORRENDO para chegar ao Museu La Rural antes das 16:30 que era o último horário de visita. Pense: correr numa bike numa estrada “marromenos” e ainda depois de tomar vinho!! Cheguei lá exatamente às 16:30, visitei tudo e no fim mais degustação. Dessa vez eles economizaram e só colocaram o vinho básico da casa (não envelhecido), depois de provar outros muito melhores não deu a menor vontade de comprar nenhum. Mais adiante percebi que essa bodega é bem conceituada, tanto pelos preços de algumas marcas que produz quanto pela variedade que vi numa loja especializada de vinhos chamada Winery.




A idéia era ir de lá para o Beer Garden e depois devolver a bike em Mr. Hugo que serve mais vinho grátis para seus clientes até umas 8 da noite, mas pedi pinico e fui direto para Mr. Hugo devolver a bike. Minha perna estava latejando, tempos que não andava de bicicleta e a corrida da Tempus Alba para a La Rural foi “punk”. Mr. Hugo, um senhor muito simpático, chamou um taxi e fui relaxar no Beer Garden. O lugar muito aconchegante e as cervejas (principalmente a bock) com sabores bem peculiares. O lugar é tão ermo que na saída de lá não consegui um taxi e tive que voltar andando, no quase-escuro até a estrada principal para pegar o ônibus de volta para Mendoza. A garçonete, entretanto, disse que não havia perigo algum e meus músculos estavam cansados de pedalar, caminhar foi tranqüilo, a única coisa que pegou um pouco foi o frio.




À noite em Mendoza fui novamente para a Calle Aristides Villanueva, dessa vez para um mexicano chamado Taco Tabasco que digo – o melhor restaurante mexicano que já fui na vida. Tudo maravilhoso, farto e ainda por cima super barato. Comi nachos com feijão e queijo e quesadilla vegetariana e apesar de ser avessa a desperdícios tive que deixar sobrar quase metade da comida, mesmo assim saí de lá empanturrada.

O último dia tinha planejado fazer trilhas e rafting na região, mas estava cansada da véspera então resolvi tirar o dia para fazer mais turismo light por Mendoza a alugar carro para pegar estrada no dia seguinte. Almocei num vegetariano delicioso chamado Naturata, na rua Don Bosco, 73. De lá fui para a Rua Primitivo da la Reta que fica bem pertinho que é só de lojas de aluguel de carros. Nem preciso dizer que onde há grande oferta há também ótimos preços, não é? De noite fui para um cassino e como sorte de principiante recebi de volta todo dinheiro apostado e ainda fiquei com um troquinho de 15 pesos!! Foi super divertido, nunca tinha ido a um cassino antes e ainda tive a sorte de que na noite teve um show de uma banda cover dos Beatles, então jantei ao som de ótima música, analisei as pessoas completamente viciadas e apáticas, todas aquelas luzes e ainda brinquei um pouquinho com direito à drinks grátis! Para quem está apostando é um esparro, eles ficam servindo bebida o tempo todo e as pessoas só se afundando... No geral é um ambiente péssimo, álcool, cigarro, jogos – só vicio, mas para quem está só de visita vale à pena e é divertido. A pior parte foi que nunca mais tinha ido a um lugar fechado com fumantes, saí de lá impregnada!!

Próxima post: viagem de Mendoza para San Rafael. Aguardem!

Obs.: Os porteños que me desculpem, mas entre Buenos Aires e Mendoza - gostei MUITO mais de Mendoza. Fiquei absolutamente encantada com a cidade: limpa, organizada, transito tranquilo sem buzinas e gente mal educada. Possui tudo que é importante numa cidade grande, só que tem pequeno porte e proporciona GRANDE qualidade de vida, tanto para quem lá vive quanto para quem visita. Nota 10!

2 comentários:

  1. ola! estou pesquisando sobre a cidade e encontrei seu blog!amei o post! uma duvida: vc viajou sozinha?

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    1. Olá!! Que bom, espero que as dicas sejam bem úteis... Não, estava acompanhada, mas organizamos tudo sem ajuda de nenhuma agência. Aproveite e boa viagem!! =)

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