terça-feira, 10 de abril de 2012

As Superbactérias



Vivemos cercados de micro-organismos por todas as partes e é importante sabermos que nem todos são maléficos. Hoje em dia, tenta-se evitar as bactérias a todo custo com sabonetes de banho, de rosto, e íntimos, bem como com bochechos antissépticos, que prometem eliminar todo o tipo de micro-organismo da nossa pele e mucosas. Essa paranoia de querer ficar “livre” de micro-organismos, faz com que se percam proteções naturais, diminuindo a resistência a bactérias deveras maléficas.

Culminando com isso, há ainda o fato de que o uso abusivo de antibióticos, em ambientes hospitalares, nas comunidades e na agropecuária tem criado espécies cada vez mais resistentes.O resultado são altos índices de mortalidade decorrentes de infecções por bactérias, chegando a um número de 25 mil mortos anualmente na União Européia e 63 mil nos Estados Unidos. Nos países em desenvolvimento os riscos são ainda maiores, dadas às dificuldades de higiene adequadas.

Dentre os mais comuns resistentes a antimicrobianos, estão: Staphylococcus aureus (resistente à meticilina se chama de MRSA), Acinetobacter baumannii, Enterococcus faeciun, Pseudomonas aeruginosa, Clostridium difficile, Escherichia coli e Klebsiella pneumonieae. Os mecanismos de defesa são variados e os tratamentos tendem a ser cada vez mais raros e específicos, gerando um alto índice de mortalidade por infecções.

A facilidade de transporte e deslocamento nos dias de hoje, facilita demasidamente a proliferação desses micro-organismos. Um exemplo foi a descoberta em 2008 de uma bactéria chamada NDM-1, inicialmente na Índia e no Paquistão, que em 2010 já estava presente nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, União Européia, Oriente Médio, África e sudoeste asiático. Esta confere resistência à quase todos os antibióticos betalactâmicos em uso e só pode ser tratada com antibióticos monobactâmicos, a exemplo do aztreonam, que por ser sintetizado em laboratório, possui estrutura diferenciada. Este e outros exemplos tem se tornado cada vez mais comum e resulta num grande desafio para a ciência.

A prevenção é difícil. Algumas medidas importantes são as assepsias adequadas (principalmente de equipamentos hospitalares) e o isolamento de pacientes infectados nos hospitais. Acima de tudo, é importante que haja um uso menos irrestrito de antibióticos, que são prescritos, muitas vezes, como tratamentos profiláticos por profissionais na área de saúde.

Como não podemos viver numa bolha e corremos o risco de exposição frequente, o melhor que devemos fazer é cuidar de nosso sistema imune de modo a deixá-lo o mais forte possível para tentar combater naturalmente “visitas indesejadas”. Uma boa dieta, sono adequado, evitar um estado frequente de stress, uso moderado (ou até não utilização) de álcool e outras drogas que debilitam o sistema imune, são algumas formas de manter nosso “exército” mais resistente.


Fonte: Revista Ciência Hoje, Novembro 2011. Superbactérias: o problema mundial da resistência a antibióticos. pg. 23-27

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