segunda-feira, 23 de abril de 2012

Gestação Saudável


Foi-se o tempo em que as mulheres preocupavam-se em ser boas donas de casa para casar. Hoje em dia é muito raro encontrar casais recém-casados que, sequer, façam refeições juntos em casa. Normalmente cada um vai pro seu trabalho, comem pela rua e encontram-se à noite. Aí, normalmente fazem um lanche qualquer e quando cozinham, muitas vezes é uma massa branca com molhos prontos/industrializados. A alegação é sempre a mesma: muito cansaço para perder tempo na cozinha e a praticidade vem em primeiro lugar! Depois do casamento homens tendem a cultivar uma barriga de cerveja e as mulheres, normalmente preocupam-se um pouco mais com a estética, mas não necessariamente com a saúde.

Sempre falo aqui sobre as doenças crônicas não transmissíveis, pois são a praga do século. Este final de semana estive com uma pessoa de minha idade, com uma coleção de doenças crônicas, como: sinusite, rinite, gastrite, refluxo e pra completar tendinite (esse último ela não consegue achar que tenha a menor ligação com a alimentação e pros outros, acha que a solução é uma bateria de remédios). Esse quadro me assusta porque é fora de minha realidade, mas sei que é muito comum. Estou falando da próxima geração de gestantes, já que a prevenção de doenças crônicas começa na vida intrauterina.

Existem vários aspectos para cuidar nesse período. O primeiro é o ganho de peso. Algumas mulheres demonstram essa preocupação, mas não necessariamente com a qualidade do que comem e sim com a contagem calórica. Esse tipo de pensamento pode resultar em gestantes magras e com deficiência nutricional. Outras aproveitam a gestação para enfiar o pé na jaca e deixam para correr atrás do prejuízo nove meses depois.

Para esse segundo grupo, gostaria de lembrar que existem trabalhos científicos que demonstram que gestantes que ganham muito peso geram bebês mais resistências à insulina, com menores níveis de adiponectina circulante (hormônio regulador da glicemia e do catabolismo de ácidos graxos). Além disso, essas crianças já nascem hiperfágicas, ou seja: gulosas! Todas essas alterações metabólicas aumentam a propensão ao desenvolvimento de doenças como: obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e própria síndrome metabólica que inclui essas e outras, que estão intimamente relacionadas.

Durante o período embrionário o feto passa por mais mudanças e multiplicações celulares do que o que passará no resto de toda a sua vida. São nove meses de multiplicação celular intensa, onde a cada segundo novas transformações estão ocorrendo. Por esse motivo, alterações de humor, stress, medicamentos, “comprimidinhos corriqueiros” e principalmente a dieta são decisivas para a formação de um bebê saudável. A alimentação deve ser variada e repleta de vitaminas, minerais e antioxidantes (esses mais fundamentais ainda para mães que fazem uso de medicamentos, pois irão auxiliar na “limpeza” do organismo).

Muita gente hoje opta em suplementar nutrientes, normalmente por falta de tempo para a elaboração de dietas ricas e diversificadas. Pessoalmente, gosto mais da ideia de botar nosso corpo para trabalhar e buscar esses nutrientes nos alimentos, do que de simplesmente fornecê-los de mão beijada. Sem contar que os alimentos possuem inúmeros outros micronutrientes combinados, que produzem efeitos que estão longe de serem completamente decifrados pela ciência. 

Uma suplementação muito comum atualmente é a de ômega-3. No caso da gestação, essa suplementação é um pouco controversa, uma vez que esse ácido graxo essencial vem associado à Vitamina A e esta, segundo estudos científicos, pode ser carcinogênica e  teratogênica quando suplementada, produzindo efeito inverso quando obtida através da dieta. Além disso, é bom lembrar que o ômega-3 possui efeito anticoagulante. Isso pode se apresentar como um fator de risco uma vez que não há como prever a hora exata de um parto e se haverá ou não necessidade de intervenção cirúrgica. Então, melhor buscar fontes naturais de ômega-3, como os peixes de águas frias e salgadas, oleaginosas e sementes, que, por possuírem em sua composição outros nutrientes, não irão gerar riscos hemorrágicos.

Não podemos esquecer a importância da atividade física. A mulher moderna quase não caminha e costuma trabalhar sentada o dia inteiro, até o final da gestação. É preciso que ela encontre um espaço na agenda para a prática de atividades que irão favorecer uma gravidez saudável e também o desempenho do parto como: pilates, ioga, caminhadas e/ou natação. Tudo isso, de preferência, com exercícios voltados a aperfeiçoar a gestação e excluindo posições que possam apresentar riscos ao feto. Por isso, é importante que haja um bom acompanhamento físico, bem como nutricional. Profissionais da área irão garantir um trabalho direcionado, que respeitam a individualidade de cada mulher.

4 comentários:

  1. Adorei o texto. Sou mae e sem bem como e vantajoso uma gestacao saudavel tanto para a mae qto para o bebe. E uma fase onde a mulher comeca a se conhecer tao detalhadamente sentindo cada mudanca no seu corpo. E com uma rotina alimentar, fisica e espiritual saudavel e muito mais facil apreciarmos esse momento magico com cuidado, carinho, amor e dedicacao.

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    1. Olá!!

      Grata pela participação. Essa sua experiência por enquanto só é teórica para mim e tenho certeza que não chega nem perto da real!!

      Fiz uma pequena edição no penúltimo parágrafo do texto, baseada na leitura de artigos científicos e recomendo a releitura,ok??

      Abs!

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