quarta-feira, 9 de maio de 2012

Aspergillus flavus

Que lindo, hein?! Parece até uma obra de arte... Nessa imagem a vemos a proliferação de espécies fúngicas em placas de Petri.

Alguém pode dizer-me onde posso comprar uma bolha? É assim que me sinto quando começo a estudar sobre micro-organismos. Em seguida vem outro pensamento: “O sistema imune é realmente fantástico, com tantas doenças a vida parece até um milagre!”

Hoje vim falar do Aspergillus flavus, um fungo filamentoso e esporulado, vulgarmente chamado de mofo. Em sua família existem outros também famosos, denominados Aspergillus fumigatus e Aspergillus Níger e todos são causadores de uma série de doenças denominadas Aspergiloses, que atacam principalmente o sistema respiratório. Podem ser encontradas em peças inanimadas como: materiais eletroeletrônicos, madeira, cera, couro, plástico, papel e também nos alimentos.

Imagem de pulmão infectado por aspergilose.

O A. flavus, em especial, é a praga dos amendoins, milhos, oleaginosas, cereais e outros. Com temperatura ideal de reprodução de 37°C e ótima adaptação ao pH sanguíneo, essa espécie se aloja no corpo humano perfeitamente. Além disso, possui alta aderência aos tecidos epiteliais e endoteliais e quando invade o sistema sanguíneo pode ocasionar hemorragias graves.

Diferente de outras espécies invasivas como a Salmonela e o Rotavírus, que chegam arrebatadoras e com sintomas imediatos (diarreia e vômitos fortíssimos), o A. flavus é mais silencioso. Produtor de uma perigosa toxina chamada aflotoxina, pode se alojar durante anos em seu corpo, sem que faça a menor ideia dos seus estragos. Não é a toa que a sua infecção está relacionada com a formação de cânceres.

A aspergilose pode ser invasiva ou do tipo não invasiva. Esta segunda é a mais comum e acomete indivíduos sem qualquer debilidade imunológica. A invasiva, por sua vez, é a mais perigosa e costuma ser mais frequente em pacientes imunodeprimidos. Quando afeta pacientes com debilidades medulares ou no sistema nervoso central tende a ser letal em mais de 95% dos casos.

Sorrateira, o diagnóstico costuma ser bem complicado. Normalmente se dá através de coleta de material infectado por biópsia. Este deve ser avaliado histologicamente e microbiologicamente. Neste último, é necessária a utilização de coloração específica para identificá-lo. Exames radiológicos também podem demonstrar seus estragos. Por afetar o sistema imune, examiná-lo também é uma forma de diagnóstico. Entretanto, nenhum desses métodos isoladamente é suficiente.

Apesar de ter como temperatura ótima 37°C, este fungo é capaz de se reproduzir em temperaturas que variam de 12° a 48°C, só se torna inativo com umidade inferior a 11% e tem pouca afinidade com a luz solar. Seus esporos são leves e bem pequenos, espalhados pelo ar e capazes de contaminar lavouras inteiras. O armazenamento de alimentos é um prato cheio para sua proliferação, uma vez que normalmente ocorre em ambientes escuros e basta ter uma chuvinha para que a umidade do ar fique ideal. Sem falar no próprio controle da umidade antes do empacotamento...

Nessa imagem ele está bem visível, o perigo é quando ainda está na forma microscópica...

Ai que medo! Depois que fiquei sabendo de tudo isso, lembrei-me das inúmeras vezes que comi amendoim em estádios de futebol, das castanhas e milhos assados vendidos por ambulantes nas ruas e estradas e das oleaginosas e frutas secas vendidas à granel... Como ainda não criaram a tal bolha, me resta ficar atenta à procedência de minhas compras (algo muito difícil de garantir para quem foge de produtos industrializados) e rezar pelo meu sistema imune, auxiliando-o com hábitos saudáveis...

Obs.: Um cuidado que gosto de tomar, que ainda deixa as oleaginosas ainda mais saborosas, é de deixá-las de molho com uma pitada de sal marinho por alguns minutos e depois tostá-las numa frigideira, até ficarem bem sequinhas e levemente torradas. Outra boa dica é ter lanchinhos sempre à mão para evitar fomes súbitas na rua que levem ao desespero e consumo de alimentos com menor critério de qualidade. 


6 comentários:

  1. "lanchinhos sempre à mão"? Bem que você poderia dar umas dicas de lanche Camila. Adoro o blog e estou sempre aqui. Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah!! Grata pelo elogio ao blog!!! Feedbacks assim me deixam muito contente! =)

      Como conheceu o blog??

      Fique à vontade para contribuir, sugerir e tirar dúvidas sempre, ok??

      Beijos

      Excluir
  2. Oi Nai,

    Então, não sei se viu um vídeo que postei há uns meses atrás. Ensina como fazer um dos meus lanches nutritivos prediletos. Segue o link: http://www.beijonopadeiro.com/2012/03/rice-balls-bolinha-de-arroz.html

    Outra opção é levar um mix de frutas secas e oleaginosas em saquinhos descartáveis (tipo aqueles de botar talher em restaurantes). Tenho sempre em casa potes grandes com vários como: damasco, ameixa, uva-passa, figo, tâmara, banana seca, castanha do pará, castanha de caju, semente de girassol, amendoa, nozes, macadâmia, etc... Prestando atenção aos cuidados que comentei no texto, claro!

    Frutas são sempre bem vindas, principalmente as mais práticas como: banana, pera, ameixa, maçã, tangerina... Mesmo assim algumas vezes carrego mamão, melão, abacaxi, melancia, kiwi e outros cortadinho em potinhos na bolsa.

    Outra opção são biscoitinhos integrais, também subdivididos em pacotes menores...

    ResponderExcluir
  3. Oi Camila. Conheci seu blog através do Deixa Sair, da Sonia ou do Come-se, da Neide Rigo. Não lembro bem. Curto muito suas histórias/trajetórias de vida, as informações sobre alimentação e tudo mais que rola por aqui. Sem falar que também sou baiana. Obrigada pelas dicas, irão me ajudar muito.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Excelente resumo !!!! Posso compartilhar meus textos sobre assuntos científicos nesse blog ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi André! Grata por sua visita! Estou um pouconatrasada com as respostas por aqui... Sobre que assuntos tratam os seus textos? Poderia enviar para o meu e-mail? camila@beijonopadeiro.com
      Grata!

      Excluir