Em janeiro
deste ano o CRN-3 (Conselho Regional de Nutrição de São Paulo e do Mato Grosso)
emitiu um parecer admitindo a viabilidade da dieta vegetariana enquanto opção
alimentar. A boa nova é que o parecer foi apoiado também pelo CRN-5 (Bahia e
Sergipe). Já estava na hora!! Agora é torcer para que o bom senso se alastre
pelo resto do país.
A
macrobiótica, alimentação considerada alternativa no Brasil, por exemplo, foi
reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como “Dieta eficiente no
tratamento de câncer” desde 1980. Com mais de 30 anos de atraso o nosso país
está finalmente se abrindo para a “nutrição alternativa”. Antes tarde do que
NUNCA! Ainda há muito para ser conquistado, afinal poucos cursos brasileiros incluem
disciplinas optativas intituladas de
“Nutrição Alternativa”. Desta forma, a maioria das faculdades, forma
profissionais sem qualquer orientação acerca da prescrição de dietas com pouco
ou nenhum produto animal.
É
impressionante essa falta de informação acadêmica nos dias de hoje. Tive a
sorte de ter uma chefa de estágio (na clínica da faculdade) com especialização
na área de Nutrição Vegetariana e Vegana, mas não durou muito tempo. Por pressão
de outros acadêmicos, que se incomodavam sobremaneira com o seu viés
profissional, ela acabou tendo que ser afastada do cargo. Acompanhei seu
trabalho de perto e em suas prescrições jamais tentava persuadir os pacientes a
se tornarem vegetarianos ou algo do gênero. Apenas tinha conhecimento
suficiente do assunto para orientar adequadamente pacientes que chegavam com
essa demanda.
Em sala de
aula, quando o assunto é abordado, acadêmicos demonstram pouco conhecimento. Alguns
mal sabem diferenciar a macrobiótica, do vegetarianismo, por exemplo, e dão
explicações equivocadas sobre “dietas alternativas”. Finalmente chegou o
momento de se poder prescrever dietas vegetarianas e afins legalmente. Afinal
de contas, o profissional na área de nutrição que decide seguir por esta linha,
passou por uma formação ortodoxa, tem domínio sobre ela e decidiu seguir outro
viés com conhecimento de causa. Seria interessante que o oposto fosse
verdadeiro, para que os ataques dos nutricionistas ortodoxos às prescrições “alternativas”
fossem ao menos bem fundamentadas.
Abaixo nota
publicada pelo CRN-5, retirada do link: http://www.crn5.org.br/compos.php?m=site.item&item=732&idioma=br
Para
as pessoas que defendem o direito à vida, inerente a todas às espécies animais,
eis uma notícia de interesse: o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª
Região (Mato Grosso e São Paulo) emitiu um parecer absolvendo a dieta
vegetariana, ou seja, admitindo a sua viabilidade enquanto opção alimentar.
Totalmente apoiado pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª região (Bahia
e Sergipe), o parecer defende que a natureza biológica do ser humano lhe
possibilita escolher aquilo que deseja comer, o que inclui o vegetarianismo
como opção.
Segundo o parecer do CRN-3 apoiado pelo CRN-5, o
vegetarianismo pode ser adotado em qualquer idade, desde que atenda às
necessidades nutricionais individuais, tais como manter os índices adequados de
cálcio, ferro, zinco, ômega 3, proteína e vitamina B12 no organismo. Ao
nutricionista cabe não só respeitar a escolha do seu cliente/paciente, como
também orientar o planejamento alimentar, considerando as necessidades e
preferências pessoais quanto ao tipo de dieta. "O papel do nutricionista é
orientar e não julgar a opção do indivíduo. Este profissional não deve, de modo
algum, desencorajar seu paciente em relação a optar pelo vegetarianismo",
declara o nutricionista de Aracaju, conselheiro do CRN-5, Gilcélio Almeida, que
é vegetariano.
Um erro recorrente nas dietas vegetarianas sem
orientação adequada é o consumo elevado de fibras nutricionais, que pode
comprometer a absorção de diversos nutrientes, principalmente o ferro.
"Por esse motivo é importante procurar um nutricionista para fazer o
ajuste adequado", destaca Gilcélio. O nutricionista é o profissional que
conhece os nutrientes e as suas fontes. Sua competência o permite avaliar o
estado nutricional de cada indivíduo e assim elaborar a conduta mais adequada
para atender suas necessidades dentro dos princípios vegetarianos. "Uma
dieta vegetariana bem orientada fornece nutrientes em quantidade suficiente
para manutenção da saúde e sem os danos das gorduras saturadas presentes nos
tecidos animais", completa.
Não ao preconceito
Segundo o nutricionista de São Paulo, George Guimarães, especializado em dietas vegetarianas e historicamente perseguido pelos colegas de classe, cabem às faculdades de nutrição romper com certos dogmas e paradigmas enraizados na estrutura de ensino para, no mínimo, não formar profissionais desqualificados e preconceituosos. "Como a nutrição no passado, a medicina também precisa ser reciclada nesse aspecto, pois a grande maioria dos médicos (salvo raras exceções) faz um verdadeiro terrorismo psicológico em pacientes que manifestam a sua condição vegetariana. A adoção mal planejada de qualquer dieta é que deve ser atacada, independente se é vegetariana ou não", declara George.
Para a nutricionista baiana Mônica de Menezes , os vegetarianos têm diversas razões científicas, ambientais, religiosas, filosóficas e éticas para justificar suas escolhas alimentares. "O que importa é que esta escolha seja bem planejada e orientada, com o intuito de garantir a adequação nutricional e a saúde do indivíduo", declara.
Diferenciações - As pessoas confundem o ovolactovegetarianismo, o vegetarianismo estrito e o veganismo. Para Mônica de Menezes, a diferenciação entre os termos é importante. "O vegetarianismo refere-se ao termo mais genérico. Dentro desta linha, temos as diversas variações", diz.
O ovolactovegetariano é o indivíduo que
não consome carnes de qualquer forma, mas consome leites, derivados e
ovos. O estrito não aceita nem mesmo estes alimentos. Já o vegano não
consome qualquer alimento de origem animal, inclusive mel, além de não
usar qualquer produto, que esteja envolvido com a exploração e
sofrimento animal, no seu vestuário, trabalho, entretenimento. Opõe-se,
inclusive, ao uso de animais em rituais religiosos.
Deficiência de ferro -
Em cada 100 indivíduos com deficiência de ferro ou em condição anêmica, se
apenas um for vegetariano, muito provavelmente será justamente ele o alvo de
uma "condenação óbvia" por sua escolha alimentar. "E em relação
aos outros 99 indivíduos que comem carne e estão anêmicos, qual o juízo
atribuído a eles? Cerca de 1/3 da população mundial sofre de deficiência de
ferro, mas a maioria das pessoas que apresentam o problema comem carne",
declara Gilcélio.
O ferro é apenas um exemplo, mas há outros dogmas alimentares relacionados ao consumo ou ao não consumo de carne ou derivados de produtos de origem animal. "Feijões, ervilha, lentilha e grão de bico são exemplos de fontes de ferro de origem vegetal que podem substituir a carne tanto para absorção de ferro quanto de aminoácidos essenciais", relata Mônica, que também é vegetariana.
Segundo ela, "outra importante fonte
de ferro para os vegetarianos são as folhas de cor escura, como couve e
brócolis. A absorção deste mineral pelo organismo é
otimizada quando seu consumo é associado a fontes de vitamina
C (acerola, laranja, caju, mamão etc.)", destaca. Pesquisas
mostram que o intestino do indivíduo vegetariano adapta-se e absorve de forma
mais eficiente o ferro e a proteína de origem vegetal. Além da deficiência do
ferro, as dietas vegetarianas podem apresentar menor ingestão de vitamina B12,
vitamina D, cálcio, iodo e zinco, o que pode causar efeitos negativos sobre o
organismo.
Outros nutrientes - O vegano e o vegetariano estrito devem estar atentos para a ingestão da vitamina B12, pois ela só está presente em alimentos de origem animal. A forma segura de consumo deste nutriente se dá através do uso de suplementação de origem bacteriana, já que os vegetarianos não admitem que seja extraída de animais. "As bactérias do intestino grosso humano produzem B12, no entanto, o local de absorção da vitamina é no final do intestino delgado, o que significa que ela é produzida num ponto posterior ao local em que é absorvida", explica Mônica.
A vitamina D pode ser produzida no próprio organismo,
através do contato da pele com os raios solares ou do consumo de cereais e
leite de soja fortificado. Já o cálcio, obtido mais frequentemente através do
leite e derivados, pode ser obtido também pela ingestão de folhas verdes e
leguminosas. O selênio pode ser absorvido por meio do consumo de uma castanha
do brasil por dia. "Grãos integrais também contém selênio, porém em menor
quantidade", pontua a nutricionista.
Os vegetarianos geralmente ingerem menor quantidade de zinco que os indivíduos que comem carne e vegetais (onívoros), mas na dieta vegetariana orientada por um nutricionista deve conter quantidades suficientes de zinco obtidas a partir de cereais integrais e feijões. O iodo, por sua vez, deve ser ingerido através da soja, batata-doce, agrião, alcachofra, alface, alho, cebola, cenoura, ervilha, aspargo, rabanete e algas.
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