terça-feira, 8 de maio de 2012

CRN-5 Apoia o Vegetarianismo



Em janeiro deste ano o CRN-3 (Conselho Regional de Nutrição de São Paulo e do Mato Grosso) emitiu um parecer admitindo a viabilidade da dieta vegetariana enquanto opção alimentar. A boa nova é que o parecer foi apoiado também pelo CRN-5 (Bahia e Sergipe). Já estava na hora!! Agora é torcer para que o bom senso se alastre pelo resto do país.

A macrobiótica, alimentação considerada alternativa no Brasil, por exemplo, foi reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como “Dieta eficiente no tratamento de câncer” desde 1980. Com mais de 30 anos de atraso o nosso país está finalmente se abrindo para a “nutrição alternativa”. Antes tarde do que NUNCA! Ainda há muito para ser conquistado, afinal poucos cursos brasileiros incluem disciplinas optativas intituladas de “Nutrição Alternativa”. Desta forma, a maioria das faculdades, forma profissionais sem qualquer orientação acerca da prescrição de dietas com pouco ou nenhum produto animal.

É impressionante essa falta de informação acadêmica nos dias de hoje. Tive a sorte de ter uma chefa de estágio (na clínica da faculdade) com especialização na área de Nutrição Vegetariana e Vegana, mas não durou muito tempo. Por pressão de outros acadêmicos, que se incomodavam sobremaneira com o seu viés profissional, ela acabou tendo que ser afastada do cargo. Acompanhei seu trabalho de perto e em suas prescrições jamais tentava persuadir os pacientes a se tornarem vegetarianos ou algo do gênero. Apenas tinha conhecimento suficiente do assunto para orientar adequadamente pacientes que chegavam com essa demanda.

Em sala de aula, quando o assunto é abordado, acadêmicos demonstram pouco conhecimento. Alguns mal sabem diferenciar a macrobiótica, do vegetarianismo, por exemplo, e dão explicações equivocadas sobre “dietas alternativas”. Finalmente chegou o momento de se poder prescrever dietas vegetarianas e afins legalmente. Afinal de contas, o profissional na área de nutrição que decide seguir por esta linha, passou por uma formação ortodoxa, tem domínio sobre ela e decidiu seguir outro viés com conhecimento de causa. Seria interessante que o oposto fosse verdadeiro, para que os ataques dos nutricionistas ortodoxos às prescrições “alternativas” fossem ao menos bem fundamentadas.

Abaixo nota publicada pelo CRN-5, retirada do link: http://www.crn5.org.br/compos.php?m=site.item&item=732&idioma=br  

Para as pessoas que defendem o direito à vida, inerente a todas às espécies animais, eis uma notícia de interesse: o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (Mato Grosso e São Paulo) emitiu um parecer absolvendo a dieta vegetariana, ou seja, admitindo a sua viabilidade enquanto opção alimentar. Totalmente apoiado pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª região (Bahia e Sergipe), o parecer defende que a natureza biológica do ser humano lhe possibilita escolher aquilo que deseja comer, o que inclui o vegetarianismo como opção. 
Segundo o parecer do CRN-3 apoiado pelo CRN-5, o vegetarianismo pode ser adotado em qualquer idade, desde que atenda às necessidades nutricionais individuais, tais como manter os índices adequados de cálcio, ferro, zinco, ômega 3, proteína e vitamina B12 no organismo. Ao nutricionista cabe não só respeitar a escolha do seu cliente/paciente, como também orientar o planejamento alimentar, considerando as necessidades e preferências pessoais quanto ao tipo de dieta. "O papel do nutricionista é orientar e não julgar a opção do indivíduo. Este profissional não deve, de modo algum, desencorajar seu paciente em relação a optar pelo vegetarianismo", declara o nutricionista de Aracaju, conselheiro do CRN-5, Gilcélio Almeida, que é vegetariano.
Um erro recorrente nas dietas vegetarianas sem orientação adequada é o consumo elevado de fibras nutricionais, que pode comprometer a absorção de diversos nutrientes, principalmente o ferro. "Por esse motivo é importante procurar um nutricionista para fazer o ajuste adequado", destaca Gilcélio. O nutricionista é o profissional que conhece os nutrientes e as suas fontes. Sua competência o permite avaliar o estado nutricional de cada indivíduo e assim elaborar a conduta mais adequada para atender suas necessidades dentro dos princípios vegetarianos. "Uma dieta vegetariana bem orientada fornece nutrientes em quantidade suficiente para manutenção da saúde e sem os danos das gorduras saturadas presentes nos tecidos animais", completa.

Não ao preconceito

Segundo o nutricionista de São Paulo, George Guimarães, especializado em dietas vegetarianas e historicamente perseguido pelos colegas de classe, cabem às faculdades de nutrição romper com certos dogmas e paradigmas enraizados na estrutura de ensino para, no mínimo, não formar profissionais desqualificados e preconceituosos. "Como a nutrição no passado, a medicina também precisa ser reciclada nesse aspecto, pois a grande maioria dos médicos (salvo raras exceções) faz um verdadeiro terrorismo psicológico em pacientes que manifestam a sua condição vegetariana. A adoção mal planejada de qualquer dieta é que deve ser atacada, independente se é vegetariana ou não", declara George.

Para a nutricionista baiana Mônica de Menezes , os vegetarianos têm diversas razões científicas, ambientais, religiosas, filosóficas e éticas para justificar suas escolhas alimentares. "O que importa é que esta escolha seja bem planejada e orientada, com o intuito de garantir a adequação nutricional e a saúde do indivíduo", declara.

Diferenciações - As pessoas confundem o ovolactovegetarianismo, o vegetarianismo estrito e o veganismo. Para Mônica de Menezes, a diferenciação entre os termos é importante. "O vegetarianismo refere-se ao termo mais genérico. Dentro desta linha, temos as diversas variações", diz.
O ovolactovegetariano é o indivíduo que não consome carnes de qualquer forma, mas consome leites, derivados e ovos. O estrito não aceita nem mesmo estes alimentos. Já o vegano não consome qualquer alimento de origem animal, inclusive mel, além de não usar qualquer produto, que esteja envolvido com a exploração e sofrimento animal, no seu vestuário, trabalho, entretenimento. Opõe-se, inclusive, ao uso de animais em rituais religiosos.
Deficiência de ferro - Em cada 100 indivíduos com deficiência de ferro ou em condição anêmica, se apenas um for vegetariano, muito provavelmente será justamente ele o alvo de uma "condenação óbvia" por sua escolha alimentar. "E em relação aos outros 99 indivíduos que comem carne e estão anêmicos, qual o juízo atribuído a eles? Cerca de 1/3 da população mundial sofre de deficiência de ferro, mas a maioria das pessoas que apresentam o problema comem carne", declara Gilcélio.

O ferro é apenas um exemplo, mas há outros dogmas alimentares relacionados ao consumo ou ao não consumo de carne ou derivados de produtos de origem animal. "Feijões, ervilha, lentilha e grão de bico são exemplos de fontes de ferro de origem vegetal que podem substituir a carne tanto para absorção de ferro quanto de aminoácidos essenciais", relata Mônica, que também é vegetariana.


Segundo ela, "outra importante fonte de ferro para os vegetarianos são as folhas de cor escura, como couve e brócolis. A absorção deste mineral pelo organismo é otimizada quando seu consumo é associado a fontes de vitamina C (acerola, laranja, caju, mamão etc.)", destaca. Pesquisas mostram que o intestino do indivíduo vegetariano adapta-se e absorve de forma mais eficiente o ferro e a proteína de origem vegetal. Além da deficiência do ferro, as dietas vegetarianas podem apresentar menor ingestão de vitamina B12, vitamina D, cálcio, iodo e zinco, o que pode causar efeitos negativos sobre o organismo.

Outros nutrientes - O vegano e o vegetariano estrito devem estar atentos para a ingestão da vitamina B12, pois ela só está presente em alimentos de origem animal. A forma segura de consumo deste nutriente se dá através do uso de suplementação de origem bacteriana, já que os vegetarianos não admitem que seja extraída de animais. "As bactérias do intestino grosso humano produzem B12, no entanto, o local de absorção da vitamina é no final do intestino delgado, o que significa que ela é produzida num ponto posterior ao local em que é absorvida", explica Mônica.

A vitamina D pode ser produzida no próprio organismo, através do contato da pele com os raios solares ou do consumo de cereais e leite de soja fortificado. Já o cálcio, obtido mais frequentemente através do leite e derivados, pode ser obtido também pela ingestão de folhas verdes e leguminosas. O selênio pode ser absorvido por meio do consumo de uma castanha do brasil por dia. "Grãos integrais também contém selênio, porém em menor quantidade", pontua a nutricionista.

Os vegetarianos geralmente ingerem menor quantidade de zinco que os indivíduos que comem carne e vegetais (onívoros), mas na dieta vegetariana orientada por um nutricionista deve conter quantidades suficientes de zinco obtidas a partir de cereais integrais e feijões. O iodo, por sua vez, deve ser ingerido através da soja, batata-doce, agrião, alcachofra, alface, alho, cebola, cenoura, ervilha, aspargo, rabanete e algas.

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