terça-feira, 19 de junho de 2012

Saúde Planetária x Saúde Individual (parte 2)


É assim que vejo muitos discursos de "vamos salvar o planeta". Soluções frágeis como esses grampos: resultado de uma dissociação total entre entre mundos internos (indivíduos) e externos (natureza). 

O mundo é um espiral. O que faz esse formato tão único é que nele não há separação. Quando o espiral chega ao centro, ele sai novamente e cria uma nova parte do espiral, consecutivamente. Os espirais são o padrão básico de todo o universo. Desde a via láctea, até o DNA. É a forma como nosso cabelo cresce na cabeça, nossas impressões digitais e a como a água desce pelo ralo. Entretanto, o formato espiral só é visto de baixo e/ou de cima. Quando visto de lado, o espiral é uma onda, assim como a vida. Tudo na vida segue o movimento de ondas, com altos e baixos. Montanhas e vales, dia e noite, inverno e verão... São ciclos que funcionam na vida como ondas, que são espirais ininterruptos...

Quando olhamos para nós mesmos e para a natureza, percebemos que é tudo a mesma coisa. A vida humana é cíclica, tal qual, a natureza... Essa noção traz a percepção de que somos únicos e contínuos: humanos e natureza. Talvez o erro da humanidade tenha começado quando começou a se criar a noção de que são coisas distintas... Se você se sente integrado à natureza, você consegue destruí-la? Se você se sente integrado ao seu corpo, você consegue destruí-lo? Não, para conseguir destruir algo, temos que nos sentir separados dele...

Agora pensemos em homens e mulheres. Formam um conjuntou ou são indivíduos separados? Se um belo dia os homens acordam se sentindo autossuficientes e as mulheres também, em uma geração não teremos grandes problemas... Mas nas subsequentes, isso significará o fim da humanidade. Mais uma prova da ciclicidade e complementaridade da vida.

Agora olhemos para a natureza. As mudanças climáticas demonstram exemplos constantes de que o mundo está fora do controle. As tempestades estão mais fortes, os períodos secos mais longos, estão havendo furacões e terremotos em lugares inéditos... A natureza está fora do equilíbrio. O que vemos quando observamos esses fenômenos? Não seria um espelho da humanidade? Não estamos vendo nossas condições físicas, mentais e espirituais refletidas na natureza?

Vemos pessoas ficando irritadas por nada e apontando a arma a alguém. Relatos de violência e perturbação mental o tempo todo. Quando ouvimos falar das mudanças climáticas e planetárias, não estamos ouvindo falar de nós mesmos? A emoção da natureza não estaria sendo representada através do seu clima e fenômenos? Uma tempestade não seria equivalente a um momento de fúria na raça humana? Qual a diferença entre a perda de controle humana e a da natureza?

Será que cuidar da saúde humana não é uma forma de cuidar da saúde da natureza? Retornar ao passado, romper com o padrão alimentar distorcido criado na modernidade, retomar a responsabilidade por nossas enfermidades ao invés de seguir culpando agentes externos, como epidemias, micro-organismos, genética... Hoje o ser humano não se alimenta mais de comida e sim de nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídios... Está tudo segregado! Essa segregação é humana? É natural?

O que fazer então? Dar-se conta de que temos as rédeas de nossas próprias vidas e de que nossas atitudes diárias contribuem para o ciclo da natureza. Fazer o máximo de nosso dia a dia, com a noção de que os nossos atos interferem tanto em nossas vidas pessoais quanto na sociedade e no meio ambiente. Nossas atitudes se propagam pelo mundo.

Alimentamo-nos no mínimo três vezes ao dia. Através desse ato cotidiano estamos influenciando o planeta. Fala-se tanto em aquecimento global e escassez de água. Um dos agentes mais poluentes do meio ambiente é a pecuária. O gado emite altas quantidades de metano na atmosfera, um gás muito mais nocivo ao meio ambiente do que o monóxido de carbono. Além disso, a sua criação, abate e comercialização utiliza e polui enormes volumes de água. Abrir mão do “capricho” humano de comer carne é uma forma de melhorar a saúde do planeta.  

Em termos pessoais, inúmeros estudos comprovam que o excesso do consumo proteico, proveniente de fontes animais, está associado ao agravo de todas as doenças crônicas não transmissíveis, bem como no aumento dos casos de câncer. O consumo de carne da sociedade é covarde. Os nossos primórdios, quando conseguiam caçar algum animal, era fruto de grandes esforços (e riscos) e depois, este era repartido entre tantas pessoas, que era impossível que ingerissem as porções que se ingere hoje. Isso sem falar na qualidade dos animais que eram caçados, bichos livres, que se movimentavam e se alimentavam de verdade. Hoje a criação bovina é em confinamento, o gado come ração e não se movimenta, engordando o mais rápido possível para o abate. Além disso, recebe inúmeros aditivos na dieta, principalmente hormônios que induzem uma maior produção de leite. Como desassociar a ração desses animais com os seus produtos? Para completar, o ciclo produtivo da pecuária é um paradoxo total, considerando um mundo onde existem tantas pessoas com fome. Se ao invés de alimentar o gado com rações de soja e milho, estas matérias-primas e os terrenos onde foram cultivados, fossem usados para a agricultura, haveria sete vezes mais pessoas alimentadas no planeta. Em outras palavras, seria o fim da fome mundial.

E por que tudo isso? Porque a proteína animal passou a encabeçar as prioridades alimentares: uma completa inversão alimentar. Todos os alimentos contêm um pouco de proteína. É cientificamente provado que uma dieta vegetariana é capaz de suprir todas as necessidades de aminoácidos essenciais. Fatos como esse mostram que o que move a indústria da carne e do leite está longe de ser a saúde e sim a economia. Entrar em harmonia com a natureza é retornar aos antigos hábitos, voltar a priorizar vegetais e grãos na dieta.

Para aqueles que defendem que a raça humana é onívora, sugiro que consumam carnes de uma forma menos covarde. Mudem para uma fazenda, criem seu gado livremente no pasto ou então suas galinhas no quintal e deixem que completem seu ciclo da vida antes do abate... Verão que o trabalho e os custos para obter um pedaço de carne orgânica e digna são muito grandes para permitir que seja consumida em praticamente todas as refeições do dia, como ocorre na modernidade. O consumo de carne que observamos hoje é absolutamente desumano e covarde. Já falei sobre isso no texto: http://www.beijonopadeiro.com/2010/09/alimentacao-e-livre-arbitrio.html. Temos 32 dentes, apenas quatro são caninos, ou seja, biologicamente, apenas 12,5% de nossa dieta pode vir de fonte animal. Definitivamente não é esta proporção que se pratica atualmente.

Agora vamos falar no aspecto social. Comida é energia. Quando comemos, transformamos comida sólida, em comida liquida. Após a digestão, o que sobra é energia. A comida se transforma em todo tipo de energia: física (ATP), emocional, mental e até espiritual. Então, quando comemos uma comida integral, orgânica, natural, preparada com temperos suaves e manuseada com amor, ela se transformará numa energia pacífica e calma em nossos corpos. Quando comemos animais que viveram confinados, sofreram um abate cruel, vacas que são obrigadas a produzir muito mais leite do que o que é biológico, produtos enlatados, embutidos, carnes processadas e qualquer tipo de alimento manuseado em indústrias, em larga escala, sem nenhum cuidado, absorvemos toda essa energia. Produtos industrializados são manuseados de tal forma que absorvem uma energia caótica e completamente divergente à energia de uma natureza harmônica. A energia produzida se assemelha a todas as catástrofes naturais e comportamentos deformados, frequentemente observados na sociedade moderna. Furacões, tsunamis, acessos de raiva, violência, intolerância, divórcios e tudo que está longe do padrão integrativo e harmônico do ciclo da natureza.

Uma alimentação pacífica, irá gerar comportamentos pacíficos e uma saúde pacífica. Isso significa um corpo funcionando bem, com forte sistema imunológico e função adequada dos órgãos, como uma orquestra que se apresenta com todos os seus instrumentos afinados. A consequência disso são menos hospitais = menos resíduos hospitalares, menos embalagens de produtos industrializados = menor produção de lixo, menor taxa de violência = menos gastos com policiamento e presídios e por aí vai... A lista é infinita. O mundo é um só, a causa é uma só. Se você luta por paz, por saúde, pelo ecossistema, pelo amor, precisa pensar em todas essas coisas como interligadas, frutos de atitudes integradas!

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