quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Evolução espiralar da vida


Ontem escrevi um pouco sobre a forma espiralar da vida e incluí algumas imagens de formações humanas e universais que seguem esse padrão, como as pétalas de uma flor, a Via Láctea, as impressões digitais e o couro cabeludo. No sistema solar não é diferente: os planetas rotacionam ao redor do sol, que por sua vez se intercalam com as órbitas dos cometas, como no esquema abaixo.

Foto do livro: The book of Macrobiotics - Michio Kushi


Foto do Google Imagens


Desta forma, o sol se posiciona como o destino de uma força centrípeta e o início de uma força centrífuga, que se expande pelo universo na forma de calor, luz, energia... São essas duas forças (chegam e saem; recebem e doam; absorvem e emanam) que formam os ciclos e os espirais que dão forma à vida. Na filosofia oriental são chamadas de força yang (centrípeta) e força yin (centrífuga). Em referências terrestres, podemos considerar a força da terra como yang e a força do céu como yin.

Há cerca de 4 bilhões de anos a terra era uma enorme nuvem gasosa, altamente carregada por estrondosas tempestades de intensa atividade eletromagnética que produzia diversos elementos leves como: Hidrogênio, Helio, Lítio, Boro, Carbono, Nitrogênio e Oxigênio. Ao se fundirem, esses elementos passaram a dar origem a compostos mais pesados, cujas combinações originaram múltiplos compostos químicos e moléculas.

Os compostos mais pesados começaram a ir em direção à Terra, formando seu sólido centro. Já os mais leves, circundavam a periferia, formando a atmosfera. Entre eles começou a surgir a água (composta de hidrogênio e oxigênio) que cobriu toda a superfície sólida, formando o nosso “Planeta Água”.

Outros elementos começaram a se fundir dando origem a moléculas primitivas como os carboidratos, as proteínas, os vírus e as bactérias. Estes continuaram a evoluir, desenvolvendo organismos mais evoluídos, sobretudo na água, ambiente que propiciava essas condensações moleculares (yang) em relação à atmosfera. Assim, começaram a surgir duas correntes de vida complementares e antagônicas: o reino vegetal (impulsionado pela força centrífuga expansiva – yin) e o reino animal (impulsionado pela força centrípeta – yang).

Na água começaram a surgir as algas primitivas (reino vegetal) e os invertebrados (reino animal). Uns dependiam dos outros num ciclo de comensalismo. Durante este período, um acúmulo de minerais na água, transformou-a num meio salgado, dando origem às algas superiores que continham minerais e os invertebrados passaram a ter espinhas dorsais, provenientes também dessa condensação mineral, dando origem aos primeiros seres vertebrados. Esta fase de desenvolvimento biológico aquático durou cerca de 2,8 bilhões de anos.

A próxima grande mudança foi marcada pela emergência de terra fragmentada acima da água. Ao longo de milhões de anos, com a progressiva formação do solo, os animais aquáticos foram transportados para a terra e expostos ao ar, transformando-se em anfíbios, depois em répteis e em aves. Da mesma forma, algumas plantas aquáticas adaptaram-se à atmosfera, convertendo-se em musgos e em plantas primitivas.

Com o aumento da temperatura, umidade na superfície da terra e intensificação dos raios solares, estes seres tomaram grandes proporções, gerando gigantes como: arbóreos, coníferas, dinossauros, répteis voadores e outros. Depois desse apogeu yin a temperatura atmosférica começou a baixar gradualmente e estes gigantes foram se extinguindo dando lugar às plantas modernas e aos mamíferos que se alimentavam delas. Ao longo dos próximos 50 milhões de anos foram surgindo grande parte das espécies vegetais e animais existentes até hoje.

À medida que a terra tornava-se cada vez mais fria, começaram a surgir plantas portadoras de sementes (herbáceas). Os frutos e as folhas que tinham formas expandidas, devido ao frio passaram a se contrair, tornando-se menores, mais consistentes e secos. Esta mudança no reino vegetal deu origem aos macacos, que se alimentavam destas espécies pulando de galho em galho. O arrefecimento foi gerando grãos cada vez menores envolvidos em películas também mais resistentes. A abundância desses grãos herbáceos e a sua ingestão, juntamente com outras formas de vida mais antigas, marcou o aparecimento do homem.

Foi justamente a ingestão dessas formas de vida compactadas (grãos) que permitiu que o homem sobrevivesse às idades glaciares, por condensarem grandes teores energéticos (calorias). Este tipo de alimento evoluído permitiu o desenvolvimento da inteligência humana, superior às espécies antecessoras. Assim espécie animal mais evoluída (humana) se alimenta da espécie vegetal (extrema oposta) também mais evoluída (cereais).  

A imagem acima representa uma "fatia" de um espiral, onde cada arco representa uma volta (by: Camila Lisboa, inspirada na imagem do livro The Book of Macrobiotics de Michio Kushi)

Paralelamente a isso, houve o descobrimento do fogo que passou a ser um aliado à sobrevivência nesses períodos glaciares. A inteligência desenvolvida permitiu que homem pudesse então se adaptar ao meio ambiente, tendo o fogo como ferramenta fundamental. Ele era utilizado como aquecimento, bem como no cozimento dos grãos, produção de utensílios, abrigo e vestuário. A descoberta do fogo deu origem ao nascimento da cultura, orientando a vida para o desenvolvimento e prosperidade das civilizações modernas.

Toda essa explicação esclarece alguns conceitos alimentares básicos:


  • O grão (carboidrato complexo) como base da alimentação humana (nosso oposto complementar no reino vegetal); 
  • A importância do fogo na alquimia alimentar (porque não considero a dieta viva, onde se come tudo cru e um exagero de frutas uma dieta adequada para o ser humano);
  •  Porque comida de macaco é banana e porque nossa base alimentar não são frutas;
  •  Porque um mingau quentinho aquece o corpo e uma salada fria ou frutas o resfria;
  • Porque não devemos abusar de frutas/doces principalmente em climas frios (os opostos se complementam, os semelhantes antecessores geram uma tendência involutiva);
  • Porque as frutas de climas temperados são miudinhas (berries) e as tropicais enormes (jaca, melancia) – Yin gera yang e yang gera yin;
  • Porque a proteína vegetal é mais bem assimilada e menos agressiva à digestão humana (leguminosas são grãos, opostos complementares da espécie humana);
  • O motivo pelo qual é preferível a ingestão de peixes e não de mamíferos (os opostos se complementam, os semelhantes antecessores geram uma tendência involutiva);
  • Porque a dieta de um esquimó é vasta de produtos animais (o equilíbrio ocorre por extremos - o sangue animal aquece o corpo humano exposto ao gelo);
  • Porque uma pessoa que come muita carne (extremo yang) e não mora no gelo, vai tender a querer consumir mais café, açúcar e álcool (extremos yin);
  • O papel das algas na dieta humana (semente da vida vegetal);
  • A compreensão dos reinos opostos e o surgimento de vida na terra trazendo o entendimento da cadeia alimentar de acordo com a Ordem do Universo...


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