quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A obsessão pelo melhor (por Leila Ferreira)



Foto retirada do Google imagens


Recebi esse texto por e-mail e achei o conteúdo digno de ser publicado... Boa Leitura!
Sobre a autora: Leila Ferreira - Jornalista mineira com Mestrado em Letras e Doutora em Comunicação em Londres, e que optou por viver uma vida mais simples, em Belo Horizonte

"Estamos obcecados com 'o melhor'. Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com 'o melhor'. Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter. O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta
conquistar ou ter.

Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o 'melhor chef'? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o 'bom' que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens 'perfeitos'. As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo... o rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do 'melhor' a gente nem percebeu?"

Sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.(Shakespeare) 

8 comentários:

  1. Lindo texto!!!! Acho q n me contaminei c esse virus do consumismo exacerbado, justamente por, como poucos, ainda achar graça nas pequenas coisas da vida!!!! bjssss Larinha.

    ResponderExcluir
  2. Mila...Parei pra ler alguns textos aqui no seu blog. Parabéns! Muito bom mesmo...sempre que tiver um tempinho vou lendo os posts mais antigos!

    Esse texto em particular me chamou a atenção. Depois que morei em Valencia passei a dar valor a coisas diferentes...a viver com menos e com o suficiente e ser feliz com isso...de fazer o que gostávamos e aproveitar coisas que não dávamos tanto valor na vida corrida de Salvador, como dar um passeio no "Turia" numa quinta a tarde...voltamos a viver em Salvador e te confesso que até hoje (8 meses)não me readaptei e acho que vai ser difícil readaptar...acabei me encaixando na rotina estressante de trabalho e sem perceber estou nessa vida outra vez!

    Um beijão!

    E parabéns pelo blog!

    Luizão.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Luizão,

      Bem vindo ao Beijo no Padeiro!! Que bom que gostou dos meus posts, acho que vai se identificar com outros textos também!!!

      Como está a paternidade/maternidade?? Dezembro, quando formos à SSA, vou querer conhecer esse baby (que já estará enorme...)

      Se arrumar coragem para viajar, vem passar uns dias aqui em BH. Outro dia viajamos com um casal de amigos com uma filhinha recém nascida, foi ótimo!!! Tem que acostumar ele com viagens!!!

      Manda beijo pra Julie!!!

      Saudades e beijos! =)

      Excluir
  3. Adorei esse texto da Leila e o seu blog, Camila!
    Indiquei pra algumas pessoas e adoraram, parabéns!

    ResponderExcluir
  4. A VIDA SE TORNOU TAO COMPETITIVA NO TOCANTE A TER PELO SIMPLES STATUS DE TER E NAO PELA NECESSIDADE... E O PIOR É QUE NOS SACRIFICAMOS PARA TER O "MELHOR" E MUITO DAS VEZES AQUILO NAO É O QUE PRECISAMOS.

    ResponderExcluir
  5. me ajudou muito os comentários na atividade, obrigada.

    ResponderExcluir
  6. essa é simbologia deum país desenvolvido.....se você comprar uma Ferrari na Europa ou USA, e passear você apenas estará "passeando"....aqui no Brasil um carro importado, é para se mostrar....

    ResponderExcluir