terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Maus hábitos de vida entre estudantes da área de saúde

Foto retirada do Google Imagens

Estou concluindo mais um semestre da faculdade e juntamente com ele, outro trabalho interdisciplinar.

Desta vez, minha equipe e eu, elaboramos um trabalho abrangendo diversas áreas da saúde. Vou fazer um SUPER BREVE resumo (o trabalho inteiro teve 25 páginas) só para explicar o panorama encontrado.

Foto retirada do Google Imagens

Etapas:
1) Desenvolvimento de barrinha de cereal a partir de cascas de frutas (já postei receita aqui no blog);
2) Avaliação sensorial da barrinha com 100 voluntários (atributos: aroma, textura, sabor e cor);
3) Pesquisa sobre intensão de consumo e compra/fabricação da barrinha de cereal com 100 voluntários
4) Avaliação Antropométrica de 232 alunos - amostra representativa de 90% dos estudantes dos cursos da área de saúde no compus do Centro Universitário UNA do turno da noite - calculando Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência de Braço (CB), Peso e Altura, para avaliar o percentual de Eutrofia, Desnutrição e Sobrepeso/Obesidade entre este grupo;
5) Pesquisa com amostra de 232 alunos, sobre hábitos de vida incluindo: tabagismo; etilismo; tipo de lanches realizados na faculdade; prática de atividade física (em que grau) ou sedentarismo; média de horas de sono/noite; média de horas gastas com deslocamento (trânsito)/dia;
6) Aulas de alongamento antes da aula para avaliar o nível de interesse dos alunos em praticar atividades físicas, se estas fossem ofertadas gratuitamente no campus.

Resultados:
  • A barrinha de cereal obteve nota média (em uma escala de 1 a 7, ficou em torno de 4 e 5). De textura marcante, rica em fibra (quase 3x mais fibras do que as barrinhas comercializadas, na mesma porção de 25g), sem adição de açúcar (somente mel), sem adição de óleo, margarina ou manteiga. O resultado foi dentro do esperado, visto que as pessoas estão com seu paladar acostumado com alimentos refinados, excessivamente doces e de textura macia.


  • Avaliação antropométrica:
O mais alarmante destes dados é que 85,35% das pessoas que estão acima do peso são jovens com idades entre 18 e 29 anos. Nesta faixa etária, existe uma prevalência, segundo IMC de 68,97% de sobrepeso/obesidade e segundo a CB de 76,19%, sendo que esse grupo é representado por 90,91% de mulheres. 

Isso significa, que antes de chegarem a idade onde ocorre diminuição da taxa metabólica basal (30 anos para mulheres), já estão apresentando altos índices de sobrepeso. Ou seja, a tendência é só piorar com o tempo, sendo que juntamente com o ganho de peso vêm maiores riscos de Doenças Crônicas não Transmissíveis, que incluem: Obesidade, Diabetes tipo II, Doenças Cardiovasculares, Problemas Renais e outras...
  • Sedentarismo: número alarmante!!! 70% das mulheres não praticam atividade física e 63,64% dos homens também não. Além disso, dos que praticam: 16% das mulheres praticam há menos de 6 meses e 15% dos homens praticam há menos de 6 meses, ou seja, não dá para considerar que seja um hábito de verdade, chegando assim a um índice de sedentarismo na faixa de 86% para mulheres e 79% para homens...
  • Por incrível que pareça, aproximadamente 60% dos voluntários relatou não beber (nem socialmente). Sinceramente, duvidei um pouco desta informação, principalmente pela faixa etária e pela pesquisa ter sido feita na cidade mais etílica do Brasil. (Afinal, como os bares ao redor da faculdade ficam tão cheios?!?)
  • O tipo de lanche campeão são salgados e pães de queijos, estando associados a 45% dos casos de sobrepeso (com a tendência de piorar com o avançar da idade...).

  • A adesão a atividade física foi baixíssima!!! Foram feitas duas aulas de alongamento por semana, em dias intervalados, durante três semanas, no "pátio" da faculdade (onde está localizada a copiadora, a lanchonete e onde as pessoas costumam ficar quando estão com tempo ocioso). A maior participação do programa ocorreu entre os funcionários (67%), que não eram o foco de estudo de trabalho. Ou seja, a cada 3 participantes, apenas 1 era aluno! Assim, a média de participantes foi de 1 aluno por aula. As pessoas que estavam no pátio preferiam continuar batendo papo com os colegas, lanchando e até fumando a fazer atividades físicas. Além disso, todos os professores e coordenador do curso, foram convidados para incentivar a proposta, mas estes também não apareceram...
Impressão da "discreta" camisa utilizada pelos integrantes do grupo nos dias de avaliação e alongamento para chamar atenção dos alunos. Foi colocado som com amplificador em todas as aulas de alongamento também...
  • Apesar da maioria dos voluntários alegar não praticar atividades físicas por falta de tempo, ao avaliar a média de horas gastas/dia, percebeu-se que estes alunos gastam em média 19,5horas/dia entre sono, deslocamento, trabalho e aula. Ou seja, sobram 4,5 horas/dia para demais atividades (alimentação, estudo, atividade física, entretenimento, etc...). Esse fato, aliado ao desinteresse dos alunos em participar do programa de atividades físicas, leva a crer que o desinteresse é fator mais relevante do que a falta de tempo em si, como justificativa do sedentarismo.
CONCLUSÃO:
Dados muito preocupantes, levando em consideração que o foco deste trabalho são estudantes da área de saúde. As suas imagens e atitudes são o reflexo do trabalho que desempenham e infelizmente os hábitos de vida não estão em conformidade com a teoria que estudam e pregam profissionalmente. Será a geração do "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço" na área da saúde?!? Como pensar em mudanças populacionais se as pessoas mais instruídas (ou em processo de instrução) não promovem mudanças pessoas?!?

Foto retirada deste link, relatando o fato desta enfermeira ter sido demitida por furto de medicamentos com efeito de inibidor de apetite. É para isso que estudam farmacologia na universidade?!

Observação: Quando mudei para BH e ingressei nesta instituição de ensino, logo na primeira semana, procurei me informar se havia algum ginásio de esportes ou academia no campus para uso dos alunos. Ao descobrir que não, procurei saber se o Centro Universitário possuía convênio com academias, para incentivar os alunos a praticarem mais atividades físicas. Também não!!! Estou falando da instituição de ensino eleita como Melhor Centro Universitário do Estado. Confesso que fiquei bastante decepcionada! Faz parte da formação acadêmica, não somente os ensinamentos em sala de aula, como o incentivo à uma rotina saudável e isso certamente inclui a prática de atividades físicas.

Aaaai que saudade do campus da UPV (Universidade Politénica de Valencia). Nunca vi nada parecido aqui no Brasil: um sonho!!! Além da parte acadêmica e um campus impecável, ainda dispunha de uma estrutura  esportiva maravilhosa com academia, várias quadras e piscina olímpica, que podiam ser utilizadas conforme agendamento e também aulas das mais variadas, para que nenhum aluno tivesse justificativa de ser sedentário. Segue a listinha básica de opções: squash, yoga,  tai chi, pilates, chi kung, diversos estilos de danças, capoeira, esgrima, arco e flecha, xadrez, badminton, atletismo, vôlei  vôlei de praia, patinação, tênis, futsal  tênis de mesa, escalada, judô, aikidô, karatê, taekwondô, natação, pólo aquático, remo, pesca... 

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