quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O "arroz" nosso de cada dia nos dai hoje...

Pediram-me que falasse um pouco sobre a minha alimentação na infância, em especial de algum alimento que tivesse marcado muito esse período de minha vida. Achei a proposta interessante, por isso resolvi compartilhar aqui no blog...!


Bem, se tivesse que escolher um único alimento que tenha marcado a minha infância não conseguiria pensar em outro que não fosse o arroz integral. Acredito que outras pessoas que tiveram uma infância macrobiótica possam relatar o mesmo. Ele sempre esteve presente em meu cotidiano (e ainda está): na saúde, na doença, na riqueza, na pobreza... Tenho literalmente um casamento com esse ingrediente e não consigo imaginar uma rotina alimentar sem ele.

Acho que todo indivíduo se casa com determinados alimentos na infância e considero-me uma pessoa afortunada, pois no meu caso, ele se deu com um ingrediente hiper saudável. Digo isso, pois as referências de infância são fortíssimas ao longo da vida e quando são ruins, acaba sendo muito difícil se desvencilhar, quando necessário. A maioria das pessoas que conheço casaram-se desde cedo com o Nescau e o pão francês com manteiga, comidas mais relacionadas à traumas do que a prazer em minha infância. Já comentei aqui antes, são poucos os alimentos que não tolero sob hipótese alguma, manteiga é um deles. Desde pequena, nunca suportei sequer o cheiro e o aspecto. Já o achocolatado, me lembra certa vez que tomei um "Toddynho" escondido e fui parar no hospital, pois era alérgica a chocolate!

Meu café da manhã sempre foi mingau e não podia ser de aveia, pois também era alérgica a este ingrediente. Logo, frequentemente era de arroz integral. Além disso, meu conceito de mingau é completamente diferente do padrão convencional. Leite e açúcar são dois ingredientes que JAMAIS existiram na despensa da casa dos meus pais (e nem na minha). Logo, mingau para mim é um creme à base de água, levemente salgado. Já era adolescente quando provei um "mingau tradicional", nem lembro do que era, somente do gosto açucarado e leitoso, absolutamente estranhos ao meu paladar. Preciso dizer que detestei?

Como esquecer do pratão de arroz e feijão na hora do almoço? Apetite nunca me faltou e fui educada desde criança a saber que criança que come açúcar fica sem fome, o que justificava meu apetite superior a todas as crianças do meu convívio. A diferença é que minha "camilança" sempre foi para refeições e não lanches, porcarias e guloseimas. Minha sorte, caso contrário certamente teria sido uma criança obesa!

Fui criada com a noção de que apetite era sinal de boa saúde e a teoria ficava ainda mais clara a cada vez que adoecia e perdia justamente o meu precioso apetite... Logo, sempre cultivei e venerei o apetite, sabendo que quando ele ocorre à mesa, se propaga para a vida (já até dediquei um post inteirinho ao tema!).

Um jantar clássico não podia deixar de ter arroz! Desta vez ele aparecia coberto de gersal, acompanhando uma sopinha de misso. E por falar nessa dupla, que mistura: arroz com gersal! Huuuuummmm, só de pensar em um arrozinho saindo da panela de pressão e do cheirinho do gergelim sendo pilado na cozinha, propagando por toda a casa, fico com água na boca!

Mas, como todo bom casamento, meu querido arroz sempre esteve presente também nos momentos de doença. Infelizmente, ou felizmente fui uma criança bastante enferma. Infelizmente, pois sofri com tantas alergias, asmas, broncopneumonias e consequentemente restrições alimentares. Felizmente, e esta noção só passei a ter com a maturidade, pois foi a doença que me fortaleceu. Carrego comigo a lembrança de uma frase famosa do professor Kikuchi: "Não existe saúde sem doença". Hoje, sou agradecida à minha cota de doenças na infância, que me fez valorizar tanto a saúde e fazer por merecê-la em abundância nas fases adolescente e adulta. 

E o arroz? Ah! Quando eu adoecia ele se apresentava na forma de um creme bem ralinho, coado (para tirar as fibras), sem sal e MUITO sem graça, chamado Arroz Kayu. Nem sabia o que era nutrição naquela época, mas já ouvia falar na tal "flora intestinal", que ficava mais delicada nos momentos de doença, sendo o Arroz Kayu o alimento ideal para recompô-la. Lembrar dele me remete às vezes que estive acamada, mas também ao seu mágico poder de recuperação. Uma questão de amor e ódio nestes momentos, mas acima de tudo: RESPEITO! 

7 comentários:

  1. ARROZ E EVOLUÇÃO
    No calendário evolucionário, a Terra entrou na Estação do Outono Galáctico.
    Há 50 milhões de anos atrás, durante o Verão Galáctico, macacos, chipanzés e outras espécies avançadas se alimentaram de frutas, nozes e sementes como alimento principal. Anteriormente durante a Primavera Galáctica os dinossauros dominaram o ambiente e subsistiram do consumo de samambaias, musgos e outras vegetações primárias.
    Em termos de yin e yang, o arroz é o mais balanceado de todos os grãos. Isto é refletido na sua forma, cor e textura e no seu equilíbrio natural de minerais, proteínas e carboidratos incidindo no meio do espectro dos sete grãos principais. Esta é uma das razões porque o arroz integral é o grão mais adequado para o nosso consumo diário.
    O trigo, a cevada, a aveia e outros grãos são divididos no meio por uma pequena reentrância em suas sementes. O arroz não possui esta linha e é biologicamente o grão mais desenvolvido e desde que somos a espécie mais desenvolvida biologicamente do reino animal devemos nos alimentar principalmente de nossa contraparte do reino vegetal.
    O arroz acalma particularmente o cérebro e o sistema nervoso que são os órgãos mais desenvolvidos de nossa espécie e mantém nosso nível de açúcar do sangue estável. A fibra contida no arroz integral mantém nosso sistema digestivo e artérias em boa ordem.
    O arroz hoje é cultivado em cada continente e pode ser considerado como um produto universal básico da humanidade.
    Na maioria do estilo de alimentação vegetariana os cereais e os feijões são o pivô sobre o qual a alimentação integral se baseia.
    Dietas baseadas em grãos são vigorosas e centradas. Os grãos são o nosso pão de cada dia, o fruto da terra, o presente dos deuses.
    SEJAMOS AGRADECIDOS PELA SUA EXISTÊNCIA.

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    1. Paula, que lindas palavras!! Vou compartilhar na forma de post!!!! Você sempre com ótimas colaborações para o blog!! =)

      Bjs

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  2. ARROZ KAYU

    O arroz Kayu é feito a partir de grãos de arroz integral selecionados e pitada de sal marinho, água e cozido lentamente por 1 a 3 horas resultando num alimento vigoroso e de fácil digestão.
    O arroz integral é o mais balanceado de todos os cereais devido às suas proporções equilibradas entre carboidrato, proteínas, minerais e fibras. Contém alta qualidade de aminoácidos essenciais além de vitaminas do complexo B, niacina, riboflavina, ferro, potássio e cálcio.
    Sendo o ser humano a espécie do reino animal mais desenvolvido biologicamente deve, portanto alimentar-se principalmente do seu correspondente biológico do reino vegetal - o arroz.
    O arroz Kayu fortalece o sistema nervoso e mantém o nível do açúcar do sangue estável. É um excelente alimento para gestantes, pós-parturientes, crianças e idosos por ser de fácil assimilação. Medicinalmente é usado em casos de falta de vitalidade e apetite fortalecendo os órgãos do trato digestivo e para aliviar casos de diarreia, resfriados e febres.
    Pode ser consumido simples ou com condimentos como gersal, ameixa umeboshi, missô, alga nori, salsinha, cebolinha, sementes de girassol tostadas etc. ou adoçado com malte de arroz e cevada e também para engrossar sopas e mamadeiras, para fazer molhos, strogonoff, bobós e sobremesas variadas.
    É usado tradicionalmente em países orientais como China e Japão acompanhado de sopa de missô no lugar do café da manhã.

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  3. Tive uma fase macrobiótica a muitos anos atrás,que abandonei por achar muito restritiva, mas nunca me desvencilhei do arroz integral e do gersal.Você me fez lembrar do mingau de farinha de arroz salpicado de cebolinha.Vou voltar a fazer.Deu água na boca.

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    1. Olá Anônimo,

      Gostei de saber que lhe inspirei!!! A macrobiótica é tudo, menos restritiva...!! Quem sabe uma visão mais madura dela não lhe traga uma nova vivência da filosofia?!?

      Espero que o Beijo no Padeiro lhe inspire com muito mais do que com o arroz... Seja bem vindo! =)

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  4. Camila,

    Esse post me deixou com o gosto de quero mais. Realmente essa atividade que propõe relembrar as memórias gustativas da infância mexe com quem escreve, mas também com quem lê.

    Para adiantar o dia 21, posso dizer que o meu casamento foi com a sopa de feijão com legumes...nunca mais me saiu da memória e quase ninguém, salvo minha falecida avó, conseguia repetir o gostinho de cada ingrediente, sem aditivos e nem realçadores de sabor.

    Por fim, sem doença não há saúde...tudo a ver com a nossa aula de quarta, não?

    Um grande fim de semana pra ti e até semana que vem.

    Prof. Anderson Carvalho

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    1. Anderson,

      Amei a atividade, totalmente inspiradora!!! Aguardo as próximas!!! =)

      Huuuuummmm, essa sopinha me deixou com água na boca!!! Me criei com muitas sopas e a de feijão é certamente uma das favoritas!!

      Apareça sempre por aqui e quando quiser compartilhar algum texto, sinta-se à vontade. Este espaço é público!!

      Inté!

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