quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Eficácia da suplementação de vitaminas e minerais

Imagem retirada do Google Imagens

Há um mês atrás escrevi um post dedicado ao uso de suplementos... Nele eu questionava real eficácia e importância deste procedimento que virou MODA!!!

Agora acabo de ler esta matéria, publicada na Folha de São Paulo, descrevendo estudos que demonstram que o uso de vitaminas e suplementos (com exceção dos casos onde há deficiência) é desperdício de dinheiro, podendo até trazer riscos como no caso do betacaroteno e da vitamina E. Difícil é definir quando há real deficiência e exatamente do que, já que os métodos laboratoriais utilizam parâmetros universais, tão questionáveis quanto os estudos que ora dizem que suplementar é bom, ora dizem que não é. Até que ponto estas pesquisas que defendem a suplementação não são feitas ad hoc? Certamente não faltam laboratórios interessados em fornecer patrocínio para elas... 

Enfim, prefiro a ideia de estimular nosso corpo a compensar eventuais faltas, através de transmutações bioquímicas, pois não consigo acreditar que vivemos e evoluímos tantos mil anos sem suplementos e agora eles sejam tão fundamentais... Tudo bem, o estresse aumentou, os alimentos se tornaram cada vez menos ricos nutricionalmente... Mas, e quem procura fazer uma alimentação rica em alimentos integrais e orgânicos (pobre em processados), será que o corpo não dá conta do recado? E o poder de evolução e adaptação do corpo humano, onde fica? Como estabelecer um padrão, considerando um mundo tão vasto, com pessoas vivendo em condições climáticas tão diferentes (e consequentemente acesso a dietas completamente distintas)? Qual a sua opinião sobre isso? Tem alguma experiência pessoal para compartilhar? Esse tema gera um longo debate, vou ficando por aqui...

Como estou com acesso limitado à internet, não tenho como pesquisar à fundo as fontes desta matéria, mas aqui está o link publicado na Annals of Internal Medicine referido no texto. Lá tem um link onde é possível baixar o PDF em inglês.

Enfim, achei interessante compartilhar por aqui. Abaixo transcrição da matéria, em português, publicada na Folha de São Paulo e em seguida a cópia do PDF do artigo da Annals od Internal Medicine, na forma de imagem.

Vitaminas na berlinda
HÉLIO SCHWARTSMAN
"SÃO PAULO - Com uma veemência difícil de encontrar em periódicos científicos, o editorial da última edição de "Annals of Internal Medicine" não só pede que as pessoas parem de utilizar suplementos de vitaminas como sugere que não se dediquem muito mais recursos a novas pesquisas nessa área. Para os editores da publicação, exceto para subgrupos específicos, o caso das vitaminas já está encerrado.
O editorial, intitulado "Enough is enough" (já basta), acompanha a publicação de três estudos que mostram que o uso de suplementos é, na melhor hipótese, um desperdício de dinheiro. O primeiro trabalho, envolvendo 400 mil participantes, indica que multivitamínicos não previnem doenças cardiovasculares, câncer nem reduzem a mortalidade geral. O segundo acompanhou por 12 anos quase 6.000 idosos e concluiu que suplementos não melhoram a performance cognitiva. O terceiro revelou que vitaminas não previnem eventos cardiovasculares em pacientes que já haviam sofrido infarto.

Os editores de "Annals" lembram que existem trabalhos mostrando que alguns micronutrientes, notadamente betacaroteno e vitamina E, na verdade aumentam a mortalidade.

Para eles, já passa da hora de os médicos transformarem essa ampla coleção de evidências em ações, aconselhando as pessoas a parar de tomar suplementos, a menos, é claro, que sofram de alguma deficiência nutricional que exija reposição.

Não obstante, o consumo de vitaminas vem crescendo em todo o mundo. Na verdade, esse se tornou um filão especialmente atrativo para laboratórios e para algumas pseudoespecialidades como a medicina ortomolecular e a antienvelhecimento. No mundo de hoje, não dá mais para fazer medicina com base em filosofias. É preciso curvar-se às evidências e, no caso das vitaminas, elas já deram o seu veredicto.

Agradeço a Esper Kallás, que me chamou a atenção para os trabalhos."







Imagens feitas a partir de PDF baixado em link, disponível neste site: http://annals.org/article.aspx?articleid=1789253

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