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Outro dia escrevi um post sobre o que me motiva a escrever e
neste post comentei que ele surgiu a partir de outro devaneio e que em outra
oportunidade escreveria sobre ele... Bem, demorou um pouco, pois os últimos
dias foram bem cheios e não tive oportunidade de amadurecer as ideias na
cabeça. Como muita coisa passa a fazer mais sentido na hora que escrevo (e esse
é mais um motivo que me faz cultivar o hábito da escrita), lá vou eu...
A bola da vez são os suplementos alimentares!! Em mais de
quatro anos de blog eu nunca falei sobre este tema por um simples motivo: não
sou NADA familiarizada com eles... Digamos que ainda não tenho uma opinião
formada sobre o assunto e estou aos poucos querendo me posicionar...
A primeira coisa que penso sobre suplementos é a seguinte:
na impossibilidade de obter certos nutrientes através da dieta, sem dúvidas que
é uma excelente opção. Infelizmente nem todo mundo está disposto a realizar
grandes mudanças alimentares, ou tem uma rotina onde mal consegue cozinhar ou
comer em casa, sendo obrigado a comer na rua, em lugares que nem sempre possuem
um bom buffet de vegetais, cereais e leguminosas.
Outra coisa a ser ponderada, é que mesmo sendo super
criterioso com o que se come, infelizmente os ingredientes no mercado nem
sempre são de boa qualidade e/ou origem idônea. O mercado de orgânicos ainda é incipiente
no Brasil e por conta disso a variedade às vezes pode ser bem limitada. Assim,
é difícil ter uma dieta 100% livre de pesticidas, transgênicos e a garantia de
que aquele alimento é realmente rico em nutrientes ao invés de contaminado por
xenobióticos que roubam o seu valor nutricional.
É aí que eu me deparo com meu primeiro questionamento (para
o qual, ainda não tenho uma resposta e nem sei se um dia terei). Parto da linha
de pensamento que o nosso corpo vai sempre tentar suprir possíveis carências e
se adaptar a elas, quando necessário, e que quanto mais saudáveis, como um todo,
são nossos hábitos de vida, mais eficiente é o nosso metabolismo para tal.
Acredito na possibilidade da transmutação de micronutrientes, apesar de ainda
não ter tido tempo de estudar o assunto com profundidade. Enfim, a ciência está
longe de conseguir desvendar todos os mistérios acerca do funcionamento
metabólico do corpo humano, mas uma coisa é certa, as transmutações bioquímicas
ocorrem o tempo inteiro!
Além desta crença de que o corpo está sempre tentando
compensar eventuais faltas de micronutrientes na dieta, existe outra bem
importante. Muita gente se preocupa demasiadamente com a INGESTÃO de
micronutrientes. Não que não seja algo importante, mas um tema pouco falado é a
EXCREÇÃO deles. Isso mesmo: só se repõe aquilo que se perde e uma dieta
equilibrada, juntamente com um estilo de vida que reduza os fatores de estresse
extremo é uma forma de evitar a depleção nutricional. Perdendo menos a
necessidade de reposição também é menor... Enfim, é difícil mensurar a perda e
para piorar a situação, as referências de necessidades nutricionais que
seguimos aqui no Brasil vêm de parâmetros estrangeiros: ou seja, será que se
pode mesmo confiar nelas? Eu confio desconfiando, o non credo faz parte de mim.
Falando em non credo, já escrevi sobre este tema antes? Acho que não... Tema do
próximo post!
Trazendo para a experiência pessoal. Como já falei por aqui
antes, nunca comi carne vermelha, só como frango esporadicamente (quando estou
em algum lugar que tem uma galinha caipira que tenha certeza que é caipira
mesmo – isso deve acontecer no máximo 4x ao ano) e como peixes ou frutos do mar
em média 2x na semana. Laticínios não fazem parte de minha rotina e quando os
ingiro são em doses pequeníssimas, esporadicamente. Na infância era alérgica ao
leite e derivados, então meu consumo foi ZERO até os 12 anos de idade...
Segundo as crenças nutricionais, sou uma forte candidata, por exemplo, a ter
anemia ferropriva (além de tudo meu fluxo menstrual é bem forte) e/ou algum
tipo de depleção muscular, pela baixa ingestão das tão famosas Proteínas de Alto
Valor Biológicos (produtos animais, derivados e lácteos)... Outra deficiência
que deveria ser comum em mim, principalmente na infância, seria a de Cálcio e,
no entanto, apesar de ter sido muito traquina durante este período de minha
vida, nunca fraturei um osso... Isso só foi acontecer, de forma amena, aos 25
anos de idade... Estes exemplos foram dados para demonstrar a importância de
nossas crenças e experiências pessoais na justificação de determinadas
condutas. Além disso, nem tudo está nos livros e a ciência está em constante
mutação.
Desde que voltei a morar em Salvador, por questões de
logística e distâncias, não consigo almoçar em casa e muito menos no
restaurante macrobiótico que tanto gosto. Na verdade, o que me resta, quase
todos os dias, é me virar com o restrito buffet do restaurante da faculdade,
pois o intervalo entre aula e estágio é muito curto e não dá para ir mais
longe. Este ano, em maio, quando fiz meu check-up habitual, pela primeira vez,
tive um sinal de princípio de anemia... Claro que fiquei preocupa e parei para
pensar no que estava fazendo de diferente nos últimos tempos. Detectei que
estava comendo pouco feijão, algo que sempre comi em grandes doses,
diariamente, juntamente com arroz integral. Ao perceber isso, decidi dar uma
caprichada na dieta e dois meses depois repeti o exame e os níveis de ferro
estavam altos, como sempre, nem sinal de anemia.
Nunca tomei nenhum tipo de suplemento na vida e por minha
experiência pessoal, comparada a tudo que estudo acerca dos possíveis
benefícios da ingestão de micronutrientes isolados, estou tentando formar a
minha opinião acerca do uso destes, por pessoas que tem alimentação equilibrada
e cuidam do estilo de vida evitando rotinas estressantes. Não podemos descartar
também todos aqueles estudos que demonstram justamente o contrário, que o uso
de certas doses de suplementos nutricionais pode vir a gerar efeitos deletérios
(ex. a associação do excesso de vitamina A com a teratogênese).
Pronto, agora cheguei a minha indagação principal. Será que o
uso de suplementos vai vir a ser um divisor de águas no desenvolvimento humano,
assim como foi a cocção de alimentos? Uma coisa é certa, através deles o homem
está conseguindo suprir certas perdas decorrentes da vida estressante que leva
atualmente e do déficit nutricional dos alimentos em geral. Será que é querer
muito, achar que o corpo é capaz de encontrar homeostase naturalmente vivendo
em um universo totalmente artificial? Será que não é preciso um "empurrãozinho", no caso, na forma de suplementos? Falo isso, pois alguns fatores são praticamente
impossíveis de serem evitados, mesmo para quem é bastante criterioso: ar
poluído, ar condicionado, comidas refrigeradas e congeladas, estresse,
sedentarismo, produtos industrializados, alimentos transgênicos e contaminados
por pesticidas, excesso de radiação, água ácida, pouco contato com a natureza...
Será que os suplementos são a solução para superar tantas adversidades quase
intransponíveis do mundo moderno? Ou será que eles são uma maneira de afastar
nosso corpo ainda mais da energia vital proveniente de alimentos frescos e de
deixar nosso corpo ainda mais preguiçoso (já não fazemos nem metade da
atividade física que nossos ancestrais faziam)?
Até pouco tempo tinha crença absoluta de que o certo era não
dar nada de “mão beijada” para o nosso corpo, exceto em casos de emergência.
Minha ideia sempre foi de que a oferta de nutrientes isolados iria fazer com
que o corpo tendesse a desaprender a fazer a “busca” pelos nutrientes que
precisa nos alimentos. Só que esta semana, ao escrever sobre a cocção dos
alimentos, me ocorreu toda esta nova reflexão, que me fez avaliar minhas
crenças passadas. Afinal de contas: um corpo em constante mutação, vivendo em
um mundo que sofre mudanças bruscas em tempo recorde, precisa ter uma cabeça
capaz de se adaptar a tudo isso, não é mesmo?
O que pretendo fazer? Por enquanto nada: prosseguir sem
tomar nenhum tipo de suplemento, fazendo meus check-ups periódicos e avaliando
as minhas dosagens séricas de micronutrientes diversos. Enquanto isso: estudar,
estudar e estudar – para tentar ver se alcanço uma resposta para meus
questionamentos e inquietações...
Alguém tem uma experiência pessoal interessante para compartilhar sobre este tema?
Alguém tem uma experiência pessoal interessante para compartilhar sobre este tema?
Oi Milla, eu tenho...
ResponderExcluirDurante quase nove anos fui vegetariana, tomava uma fórmula manipulada em gotas de b12, associadas a ácido fólico. Além de tomar cápsulas de óleo de linhaça.
Mas fato, lembro-me que uma vez você me disse que pequenas porções de ovo (em ate 3x semana) ou peixe (quando sentisse vontade) eu poderia ter essa vitamina tranquilamente vinda da mais mais natural que é através da alimentação "limpa". Hoje fala-se também em "comer limpo". E "comer limpo" para mim, está em não se entupir de doses de suplementos, vitaminas, probioticos e prebioticos tão facilmente prescritos nas dietas modernas.
Parabéns mais uma vez!!!!!
Beijooooo,
Renatinha