quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Suplemento Nutricional: vilão ou mocinho?


Imagem retirada do Google Imagens

Outro dia escrevi um post sobre o que me motiva a escrever e neste post comentei que ele surgiu a partir de outro devaneio e que em outra oportunidade escreveria sobre ele... Bem, demorou um pouco, pois os últimos dias foram bem cheios e não tive oportunidade de amadurecer as ideias na cabeça. Como muita coisa passa a fazer mais sentido na hora que escrevo (e esse é mais um motivo que me faz cultivar o hábito da escrita), lá vou eu...

A bola da vez são os suplementos alimentares!! Em mais de quatro anos de blog eu nunca falei sobre este tema por um simples motivo: não sou NADA familiarizada com eles... Digamos que ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto e estou aos poucos querendo me posicionar...

A primeira coisa que penso sobre suplementos é a seguinte: na impossibilidade de obter certos nutrientes através da dieta, sem dúvidas que é uma excelente opção. Infelizmente nem todo mundo está disposto a realizar grandes mudanças alimentares, ou tem uma rotina onde mal consegue cozinhar ou comer em casa, sendo obrigado a comer na rua, em lugares que nem sempre possuem um bom buffet de vegetais, cereais e leguminosas.

Outra coisa a ser ponderada, é que mesmo sendo super criterioso com o que se come, infelizmente os ingredientes no mercado nem sempre são de boa qualidade e/ou origem idônea. O mercado de orgânicos ainda é incipiente no Brasil e por conta disso a variedade às vezes pode ser bem limitada. Assim, é difícil ter uma dieta 100% livre de pesticidas, transgênicos e a garantia de que aquele alimento é realmente rico em nutrientes ao invés de contaminado por xenobióticos que roubam o seu valor nutricional.

É aí que eu me deparo com meu primeiro questionamento (para o qual, ainda não tenho uma resposta e nem sei se um dia terei). Parto da linha de pensamento que o nosso corpo vai sempre tentar suprir possíveis carências e se adaptar a elas, quando necessário, e que quanto mais saudáveis, como um todo, são nossos hábitos de vida, mais eficiente é o nosso metabolismo para tal. Acredito na possibilidade da transmutação de micronutrientes, apesar de ainda não ter tido tempo de estudar o assunto com profundidade. Enfim, a ciência está longe de conseguir desvendar todos os mistérios acerca do funcionamento metabólico do corpo humano, mas uma coisa é certa, as transmutações bioquímicas ocorrem o tempo inteiro!

Além desta crença de que o corpo está sempre tentando compensar eventuais faltas de micronutrientes na dieta, existe outra bem importante. Muita gente se preocupa demasiadamente com a INGESTÃO de micronutrientes. Não que não seja algo importante, mas um tema pouco falado é a EXCREÇÃO deles. Isso mesmo: só se repõe aquilo que se perde e uma dieta equilibrada, juntamente com um estilo de vida que reduza os fatores de estresse extremo é uma forma de evitar a depleção nutricional. Perdendo menos a necessidade de reposição também é menor... Enfim, é difícil mensurar a perda e para piorar a situação, as referências de necessidades nutricionais que seguimos aqui no Brasil vêm de parâmetros estrangeiros: ou seja, será que se pode mesmo confiar nelas? Eu confio desconfiando, o non credo faz parte de mim. Falando em non credo, já escrevi sobre este tema antes? Acho que não... Tema do próximo post!

Trazendo para a experiência pessoal. Como já falei por aqui antes, nunca comi carne vermelha, só como frango esporadicamente (quando estou em algum lugar que tem uma galinha caipira que tenha certeza que é caipira mesmo – isso deve acontecer no máximo 4x ao ano) e como peixes ou frutos do mar em média 2x na semana. Laticínios não fazem parte de minha rotina e quando os ingiro são em doses pequeníssimas, esporadicamente. Na infância era alérgica ao leite e derivados, então meu consumo foi ZERO até os 12 anos de idade... Segundo as crenças nutricionais, sou uma forte candidata, por exemplo, a ter anemia ferropriva (além de tudo meu fluxo menstrual é bem forte) e/ou algum tipo de depleção muscular, pela baixa ingestão das tão famosas Proteínas de Alto Valor Biológicos (produtos animais, derivados e lácteos)... Outra deficiência que deveria ser comum em mim, principalmente na infância, seria a de Cálcio e, no entanto, apesar de ter sido muito traquina durante este período de minha vida, nunca fraturei um osso... Isso só foi acontecer, de forma amena, aos 25 anos de idade... Estes exemplos foram dados para demonstrar a importância de nossas crenças e experiências pessoais na justificação de determinadas condutas. Além disso, nem tudo está nos livros e a ciência está em constante mutação.

Desde que voltei a morar em Salvador, por questões de logística e distâncias, não consigo almoçar em casa e muito menos no restaurante macrobiótico que tanto gosto. Na verdade, o que me resta, quase todos os dias, é me virar com o restrito buffet do restaurante da faculdade, pois o intervalo entre aula e estágio é muito curto e não dá para ir mais longe. Este ano, em maio, quando fiz meu check-up habitual, pela primeira vez, tive um sinal de princípio de anemia... Claro que fiquei preocupa e parei para pensar no que estava fazendo de diferente nos últimos tempos. Detectei que estava comendo pouco feijão, algo que sempre comi em grandes doses, diariamente, juntamente com arroz integral. Ao perceber isso, decidi dar uma caprichada na dieta e dois meses depois repeti o exame e os níveis de ferro estavam altos, como sempre, nem sinal de anemia.

Nunca tomei nenhum tipo de suplemento na vida e por minha experiência pessoal, comparada a tudo que estudo acerca dos possíveis benefícios da ingestão de micronutrientes isolados, estou tentando formar a minha opinião acerca do uso destes, por pessoas que tem alimentação equilibrada e cuidam do estilo de vida evitando rotinas estressantes. Não podemos descartar também todos aqueles estudos que demonstram justamente o contrário, que o uso de certas doses de suplementos nutricionais pode vir a gerar efeitos deletérios (ex. a associação do excesso de vitamina A com a teratogênese).

Pronto, agora cheguei a minha indagação principal. Será que o uso de suplementos vai vir a ser um divisor de águas no desenvolvimento humano, assim como foi a cocção de alimentos? Uma coisa é certa, através deles o homem está conseguindo suprir certas perdas decorrentes da vida estressante que leva atualmente e do déficit nutricional dos alimentos em geral. Será que é querer muito, achar que o corpo é capaz de encontrar homeostase naturalmente vivendo em um universo totalmente artificial? Será que não é preciso um "empurrãozinho", no caso, na forma de suplementos? Falo isso, pois alguns fatores são praticamente impossíveis de serem evitados, mesmo para quem é bastante criterioso: ar poluído, ar condicionado, comidas refrigeradas e congeladas, estresse, sedentarismo, produtos industrializados, alimentos transgênicos e contaminados por pesticidas, excesso de radiação, água ácida, pouco contato com a natureza... Será que os suplementos são a solução para superar tantas adversidades quase intransponíveis do mundo moderno? Ou será que eles são uma maneira de afastar nosso corpo ainda mais da energia vital proveniente de alimentos frescos e de deixar nosso corpo ainda mais preguiçoso (já não fazemos nem metade da atividade física que nossos ancestrais faziam)?

Até pouco tempo tinha crença absoluta de que o certo era não dar nada de “mão beijada” para o nosso corpo, exceto em casos de emergência. Minha ideia sempre foi de que a oferta de nutrientes isolados iria fazer com que o corpo tendesse a desaprender a fazer a “busca” pelos nutrientes que precisa nos alimentos. Só que esta semana, ao escrever sobre a cocção dos alimentos, me ocorreu toda esta nova reflexão, que me fez avaliar minhas crenças passadas. Afinal de contas: um corpo em constante mutação, vivendo em um mundo que sofre mudanças bruscas em tempo recorde, precisa ter uma cabeça capaz de se adaptar a tudo isso, não é mesmo?

O que pretendo fazer? Por enquanto nada: prosseguir sem tomar nenhum tipo de suplemento, fazendo meus check-ups periódicos e avaliando as minhas dosagens séricas de micronutrientes diversos. Enquanto isso: estudar, estudar e estudar – para tentar ver se alcanço uma resposta para meus questionamentos e inquietações...

Alguém tem uma experiência pessoal interessante para compartilhar sobre este tema?

Um comentário:

  1. Oi Milla, eu tenho...

    Durante quase nove anos fui vegetariana, tomava uma fórmula manipulada em gotas de b12, associadas a ácido fólico. Além de tomar cápsulas de óleo de linhaça.
    Mas fato, lembro-me que uma vez você me disse que pequenas porções de ovo (em ate 3x semana) ou peixe (quando sentisse vontade) eu poderia ter essa vitamina tranquilamente vinda da mais mais natural que é através da alimentação "limpa". Hoje fala-se também em "comer limpo". E "comer limpo" para mim, está em não se entupir de doses de suplementos, vitaminas, probioticos e prebioticos tão facilmente prescritos nas dietas modernas.

    Parabéns mais uma vez!!!!!

    Beijooooo,


    Renatinha

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